UZPOA108 Sémantika Metoděj Polášek 1. hodina – 26. září O/Semântica – parte da lingística que se ocupa da significaçao das palavras, dos segmentos da frase ou das frases inteiras (eventualmente também da evoluçao do seu sentido); Duas aproximaçoes fundamentais: 1) explica aspectos da interpretaçao que só dependem do sistema linguístico -- - estraitamente ligada a outras disciplinas linguísticas – o significado é um valor fundamental também para a fonética/fonologia, morfologia, léxicologia, sintaxe 2) nao só interpreta as expressoes linguísticas; tem um coponente que se encontra fora da linguística: determinaçoes básicas de comunicaçao – nós vamos preferir a sugunda muitos traços de sentido nao se manifestam formalmente (X sintaxe) Dr. Erhart diz: Významovým plánem jazyka se zabývá několik vzájemně se prolínajících disciplín. Centrální disciplínou je tu sémantika, jež zkoumá izolované designáty (obsahy) jazykových znaků bez ohledu na označující (formu) x Lexikologie přihlíží i k jejich formě. A maneira de pensar é inseparável da língua: pela língua comunicam-se, transmitem-se as informaçoes acerca dos aspectos do mundo que nos rodeia, acerca de nós próprios. Nao se trata duma mera transmissao, recepçao e registo. Os elos entre a língua e o mundo nao sao determinados directamente pela estructura física do mundo que nos rodeia. František Čermák diz: Realita a její jazykový odraz v lidském vědomí nejsou přímo spojeny: obraz objektivní reality prochází při jazykovém ztvárnění sítem tzv. sémantický podsystém daného jazyka. Semantické pole (campo semântico) je v různých jazycích různě segmentováno – kvůli různým společenským a přírodním podmínkami a to pouze tam, kde povaha objektivní reality různou interpretaci připouští (např. barvy, sníh u eskymáků, v Brazílii různé druhy banánů) § A natureza da língua: sistema de signos linguísticos (linguística é uma parte de semiótica – uma disciplina sobre signos) Signos – os elementos que contem informaçao na comunicaçao. Semiótica – Disciplina que se ocupa do estudo dos signos Semiose – processo semiótico, uso do signo dentro dum contexto Disciplinas semioticas: Sintaxe: relaçoes entre os signos Semântica: relaçoes dos signos com os objectos Pragmatica: relaçoes dos signos com os intérpretes (funçao de signos/língua na interacçao social § Características do signo linguístico: 1) Arbitrariedade 2) Linearidade 3) Dualidade: signos, figuras fonológicas que formam o signo pela composiçao 4) Semanticalidade 5) Transitoriedade no tempo e no espaço 6) Transitoriedade cultural 7) Constância, estabilidade 8) Negatividade e diferenciaçao 9) Prevaricaçao – capacidade de tornar-se ambíguo; é o que distingue o signo linguístico por exemplo dum signo matemático Estructura semiótica de Ogden-Richards: mostra a estructura dum signo Desígnio/ideia D Veículo/símbolo/forma Denotado/objecto referente Interpretaçao: a relaçao forma-desígnio: forma é o símbolo do desígnio a relaçao forma-objecto referente: a forma é a representaçao do objecto a relaçao desígnio-objecto: o desígnio quer dizer o objecto (é a ideia sobre o objecto) 2 aproximaçoes: 1) o signo é bilateral Saussure: Signo como unidade linguística dupla, produzida pela junçao de dois termos – significante e significado, cujo laço que os une tem a característica de ser arbitrário. 2) o signo é unilateral (só o significante). outros aspectos importantes de signos liguísticos: objecto de referencia, intérprete que faz uso do signo, a sua reacçao perante o signo e contextos em que os signos figuram é importante Relaçoes que o signo pode ter: - denotaçao: com um grupo de objectos (caracter. de dicionários) - bilateral - referencia: com um objecto individual ou grupo de o.i. – é determinado; determinante (artigo, pronome demonstrativo) - bilateral tipos do objecto: 1) denotado – classe de objecto, em geral; 2) referente – individual, específico; outro critério: 1) objecto concreto 2) objecto abstracto - representaçao: relaçao forma/signo-objecto - designaçao (símbolo) - relaçao forma/signo-desígnio - significaçao/relaçao »quer dizer« - relaçao forma/signo-desígnio, em geral, lexicalmente, sem o aspecto de uma identificaçao individual, sem se enfileirar (přiřadit) - ter em mente (intencionar): uma relaçao do falante com a ideia/desígnio através o objecto Os tipos de signo da perspectiva signo-referente/denotado – segundo Pierce e Bühler 1) o ícone: signo que mantém com o seu referente uma relaçao natural de similitude onomatopeia (a pronúncia imita o som próprio da coisa significada) , metáfora 2) o índice: signo que se encontra em relaçao de contiguidade temporal ou espacial com o objecto que denota: a anáfora (repetir a mesma palavra no início de várias frases), implicaçao, existe uma ligaçao estreita entre a forma ou seu emprego e o conteúdo do signo 3) o símbolo – é convencional ou arbitrário, nao existe nenhuma relaçao directa entre a forma ou seu emprego e o conteúdo do signo 2. hodina – 3. října O/ Zpět k textu, jehož četba byla za domácí úkol: Como podia explicar o conceito de signo linguístico de Saussure? O signo linguístico nao reune o objecto e o nome mas o conceito (Saussure emprega o termo significado) e a forma acústica (English: sound-image) correspondente (Saussure emprega o termo significante). ® O modelo de Ogden-Richards e aquele de Saussure é diferente: o significado nem corresponde com o termo da ideia (význam) nem com o objecto referente. O que é que Saussure quer dizer com a forma acústica? Como podia explicá-la? A forma acústica tem o carácter mais material do que o conceito – nao se trata de fonemas mas do carácter psicológico da forma acústica (é possível recorrermo-nos a essas formas só no pensamento sem empregarmos os lábios ou a língua) A forma acústica representa para Saussure uma potencionalidade de língua, nao se trata propriamente dito de uso acústico. O emprego de músculos faciais é implícito (implica-se aí), nao constitui uma problemática crucial para a concepçao da forma acústica. Quais sao as tres qualidades mais significativas de signo linguístico segundo Saussure? Portanto o signo tem o carácter 1) arbitrário – o princípio 1 de Saussure O laço que une o significado com o significante tem a característica de ser arbitrário, nao existe aí nenhuma relaçao natural (cada língua tem a sua própria maneira de exprimir certa realidade – os significantes sao diferentes de língua para língua, portanto também os significados o podem ser) 2) convencional – Cada expressao basea-se no princípio de comportamento colectivo – na convençao (nenhum indivíduo é capaz de alterar o signo `a sua vontade, cada um tem que respeitar os signos da sua comunidade linguística/de uma outra comunidade linguística) 3) linear – o princípio 2 de Saussure quer dizer que os signos sao organizados linearmente, um segue ao outro. Saussure diz que este princípio tem consequencias incalculáveis. Quanto `as onomatopeias e as interjeiçoes – constituem estes, segundo Saussure, uma excepçao `a regra de arbitrariedade e convencionalidade? Saussure mostra no texto que as onomatopeias e as interjeiçoes (os ícones segundo Pierce e Bühler, os símbolos segundo Saussure) nao provam o contrário. As onomatopeias tem também o carácter até certo ponto arbitrário e representam imitaçoes mais ou menos convencionais de sons que alteram de língua para língua e sao sujeitos `a evoluçao fonética assim como outras palavras. Ainda por cima certas expressoes que julgamos hoje onomatopeias evoluiram de palavras que originalmente nao tinham nada a ver com imitaçoes de sons. As interjeiçoes também nao tem nenhum laço fixo entre o significado e o significante (diferem de língua para língua). Em breve: As onomatopeias e as interjeiçoes nao parecem ser de grande importância e a origem simbólica deles é contestável. Outros conceitos de Saussure: 1. Língua vista como uma ligaçao das ideias coordenadas com o som O pensamento sem as expressoes duma língua parece ser uma massa sem forma e organizaçao. A substância fónica também o é. A língua é tao importante porque serve de laço entre as duas massas informes: entre o pensamento e o som indefinidos e dá-lhes a forma. As unidades linguísticas encontram-se reciprocamente delimitadas pela decomposiçao de «ideia-som». Nao se trata de ideias materializadas nem de sons transformados em entidades mentais. Saussure apresenta dois paralelos: 1) A superfície do mar: a água e o ar constituem uma série de divisoes: as vagas (o ar e a água ganham assim a forma concreta) 2) A folha de papel: nao se pode cortar o verso sem cortar o reverso no mesmo tempo; a divisao da parte psicológica (o pensamento) e da parte fonológica é possível só na teoria, essa divisao seria um puro abstracto. Há duas observaçoes importantes: - a combinaçao do pensamento com o som produz apenas uma forma, nunca uma substância - os elementos da língua nao aparecem isolados mas interagem com os outros elementos dentro do sistema (nao se trata portanto duma mera uniao de certo som com certo conceito) Tal elemento é a palavra uma vez que a palavra é concreta (mesmo se nao é uma unidade ideal). 2. O valor linguístico A língua é um sistema constituido por termos interdependentes cujo valor resulta da presença simultânea de outros termos. Por outras palavras: - o valor conceptual só se forma a partir das suas relaçoes com outros valores semelhantes – sem esses valores a significaçao nao podia existir Do ponto de vista dos estructuralistas, o valor linguístico é composto por: 1) um constituinte dessemelhante (uma palavra x uma ideia) que pode ser trocado por um outro constituinte cujo valor tem que ser determinado; o conceito diferente 2) um constituinte semelhante (algo de igual matéria) que pode ser comparado com outros constituintes cujo valor tem que ser determinado: uma palavra pode ser comparada com outras palavras Saussure apresenta um paralelo: O valor de palavra é como o valor de uma moeda: uma moeda podia ser trocada por algo de matéria diferente (o pao) mas também podia ser comparado com o valor de outras moedas do mesmo sitema monetário Exemplos: a palavra Mouton – em frances quer dizer ovelha e carneiro (skopové), em ingles (mutton) só carneiro, enquanto os ingleses empregam a palavra sheep para designar ovelha. Segundo Saussure as palavras sheep e mouton tem a mesma significaçao enquanto o valor deles é diferente. Dentro duma língua limitam-se as palavras reciprocamente. Como as palavras nao se baseam num conceito preexistente, os valores de equivalentes entre duas línguas nao correspondem automaticamente. Isto é valido nao só no caso de lexemas mas também noutros aspectos da língua: - o tempo e aspecto gramatical (a língua proto-germânica nao conhecia a forma para exprimir o futuro, as línguas eslávicas tem duas formas para esprimir o aspecto de verbos enquanto outras línguas indoeuropeias nao as tem) 3. O aspecto material do valor linguístico Para o aspecto material do valor linguístico valem as mesmas regras como para o aspecto conceptual: só se forma a partir das relaçoes e diferenças entre elementos diferentes. Como sabemos os fonemas só se caracterizam a partir dor traços distinctivos (negativamente), assim como o valor de letras escritas (nao é importante como uma letra é escrita: se `a mao ou por máquina, se com caneta ou com lápis, até nao é importante se a forma da letra escrita por mim for completamente diferente daquela de voces: o único que é importante é que a letra nao se pode confundir com outras letras: o t com ou d ou l.). É só aquilo que é relevante para a significaçao. Os limites dum fonema ou dum grafema, ainda uma vez, sao constituidos por limites doutros fonemas ou grafemas (um traço distinctivo – uma relaçao negativa com outros componentes do mesmo sistema). Arbitrariedade é uma característica fundamental. 4. A totalidade do signo linguístico A língua é constituída apenas por termos (relaçoes) negativos: há só diferenças sem aspectos positivos. – essa afirmaçao nao é válida num caso: quando abordamos o significado e o significante separadamente – quando consideramos o signo linguístico na sua totalidade obtemos algo que se pode definir duma maneira positiva dentro da sua classe - portanto o significado e o significante (enquanto considerados separadamente) tem o carácter puramente negativo, o conjunto deles é um facto positivo. Quando comparamos os signos em total nao falamos de diferenciaçao de signos mas de distinçao (aqui existe só a relaçao de oposiçao) O/ nechám v knihovně další článek: Actualidade em Saussure 3. hodina – 17. října Část 1. Actualidade em Saussure No texto fala-se de leituras tradicionais do Cours de Linguistics Générale de Saussure. Como é que essas leituras veem os princípios do Cours? - uma visao da língua como um sistema autónomo, estático, fechado e formal onde o indivíduo e sociedade (que é anónima) encontram-se separados. - um divórcio entre sistema linguístico e práticas de fala individuais (mas também hoje sistema e usos continuam a ser objectos de investigaçao isolados. (Thibault rejeita essas leituras completamente) E a autora? Qual é a sua atitude? A autora nem nega nem aceita essas leituras tradicionais. Ela reconhece a importância crucial de Saussure por vários motivos: - por sua procura do carácter científico do estudo da linguagem. Ela percebe os princípios de Saussure no contexto da sua época (no início do século passado). - porque a sua obra contém todas as potencionalidades teóricas desenvolvidas por differentes correntes linguísticas. - porque ele problematiza as questoes que estao na ordem do dia do questionamento actual sobre a linguagem. O que é que ela ve como problemático nas propostas de Saussure? Entre outros: - A autora salienta que a linguagem nao é um objecto que possa ser estudado com a precisao de lei de uma ciencia (Para garantir ao estudo da linguagem um estatuto científico Saussure precisa de definir sistematicamente um objecto `a langue e um método: construir leis gerais e identificar regularidades.) - a separaçao rígida entre langue e parole. Como a langue é um produto social de utentes individuais, nao pode existir independente da parole. E o problema é que para Saussure a parole nem sequer pode ser entendida como objecto linguístico legítimo. A parole é explicável por referencia `a langue mas ele nao a integra na teoria da linguística (como faz por exemplo a gramática sistémico-funcional desenvolvida por M.A.K. Halliday – nesta gramática sistema e uso sao ambos objectos legítimos). - só importa o sistema nunca o sujeito indivíduo que o usa. As acçoes dos indivíduos definem-se pelas relaçoes e práticas da língua, nao por actos individuais ou colectivos da vontade. É por isso que a realizaçao individual é mais do que integrada no contexto sociocultural: é limitada por ela. Quais eram as influencias que se inscriveram nas propostas teóricas de Saussure? 1) psicologia mentalista: na definiçao da langue como «producto social depositado no cérebro de cada indivíduo» e como «soma de imagens armazenadas nas mentes de todos os indivíduos onde as formas sao associadas através dos seus significados» 2) concepualizaçao da sociedade de Durkheim: «a sociedade é um sistema supraindividual que se exprime através dos indivíduos», o sujeito individual é visto apenas como uma derivaçao da sociedade. Também a língua será vista como um sistema supra-individual expresso através do conjunto dos indivíduos mas nao nos indivíduos concretos. Isto é também uma leitura tradicional com a qual a autora concorda (em relaçao ao conceito de langue). Como é que Thibault desenvolve a noçao de langue de Saussure? Ele encontra na langue a formulaçao de 3 noçoes distintas: 1) langue 1: nao focaliza os signos mas sim os termos (por exemplo singular e plural), sistema abstracto de valores puros 2) langue 2: centra-se na produçao de formas típicas léxico-gramáticas 3) langue 3: diz respeito aos hábitos colectivos de uma comunidade falante; é formada por subsistemas internos como dialectos, subdialectos etc. Para Saussure os valores funcionais estao associadas `as formas léxico-gramaticais (forma é inseparável da funçao). Para Thibault os valores funcionais motivam em Saussure as formas léxico-gramaticais. Qual é a atitude da autora perante essas ideias de Thibault? Ele atende exclusivamente aos aspectos sociais contidos na noçao de língua e tem escassa atençao aos aspectos mentais que a noçao, segundo a autora, igualmente comporta. A noçao de comunidade linguística é segundo autora demasiadamente vasta e abstracta facto que podia causar problemas. Como é que Hall inclui as propostas de Saussure sobre o significado? Na sua abordagem constructivista reconhece o carácter social da linguagem. Nem as coisas no mundo de que se fala nem os falantes individuais podem fixar o significado na linguagem. O mundo material nao transmite significados. Isto é feito pela linguagem como sistema representacional. Sao os falantes, enquanto actores socias, que usam os sistemas conceptuais da sua cultura segundo as regras e convençoes linguísticas, para construir o significado. O problema reside, segundo a autora, na contextualidade de significados privados na interacçao com interlocutores concretos em tempo e espaço concreto nao sendo sempre os significados padronizáveis (o que explica a criatividade linguística humana). A indispensável contextualizaçao da produçao significativa dos indivíduos em Saussure é abstracta demais, segundo a autora, e a produçao de significado e a possibilidade de mudança linguística é conceptualmente afastada. Část 2. Prática: onomatopeias Část 3. Estrutura semântica do léxico - aspectos que sao do domínio da semântica lexical - primeiro vamos introduzir a oposiçao sentido-referente, básica no estudo da significaçao Sentido e referente - através de uma expressao (agora vamos falar nomeadamente de expressoes nominais ou pronominais) refere-se a um objecto concreto, real ou imaginário, que é exterior `a própria língua. Que faz a parte da minha experencia. Esse objecto é o referente da expressao usada para referir (ou desígnio). O referente podia ser considerado como exterior ao sistema linguístico. ex: estes apontamentos, esta mesa, aquela cadeira - a cada expressao associa-se igualmente um sentido ou significado que corresponde `a definiçao de dicionário ou a uma composiçao de definiçoes no caso das expressoes compostas ex: esta mesa – o seu sentido é o objecto que se encontra na vizinhança imediata do locutor e que pode ser definido como «móvel cuja parte essencial é uma prancha horizontal sobre a qual se servem as refeiçoes, se escreve, se joga etc. » o sentido é interno a língua (neste aspecto reside a diferença sentido-referente) Morais Barbosa distingue o significado do sentido - segundo ele a cada unidade lexical corresponde 1 significado (é um valor linguístico) - o significado realiza-se em discurso através de sentidos - o sentido = actualizaçao do significado em determinados contextos, criam-se a partir de significado, a partir do valor linguístico -NAO se pode dizer: o significado é um conjunto de sentidos porque neste caso o significado seria fechado – mas ele continua aberto – há uma potencionalidade de novos sentidos; significado = valor que se identifica por oposiçao a outras unidades que ocorrem - o sentido = o valor linguístico + situaçao + contexto - a comunicaçao pressupoe 2 sujeitos: um com papel activo, outro com passivo num determinado instante: - aquele que ouve faz força para reconhecer os sentidos semânticos que quer comunicar o sujeito activo. O sentido é sempre feito por quem fala e por quem ouve. - para entender o sentido é preciso reconhecer o que o locutor quis dizer - As vezes nao há nada que me ajudaria encontrar formalmente o sentido/entendimento correcto, também depende de outros tipos se comunicaçao: sorrisos... , `as vezes é preciso fazer esforço/cooperar com o falante para reconhecer o que este pretendia (neste caso já nao é um problema linguístico mas comportamental) ® porque a comunicaçao nao é só linguística, abrange ainda fenômenos extralinguísticos como gestos... O sentido de cada expressao = lugar que essa expressao ocupa num sistema de relaçoes semânticas ® o significado de cada expressao é delimitado pelo significado das outras expressoes da mesma língua, os significados podem organizar-se em vários subsistemas nos quais sao delimitados (por exemplo o sentido de livro pelo sentido de folheto, brochura, album, caderno, enciclopédia etc.) Nao é fácil nem sequer possível encontrar uma estruturaçao semântica que envolva a globalidade do léxico. Nao é óbvia a relaçao entre por exemplo: planeta, comprar, passar no exame, agudo. Algumas relaçoes podem definir-se entre planeta/estrela, comprar/vender, passar no exame/reprovar no exame, agudo/desafiado; agudo/grave... Quanto `as unidades gramaticais: também neste caso os sentidos/significados podem delimitar-se mutualmente (com a diferença que as unidades gramaticais nao constituem uma lista aberta como as unidades lexicais mas sim uma lista fechada). Ex: o conectivo de coordenaçao «e» A Ana é simpática e o Pedro é inteligente. – valor copulativo, inversao de termos coordenados é possível Ele entrou e foi-se pôr `a janela. – valor copulativo, inversao de constituintes altera o sentido Deitei-me e nao pude adormecer. – valor adversativo (mas) Segue o meu conselho e nao te arrependerás – valor consecutivo (que) Esse valor podia alterar de língua para língua (por exemplo em japones empregar-se-iam duas conjunçoes diferentes nas duas primeiras frases) As línguas naturais evoluem – há expressoes que nascem, outras que se modificam (foneticamente, mas também semanticamente) e a organizaçao das expressoes se refaz e delimita de novo outras unidades lexicais. Ex: o substantivo latino homo (ser humano) ganha em portugues sob a forma de homem também o sentido de vir (ser humano do sexo masculino) que tinha desaparecido do latino vulgar antes de poder aparecer em portugues. A palavra homem acumula dois sentidos distintos no sistema do léxico portugues: Em Portugal, só os homens tem de fazer serviço militar. Todo o homem é mortal Outro exemplo pode demonstrar a evoluçao semântica de palavras que outrora (no séc. XVI) eram sinónimos: lavrar e trabalhar: O verbo lavrar passou a significar especificamente trabalhar o campo (integrou o objecto directo); o verbo trabalhar veio ocupar o seu lugar. Outro exemplo: uma palavra que se tornou polissémica: novela Há cinquenta anos tinha um sentido único: composiçao literária do género do romance mas mais curta que este e mais desenjvolvida que o conto (portanto o sentido delimita-se pela presença de romance ou conto). O primeiro sentido nao deixou de existir No século 20 ganhou o sentido de série de episódios dramáticos transmitidos periodicamente pela rádio ou pela televisao (o sentido delimita-se entao no campo de filme, série...). 4. hodina – 24. října ÚLOHA 1: hlasy zvířátek Pomůcka: +------------------------------------------------------------------------+ |Cao - ladra, gane, rosna, uiva; |Gafanhoto - chichia, zizia; | | |Grilo - crila, trila; | |Gato - mia, ronrona; |Sapo - coacha, malha; | |Rato - chia, guincha; |Lagarto - geca; | |Coelho - chia, guincha; |Carneiro ou Cabra - bale, berra; | |Pássaro (em geral) - pia, pipila, |Burro - zurra; | |chilreia; |Porco ou Javali - grunhe, rosna, | |Galinha - cacareja, carcarca; |arrua; | |Galo - canta, clarina; |Boi e Touro - berra, muge, urra, | |Gaivota - grasna; |bufa; | |Ganso - grasna, grita; |Vaca - muge ou berra; | |Pato e Pelicano - grasna, grassita;|Búfalo - brama, berra, muge; | |Cisne - arensa; |Lobo - ladra e uiva; | |Papagaio - grasna, grita ou palra; |Raposa - ronca, uiva, regouga; | |Pombo - arrulha; |Hiena - gargalha; | |Coruja - coruja, pia, ri; |Camelo - blatera; | |Cucu - cucula, cua; |Cobra - assobia, sibila; | |Pica-Pau - estridula; |Urso - brama, ruge; | |Beija-Flor - trissa; |Elefante - bare, brame; | |Cotovia - canta, gorjeia; |Macaco - assobia, guincha; | |Corvo - crocita, corveja; |Leao - urra, ruge, brama; | |Peru - glugineia, grulha; |Hipopótamo ou Rinoceronte - grunhe; | |Pavao - pupila; |Crocodilo - brame, ruge; | |Cegonha - gloteia; |Cavalo - relincha, nitrida; | |Morcego - farfalha, trissa; | | |Mosquitos - zune, zumbe, zoa; | | |Cigarra - canta, chia, zune; | | +------------------------------------------------------------------------+ TEORIE Relaçoes semânticas no léxico (portugues) Vamos analizar alguns tipos deles – é preciso salientar que alguns casos de antonímia que analizámos durante as aulas podem constituir casos menos evidentes e que sempre nao cabem nas categorias que vamos propôr: 1) Antonímia complementar a) Antonímia binária complementar (ABC) Entre duas unidades lexicais P e Q (no uso predicativo) há uma relaçao de ABC se: A asserçao (tvrzení) positiva de P implica a asserçao negativa de Q A asserçao negativa de P implica a asserçao positiva de Q ® só um dos dois valores é possível (duas alternativas) Ex: Ele sabe quem é X. Ele mentiu. Ele está morto. Ele é inocente. Ele ignora quem é X. Ele disse a verdade. Ele está vivo. Ele é culpado. Matemática: Este número é par. Este número é ímpar. As vezes nao há necessariamente complementaridade binária entre anónimos como: Vida e morte (vivo e morto) – a ciencia define também situaçoes intermédias... (estar vivo para efeitos legais mas clinicamente morto) embora logicamente nao há relaçao binária, linguisticamente se consideram tradicionalmente como ABC: contradiçao ve-se nas expressoes como Ele está vivo e morto ao mesmo tempo. b) Antonímia nao-binária complementar (ANB) Os pares que estao em relaçao de ANB pertencem a subsistemas lexicais constituídos por mais de dois elementos. A asserçao negativa de uma das unidades nao implica a asserçao positiva de outra Ex: Ele ama. Ele está `a direita de X. Ele odeia. Ele está `a esquerda de X. Os subsistemas podem corresponder a: a) classes fechadas cujos elementos sao: os nomes de dias de semana, das estaçoes do ano ou dos naipes das cartas... b) classes abertas cujos elementos sao: os nomes das cores, das plantas... Ex: A camisola é preta. A camisola é verde. Trata-se de antonímia de sentido muito figurado, nao é antonímia propriamente dita. É válido também para relaçoes entre constituintes duma determinada enunciaçao como: Quem nao é por mim é contra mim. (alguém também pode encontrar-se na posiçao neutra) ABC ou ANB? Depende das propriedades dos objectos sobre os quais se fez a predicaçao. Ex.: Ele é um bom filho ® Ele nao é um mau filho Ele nao é um bom filho ® Ele é um mau filho ABC Ex.: Ele é bom aluno ® Ele nao é mau aluno ANB Ele nao é bom filho NAO® