A ROMANIZAÇÃO E O LATIM VULGAR Esperança Cardeira (2006) pp. 19 - 26 Romanização na Península Ibérica • Começou em 218 a.C. – a II guerra púnica, o exército romano desembarca na Península Ibérica. • Longo processo de aculturação dos povos peninsulares • Durou mais ou menos 200 anos e resultou na integração da Península Ibérica no Império Romano, sob a seguinte organização: 1 stol. př.n.l. Récie (ŠV. FR) , Francie 1 .stol. N. l. Panonie, SZ AFrika Konec 3. století přn.l. Apeniny Sicílie, Sanrdinie, Korsika 40 000 pěšáků a 10 000 jezdců, spolu se 37 válečnými slony. Konec 2 století př.n.l. Hispánie, Řecko, sev. Afrika, blízky východ, jih Francia 27 a.c. Lusitânia e Bética (Cesar Augusto) Em 216 D.C. . O Noroeste ganha estatuto de província autónoma com o nome Galécia. Circunscrições judiciárias conventus • Cada província subdivide-se num determinado número de circunscrições judiciárias chamadas conventos. • No território que hoje corresponde a Portugal e temos:Lucus Augustos (Lugo), Bracara (Braga), Scalabis (Santarém), e Pax Augusta (Beja) Viriato Viriato - ou Viriathus em latim, como registado em fontes romanas - (181 a.C. -131 a.C) foi um líder lusitano, que enfrentou a expansão de Roma na Hispânia em meados do século II a.C. no território sudoeste da Península Ibérica, nas chamadas guerras lusitanas. Provavelmente pastor e familiarizado com a vida nas montanhas, tornou-se chefe dos Lusitanos, tendo, enquanto tal, começado por apelar à união dos povos ibéricos contra os romanos que tentavam anexar a Península Ibérica ao seu império. A protecção da pátria e a luta pela liberdade política são os valores que nortearam a vida de Viriato. Este que vês, pastor já foi de gado, Viriato sabemos que se chama, Destro na lança mais que no cajado: Injuriada tem de Roma a fama, Vencedor invencibil, afamado; Não tem co'ele, não, nem ter puderam O primor que com Pirro já tiveram. Os Lusíadas, VIII, estância 6 O historiador Estrabão definiu a Lusitânia nos seguintes termos: "A mais poderosa das nações de Hispânia, aquela que, entre todas, por mais tempo deteve as armas romanas". Romanização no norte e no sul norte • Os Gallaeci, em particular, que habitavam a zona setentrional, conservam por mais tempos elementos de sua própria cultura. • Romanização era menos rápida, menos completa (resistência de Viriato) • Pacificação tardia, a romanização é menos sólida • Fixação das classes sociais menos elevadas e escolarizadas - inovações linguísticas • sul • romanização fez-se de maneira mais rápida, intensa e completa. • O latim, era mais culto e conservador Romanização • Os veteranos do exército tornam-se terratenentes (proprietários da terra) • São de todas as classes sociais e de diferentes regiões da Península Itálica (ou Apenina). • Criam-se cidades e escolas, mercados , novas vias imperiais, pontes, aquedutos, estradas, calçadas, etc… • Adota-se o direito romano, cultura e língua, apesar da distância do que é, então, o centro do mundo. • https://www.vortexmag.net/portugal-12-monumentosromanos-que-sobreviveram-ate-aos-dias-de-hoje/ • https://www.youtube.com/watch?v=phBHPAEGHwk • https://www.youtube.com/watch?v=qzJySpTOCIU Latim vulgar – Latim literário Latim vulgar – sermo vulgarias • originou as línguas românicas, • A língua com todas as suas variedades • Não há recursos diretos escritos (pois, é a língua viva, falada) • Reconstrução : comparação de diversas línguas românicas, antigas e atuais conhecendo as evoluções características de cada uma das línguas é possível reconstruir étimo latino: a forma que terá estado na origem das formas românicas mas que podem não ter existido nos texto literários. Latim literário • Usado na literatura • Suficientemente documentado • Sistema regular e homogéneo • Fixado a normas • Latim vulgar – documentos não literários escritos • • • • Atestações escritas do Latim vulgar: graffiti de Pompeia Cartas pessoais Tratados técnicos Gramáticas (De lingua latina –Marcus Terentius Varrus, De institutione gramaticae (Pristianus Caesariense) • Obras literárias (p. ex. de Plauto) em que se recorre propositadamente aos chamados vulgarismos para a caraterização de personagens. • Textos especializados (relatórios médicos, por exemplo) • Appendix probi- manuscrito que corrige formas incorretas da língua falada, do período antes do século 8 d.C. • Latim vulgar e Latim clássico vocalismo OE AE VOCALISMO Latim clássico Vocalismo – quantidade vocálica Distinguia vogais latinas segundo a duração MAALUM – maçã x MALUM mal Latim vulgar Vocalismo –qualidade vocálica, as vogais são distinguidas pelo ângulo maxilar As vogais BREVES tornam-se em ABERTAS As vogais LONGAS tornam-se em FECHADAS • QUALIDADE VOCÁLICA E ACENTO Exemplos: Latim clássico Acento tonal Latim vulgar Acento de intensidade ACEETU - azedo PETRA – pEdra PIRA – pera AMOORE – amor LUTU – lodo PORTA - pOrta Vogais átonas CONSONANTISMO – novos sons - oclusivas em contexto intervocálico – enfraquecimento e sonorização - consoantes geminadas – simplificação - consoantes sonoras -caíram - B mudou para V (labiodental que não existia em Latim) - consonantização das semivogais i – J, u – V - Encontros vocálicos latinos -ditongo - semivogal palatal, criando uma nova séria de palatais LI+vogal LH NI+vogal NH SI+vogal /ž/ SSI+vogal /š/ TI+vogal/ CIvog. /kj/ /ts/ /s/ - CONSONANTISMO LATIM CLÁSSICO ABBATE FRIGIDUM FABA IOCU VACCA FILIUM SEN-I-OR – SE-NJOR BASIU PASSIONE TERTIO LATIM VULGAR ABADE FRIO FAVA JOGO VACA FILHO BEIJO PAIXÃO TERÇO (simplificação, sonorização) (sonoras – caíram) (articulação do B mudou para V) (consonantização) (consonantização, simplificação) (palatelização) (palatelização) (palatelização) (palatelização) SENHOR (palatelização) SINTAXE LATIM CLÁSSICO • Sistema sintático livre • A ordem das palavras era arbitrária /função da palavra era dada pela desinência actual/ IS DATIVO AS ACUSATIVO LATIM VULGAR • Mais rígido • Perdeu-se a distinção do caso através da desinência • A ordem: SUJEITO, VERBO, COMPLEMENTOS (introduzidos por preposições) Cicero escreveu cartas aos amigos. CICERO AMICIS LITRERAS SCRIPSIT CICERO SCRIPSIT AMICIS LITRERAS CICERO LITRERAS AMICIS SCRIPSIT CICERO SCRIPSIT LITRERAS AMICIS MORFOLOGIA, LATIM CLÁSSICO Flexão de caso LATIM VULGAR - Desaparecimento da diferença quantitativa no fim da palavra – dificultou a oposição entre os casos. ROMA ROMAE 1.4. 6.7. PÁD - A 2., 3. PÁD - AE A flexão reduziu-se a um só caso: o acusativo. • MORFOLOGIA S – marca do número Terminações no singular o/a – marcas de género Problemas: palavras terminadas em -e: o demonstrativo ou o numeral illa fonte, unu monte – surgiu, nas línguas românicas, o artigo que não existia em latim. Mudança do caráter tipológico Latim clássico Língua sintética /amicis/ Cantabo – budu zpívat Latim vulgar • Língua analítica /aos amigos/ • Cantare habeo (cantarei) – budu zpívat • Mais redundante, mais claro, mais regular Lexicologia Latim clássico Formas menos regulares, p.ex. LOQUI palavras mais literárias (equus)- (cavalo de montar) AURIS (orelha) Latim vulgar • Formas mais regulares PARABOLARE, FABULARE (com flexão regular) Palavras mais banais (caballus) (cavalo de lavoura) Necessidade de falar mais expressivamente AURICULA (orelha) Přehled fonetických změn v lidové latině (J. Hricsina)