Uso do artigo com os nomes dos dias da semana nos sintagmas preposicionais e a sua variabiliade aspetual Iva Svobodová Universidade de Masaryk, Brno,República Checa Iva Svobodová, PhD. – asstente catedrática no Departamento de Estudos Românicos da Universidade de Masaryk em Brno, República Checa. The abstract: Summary: This study is a summary of a recent investigation and contains the latest results pertaining to the usage of articles in contemporary Portuguese with the names of the days. It is integrated within a long-term project initiated ten years ago and that has been continually updated with new results from this field of study. The present study focuses on the usage of definite and indefinite articles concerning names of the days. The present study traces also the usage of liturgical names of the days of the week in Portuguese and at the same time, studies the frequency of definite and indefinite articles used when these names are preceded by selected prepositions. We examined different historical texts (from the 16th to 20th centuries), and we tried to see the differences between historic constructions and modern usage. We are trying to prove that articles used with the names of days have a strong aspectual value. For our investigation, we used the three corpora: Intercorp, Cetem Público, and Vercial. 1. Introdução O presente trabalho tem por objetivo apontar caminhos para possíveis análises dos diferentes comportamentos de expressões adverbiais de tempo quando estas se encontram em sintagmas preposicionados onde o núcleo sintático introduz o nome dos dias da semana. A referência temporal destas expressões adverbiais é muitas vezes percebida pelos falantes não nativos apenas com base no subsistema verbal português, prendendo-se, muitas vezes, com os valores aspetuais de duração ou de pontualidade. O propósito da nossa pesquisa será, além de analisar os sintagmas preposicionais e dos seus valores aspetuais, estudar também a ocorrência do artigo nestes mesmos sintagmas. Por mais trivial que possa parecer a um falante nativo de Português Primeira Língua (PL1) o uso ou não do artigo, este fenómeno constitui um dos pontos problemáticos nos processos didáticos de ensino do Português Língua Estrangeira (PLE), sendo que os materiais existentes não nos oferecem quaisquer explicações sintático-semânticas destas expressões. Supomos que também pode causar problemas aos aprendentes de Português Língua Segunda (PL2), sendo que tanto o grau de disparidade entre a Primeira Língua (L1) e a Segunda Língua (L2) como o de entre L1 e Língua Estrangeira (LE), influencia significativamente todo o processo de aquisição. Dividiremos o nosso trabalho em duas partes principais. A primeira parte abordará o problema dos sintagmas preposicionais com os núcleos “em“ e “a“ do ponto de vista aspetual, sendo a segunda parte dedicada à análise da ocorrência do artigo nos outros sintagmas preposicionais, o que como veremos, se depreenderá de dois fatores relevantes: o primeiro será o núcleo do sintagma preposicional e o segundo o número singular (sg.) versus plural (pl.) do nome do dia da semana. Ambos os fatores, como será possível verificar, serão decisivos na predeterminação da ocorrência ou não do artigo. 2. Metodologia No presente estudo foram aplicados os princípios da metodologia tanto qualitativa como quantitativa. Na primeira parte, dedicada ao estudo qualitativo das possíveis interpretações aspetuais destas construções, partimos de todas as gramáticas e manuais da língua portuguesa acessíveis: “Gramática do Português Contemporâneo“ (Cunha, Cintra: 1999), “Moderna Gramática Portuguesa“, (Evanildo Bechara, 2000), “Portugalština“ (Jindrová, 2001), “Gramática de Uso” (Neves: 2001). Para conseguirmos obter o maior número de exemplos, recorremos a todos os possíveis corpora eletrónicos portugueses existentes (Linguateca, Corpus do Português, Interkorp) e também ao Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Casteleiro et.al: 2001). Todas as construções encontradas foram comparadas do ponto de vista aspetual e colocadas em oposições pontualidade versus duratividade. A segunda parte do trabalho, dedicada à pesquisa relativa à ocorrência do artigo nos sintagmas preposicionais segundo o núcleo do sintagma preposicional e o número sg./pl. dos nomes dos dias da semana consistiu, pelo contrário, num estudo quantitativo baseado na comparação de números exatos das ocorrências das expressões concretas. Os resultados quantitativos foram significantes para as conclusões a que chegámos e contribuíram para o caráter confidencial do nosso conteúdo. De referir, que o presente trabalho tem como objetivo o estudo destas construções no português europeu, excluindo outras variedades/variantes asiáticas, africanas e americanas. O presente estudo é constituído por um percurso interdisciplinar uma vez que foram aproveitadas as fontes de linguística teórica e computacional, para os fins de análise do dito fenómeno gramatical em diferentes planos linguísticos: morfológico, sintático, semântico e estilístico-pragmático. Neste estudo, ao contrário dos anteriores da nossa autoria (Svobodová: 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012), partimos dos valores constantes do artigo, sendo que segundo as nossas observações, no caso dos dias da semana, o artigo apresenta, em cada construção prototípica, um valor constante, tendo em diferentes registos (oral e falado) um uso consagrado e desempenhando uma relevante influência na perceção do valor aspetual da proposição. Veja-se as seguintes frases: (i). Terça(-feira) é o meu dia de ir a Lisboa. (ii). Terça(-feira) vou a Lisboa./ Na terça(-feira) vou a Lisboa. (iii). À terça(-feira) vou a Lisboa./ Às terças(-feiras) vou a Lisboa. (iv). As terças(-feiras) constumamos estar ocupados. (v). A reunião de quarta-feira durou duas horas./A reunião das quartas-feiras habitualmente tardava duas horas. 3. Resumo das regras existentes O uso dos nomes dos dias da semana no sintagma preposicional faz parte das situações de comunicação diárias. O problema didático que se tem revelado consiste no facto de os alunos não saberem distinguir os diferentes sentidos das construções homógrafas nem homófonas, sobretudo na sua forma singular, embora sintaticamente diferentes. Veja-se o seguinte exemplo: (vi). Terça é o meu dia de ir a Brno. (apecto durativo: frequentativo/iterativo) (vii). Terça vou a Brno. (pontual) Assume-se que a questão do enraizamento das construções corretas se prende com o processo cognitivo de assumir modelos prototípicos, em cuja base se poderão substituir e transformar os diferentes constituintes. (viii). Terça vou a Brno. (pontual - futuro) (ix). Quarta telefonei para casa. (pontual – passado) Por mais curioso que pareça, as gramáticas descritivas existentes, não tratam detalhadamente deste tipo de construções adverbiais. Não obstante, encontrámos pelo menos, alguns pontos de partida, a partir dos quais podemos construir a nossa teoria sobre a sua polissemia aspetual. Zdeněk Hampl (1972): Celso Cunha, Lindley Cintra (1984), Maria Helena de Moura Neves (2001), Jindrová (2001). Recolhemos todas as informações parciais mas gramaticalmente corretas, obtendo assim um número limitado de construções com um núcleo de sintagma preposicional (prep.= em, a). Se é verdade que há situações em que a distinção do aspeto verbal é mais simples, há outras que levantam dúvidas acerca do tipo de sintagma preposicional utilizado. A tipificação definitiva para a descrição de cada tipo de aspeto mostrou-se dependente do tempo no qual se prende a proposição. Para termos uma ideia sobre a variabilidade destas construções, veja-se a seguinte lista de construções encontradas, da qual excluímos os nomes dos dias da semana litúrgica, os quais apresentam certas especificidades a ser descritas mais abaixo. Sintagmas preposicionais: § Prep.+Det.+N na(s) terça-feira(s)/à(s) terça(s)-feira(s), das quartas-feiras § Prep.+Det.+N+Adj na segunda-feira passada § Prep.+Det.+Adj.+N na próxima segunda-feira § Prep.+N. de quarta-feira, em quarta-feira, para quarta-feira, etc. Sintagmas adverbiais não preposicionais: § N quinta-feira § Det.+N+Adj quinta-feira passada § Det.+Adj.+N. próxima sexta-feira Sintagmas nominais § Det.+N a quinta-feira, as quintas-feiras § N quinta-feira, quintas-feiras A variabilidade das referências temporais, como já foi adiantado, é muitas vezes deduzível a partir do contexto. As formas isoladas, não obstante, levaram-nos a colocar as seguintes questões: § Como é que as formas utilizadas se relacionam, concretamente, com o tempo e com o aspeto da proposição? § Será que existem construções sinonímicas? Caso sim, será que existem diferenças na frequência de uso? Por exemplo: Todos os sábados/nos sábados/aos sábados/ao sábado? § Como se usa o artigo nos sintagmas preposicionais? Será que depende do núcleo do sintagma preposicional? (ao sábado x de sábado) § Será que o atributo do nome do dia da semana poderá predeterminar o uso do artigo? § Como se comporta o sintagma preposicional modificador? (a reunião de/ da sexta-feira/ sexta-feira/ às sextas-feiras ou das sextas-feiras)? Estas perguntas serão respondidas ao longo da nossa investigação, sendo os seus resultados um importante ponto de partida, para os exercícios propostos na parte da conclusão. Comecemos pela questão pilar da nossa análise,i.e., o aspeto e tempo verbais. 4. Aspeto e tempo verbais No caso por nós estudado, o tempo e o aspeto são fatores decisivos que predeterminam a seleção concreta da expressão adverbial. Relembremos que o tempo ontológico, tal como o define Jindrová (2011), representa um eixo temporal, difuso, ou seja, iniciado e terminado num ponto infinito, no qual se distribuem os tempos verbais como categoria gramatical, através da qual se localiza o momento da enunciação, que divide o eixo temporal em três partes: presente, passado e futuro (Jindrová: 2011). Em português, estes três tempos básicos são deíticos/absolutos (Castilho: 1966 in Jindrová: 2011). Além destes tempos básicos, existem ainda tempos gramaticais relativos, os quais veiculam a estrutura interior da enunciação, ou seja, a relação entre os tempos paralelos, anteriores ou posteriores ao momento de enunciação (Zavadil, 1995 in Jindrová 2011). As línguas eslavas (como o polaco, o checo, o eslovaco, etc), apresentam, no sistema aspeto-temporal, certas especificidades. Enquanto as línguas românicas, como é no nosso caso o português, possuem paradigmas muito ricos em tempo, a língua checa tem apenas três tempos deíticos (atuais e absolutos), i.e. o presente, o passado e o futuro, sendo que os tempos relativos são expressos por outros meios gramaticais, sobretudo pela oposição aspetual das formas verbais, ou por outros meios lexicais. Este ponto mostra-se como absolutamente importante para a nossa análise e leva-nos a pressupor, para já, intuitivamente, várias conclusões, relativas aos nomes dos dias da semana, a serem desenvolvidas neste capítulo. Quanto ao aspeto, a „Gramática da Língua Portuguesa (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 90) define-o como:...“categoria que exprime o modo de ser interno de um estado de coisas descrito através de expressões de uma língua natural”, (a) por seleção de um predicador pertencente a uma dada classe (O João esteve deitado) – este caso é chamado „classe aspetual; (b) por quantificação do intervalo de tempo em que o estado de coisas descrito está localizado(O Luís estudou/estudava/tem estudado/estuda até tarde); (c) por referência à fronteira inicial ou final desse intervalo, ou a intervalos adjacentes (Ela começou a andar/está a estudar) ((b) e (c) chamados „formas aspetuais“); (d) por certas classes adverbiais temporais que influenciam os valores aspetuais da proposição. Entre os exemplos mencionados, cita-se sempre/raramente: (O João janta sempre às oito horas. O João raramente janta às oito horas.) (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 90)“ Deduz-se que os processos de expressão do aspeto são dois: lexicais e gramaticais. Entre os processos lexicais, conta-se a classe aspetual e a formação de palavras (descongelar, alourar, amanhecer), sendo que aos processos gramaticais pertencem as formas verbais (andou/andava/tem andado), os verbos aspetuais (acabar, continuar, tornar-se) e adverbiais. (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 90) As classes aspetuais de „estado, processo, evento“ são definidas conforme se o predicado se verifica em todos os subintervalos do tempo relevante. (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 90) Quanto à forma aspetual, os processos descritos estão localizados num subintervalo entre It de Ia. Mas enquanto na frase: O João estudou até sábado. se descreve um processo singular (i.e., que apenas ocorreu uma vez), encarado como acabado, na frase: O João estudava aos sábados., descreve-se um processo plural, encarado como inacabado. A oposição passado perfeito/passado imperfeito exprime, em geral, a distinção aspetual acabado versus inacabado quando o estado das coisas descrito é um processo ou um evento; tal oposição exprime associadamente a distinção ocorrência singular/ocorrências plurais do referido processo ou evento. (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 90) Assim, o passado imperfeito exprime um valor aspetual inacabado e um valor aspetual frequentativo. Esta subdivisão das formas aspetuais influencia significativamente, no nosso caso, a ocorrência do sintagma preposicional cujo núcleo é acompanhado pelo nome do dia da semana. Também com a frase o João trabalha até sexta-feira. se considera o número de vezes que ocorreu o processo descrito. O predicado do “trabalhar até sexta-feira“ pode ter um valor aspetual habitual e frequentativo. Partindo das classes e formas aspetuais típicas das línguas portuguesa e checa, revelámos as seguintes incongruências na localização de um evento/estado/processo num determinado dia, entre a L1 /Língua Checa/ e PLE /Português Língua Estrangeira/: 1. Enquanto na língua checa a oposição aspetual é expressa pelo processo gramatical que consiste na seleção de uma concreta forma aspetual do verbo, no português isto é feito por meio da expressão adverbial. Este facto é bastante relevante não só para os fins de ensino de PLE, como também para os fins translatológicos, sendo que é negada, outra vez, a possibilidade de substituição dos constituintes no eixo paradigmático. Este é um dos exemplos que aponta para a impossibilidade das traduções calcárias. Comparem-se as expressões em negrito, aspectualmente relevantes nas duas línguas, ilustradas no seguinte quadro: expressão adverbial tempo verbal Português À(s) segunda(s)-feira(s) - iteratividade Segunda-feira - pontualidade vou a Lisboa. Checo V pondělí (po)jedu do Lisabonu. - pontualidade jezdívám do Lisabonu.