Orações relativas As orações adjectivas, denominadas de acordo com a terminologia actual como relativas, são orações subordinadas tradicionalmente introduzidas pelos seguintes consituintes relativos: os pronomes relativos: que, o que, quem, o qual, cujo, quanto. Na oração subordinante substituem um modificador de uma expressão nominal antecedente, como mostra o seguinte esquema que têm o antecedente explícito: F+ SN SV D N + pr.relativo F- V + Pr A notícia ← que me disseste agradou-me. sujeito + oração relativa + predicado As orações relativas com antecedente nominal explícito são de dois tipos: restritivas (determinativas) e explicativas (apositivas ou não restritivas). Orações relativas restritivas ou determinativas contribuem para a construção do valor referencial da expressão nominal, restringindo o domínio dos possíveis referentes só àquele que condiz com as propriedades na frase relativa, como mostra o seguinte exemplo: O chapéu que estava no armário desapareceu. Neste exemplo a informação implicitamente veiculada é que de todos os chapéus desapareceu foi só aquele que estava no armário. Não se podem confundir as orações relativas com as orações completivas. As orações subordinadas relativas restringem o domínio de referência da expressão nominal antecedente, enquanto que as orações completivas integram o sentido do predicador da oração [DEL: :DEL] subordinante, sendo imprescindíveis para a boa formação semântica da frase. A ideia que me descreveste é interessante (oração relativa). A ideia de organizares o festival Dias da Cultura Portuguesa, agradou-me. (oração completiva) As orações relativas e as orações completivas são compatíveis num mesmo período. Também são compatíveis as orações relativas com os adjectivos, como mostram os seguintes esquemas: Compatibilidade da oração relativa e completiva: F+ SN SV D N + pr.rel. F^- + pr.rel. F^- V + Predicativo A notícia que tu me disseste que o presidente vai visitar o hospital é agradável. sujeito + oração relativa oração completiva predicado Compatibilidade da oração relativa e adjectivo: F+ SN SV D N SAdj + pr.rel. F^- V O relógio digital + que me custou tanto dinheiro perdeu-se. sujeito adjunto adnominal oração relativa predicado As orações apositivas ou explicativas exprimem um comentário do locutor acerca de uma entidade denotada pelo seu antecedente. Ao contrário das orações relativas, não restringem referencialmente o sintagma nominal, mas têm um carácter parentético, dado na oralidade por pausas e na escrita por vírgulas. Pelo seu carácter, aproximam-se das orações coordenadas parentéticas, mas diferem delas pela pela presença do constituinte relativo (que, o qual, quem). Lisboa, que é a capital de Portugal, é uma cidade onde a “África” começa. Dentro deste tipo de orações encontram-se as que são introduzidas pela locução pronominal relativa o que. Estas frases são relativamente independentes e podem ser separadas no texto. A peça teatral de ontem começou tarde, o que desagradou ao público. A peça teatral de ontem começou tarde. Isso desagradou ao público. As orações relativas livres são as orações relativas introduzidas pelos pronomes relativas quem e o que e pelas pró- formas relativas, onde, como e quando, de natureza adverbial, que veiculam valores semânticos particulares de lugar, modo e tempo e são utilizadas como paráfrase de a pessoa que, coisa que, lugar em que, o tempo que, a maneira que. O antecedente destas pró-formas relativas está, portanto, implícito, mas foneticamente não representado. Eu elogio alguém que ajuda os pobres na miséria Eu elogio quem ajuda os pobres na miséria. Fui aonde eles foram. Fui ao lugar (sítio) a que eles foram. Aprendi fazer os rissóis como a minha avó fazia. Aprendi a fazer o flan da mesma maneira (do mesmo modo) que a minha avó as fazia. Quando estive em Paris, foi o período mais feliz da minha vida. O tempo (o período) durante o qual estive em Paris, foi o mais feliz da minha vida. Em todas as frases acima indicadas, existe um antecedente implícito. Uma vez que não é foneticamente representado, a interpretação sintáctica destas frases não é, contudo, homogénea. Na tradição luso-brasileira, estas frases são interpretadas ou como substantivas (no caso de serem introduzidas por quem e que) ou como adverbiais (no caso de serem introduzidas pela pró-forma relativa – onde, como, quando). As orações relativas podem fazer parte das estruturas clivadas introduzidas por um pronome relativo, como mostram os seguintes exemplos: Foi o queijo que o corvo comeu. Foi um acidente que eles viram ontem. O que é que ele respondeu? A quem é que deste o livro? Onde é que o corvo comeu o queijo. O modo e os tempos nas orações relativas Quanto ao uso do modo nas frases subordinadas relativas, nem sempre a modalidade de dictum é relacionada directamente com a modalidade de ré. Por isso, estes períodos são denominados, pelos romanistas praguenses, como períodos indirectamente modais. Existe, contudo, uma relação directa entre o referente do antecedente explícito e a modalidade de ré. Assim, as orações relativas ocorrem com o modo indicativo (quando o referente é real/factual) ou com o conjuntivo (quando o referente é hipotético). O uso dos tempos verbais nas orações relativas é submetidas às mesma regras de dependência verbal (consecutio temporum) como nas completivas. Caso o referente seja concreto e real, é utlizado o modo indicativo. Assim, na seguinte frase, o referente de pessoas é concreto, factual, pelo que também o verbo exprime uma proposição factual. Havia pessoas que comiam caracóis. Caso a oração relativa desenvolver um sintagma nominal cujo referente é hipotético, ocorre nela o modo conjuntivo. Contrariamente às completivas, é possível utilizar o futuro do conjuntivo para exprimir a existência de um possível referente no futuro. O antecedente que selecciona o modo conjuntivo, pode ser: · indefinido ou indeterminado (não se sabe se a entidade referida existe ou não é possível identificá-la): Precisamos de uma secretária que fale húngaro. Compra-me um bolo que tenha muito creme. Há aqui alguém que saiba alemão? · negativo (para se referir a uma entidade que não existe): Não há ninguém que me possa ajudar. Não conheço ninguém que fale tantas línguas como ele. · implícito (relativas livres): há quem, não falta quem, aparece quem, encontra-se quem e nas orações introduzidas por onde/ como/ quem/ quando/ o que quer que e qualquer / quaisquer que Há quem coma caracóis. Não falta quem me ajude. . konjunktiv Přítomný čas Budoucí čas Imperativ Následnost (conjuntivo do futuro) současnost conjuntivo do presente redukce infinitivem jednoduchým Předčasnost Conjuntivo do imperfeito Do pretérito Redukce infinitivem složeným Minulý čas Podmiňovací způsob následnost současnost conjuntivo do imperefeito redukce infinitivem jednoduchým Předčasnosti Conjuntivo do mais que perfeito Redukce infinitivem složeným É POSSÍVEL que pague. Que o pagasse. Que o tenha pago. ERA POSSÍVEL Que pagasse. Redukce jednoduchým infinitivem. Que tivesse pago. Redukce infinitivem složeným. Indikativ Consecutio temporum Vh VV Minulý přítomný -------imperfektum minulý ------ plusquamperfekt budoucí---- kondicionál Ao mesmo tempo, existem construcções, em que o antecedente é acompanhado pelo artigo. Neste caso, o artigo é usado no sentido atributivo e implica a pressuposição de que há algum referente que satisfaça as propriedades indicadas pela descrição na relativa. Compra o perfume que quiseres. A pessoa que consiga inventar um programa de avaliação adequado, receberá um prémio. As orações relativas reduzidas/pseudo-relativas As orações relativas podem ser não finitas, reduzidas por infinitivo, por gerúndio ou por particípio. As orações relativas com o infinitivo são intepretadas, por alguns linguistas, como orações pseudo-relativas, ou até como orações completivas com infinitivo gerundivo. São exemplos das orações relativas reduzidas os seguintes casos: Vi crianças a chorar. (relativa infinitiva) Vi crianças que choraram. Vi um grupo de homens conversando. (relativa gerundiva) Vi um grupo de homens que conversavam. Pus as rosas brancas, trazidas pelo João dos montes, na jarra. (relativa participial) Pus as rosas brancas, que o João trouxe dos montes, na jarra.