Revista da Faculdade de Letras oUNGUAS E L1TERATURAS* Porto. XV 1998. pp. 421-436 ALGUMAS QUESTOES SEMANTICAS ACERCA DA SEQUENCIA DE TEMPOS EM PORTUGUES A questao da sequencializacao dos tempos e um aspecto das lfnguas observado pelas gramaticas desde ha muito, embora muitas vezes seja men-cionada de modo indirecto quando se trata da transposicao do discurso directo para o indirecto. No entanto, se considerarmos que o estudo da semantica dos tempos, como, alias, de uma serie de outros fenomenos lin-guisticos, deve ter o texto e nao a frase isolada como objecto de analise, verificamos que a sequencializacao dos tempos, porque exprimem, pelo menos, a ordenacao dos acontecimentos e dos estados descritos, se pode observar mesmo quando se trata do dominio de frases complexas. Assim, para mencionar so uma gramatica como a de J. Soares Bar-bosa1, veja-se o que diz a proposito daquilo que ele chama «... uso e emprego dos modos e tempos do verbo na oracao»: «Quando o primeiro verbo esta no presente ou no futuro do indicative o segundo verbo pode ir a qualquer tempo do mesmo modo, tratando-se de ver-dades contingentes; e tratando-se de verdades necessarias, todos os tempos do primeiro verbo podem levar o segundo ao presente. Quando porem o pri meiro verbo esta em qualquer tempo dos preteritos, ou imperfeitos ou per-feitos, o segundo nao pode deixar de ir tambem a outro preterito, imperfeito quando a coisa nao foi acabada, e perfeito quando o foi.» (p. 213). «0 tempo do primeiro verbo no indicativo e quem determina, ordinariamente, em que tempo deve estar o segundo verbo no subjunctivo. ... Mas quando o verbo da proposicao principal esta no presente ou no futuro do indicativo, o da proposicao subordinada vae para o presente do subjunctivo, se se expri- 1 Soares BaRBOSA, J. - Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, Lisboa, Academia Real das Sciencias, 5a edicao, 1871. 421 FATIMA OLľVEÍRA mir um presente ou futuro; e para o preterito, se o que se quer exprimir e ja passado. E quando o verbo da proposicäo principal estä em algum dos preterites imperfeitos ou perfeitos, pöe-se o segundo no imperfeito do subjunc-tivo, se o que com eile se quer exprimir e presente ou futuro; e no preterito perfeito, se o que se quer exprimir e passado e acabado.» (p. 215). Estas afirmacöes säo muito interessantes tendo em conta que se trata de uma gramätica do principio do seculo dezanove. Tentaremos neste estudo analisar, em especial do ponto de vista semäntico, a validade de tais afirmacöes ä luz de propostas teöricas actuais, procurando tambem encontrar uma explicacäo tendo em conta contextos intensionais. Vejamos qual o problema. Em primeiro lugar, em frases complexas em que hä um estrutura de complementagäo com verba dicendi, se o verbo da oracäo principal estiver no Preterito Perfeito (doravante Pperf), fre-quentemente o verbo da subordinada estä no Imperfeito (doravante Imp), embora de facto qualquer tempo seja possivel, dependendo da ordenacäo que se pretende descrever. Assim, os exemplos seguintes säo todos possi-veis, embora com algumas diferen^as que näo säo so temporais: (1) A Maria disse que 0 Manuel foi ao cinema. (2) A Maria disse que 0 Manuel ia ao cinema. (3) A Maria disse que 0 Manuel estava doente. (4) A Maria disse que 0 Manuel estä doente. (5) A Maria disse que 0 Manuel tinha ido ao cinema. (6) A Maria disse que 0 Manuel tern ido ao cinema. (7) A Maria disse que 0 Manuel vai comprar urn carro. (8) A Maria disse que 0 Manuel compraria urn carro. (9) A Maria disse que 0 Manuel comprava urn carro. Com efeito, para além das diferencas entre todos os exemplos, merece salientar os pares constituidos por (2) e (3) por um lado e (8) e (9), por outro. O primeiro mostra dois exemplos com Imp, cuja leitura é diferente, 2 A Substituicäo do Condicional pelo Imperfeito näo e um fenömeno recente na lingua portuguesa, pois ja Soares Barbosa o atesta na sua Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza. Por outro lado, tambem surge noutras linguas romänicas como o italiano, como por exemplo e mencionado em Bazzanella, C. - Modal uses of «indi-cativo imperfetto» in a Pragmatic Perspective, in «Journal of Pragmatics», 14, 1990, pp. 439-457. 422 ALGUMAS QUESTÖES SEMÁNTICAS em virtude de se tratar respectivamente de um evento e de um estado, e o segundo pode pör em paralelo dois exemplos semelhantes, ä excepcäo do tempo verbal, que em värios contextos podem substituir-se entre si, como acontece em certas construcöes condicionais2. Trataremos em sec-?äo posterior estes casos. Veja-se agora o que se passa com exemplos em que o verbo da ora-qäo principal e um verbo de atitude (como crer, pensar, acreditar...). Para alem dos pares com Imp e com Condicional, convem tambem prestar aten-cäo a (13). (10) A Maria pensou que o (11) A Maria pensou que o (12) A Maria pensou que o (13) A Maria pensou que o (14) A Maria pensou que o (15) A Maria pensou que o (16) A Maria pensou que o (17) A Maria pensou que o (18) A Maria pensou que o Manuel foi ao cinema. Manuel ia ao cinema. Manuel estava doente. Manuel está doente. Manuel tinha ido ao cinema. Manuel tern ido ao cinema. Manuel vai comprar urn carro. Manuel compraria urn carro. Manuel comprava urn carro. Uma das questoes cruciais a discutir é se, apesar dos paralelismos entre os exemplos dos dois blocos, o tratamento dos tempos em frases comple-xas com verbos de atitude pode ser uniforme, ou se pelo contrario, exige abordagens diferentes. Em termos mais claros, a questäo é saber se se trata de processos de anáfora temporal ou de sequencializa§äo de tempos. Uma das propostas teóricas mais interessantes para o estudo da semän-tica dos tempos em frases e em discursos é a Teória Independente3. Nesta teória há trés assuncöes fundamentals: os tempos säo avaliados relativa-mente ao tempo da enunciacäo, quer estejam em frases encaixados ou näo; os tempos säo expressöes referenciais, que podem ser anafóricos4; e os 3 Veja-se, entre outros, os seguintes trabalhos de Abusch: Abusch, D. - Two Theories of Tense in Intensional Contexts, in «Proceedings of the 9lh Amsterdam Colloquium», Universidade de Amsterdao, 1993, pp. 47-66. Abusch, D. - Sequence of Tense and Temporal De Re, in linguistics and Philosophy*, vol. 20, n° 1, 1997, pp. 1-50. 4 Actualmente, a anafora temporal e tratada no quadro de varias teorias, mas o texto fundador em que se estabelece uma relacao entre anafora nominal e anafora temporal e de B. Partee: Partee, B. - Some Structural Analogies Between Tenses and Pronouns in 423 FATIMA OLIVEIRA tempos podem ser interpretados de re. Esta proposta de análise é bastante interessante porque permite dar conta das relacöes temporais de modo idén-tico, quer se träte de contextos extensionais, quer intensionais. Neste ultimo caso a semäntica dos tempos depende só da articulagäo entre tempo e a semäntica dos verbos de atitude. No entanto, como se verá, nem todos os exemplos podem ser tratados no quadro desta abordagem, sendo necessá-rio discutir, com base nos dados do portugués, se a relagäo entre Pperf e Imp por um lado, e modo indicativo e modo conjuntivo por outro, näo determinam interpretagöes diferentes. Em línguas como o Portugués, em que há contraste entre Pperf e Imp parece ser relativamente evidente que a diferenca entre exemplos como (1) e (2) e (10) e (11) permite estabelecer ordenagöes diversas dos eventos. Em (1) e em (10) «Manuel ir ao cinema» é anterior a «Maria dizer» ou «Maria pensar» e em (2) e (11) há uma relagäo de simultaneidade parcial e até de posterioridade em relagäo ao dizer ou ao pensar, mas näo em relagäo ao tempo da enunciacäo. Mas no caso dos exemplos (4) e (13) há cla-ramente uma co-temporalidade, isto é, estas frases säo ambíguas entre uma sobreposigäo temporal em relagäo ao tempo do dizer ou pensar ou ao tempo da enunciacäo, e nessa medida podemos dizer que se trata de casos de frases de acesso duplo {double access). A única restrigäo que a teoria independente faz em relagäo a um tempo do passado é que o evento que descreve seja anterior ao tempo de enun-ciagäo, independentemente de se tratar de um verbo em posigäo encaixada ou näo. Nessa medida a semäntica de um tempo em tal posigäo näo depende de configuracöes sintácticas, em especial do contexto de encaixe. Isso acontece com os exemplos (1) e (3) e (10) e (12) na medida em que no primeiro de cada um dos exemplos destes pares, há precedéncia em relagäo ao verbo da matriz e no segundo dos exemplos há uma relagäo anafórica com o verbo da matriz que se encontra no passado relativamente ao tempo da enunciagäo. No entanto, exemplos como os de (2) e (11) mos-tram que, apesar de os tempos de ambas as frases sérem passado, o segundo, por ser Imp permite uma possível projecgäo para o futuro. Porém, essa posterioridade parece ser näo só em relagäo ao tempo da frase matriz, English, in «The Journal of Philosophy» 70, 1973, pp. 601-609. Posteriormente refor-mula algumas das suas propostas num tambem muito importante artigo: Partee, B. -Nominal and Temporal Anaphora, in «Linguistics and Philosophy*, vol 7, n° 3, 1984, pp. 243-286. 424 ALGUMAS QUESTÖES SEMÄNTICAS como também poder ser extensível ao momento da enunciacäo. Neste caso estamos perante um problema para a Teória Independente apesar de exem-plos semelhantes como (8) ou (17) poderem ser descritos por esta teória na medida em que estamos perante um futuro do passado5, isto é, trata-se de um futuro relativamente ao passado da frase matriz. Vejamos agora outros exemplos: (19) Na segunda-feira passada o Manuel pensou que estava em Paris na terca-feira. (20) Na segunda-feira passada o Manuel pensou que esteve em Paris na terca-feira. O que é interessante notár é que em (20) a terca-feira relevante é anterior ä segunda-feira, enquanto em (19) só é possível considerar urna lei-tura em que a terga-feira é posterior. Isto evidencia que o Imp é ambíguo entre passado e futuro. Essa talvez urna das razöes por que em certos con-textos pode ocorrer em vez de Condicional. Deve também notar-se que há urna čerta relacäo entre este facto e os usos modais do Imp6 na medida em que é possível, entre outros usos, exemplos do tipo de (21) em que Imp é projectado para um tempo posterior ao da enunciacäo: (21) Amanhä ia ä biblioteca. Há quem considere que se trata de um Imp de planificacäo7 e nestes casos, embora possível, o Condicional parece pouco comum, se näo esti-ver associado a urna condicäo, tornando evidente que nestes casos näo se trata de um futuro do passado: 5 Nalgumas gramáticas o Condicional é designado por «Futuro do Passado», como é o caso de Cunha, C; Cintra, L. Lindley - Nova Gramática do Portugués Contempo-ráneo, Lisboa, Edicoes Sá da Costa, 1984. Em trabalhos recentes sobre os tempos em portugués, veja-se Peres, J. - Towards an Integrated View of the Expression of Time in Portuguese in «Cadernos de Semántica», 14, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1993. 6 Veja-se a este respeito, Oliveira, F. - Alguns efeitos semanticos e pragmáticos do Pretérito Imperfeito, nao publicado, 1985; Oliveira, F. - Algumas Consideracoes acerca do Pretérito Imperfeito, in «Actas do 2° Encontro da Associa^ao Portuguesa de Lin-guistica», Lisboa, 1986, pp.78-95. Pode ainda ver-se Bazzanella, C. - op. cit.. 7 Veja-se, entre outros, Bazzanella, C. - op. cit.. 425 FATIMA OLIVEIRA (22) Amanhä iria ä biblioteca (se tivesse tempo livre/ *tiver tempo livre). (23) Amanhä ia ä biblioteca (se tivesse tempo livre/ tiver tempo livre). Com efeito, a diferenca entre estes exemplos mostra que o Condicio-nal é aceitável só se houver urna leitura de contrafactualidade8. Mas vejam-se ainda outros exemplos com tempos do passado em con-textos intensionais:9 (24) A Maria pensou que casava com um hörnern que a amava. (25) A Maria pensou que casaria com um hörnern que a amasse. (26) A Maria pensou que casava com um hörnern que a amasse. A diferen^a entre (24) e (26) advém do contraste entre modos. De um modo geral considera-se que esta diferenca em frases relativas restritivas tem consequéncias do ponto de vista da referencia nominal, pois com modo indicativo pode postular-se a existencia do individuo com essa propriedade (hörnern que a amava), contrariamente ao que acontece com o modo con-juntivo em que essa interpretacäo näo pode ser feita, isto é, neste caso estamos perante um contexto intensional, enquanto no primeiro caso se trata de um contexto extensional. É, no entanto, bastante curioso que este contraste também tenha repercussöes na relacäo temporal, evidenciando de forma clara que os dois tipos de referencia tém pontos de contacto. Assim, do ponto de vista temporal, em (24) que a amava é contemporäneo de pen- Por vezes, na literatura sobre condicionais distingue-se dois tipos de contrafactualidade: as condicionais contrafactuais propriamente ditas e as problemäticas, que em portugues se obtem com formas diferentes do Conjuntivo: (i) Se tivesse ido a Lisboa, tinha (teria) ido ao concerto. (ii) Se fosse a Lisboa, ia (? iria) ao concerto. 9 Alguns dos exemplos apresentados säo sugeridos por exemplos de Abusch, D. -op. cit. 1997. No entanto, as diferencas acabam por ser grandes em virtude de ela anali-sar exclusivamente o ingles. Como se sabe, o sistema dos tempos e dos modos do portugues e näo sö diferente como mais complexo, acarretando distingöes consideräveis e a possibilidade de construir exemplos em portugues que säo impossiveis em ingles. Uma questäo interessante a discutir e se uma relativa no escopo de um verbo intensional pode ter ou näo uma leitura de Sequencializacäo de Tempos. O caso do portugues parece ir nesse sentido. Para uma visäo diferente deste ponto, veja-se Enc, M. - Anchoring Conditions for Tense, in «Linguistics Inquiry», 18, 1987, pp. 633-657. 426 ALGUMAS QUESTÖES SEMÁNTICAS sar e possivelmente alargado ao tempo de casar. Em (26), que a amasse só pode ser contemporäneo do tempo de casar ou posterior, apresentando nesse caso uma leitura paralela ä de (25). Por outro lado, casava é posterior ao tempo de a Maria pensar e em (26) pode ser até posterior ao tempo da enunciacäo, acontecendo o mesmo com casaria do exemplo (25). Nesta linha de observagöes é ainda interessante o exemplo seguinte: (27) O Manuel decidiu há uma semana que dentro de dez dias dizia aos pais que ia mudar de emprego. Há uma semana é anterior ao tempo da enunciacäo, mas dizia é contemporäneo de dez dias e ia mudar é posterior a dizer. Estamos perante a utilizacäo de Imp com uma leitura de posterioridade em relacäo ao tempo da enunciacäo bastante claro em virtude dos adverbiais explícitos. Com efeito, há uma semana é avaliado em relagäo ao tempo da enunciacäo e dentro de dez dias em relagäo ao início do intervalo de há uma semana. No entanto, neste caso näo há lugar ä utilizacäo de modo conjuntivo, como acontece em (26), e, se dizia parece poder ser substituido por diria, tor-nando-o um futuro em relacäo ao tempo da enunciacäo e näo de um pas-sado, já iria mudar, só marginalmente é possível, tendo associada uma con-dicionalidade que näo está presente com o Imp. Nesta linha de apresenta-cäo de alguns dados interessantes sobre a interpretacäo dos tempos em contextos intensionais, veja-se ainda (28): (28) Há cinco dias, o Manuel prometeu fazer uma intervengäo num seminário uma semana mais tarde sobre o assunto em que os participan-tes estavam/estivessem mais interessados. Este exemplo apresenta algum paralelismo com (24)-(26). Isto é, a leitura diverge consoante estamos perante o modo indicativo ou conjuntivo. No primeiro caso (estavam mais interessados), o tempo só pode pre-ceder o tempo de enunciacäo, em particular, o início do intervalo de há cinco dias, enquanto no segundo caso terá de ser entendido como refe-rindo o tempo do seminário, posterior ao tempo da enunciacäo. Parece, assim, que se trata de uma questäo de escopo do sintagma nominal enca-begado por o assunto, sendo no primeiro caso escopo largo e no segundo escopo estreito, tendo como consequéncia que no primeiro há uma leitura de re e no segundo näo há. 427 FATIMA OL1VEIRA Antes de tentar encontrar uma explicacao para estas diferencas, sera ainda interessante observar alguns exemplos com modais. (29) Ele devia estudar mais. (30) * Quando estava na Faculdade, o Manuel devia estudar mais. (31) Quando estava na Faculdade, o Manuel devia ter estudado mais. (32) A mulher do Manuel pode/podia tornar-se rica. (33) O Manuel casou-se com uma mulher que pode/* podia tornar-se rica. (34) O Manuel casou-se com uma mulher que pode/podia ter-se tornado rica. Dizer (29) ou (32) so pode ter como ponto de avaliacao temporal o tempo da enunciacao, isto e, alguem podia ter feito essas afirmacoes no passado, relativamente a esse tempo, ou entao pode ser relativamente ao tempo presente, mas com uma prospeccao para o futuro, pois nao e pos-sfvel relatar o dever ou a possibilidade passada utilizando frases como (30) ou (33). Para esse efeito as frases adequadas sao respectivamente (31) e (34).10 Mas veja-se o que pode acontecer se estas frases forem encaixadas num contexto intensional: (35) O Manuel pensou que ele devia estudar mais. (36) O Manuel pensou que a mulher podia tornar-se rica. Nestes exemplos o tempo de avaliacao e o da frase matriz e por isso «estudar mais» ou «a mulher tornar-se rica» so pode ser posterior a «Manuel pensar». Verificamos assim, que ha uma ambivalencia de leituras de tempos do passado, em especial do Imp, o que leva a supor a necessidade de ter em 10 No exemplo (33) e (34) pode é perfeitamente aceitável por se tratar de uma possibilidade considerada do ponto de vista presente, isto é, da enunciacao. Quanto a podia, se pretendermos que a leitura seja de anáfora temporal com casou, que é o caso que aqui nos interessa, entäo näo é aceitável. A frase séria, no entanto, aceitável se pódia tornar-se rica fosse entendida como uma possibilidade condicional projectada para o futuro: pódia tornar-se rica, se quisesse. Nestes casos há frequentemente uma implicatura con-versacional (cancelável). 428 ALGUMAS QUESTOES SEMANTICAS conta um «abstractor de avaliacao temporal» em contextos intensionais, na medida em que parece que em contextos extensionais a questao e outra. Em (37) nao e possivel considerar que estava na sala ao lado possa ser avaliado relativamente ao tempo de enunciacao, apesar de sala ao lado ter uma posicao relativa aquela em que se encontra o falante, mas so ao tempo da frase matriz, pois se quisermos dizer que o amigo esta agora na sala ao lado, a frase adequada e (38). (37) Na semana passada o Manuel encontrou um amigo que estava na sala ao lado. (38) Na semana passada o Manuel encontrou um amigo que esta na sala ao lado. Vejamos ainda mais uns exemplos: (39) A Maria pensou que o Manuel estava assustado durante a ultima tempestade (40) A Maria pensou que o Manuel estava assustado durante a *pro-xima/seguinte tempestade. O exemplo (39) nao apresenta qualquer problema11, mas (40) nas duas versoes parece bastante interessante. Se considerarmos proximo tempestade a relacao temporal nao e aceitavel na medida em que tal tempestade sera posterior ao tempo da enunciacao e apesar de em certos contextos o Imp permitir uma projeccao para o futuro, ela e limitada. Pelo contrario, tempestade seguinte e aceitavel porque se trata neste caso de uma tempestade posterior ao tempo da frase matriz, mas anterior ao da enunciacao. Parece pois haver alguma evidencia de que ha um limite superior para a denota-cao dos tempos, mas que nao e o agora de uma alternativa epistemica, mas o antes do tempo da enunciacao, dado que, contrariamente ao que acon-tece com o Past ingles, Imp permite «forward shift». Nos contextos intensionais e tambem interessante observar o que se passa com exemplos em que o tempo da frase matriz, com um verbo de atitude, e passado e o tempo da frase encaixada e presente. Note-se que ultima tempestade pode ser interpretada relativamente a «pensar» ou ao tempo da enunciafao, mas nao coloca qualquer problema porque em qualquer dos casos e anterior ao tempo da enunciacao. 429 FATIMA OLIVEIRA (41) O Manuel pensou que a Maria está doente. (42) O Manuel pensava que a Maria está doente. As duas frases parecem possíveis, mas com diferencas consideráveis entre si. No primeiro destes exemplos relata-se um pensamento num tempo passado em relacäo ao da enunciacäo e a «Maria estar doente», por ser pre-sente, tem, ä partida, que apresentar uma sobreposicäo, pelo menos parcial, com o tempo da enunciacäo, embora deva também estar relacionado com o tempo de pensar. No segundo exemplo, há um tempo passado, que por ser Imp, permite considerar que o intervalo de tempo relevante se mantém, pelo menos até ao presente da fala, levando a considerar que se está perante um tempo passado que se sobrepöe parcialmente com o tempo de «estar doente», que, como no exemplo anterior, se sobrepöe ao tempo da enunciacäo de toda a frase. O que é muito curioso neste exemplo é que parece haver urna čerta contradigäo pragmática na articulacäo entre estes dois tempos. Intui-tivamente, o Imp em casos destes permite urna implicatura conversacional do tipo «pensava, mas pensava mal» e por outro lado o Presente admite que o falante tome como čerta a proposicäo da frase encaixada. Esta intuicäo torna-se mais evidente se contrastarmos (42) com (43) ou (44). Em (43) a implicatura é sobre estava doente e em (44) näo há implicatura. (43) O Manuel pensava que a Maria estava doente. (44) O Manuel pensa que a Maria está doente. Resumindo. Em primeiro lugar verificámos que no contexto de um verbo de atitude a maior parte dos tempos pode ocorrer na frase comple-mento. Os casos que mais nos interessam säo os exemplos em que o tempo da frase matriz é passado, em especial Pperf e o tempo das frases encai-xadas é também passado, em especial Imp. Consideram-se ainda alguns casos em que a frase encaixada está no Presente. Por outro lado, verificámos que com o apoio de algumas expressôes adverbiais é possível encon-trar contextos em que a relacäo temporal é bastante mais complexa do que poderia parecer, porque as relacöes de precedéncia, de sobreposicäo ou até de posterioridade näo säo evidentes e porque os contextos intensionais tém repercussôes na organizagäo temporal das frases, permitindo certos con-trastes de modo e de tempo em portugués. Urna das maneiras de abordar algumas destas questôes é considerar que alguns destes exemplos podem ser tratados recorrendo ä «teoria inde- 430 ALGVMAS QUESTÖES SEMÄNTICAS pendente» em que os tempos säo avaliados relativamente ao tempo da enunciacäo, podem estabelecer relagôes anafóricas e podem ser interpreta-dos de re. Retomemos os exemplos. Em (10) temos um tempo passado que precede outro, isto é, o «Manuel ir ao cinema» é anterior a «a Maria pen-sar». E num exemplo como (12) estamos perante urna relacäo de sobre-posicäo em que estava doente é anafórico relativamente a pensou. Se em qualquer dos casos estamos perante passados em relacäo ao tempo da enunciacäo, entäo podemos dizer que o tempo das frases encaixadas é independente da configuracäo sintáctica. No entanto, (11) pode ser ambíguo entre uma leitura anafórica, isto é, em que há co-referéncia com o tempo da frase matriz ou em que há posterioridade relativamente a pensou, apro-ximando este exemplo de (17). Neste ultimo caso estamos perante um Conditional que opera como um futuro do passado e por isso, apesar de futuro, é possível tratá-lo no quadro da teória independente porque há anáfora em relacäo ao passado da frase matriz. Com Imp näo há, ä partida, qualquer indicacäo nesse sentido, apesar de Imp e Condicional aparecerem indife-rentemente em certos contextos, como já se disse. No quadro da teória independente já se disse que exemplos como (10) e (12) podem ser tratados por estarem de acordo com as duas primeiras assuncôes desta proposta, no entanto está por resolver a análise das aná-foras em contextos de verbos de atitude. De facto, perante um exemplo como (10) como é possível estabelecer a anáfora? Fundamentalmente, a Maria näo sabe quando de facto o Manuel foi ao cinema (ou se foi) e o falante diz que foi no passado anterior a «a Maria ter pensado». Ora, este problema apresenta paralelismos com as anáforas nominais em contextos intensionais. Bašta lembrar os famosos exemplos de Quine12. Assim, num 12 A questao coloca-se da seguinte maneira informal: Ralph viu um homem com chapéu castanho e pensa que ele é um espiao. Mais tarde viu um homem com cabelo cin-zento e pensa que ele nao é um espiao. Acontece que se trata do mesmo indivfduo, isto é, Ortcutt. Portanto, seria possível atribuir crencas contraditórias a Ralph, nomeadamente, pensar que Ortcutt é um espiao e nao é um espiao. No entanto, as crencas de Ralph pare-cem plausíveis, se ele nao souber que se trata do mesmo indivíduo. Portanto, podemos considerar que Ralph tem diferentes relacóes de «acquaintance» em momentos diferen-tes, isto é, a descricao de homem com chapéu castanho está relacionada com um deter-minado tempo e espaco de Ralph e a do homem com cabelos cinzentos a um outro tempo-espaco. Nestas condicoes, apesar de o falante saber que se trata do mesmo indivíduo, nao 431 FATIMA OLľVEIRA exemplo como Ralph viu um hörnern} no café e pensa que ele} é um espiäo, coloca-se a questäo de saber como é que ele num contexto intensional pode estabelecer anáfora (vejam-se os indices) com um hörnern que está num contexto extensional. Mas se ele for usado de re, fazendo-o sair do escopo do verbo de atitude, entäo é possível estabelecer a anáfora porque o indi-víduo está no mundo real13. A ideia fundamental é a de que esta concepgäo pode ser também utili-zada para tratar os casos de relagäo entre tempos mencionados anteriormente. Por isso Abusch considera que em casos em que há precedéncia entre dois tempos do passado {«backward shifi») o tempo encaixado é interpretado de re e denota assim, em exemplos como (10), o tempo em que o Manuel foi ao cinema. Em exemplos como (12), ao tratar-se de anáfora com o passado da frase matriz, é necessário assumir uma interpretacäo de re do elemento anafórico e a relagäo de acquaintance é dada pela identidade com o agora de a Maria pensar. Nesta linha de argumentagäo, um exemplo como (11) pode ser analisado da seguinte forma: ir ao cinema é posterior a «Maria pensar», mas anterior ao tempo da enunciacäo. No entanto, näo parece haver forma de contacto directo ou indirecto entre quern pensa e o objecto do pen-samento, levando a considerar que neste caso näo pode tratar-se de um caso em que há interpretagäo de re do tempo da frase encaixada, tratando-se muito possivelmente de Sequencializacäo dos Tempos. Se, no entanto, for possível que a posterioridade dada pelo Imp venha a incluir o tempo da enunciacäo, entäo a dificuldade é ainda maior para a teoria independente. Os exemplos (19)-(23) säo bastante interessantes deste ponto de vista. Em primeiro lugar, (20) é analisado como (10), mas (19) re vela o seguinte, com paralelismo parcial com (12): por um lado pode ser prospective, isto é, a terga-feira é posterior ao tempo da frase matriz, mas também é possível ser retrospectivo. Neste segundo caso é interpretado como (20), mas na primeira leitura o que se passa é que na terca-feira tern escopo estreito relativamente a pensar, isto é, trata-se de uma crenga do Manuel e näo de uma crenga atribuída pelo falante. Deste ponto de vista seria equi- pode relatar as crencas de Ralph considerando que sao contraditorias, pois quem sabe isso e o falante e nao Ralph. Confronte-se com Quine, W. v. O. - Quantifiers and Propositional Attitudes, in «The Journal of Philosophy*, 53, 1956, pp. 183-194. 13 Estas observacoes sao bastante informais. A este proposito veja-se Abusch, D. -Sequence of Tense and Temporal De Re. 432 ALGUMAS QUESTÔES SEMÄNTICAS valente a dizer que o Manuel num tempo passado pensou: «na terga-feira estou (vou estar) em Paris». Nestes casos em que a anáfora é interna ao contexto de atitude, o que é natural é que possa haver uma leitura pros-pectiva dada pelo Imp em portugues. Nao é por acaso que o Imp pode ser utilizado prospectivamente quando se trata de uma planificacáo como em (21), embora possa admi-tir-se que há alguma modalizacáo. No entanto, como se viu nos comentá-rios a propósito dos exemplos (22)-(23), nao se pode confundir com o Conditional nestes contextos, dado que o Imp pode co-ocorrer com Futuro do Conjuntivo e o Condicional nao pode. Nos exemplos (24)-(26), como já se observou anteriormente, que a amava é contemporáneo de pensar e também de casar, embora indetermi-nado relativamente ao tempo de enunciacao. No entanto, que a amasse nos exemplos seguintes tem o efeito de projectar para um futuro que pode até ultrapassar o tempo de enunciacao. Esta leitura invalida qualquer inter-pretagao de re e advoga no sentido de uma Sequencializacáo dos Tempos, que por efeito do Imp ser um operador aspectual transformando uma qualquer situacáo em estado14, permite uma projeccao para um futuro posterior ao tempo da enunciacao, como se verificou em (21) em que nao existe qualquer contexto intensional. A consequéncia fundamental neste caso é a de que, ao tratar-se de um Conjuntivo, torna possível que o próprio falante assuma também a possibilidade expressa pelo pensamento da Maria. Neste sentido parece ser plausivel que náo se possa colocar como limite maximo de avaliacao dos tempos do passado em portugues, em contextos inten-sionais, o tempo da crenca, contrariamente ao que acontece com o inglés15. Com efeito, em certos casos pode incluir o tempo da enunciacao, por parte do falante, da crenca de outro. Assim, há casos em que, apesar de termos tempos considerados do passado, estamos perante projeccoes para o futuro, que tipicamente sáo 14 Veja-se a este respeito Kamp, H.; Rohrer, C. - Tense in Texts, in Bauerle, R. (organizador) «Meaning, Use, and Interpretation of Language», Berlim/Nova Iorque, de Gruyter, 1983. Para o Portugues, veja-se Oliveira, F - Alguns Aspectos do Aspecto, in «Actas do VII Encontro da Associacäo Portuguesa de Linguistica», Lisboa, 1991, e também Oliveira, F. - Algumas Peculiaridades do Aspecto em Portugues, in «Actas do Congresso Internacionál sobre o Portuguese vol. II, Lisboa, APL, 1994, pp. 151-190 15 Confronte-se com Abusch, D. - op. cit.. 433 FATIMA OLIVE1RA atribuidas nestes contextos ao Condicional. Parece ser essa a razao por que em varios contextos o Condicional esta a ser substituido pelo Imp. Se nestes exemplos o uso do modo conjuntivo e determinante para uma tal interpretagao, como alias acontece com o exemplo (28), ja em (27) nao pode ser esse o despoletador, mas sim a articulacao dos adverbiais de tempo. Nestes casos estamos perante uma articulacao de tempos que nao e licenciada localmente pelo tempo da frase matriz, mas pelo da enunciagao (ou outro) levando a postular um «abstractor» temporal. No entanto, parece que a maior parte dos exemplos apresentados per-mite dizer que o tempo de avaliagao em contextos intensionais pode ser obtido de duas maneiras: o tempo passado da frase encaixada estabelece anafora com um outro tempo (passado) da matriz e e assim anterior ao tempo de enunciagao. Em muitos destes casos estamos perante uma ana-lise de re do tempo. Uma segunda forma de analisar os tempos em contextos intensionais e considerar que a anafora se estabelece no escopo do contexto intensional e por isso pode haver uma projecgao para o futuro, levando a considerar que o facto de haver tempos no passado esta rela-cionado com a Sequencializagao dos Tempos. Isto e, de uma certa forma os tempos morfologicos sao vazios e e um «abstractor tempora» que deter-mina se ha sobreposigao ou posterioridade. Veja-se a este respeito o con-traste entre (24) e (25)-(26) ou ainda (39) e (40). Nestes exemplos, veri-fica-se que (39) nao apresenta qualquer problema porque se trata de uma relagao de precedencia entre dois tempos do passado. No entanto, em (40) na versao em que se usa proxima tempestade nao ha aceitabilidade em vir-tude de proxima ser anaforica do tempo de enunciagao, contrariamente ao que acontece com seguinte tempestade em que a anafora e com o tempo da crenga. Duas observagoes merecem mengao: por um lado, a versao com proxima tempestade seria aceitavel com estaria, o que evidencia que nem sempre o Imp e o Condicional sao intersubstituiveis, e que aceitabilidade com seguinte tempestade se deve ao facto de haver um contexto intensional em que, por principio, pode haver projecgao para o futuro, mesmo se o tempo de avaliagao for, como e o caso, o tempo da crenga. Porem, acontece que em exemplos como (37) e (38), em que nao ocorre um contexto intensional, nao e possivel utilizar um tempo do passado para falar do presente, isto e, nao ha relagao com o tempo da enunciagao se o tempo da frase encaixada for passado, so havendo sobreposigao se o tempo for presente. Isto vai no sentido de se considerar que muito possivelmente so ha Sequencializagao de Tempos em contextos intensio- 434 ALGUMAS QUESTÖES SEMÄNTICAS nais e que o que se passa em contextos extensionais e uma relacäo directa com a ordenagäo dos tempos relativamente ao tempo da enunciagäo ou outro, conforme o que for o ponto de referencia ou de perspectiva16. Os exemplos (29)-(36) säo tambem muito interessantes, pois pode observar-se que as frases encaixadas num contexto extensional näo podem ter um infinito simples para estabelecer anäfora com o tempo da fräse matriz, sendo so possfvel o infinito composto. Em contexto intensional, pelo contrario, tal e possivel como se pode observar em (35) e (36). Desta forma, parece que novamente estamos perante uma Sequencializacäo de Tempos em contexto intensional, dado que o Imp projecta para o futuro de pensar. No caso dos exemplos com Presente como (41), estamos perante casos de acesso duplo em virtude de haver uma sobreposicäo näo so em relagäo ao tempo da enunciacäo como tambem em relacäo ao tempo de pensar. Isto tem como efeito pragmätico que o falante assume como verdadeira a situa$äo descrita pela fräse encaixada e se se souber que näo o e, entäo a fräse parece bastante estranha. Nestes casos a semäntica dos tempos parece forgar uma interpretacäo de re do Presente, apesar de se tratar de um contexto intensional. Desta forma, parece haver casos em que a semäntica dos tempos nos conduz a uma leitura de re quando hä precedencia do tempo da fräse encaixada em relacäo ao da matriz, ou pelo menos sobreposicäo. Quando se trata de uma projecgäo para o futuro e perfeitamente plausfvel que isso aconteca num contexto intensional, mas o que e estranho e que ocorra com tempos do passado. Neste caso estamos perante Sequencializagäo de Tempos. A lfngua portuguesa tem, ao contrario do que acontece com o ingles, meios para distinguir estas interpretagöes, quer atraves do contraste Pperf/Imp, quer atraves do contraste Indicativo/Conjuntivo. Quando se trata de tempo presente hä tambem uma interpretacäo de re. Para concluir, retomemos o texto de Soares Barbosa. Na primeira parte da citacäo diz o seguinte: «... tratando-se de verdades necessarias, todos os tempos do primeiro verbo podem levar o segundo ao presente». Isto e Para as nocöes de ponto de referencia temporal e ponto de perspectiva temporal, veja-se Reichenbach, H. - Elements of Symbolic Logic, Londres, Macmillan, 1947 e tambem Kamp, H.; Reyle, U. - From Discourse to Logic. Introduction to Modeltheoretic Semantics of Natural Language, Formal Logic and Discourse Representation Theory, Dordrecht, Kluwer, 1993. 435 FATIMA OLIVEJRA revelador de uma intuigäo muito interessante, embora colocada de modo demasiado forte, que e a de o tempo presente em frases encaixadas poder ser interpretado de re, com a consequencia pragmätica de que e assumido como verdadeiro pelo falante que relata. Por outro lado, diz tambem que «quando o verbo da proposicäo prin-cipal estä em algum dos preteritos imperfeitos ou perfeitos, pöe-se o segundo no imperfeito do subjunctivo, se o que com eile se quer exprimir e presente ou futuro; e no preterito perfeito, se o que se quer exprimir e passado e acabado». Esta intuigäo concorda tambem com os dados que vimos anteriormente, em especial nos exemplos em que se contrastou Indi-cativo e Conjuntivo. Estas questöes necessitam de um maior aprofundamento e de um tra-tamento formal adequado, mas parece ser possivel desde ja afirmar que uma teoria da Sequencia dos Tempos deve ter em conta que a sua descri-qäo näo pode ser feita em termos meramente sintäcticos na medida em que e sensivel ao escopo dos operadores, pode ser despoletada por operadores implicitos, mas näo explicitos sintacticamente, e tambem porque e sensivel ä intensionalidade. Fätima Oliveira 436