- iteratividade 2. A segunda disjunção entre as duas línguas comparadas é que em português, o aspeto é um fenómeno muito pouco desenvolvido, muito pouco trabalhado, facto que se deve ao vasto leque de possibilidades de criar os tipos de situação por meio do que geralmente se denomina como “tipos de situação“, onde vários pontos podem ser mencionados: incoativos, cessativos, permansivos (veja-se mais adiante). Por mais curioso que pareça, o que neste tipo de frases complica a situação aos falantes eslavos (checos), é o problema da tradução do presente. Na língua checa, a forma verbal no tempo presente só é possível no caso dos verbos atélicos. A influência da língua materna na língua estrangeira mostra-se relevante. Ao ser pronunciada a frase: (x). Sábado vou a Lisboa.; o falante checo construirá o significado a partir do verbo “vou“ (o qual, na língua checa, na forma verbal presente, é atélico.), processo que se deve ao processo cognitivo iniciado pela descodificação do sentido aspetual do verbo porque, como já vimos, a expressão adverbial na língua checa não muda. Assim, o aprendente checo ao descodificar o presente, que na L1 sinaliza atelicididade, muitas vezes não chega a revelar a interpretação certa, confundindo a frase: Sábado vou a Lisboa. com: (xi). Ao sábado vou a Lisboa. Apesar de haver linguistas que defendem a ideia de que o aspeto, nas línguas românicas, é considerado como uma categoria marginal e muitas vezes desentendida (Mateus et.al, 1989), sendo o verbo românico caracterizado pela relação do tempo e do modo (neste caso fala-se da significação modo temporal do verbo) (Zavadil-Čermák: 2010), permitimo-nos incluir este ponto na nossa análise, precisamente pelo facto de, como já foi mostrado, termos encontrado nele um interessante ponto de intersecção. 4.1. O aspeto pontual Aplicando a distribuição dos tempos no eixo temporal, ao nosso caso, chegámos à conclusão de que no eixo temporal cinco pontos são relevantes para a nossa pesquisa. Estas cinco referências temporais são divididas segundo a distância temporal a partir do momento presente. Esta distribuição temporal, como veremos adiante, predeterminará a sincronia dos processos gramaticais importantes para a construção de uma frase. Para a tradução do sintagma preposicional (adjunto adverbial que localiza o evento, processo ou estado num dia) do checo para o português, esta distribuição temporal mostra-se indispensável. O nosso eixo temporal distribui os tempos exatamente como em (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 77, 78), sendo usados os signos convencionais.[1] Ia Ie Ip Ij Ik Ipi Ip 1 2 3 4 5 Relembre-se que o valor aspetual pontual caracteriza enunciados que descrevem eventos: a duração dos eventos é a do momento ou tempo de curta duração em que ocorre a mudança de estado ou transição sofrida por uma dada entidade. A pontualidade inclui os seguintes valores aspetuais: incoativo, causativo, incetivo, conclusivo e cessativo (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág.90), tudo casos que podem ser aplicados à nossa análise. [2] (xii). Incoativo: (Na) sexta-feira (passada) morreu o padre. (xiii). Causativo (No) sábado (passado), A Maria abriu o envelope. (xiv). Incetivo: (No) domingo (passado) começou a chover. (xv). Conclusivo: Chegaremos (na) (próxima) segunda-feira. (xvi). Cessativo: Deixarei de treinar (na) (próxima) terça-feira. Procedamos à análise dos sintagmas preposicionais em torno de cujo núcleo orbitam os nomes em questão. 4.1.1. O futuro Ip O tempo linguístico futuro exprime posterioridade do intervalo de tempo que contém o estado das coisas descrito relativamente ao momento presente (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág.76-77). Quanto à distribuição temporal, o futuro aplicado ao nosso caso deve ser dividido em dois tipos: um que é iminente ao momento de enunciação e outro que é mais „afastado“ do momento presente. Será precisamente desta divisão que se depreenderá a seleção do sintagma preposicional correto. Refira-se que nesta parte só foram incluídos os sintagmas nominais ou preposicionais, com o núcleo em. A construção típica que localiza o evento no Ip, ou seja, no intervalo posterior ao momento de enunciação, afastado deste, pode ser o sintagma preposicional SP constituído por Prep.+Det.+SAdj.+N (sendo o modificador o adjetivo „ próximo“, cuja posição não pode ser mudada sob a pena de se tornar *Prep.Det.N.Adj. agramatical). Às vezes, quando dado contextualmente, o modificador „próximo“ é omitido, sendo resultado o sintagma preposicional SP constituído por Prep.+Det.+N ou, no caso de um determinado registo formal (avisos, notícias, convites, etc), também o sintagma nominal SAdv. Veja-se os seguintes exemplos: Ie Ipi Ip Vai chegar na quarta-feira. (Intercorp) Na próxima terça (-feira) haverá um desfile. Em textos jornalísticos, avisos ou convites, o SAdv é usado muitas vezes sem a preposição e artigo, muitas vezes em função de aposto: Ie Ipi Ip A próxima reunião plenária terá lugar no dia 19 de março, quarta-feira, pelas 15 horas. 4.1.2. O presente O tempo linguístico presente exprime a simultaneidade do intervalo de tempo em que ocorre o estado de coisas descrito. Em geral, pode ser expresso pelo presente do indicativo simples ou “perifrástico“, sendo a escolha de um ou outro dependente do valor aspetual que se quer exprimir (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 76-77). No caso da análise do aspeto pontual, este tempo serve-nos apenas como o ponto de divisão entre o passado e o futuro e como ponto, em torno do qual orbita o espaço iminente descrito mais abaixo. Esta função “reduzida“ do tempo presente, neste caso, prende-se com os valores aspetuais do presente que variam de acordo com o tipo semântico do verbo. Normalmente, o presente utilizado com os nomes dos dias da semana representa o valor aspetual durativo, inacabado. Mesmo a frase: Hoje é segunda-feira. não pode ser percebida “pontualmente“ mas sim “durativamente“. Apesar de ter um potencial ponto inicial e um outro final, relativamente ao momento de enunciação, está em curso este estado das coisas. Caso a localização temporal do evento, estado ou processo, expresso pelo presente, seja localizada num determinado dia, assumirá sempre uma certa duração e poderá ser percebida como iterativa ou frequentativa ou habitual: Aos sábados vamos ao futebol. A única possibilidade de encontrar a forma verbal no tempo presente e aspeto pontual é quando o presente exprime o futuro, mas a interpretação semântica da referência temporal é a do futuro iminente, por isso, a frase: Sábado vou ao cinema. não pode ser considerada propícia para os nossos fins. Os contextos verbais com que os dias da semana ocorrem são normalmente representados por formas verbais no passado ou no futuro, assumindo diferentes valores aspetuais. 4.1.3. O futuro Ipi e o passado Ik iminentes A razão que nos levou a juntar estes dois tempos, foi a analogia dos termos encontrados, das mesmas construções para exprimirmos a iminência do evento, projetada tanto no passado, como no futuro. A iminência do evento, neste caso, torna-se o fator decisivo que leva, às vezes, ao uso do Sn em vez do SP. Sempre deverão ser respeitadas as formas usadas no registo formal (+feira) e informal (-feira). Destaque-se que não se admite o uso do modificador “próximo, passado“, pertencendo estes apenas aos pontos 5 e 1. Ik Ie Ipi Terça fui ao teatro. Vai chegar quarta-feira. Na terça deram um filme. Chega na quarta-feira. Se é verdade que a localização dos eventos, no seu aspeto pontual, exige o uso de uma determinada construção adverbial, poderíamos, logicamente, pressupor, que também o uso das construções adverbiais limita a seleção dos tempos verbais. Logicamente poderíamos pressupor que as frases que exemplificam os dois pontos temporais, resultariam agramaticais se fossem usadas com os tempos sintagmaticamente incompatíveis. Ou seja, se a frase: Chega/chegou na quarta. só pode ser localizada pela expressão adverbial nas „iminências do Ie, também deveriam ser selecionados os tempos verbais que tivessem a capacidade de exprimir estas relações temporais. Do nosso ponto de vista, as seguintes proposições resultariam logicamente agramaticais: (xvii). *Terça tinha ido/fora ao teatro. (tinha ido=preétrito mais que perfeito Ij (xviii). *Terça ia/costumava ir ao teatro. (tempo Ij imperfeito do passado (nao no sentido do condicional) (xix). *Terça viajarei a Londres. (viajarei= Ip no sentido de futuro do futuro: na próxima terca-feira, nao na terca-feira da semana corrente). (xx). Na quarta-feira tinha ouvido intrusos próximo do pombal. Deduz-se que a iminência do evento localizado pelo nome do dia da semana, deveria refletir-se, também, no discurso relatado. Se o locutor desejasse transmitir para o discurso relatado a seguinte frase: (xxi). Segunda(-feira) fui/vou ao teatro. (neste caso segunda sim, antecede ou segue Ie) qual seria o resultado? Como se mudam estas expressões adverbiais no discurso relatado que têm a ver com a ordenação temporal, quando o termo-origem da localização temporal do enunciado produzido não contém a enunciação pelo João (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág. 76-77).? Surgiram, assim, três opções: (xxii). *O João disse que segunda (-feira) tinha ido/iria ao teatro? (xxiii). O João disse que na segunda (-feira) tinha ido/iria ao teatro? (dado contextualmente, sem o modificador) (xxiv). O João disse que na segunda (-feira) passada/próxim tinha ido/iria ao teatro? 4.1.4. I k Pretérito mais que perfeito Ij – não iminente Neste caso a construção típica é o sintagma preposicional, cujo núcleo „em“ exige um nome e um modificador: Prep+Det+N+Adj. Quanto à colocação do modificador, ao contrário do caso „próximo“, „pré-nominal“, compare-se as seguintes construções: (xxv). Na quinta-feira passada, encontraram um morto. (xxvi). Vai chegar na próxima sexta-feira. Destaque-se que, também neste caso, num determinado tipo de registo formal (por exemplo, em textos jornalísticos, avisos e notícias), é muito frequente a substituição do sintagma preposicional pelo sintagma adverbial composto por um nome e um modificador. (xxvii). A maré negra provocada, quinta-feira passada, pelo naufrágio do petroleiro grego… Repare-se que, para os fins de reforçar a distância /o sentido da anterioridade distante/, se usa o demonstrativo aquele/aquela (naquela terça-feira) e para localizar vagamente o evento, é muitas vezes usada a forma um/uma, sendo que pode haver polémicas sobre se esta forma representa o artigo indefinido ou o numeral (numa terça-feira, uma terça-feira.)[3] Esta construção é típica, novamente, de um determinado tipo de registro literário/narrativo, como ilustra, por exemplo, o seguinte caso: (xxviii). Isso aconteceu numa segunda-feira. 4.2. O aspeto durativo Como já foi referido, o aspeto durativo caracteriza enunciados descrevendo estados ou processos (Mateus, Brito, Duarte, Hub: 1989, pág.97). Estes valores aspetuais podem ser subdivididos nos seguintes subtipos. Para todos os valores aspetuais podemos encontrar exemplos com os nomes dos dias da semana: (xxix). CURSIVO: Na quarta-feira estava ainda doente. (xxx). PERMANSIVO: Quarta-feira continuaremos a ler este livro. (xxxi). ITERATIVO: Este mês, vamos à piscina às sextas. (xxxii). FREQUENTATIVO: Aos domingos almoçamos fora. (xxxiii). HABITUAL: É costume ela vir visitar-nos à terça. (xxxiv). GNÓMICO: Às terças e sextas-feiras, não cases as filhas nem urdas a teia. 4.2.1. O aspeto durativo – cursivo/permansivo Quanto ao problema das construções adverbiais, há valores aspetuais onde a construção adverbial é idêntica aos casos que pertencem ao aspeto pontual (cursivo, permansivo). Os outros apresentam construções diferentes. O que é essencial para a nossa análise serão os aspetos em que um determinado estado/processo/evento ocorria/tem ocorrido/ocorre/irá ocorrer com uma regularidade restritamente dada pelo intervalo precisamente definido. O problema do uso dos tempos de, ora se referirem ao passado, ora ao presente, ora ao futuro, não afetará, neste caso, a homogeneidade das formas usadas, sendo que o que se nos revelou como essencial, no caso da duratividade, foi a ocorrência singular ou plural/regular do estado ou processo nos tempos Ia ,It, Ip. Quanto ao aspeto cursivo ou permansivo, estes relacionam-se com os eventos, com os processos e com os estados, por um lado atélicos ou inacabados, mas por outro lado também singulares. Esta singularidade leva-nos a aplicar o mesmo processo de seleção quanto ao aspeto da pontualidade, devendo haver certas delimitações, sendo que o número de ocorrências encontradas é submetido compatibilidade da forma verbal de imperfeito com os verbos intrinsecamente atélicos, facto que não se revelou como relevante no caso dos outros aspetos durativos. Relembre-se que o imperfeito também pode transformar, em certos casos, situações eventivas em estados. Pressuponhamos, que as seguintes frases, (que são frases modificadas usadas por Fátima Oliveira: (2004:139), são frases postas em dúvida: (xxxv). ?O Rui lia o livro (na) segunda-feira. (xxxvi). ?O Rui morria (na) sexta-feira. (xxxvii). ?O Rui trabalhava (na) quarta-feira. O Imperfeito fornece uma informação temporal de passado não atribuindo qualquer limite ao estado, que é por natureza delimitado, contrariamente ao pretérito perfeito (Oliveira: 2001, pág.140). Assim, nas frases indicadas abaixo, e tiradas dos corpora acessíveis (para estarmos certos da sua aceitabilidade), verificou-se uma certa implicação de que o estado continua até ao momento por natureza ou contextualmente definido: (xxxviii). Nessa terça-feira a gente estava cansada. (xxxix). Na quarta-feira à noite , Hermione e Harry estavam sentados na sala comum… . (xl). Até já devíamos estar no hotel há duas horas», ironizou Tony Pickard, o capitão britânico, que já na sexta-feira dizia que não estava acabado e manteve ontem a mesma ideia. Deduz-se, assim, que a gente continua a estar cansada noutros dias também, que pode ser que Hermione e Harry continuem a estar sentados até ao ponto contextualmente definido, que Tony Pickar ainda continue a afirmar a mesma proposição. Pressupomos que neste caso, a expressão adverbial será submetida ao mesmo processo de seleção dependente do mesmo eixo temporal que aplicámos para a pontualidade. (xli). Nessa/naquela/ na terça-feira passada/ terça-feira a gente estava cansada. (xlii). Nessa/naquela/ na/ na terça-feira passada/ terça-feira à noite , Hermione e Harry estavam sentados na sala comum… . 4.2.2. O aspeto durativo – iterativo/frequentativo/ habitual Como já foi sublinhado, o fator mais decisivo para a escolha da expressão adverbial certa é a colocação dos eventos, estados e processos não só no eixo temporal, como também a sua colocação na dicotomia de ocorrência singular/plural. Caso desejarmos exprimir a singularidade do estado, processo ou evento, dirigir-nos-emos pela seleção relacionada com a distribuião temporal no eixo temporal. No caso do aspeto iterativo e frequentativo, o verbo nem sempre é capaz de nos veicular a informação sobre a natureza singular ou plural da situação (E,Ev,P). No caso do aspeto habitual, o reconhecimento do aspeto é feito através do verbo “costumar“, o qual, intrinsecamente, aponta para a pluralidade da ação, estado ou processo. Os três aspetos, mencionado por Mateus et.al. (1989: 89-102), são às vezes dificilmente identificáveis, sendo que a frase: (xliii). Terças é dia de piscina., se pode referir tanto ao aspeto iterativo, como ao aspeto frequentativo ou habitual. (xliv). Às terças vou à piscina este mês. - iterativo [p p p p p p p pp p] (xlv). Às terças vou à piscina. -frequentativo ←p p p p p p p p p p→ (xlvi). Às terças costumo ir à piscina. - habitual ←p p - p p p – p - p p→ Não é, contudo, objetivo do nosso trabalho demarcar as fronteiras semânticas aspetuais exatas entre estes três tipos aspetuais, sendo que não influenciarão a seleção da expressão adverbial. No nosso caso, relembre-se mais uma vez, trata-se mais da forma que exprime a singularidade ou a pluralidade da ação. O problema que pode, sim, ocorrer, é que a mesma expressão adverbial pode ser plurissemântica, constituindo-se o predicado como identificador do aspeto. Compare-se: (xlvii). Terça vou ao teatro. - singularidade no tempo futuro iminente Ii (xlviii). Terça é o meu dia de ir ao teatro. - pluralidade – frequentativo p p p p p p[4] Eventualmente: (xlix). A terça é o meu dia de ir a Brno. - pluralidade – frequentativo p p p p p p Nas frases comparadas vê-se claramente que a interpretação do nome do dia da semana está estreitamente vinculada com o contexto linguístico verbal, i.e. catafórico no nosso caso. Tendo sido delineados os princípios básicos da divisão aspetual e recolhidos os exemplos de todas as fontes mencionadas, considerou-se como um passo imoprtante dividir os nomes segundo a sua função sintática. Para obter um número relevante de exemplos, recorremos novamente às fontes eletrónicas, constituídas por: 1.Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, 2.Intercorp, 3. Linguateca.pt e 4.www.corpusdoportugues.org. Ora, como no caso da pontualidade e no caso da duração /aspeto cursivo e permansivo/ se revelou como indispensável a distribuição temporal no eixo temporal, no caso do aspeto durativo /frequentativo, iterativo e habitual/ parece essencial distinguir as funções sintáticas que os nomes dos dias da semana podem desempenhar, sobretudo a de sujeito e oblíquo externo. Sujeito: (l). Det.+N: A quarta é o dia da semana em que ela tem maior número de aulas. (li). N: Terça é o meu dia de ir ao cinema. Adjunto adverbial de tempo (lii). Prep+Det+N; Tem aulas de música à quinta-feira à tarde. (liii). Prep+Det+N+N Às segundas e quintas-feiras, a sua coluna gera verdadeiras crises de raiva nos salões privados da Casa Branca. Para o Sujeito temos duas possibilidades: Det+N ou N, sendo que para o oblíquo externo não obrigatório, a construção típica é: Prep+Det+N. Trata-se, então, da mudança do sintagma. Não se confunda, contudo, as funções sintáticas de nome-sujeito (duratividade) com as de nome-advérbio (pontualidade). Um outro ponto de interesse é que para uma referência temporal há diferentes construções na função do adjunto adverbial aspetualmente tipologizadas como iterativas/frequentativas/habituais. Encontrámos, nos corpora acessíveis e no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, as seguintes construções: nos sábados, todos os sábados, aos sábados, ao sábado. Revelámos uma diferença marcante na frequência, sendo a construção menos usada “nos sábados“ e “todos os sábados“ e a mais usada "ao sábado“ ou „aos sábados“. Julgamos que esta diferença possa estar relacionada com a que existe entre as duas variantes/ou variedades da língua portuguesa (europeia e brasileira). Não obstante, as nossas pressuposições serão desenvolvidas mais detalhadamente em estudos futuros. Os nossos primeiros resultados apontam para o facto de que a forma (aos,às, à, ao) é a mais frequente, e a forma “nos”/ “nas” muito pouco usado no português europeu. 4.2.3. Aspeto durativo- gnómico (variante extrema) Revelámos também que os nomes dos dias da semana podem veicular o valor aspetual gnómico, quando não existe, em rigor, localização temporal do estado das coisas descrito. Este valor aspetual ocorre caracteristicamente em enunciados que exprimem verdades científicas ou ideológicas e em enunciado definitórios. Supomos que esta universalidade possa ser percebida como a base dos provérbios, cujo objetivo é transmitir-nos, de forma concisa, verdades universais, sabedoria para todos e para todas as situações possíveis.[5] Nos provérbios também podemos proceder à divisão das funções sintáticas dos nomes dos dias da semana que representam a função de sujeito e de adjunto adverbial[6]: Oblíquo externo não obrigatório: (liv). Às terças e sextas-feiras, não cases as filhas nem urdas a teia. (lv). Comido o Natal à segunda-feira tem o lavrador que alugar a eira. (lvi). À quarta-feira nem cases a filha, nem urdas a teia, nem partas em navio para terra alheia. (lvii). Quem promete à quarta e vem à quinta, não faz falta que se sinta. (lviii). Natal à sexta-feira por onde puderes semeia; domingo vende bois e compra trigo. Talvez chore ao domingo o que ri à sexta-feira. (lix). Quem a semana bem parece, ao domingo aborrece. (lx). Quem quer couves aos braçados cava-as todos os sábados. Sujeito: (lxi). Sábados a chover e bêbados a beber, ninguém os pode vencer. (lxii). Sexta-feira treze dá azar. (lxiii). Sábado de Aleluia, carne no prato, farinha na ceia. Objeto direto: (lxiv). Não há domingo sem missa, nem segunda sem premissa. (lxv). Não há sábado sem sol, nem domingo sem missa, nem segunda sem preguiça. (lxvi). Não há semana sem quinta-feira. 4.3. Notas históricas sobre o uso das construções adverbiais em questão No âmbito da análise histórica dos nomes dos dias da semana (Svobodova: 2012), considerámos muito interessante também a ocorrência do Sprep (a)+ Det.(uma/uma) +N no aspeto pontual, situação semelhante ao caso que seguirá adiante. Ao contrário do atual uso reiterativo desta construção, foram encontrados casos usados no aspeto pontual. [id=«O Pároco de Aldeia Prosa Alexandro Herculano =1825»]: Um moço do Bartolomeu da Ventosa, rapazote de quinze anos, quatro meses, vinte e quatro dias e vinte e três horas e três quatros completos (por ter nascido a uma segunda-feira à meia-noite menos um quarto, de 2 para 3 de março) , neste grande dia do orago pilhara ao moleiro duas graças a um tempo, a de deixar em descanso o seu tonel das Danaides, a implacável joeira, e a de poder assistir à festa e ouvir a missa cantada e o sermão, em vez de ir acabar o pesado sono da madrugada à missa das almas . No corpora Linguateca - CETEM PUBLICO encontrámos, curiosamente, as mesmas construções num número mais elevado, sendo que a maioria delas apontam para o aspeto reiterativo (embora usados com o pretérito perfeito simples) e uns pouco casos para o aspeto pontual. Veja-se, a diferença entre as seguintes duas frases: Aspeto reiterativo (regularidade da ação) [par=ext1535770-clt-91a-1]:: Segundo os responsáveis da estação, ainda é cedo para precisar em que dia da semana «Lieutenant Lorena» fará o serão de alguns milhões de franceses, mas «provavelmente será a uma terça-feira». Aspeto pontual [par=ext928655-pol-95b-2]:: Reunido excecionalmente a uma quarta-feira -- o primeiro-ministro assiste hoje a exercícios das tropas portuguesas que vão para a Bósnia --, o Conselho de Ministros aprovou ontem as seguintes medidas: Um caso ainda mais curioso foi o uso do Sprep.(a)+Det (+o/a)+N, no sentido pontual. Esta construção no valor pontual apareceu ainda nos textos do século XV - XVI, por exemplo, nas peças do teatro de Gil Vicente e na Carta a El-rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil (1500). [id=«Carta a El-rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil Prosa PVC=1500»]:: E a noite seguinte, segunda-feira, quando lhe amanheceu, se perdeu da frota Vasco d'Ataíde, com a sua nau, sem aí haver tempo forte nem contrário para poder ser. [id=«Auto da Índia Teatro GV=1509»]: Foi isso à quarta-feira, aquela logo primeira? Não encontrámos este caso no português moderno, embora haja dúvidas face ao uso regional e dialetológico desta construção no sentido pontual. Mas opina-se que estas construções não prevalecem, sendo já nos textos antigos mais frequente o seu uso no sentido reiterativo, o que coincide com o uso atual. (Svobodová: 2012). 5. Nomes dos dias da semana nos sintagmas preposicionais 5.1. Nomes dos dias da semana no singular É de notar que no âmbito da nossa análise, a tipologia aspetual é o fator decisivo apenas em alguns casos, concretamente nas construções adverbiais representadas pelos sintagmas preposicionais cujo núcleo foi “em“ ou “a“. É interessante observar que o aspeto deixa de desempenhar um papel decisivo no caso dos outros núcleos do sintagma preposicinal, o que já se pode ver nos provérbios e aforismos seguintes, com que começamos a desenvolver esta subanálise: (lxvii). Ter cara de sexta-feira Santa. (lxviii). Chuva de sábado nunca acaba. (lxix). Obra de sábado nunca acaba. Vê-se, no sintagma preposicional, que o artigo foi omitido. Assim, a preposição “de“, sem o artigo, classifica o nome. A presença do artigo, em casos contextualmente compatíveis, permitiria transformar o nome classificador no identificador (Neves, 2000: 394): (lxx). Preocupações de mãe/ Preocupações da mãe (lxxi). Orçamento de Estado / Orçamento do Estado Aplicando esta tese aos seguintes casos, poderiamos chegar ao mesmo resultado: (lxxii). Chuva de sábado nunca acaba/?A chuva do sábado nunca acabava…. O problema, não obstante, consiste no facto de a forma “do sábado“ contradizer os nossos resultados de observação da ocorrência do artigo com diferentes núcleos dos sintagmas preposicionais, pelo que a definimos como duvidosa, marcada pelo ponto de interrogação. Como veremos no quadro ilustrativo, sábado introduzido pela preposição “de“ omite o artigo. Há casos onde aparece com o artigo, estes, contudo, são submetidos à restrição combinatória que consiste na ocorrência do artigo sempre que os nomes do dia da semana foram acompanhados pelo modificador: “do sábado de Aleluia“, “da sexta-feira sangrenta“ etc. Analogamente aos outros sintagmas preposicionais (a não ser os classificadores), seria lógico utilizar, depois do núcleo, o determinante o/a. Por mais curioso que pareça, contudo, os nomes dos dias da semana, introduzidos por outra preposição que não “a“,“em“, não precisam, nem são usados com o artigo. Compare-se os seguintes exemplos: (lxxiii). Depois das oito horas/antes das sete/entre as oito e as nove horas…. (lxxiv). Depois de sábado/antes de sexta-feira/entre sexta-feira e domingo (lxxv). Depois do sábado de Aleluia/antes da sexta-feira sangrenta/entre a sexta-feira Santa e o domingo Santo Os nomes dos dias da semana e a sua interpretação aspetual singular/plural, resultam ser descodificáveis também pelo contexto verbal. (lxxvi). De segunda a quinta-feira vamos ter o céu nublado. pontualidade (lxxvii). De segunda a quinta-feira trabalhava/tem trabalhado/irá trabalhar/ e nos outros dias descansava/tem descansado/irá descansar. duração Para podermos definitivamente tirar conclusões relativas ao uso do artigo com os nomes dos dias da semana, percorremos no corpora www.linguateca.pt (todos os corpora – junho 2011) todas as possíveis ocorrências sem e com o artigo e chegámos às seguintes frequências, todas explicadas abaixo no quadro ilustrativo: SP – Prep+Det+N Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Na/no 5403 4462 4689 4458 5455 5330 5316 Para a/o 12 8 (próxima) 6 (da semana passada) 4 7 (de 26 de abril) 15 9 (anterior) (passada, proxima) Da/do 22 22 27 (europeu) 27(lisboeta, passada) 55 43 149 (de Páscoa, seguinte) Desde a/o 2 1 3 1 3 1 6 à/ao 160 51 97 74 189 364 1092 (repetição) (repetição) Entre o/a 1 0 0 0 1 0 0 Até O/A 0 0 0 0 0 0 0 Nas/nos 13 0 0 0 0 4 0 Às/aos (repetição) 142 (repetição) 96 148 154 135 623 840 SP – Prep.+N Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Em 0 0 0 3 3 2 5 Para – N 372 317 307 334 354 451 417 De – N 2762 2416 2586 2464 3132 3762 4258 Desde – N 406 224 248 301 337 270 234 Entre - N 9 8 17 39 50 30 21 N (pl) 144 144 187 240 369 352 618 Como vemos, procurámos todas as formas possíveis dos dias da semana, relevantes para o nosso estudo sendo que excluímos, neste caso, a forma plural dos nomes dos dias da semana cujo número com estas preposições foi muito baixo. Como se vê nos quadros anteriores, dividimo-los segundo a ocorrência ou não do artigo definido. Ao mesmo tempo analisámos todos os casos onde as ocorrências nos pareciam contraditórias, situação que se deu em vários casos. Veja-se, então, as seguintes conclusões: 1. do primeiro quadro que analisou a presença do artigo nos sintagmas preposicionais, é deduzível, que os números mais elevados da ocorrência do artigo se referem à preposição „em“ e „a“. 2. do segundo quadro deduz-se que as ocorrências mais frequentes se referem aos núcleos preposicionais (para, de, desde, entre, sem). 3. não obstante, como já adiantámos, também encontrámos casos contraditórios quando o artigo ocorre onde não seria previsível. Estes casos de imprevisibilidade foram registados sempre que o dia da semana era seguido por um modificador: “depois do sábado de Aleluia, depois da quinta-feira negra, antes da sexta-feira sangrenta, para a sexta-feira, 17 de junho. e também na locução prepositiva: “por causa de“ (por causa da segunda-feira). 4. continuando, no que diz respeito à preposição “em“, encontrámos, por outro lado, construções, onde o nome do dia da semana se encontrou desacompanhado do artigo, quando desempenhava a função de oblíquo interno. Assim, os verbos que selecionam o oblíquo introduzido pela preposição “em“, poderão ter dois significados que dependerão da presença do artigo. Compare-se as seguintes frases: (lxxviii). Estive a pensar/falar com ele em segunda-feira. (N-oblíquo interno que implica um evento ocorrido ou a ocorrer (na) segunda-feira.) (lxxix). Estive a trabalhar/falar com ele na segunda-feira. ( N= oblíquo externo, expressão adverbial). Enquanto a primeira versão pode apenas ser alargada por meios paratáticos (por coordenação), a segunda pode ainda ser desenvolvida por outros constituintes sintáticos hipostáticos, desempenhando outras funções: (lxxx). Estive a pensar/falar em segunda-feira e no que ocorreu. (oblíquo interno e oblíquo interno) Sintagma coordenado (lxxxi). Estive a pensar/falar na segunda-feira sobre o que ocorreu. (Oblíquo externo e oblíquo interno) Sintagma não coordenado 5. A seguir, revelámos uma curiosidade relativa à ocorrência de “em“ sem artigo, com os nomes dos dias da semana litúrgica. Devido ao número reduzido de frases encontradas, não podemos tirar nenhumas conclusões definitivas. Ao consultarmos esta construção com os falantes nativos, parece que podemos atribuir estas formas à linguagem escrita, enquanto na linguagem falada, os nomes dos dias da semana se usam com o artigo. 5.2. Nomes dos dias da semana em plural É de salientar que o artigo com os nomes dos dias da semana no plural, é mais frequente, comparativamente ao caso anterior. Embora não sejam muito frequentes estas construções, por mais curioso que pareça, quando usadas com as preposições para ou de, aparecem sempre com o artigo: Segundas Terças Quartas Quintas Sextas Sábados Domingos Em/Nas 0/14 0/2 0/3 2 (de Ascensão, alternadas) /2 2/16 2 (alternados) / 60 5/61 Para/Para as 0/8 0/14 0/5 0/7 1/9 0/13 3/13 De/das 0/46 0/36 0/78 0/89 1/73 9/66 11 (de domingos e feriados/90 Ora, como vemos, o número destes sintagmas preposicionais mostra-se muito baixo para podermos tirar quaisquer conclusões devido à pouca probabilidade de estas referências temporais serem regulares e apontarem para uma iteratividade/frequência/gnomia/hábito relacionados com um certo dia. O único caso que se nos revelou como importante, é o da preposição “de“ “das“. Comparando as construções em que se encontra “das“ “segundas-feiras“, chegámos a revelar que o aspeto verbal também se reflete na forma deste sintagma preposicional na função do adjunto adnominal/modificador. Para já, compare-se as seguintes frases: Aspeto pontual: par=ext263534-eco-92b-1: Os dez bancos credores do conjunto de empresas Copaz / Iberol não chegaram a acordo, na sua reunião de sexta-feira passada, sobre a forma de solucionar a presente situação, a braços com um passivo financeiro acumulado de aproximadamente 24 milhões de contos. Aspeto durativo (frequentativo): par=ext554496-soc-94b-1: O Conselho de Ministros espanhol tem de decidir hoje, na sua habitual reunião das sextas-feiras, sobre um espinhoso assunto: a seca que aflige algumas zonas do país obriga à transferência, com sinal de urgência, de recursos hídricos, da represa do Tejo de Entrepeñas para a bacia do rio Segura. Com base nesta dicotomia aspetual, podemos colocar de novo em oposição duas formas: de sexta-feira e das sextas-feiras. Logicamente, o sentido de “das sextas-feiras“ é dado pela forma plural que reflete a pluralidade do evento/ação ou estado. No entanto, o problema que se nos revelou no caso dos alunos foi a forma “de sexta-feira“. Nas línguas eslavas, para as duas referências temporais existe uma única palavra “de sexta-feira“ e “das sextas-feiras“ = páteční, razão que muitas vezes leva os aprendentes a perceber a expressão “de sexta-feira“ como universal, aplicando-a também ao aspeto durativo. Outro objetivo que se nos revelou como significativo, foi a possível substituição das duas formas por outras. Tentámos, por conseguinte, encontrar nos corpora quaisquer expressões sinonímicas, mas sem sucesso. 7. Conclusão: Como vimos, ao longo do nosso trabalho surgiram diferentes questões que nos levaram a sistematizar todas as construções com os nomes dos dias da semana que tentámos encaixar em diferentes “gavetas“ morfológicas, sintáticas e semântico estilísticas. Para os fins didáticos propomos usar exercícios com lacunas que devem ser preenchidas pelo sintagma adverbial/preposicional adequado, cujo uso dependerá tanto da distribuição temporal como da tipologia aspetual. Aconselhamos também o uso de casos com o contexto verbal ambíguo. ______terça vou ao cinema. x __________ terça vou ao cinema. 1. ________ terça vou ao cinema. 2. ________ sexta irão jantar à casa dos pais. 3. Folga ________ quarta-feira e ________ sábado. 4. Costumam sair com os amigos ________ sexta-feira à noite. 5. Tinha falado com ele ________ terça-feira. 6. ________ quarta é o dia da semana em que ela tem maior número de aulas (2 possibilidades). 7. ________ terça é o meu dia de ir ao cinema. (duas possibilidades). 8. Voltou ________ segunda-feira. 9. É________ segunda-feira. 10. Era ________ segunda-feira (definida). Era ________ segunda-feira (indefinida). 11. Enviaremos a resposta________ próxima segunda-feira. 12. ________ segunda-feira costumo levantar-me cedo. 13. ________ segunda-feira passada foi encontrado um morto. 14. ________ segunda(-feira) é o dia de ir ao trabalho. 15. ________ segundas-feiras vão ao cinema. 16. ________ segunda-feira vão normalmente ao cinema. 17. ________ quintas-feiras concluíam cedo o serviço. 18. ________ terça-feira era o seu aniversário. 19. ________ domingo ele vai visitar os pais. 20. A exposição será inaugurada dia 17 de junho, _______sexta-feira, pelas 17 horas. Os exercícios deveriam ser adaptados ao nível de ensino/aprendizagem mas pode ser seguido o modelo que aqui apresentamos. Também neste caso aconselhamos a criação de exercícios com as possíveis construções preposicionais, sendo novamente criadas, lacunas que devem ser preenchidas pelos alunos. Proponha-se o seguinte tipo de exercícios que, juntamente com os exercícios de tradução, deveriam contribuir para que o aprendente adquirisse facilmente este tipo de construções. Todas as frases usadas no exercício foram tiradas do corpora www.linguateca.pt. par=ext110913-nd-91a-2: O governo argentino pôs fim em_______ terça-feira, «completamente e de maneira irreversível», ao seu projeto de fabricação de mísseis Condor II, noticiou a France Presse citando o ministro da Defesa argentino, António Erman Gonzalez . par=ext1201609-pol-95b-2: Esta posição ilustra as dificuldades com que será confrontada a aplicação no terreno dos Acordos de Dayton, que são uma iniciativa da diplomacia norte-americano e foram assinados em _______passada terça-feira pelos presidentes da Sérvia, Slobodan Milosevic, Croácia, Franjo Tudjman, e Bósnia, Alija Izetbegovic, na presença tutelar do secretário de Estado, Warren Christopher. par=ext1248679-eco-97a-3: Enquanto os índices mantiveram as perdas, ainda que de amplitude inferior às verificadas na véspera, as ações do Banco Pinto & Sotto Mayor, do Banco Totta & Açores, da Mundial Confiança e do Crédito Predial Português conseguiram conquistar terreno face à sessão _______terça-feira . par=ext1500110-nd-92a-1: Horário: de_______terça-feira a_______ domingo, das 10h às 17h. par=ext254916-soc-91b-2: A noite de_______ segunda para _______ terça-feira foi fértil em assaltos comunicados ao piquete da Polícia Judiciária de Lisboa. par=ext829410-soc-96b-1: Pico Ruivo, Encumeada Alta e Achada do Teixeira são outros locais da ilha onde tem nevado desde_______ terça-feira. par=ext607283-soc-92a-2: Entretanto, a Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias decidiu ouvir Cunha Rodrigues antes de _______ quinta-feira, dia em que serão discutidos no Parlamento os projetos sobre a autonomia do Ministério Público. par=ext215823-pol-94a-1: Tanto mais que Cravinho nessa altura estará no Parlamento e, depois de _______ quinta-feira, ele é sem dúvida o líder encartado da oposição à atual liderança. par=ext212230-soc-95a-1: A generosidade de_______ quinta-feira de Ascensão não ficava por aqui -- e muitos grandes agricultores e criadores deixavam que, nesse dia, as pessoas de menos recursos ou outras fossem retirar leite ao seu gado. par=ext341674-eco-94a-1: O curto prazo efetuou-se entre os 14 e os 15 por cento, depois de ter aberto com um «spread» entre os 14 e os 20 por cento, sensivelmente o mesmo nível do fecho de_______ quinta-feira passada. par=ext497398-nd-96a-1: É depois desta «tramitação» das relações entre uns e outros que se desemboca na reunião de_______ quinta-feira da semana passada. par=ext541795-soc-95a-1: A falência de_______ quinta-feira da espiga é um aspeto da falência do mundo rural português e da terciarização do país. par=ext127893-clt-soc-95b-1: Ann Stephens, presidente da PC Data (uma empresa de estudos de mercado com sede em Reston, na Virginia, especializada na avaliação das vendas de «software») calcula que entre 900 mil a 1 milhão de cópias terão saído das lojas entre _______ quinta-feira e_______ domingo . par=ext20525-soc-91a-1: Dentro da rústica construção, aquecida por uma lareira, o julgamente seguiu os seus procedimentos finais e a sentença ficou marcada para sexta-feira, dia 8. par=ext263534-eco-92b-1: Os dez bancos credores do conjunto de empresas Copaz / Iberol não chegaram a acordo, na sua reunião de _______ sexta-feira passada, sobre a forma de solucionar a presente situação, a braços com um passivo financeiro acumulado de aproximadamente 24 milhões de contos. par=ext554496-soc-94b-1: O Conselho de Ministros espanhol tem de decidir hoje, na sua habitual reunião de_______ sextas-feiras, sobre um espinhoso assunto: a seca que aflige algumas zonas do país obriga à transferência, com sinal de urgência, de recursos hídricos, da represa do Tejo de Entrepeñas para a bacia do rio Segura. Referências: Cunha, Celso, Cintra, Lindley (1999), “Gramática do Português Contemporâneo“, João Sá de Costa, Lisboa, 1999. Dos Santos, Ana Sofia Rodrigues (2008), A influência da L1 no processo de aquisição de L2, XXIV Encontro Nacional da APL. Castilho A. T. de, 1966, Sintaxe do Verbo e os Tempos do Passado em Português, Alfa č. 9, 105-153. Huber, Joseph (1986), “Gramática do Português Antigo“, Calouste Gulbenkian, Coimbra, 1986. Jindrová (2001), “Portugalština“, Leda, Praha, 2001. Jindrová, J. (2009) Portugalština, souhrn gramatiky. Praha: Holman. Jindrová, J. (2011): Modotemporální a aspektuální význam portugalského složeného perfekta. Studie z korpusové lingvistiky - Korpusová lingvistika, Praha 2011, svazek 1 Intercorp, pp 219 - 230. Jindrová,et.al (2001), PORTUGALŠTINA, LEDA, PRAHA: 2001 Hricsina J., (2006), Vývoj modotemporálních paradigmat u portugalského verba finita z diachronního hlediska (doktorská disertační práce). FF UK, Praha. Lapa, Manuel Rodrigues (1984), Estilística da Língua Portuguesa, Coimbra Editora Limitada. Madeira, Ana (2008) Aquisição de L2. In P. Osório e R. Meyer (coord.) Português Língua Segunda e Língua Estrangeira, Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, pp.189--203. Svobodová, Iva,(2009) „Artigo como estilema“, XXV Encontro Nacional APL, Abstract Conferencial, FLUL, Lisoba, 2009. Svobodová, Iva,(2010), „Stylisticko-pragmatické faktory použití členu v současné portugalštině“, Masarykova Univerzita, Muni press, Brno, 2010. Svobodová, Iva (2009),“Movimentos semânticos do artigo“, Jornadas de Estudos Românicaos, Atas, Bratislava. Svobodová, Iva, (2009) “Tempo e espaço como fatores linguísticos e extralinguísticos que compoõem o semema do artigo“, Études Romanes de Brno, Masraykova Universzita, 2009/1: Cláudia Alexandra Moreira da Silva (2009), Contextos de (in)formalidade – os artigos indefinidos nas crónicas e nos chats) Zavadil B., 1995, Současný španělský jazyk II. (Základní slovní druhy: slovesa). UK, Praha. Zavadil B.; Čermák P., 2010, Mluvnice současné španělštiny. UK, Praha. ________________________________ [1] Ij Pretérito mais-que perfeito composto ; IkPassado do passado ,IePresente , ,Ip Futuro, (Ipi - futuro iminente, tivemos que acrescentar mais este símbolo para separarmos o futuro iminente ao momento de enunciação do futuro posterior, mais afastado, do mometo de enunciação. [2] Relembre se, que o termo Aktionsart, muitas vezes é usado nas línguas românicas noutro sentido, diferente do sentido original. [3] Nós defendemos a opinião de que a forma „um/uma“ neste caso tem a função de artigo indefinido. Partindo do facto de o numeral ser a palavra que indica os seres em termos numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada sequência, seriamos levados a colocar um/uma aos outros numerais dois/três/quatro: um domingo/dois domingos/dez domingos. Defendemos, não obstante, que esta não é a função da forma um/uma. Ao contário, estamos convencidos de que a forma um/uma são operadores dos processos semânticos sobre indefinidos, onde têm a leitura específica. [4] Utilizamos os mesmos símbolos que M.H.M.Mateus et.al (1989:92) [5] Os provérbios portugueses e o seu sentido estão relacionados com a tradição judaico-cristã no modo como é visto o trabalho, o respeito pelos dias de descanso e o calendário religioso. A sexta-feira é normalmente relacionada com a Paixão de Cristo, sendo considerada um dia de luto, tristeza, dor, e um dia “santo”, isto é de forte simbolismo e conotação religiosa (SVOBODOVÁ 2012). Na tradição romana, os dias da semana que tinham “r” (Marte, Mercurio e Vénus/Veneris) eram de pouca sorte (3ª, 4ª e 6ª). [6] Sendo a sintaxe luso-brasileira (Cunha, Cintra, Adriano de Gama Kury) mais próxima para os aprendentes eslavos, utilizamos também nas aulas a terminologia usada por Cunha e Cintra (1999).