Ao Longe os Barcos de Flores (A Ovídio de Alpoim) Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridăo tranqüila, - Perdida voz que de entre as mais se exila, - Festőes de som dissimulando a hora Na orgia, ao longe, que em clarőes cintila E os lábios, branca, do carmim desflora... Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridăo tranquila. E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila A flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razăo deplora? Só, incessante, um som de flauta chora... *** Desce em folhedos tenros a colina: –Em glaucos, frouxos tons adormecidos, Que saram, frescos, meus olhos ardidos, Nos quais a chama do furor declina... Oh vem, de branco, - do imo da folhagem! Os ramos, leve, a tua măo aparte. Oh vem! Meus olhos querem desposar-te, Refletir-te virgem a serena imagem. De silva doida uma haste esquiva Quăo delicada to osculou num dedo Com um aljôfar cor de rosa viva!... Ligeira a saia... Dote brisa impele-a... Oh vem! De branco! Do imo do arvoredo! Alma de silfo, came de camélia... *** Chorai, arcadas Do violoncelo! Convulsionadas, Pontes aladas De pesadelo... De que esvoaçam, Brancos, os arcos... Por baixo passam, Se despedaçam, No rio, os barcos. Fundas, soluçam Caudais de choro... Que ruínas, (ouçam)! Se se debruçam, Que sorvedouro!... Tręmulos astros... Soidőes lacustres... –Lemes e mastros... E os alabastros Dos balaústres! Umas quebradas! Blocos de gelo... Chorai, arcadas, Despedaçadas, Do violoncelo.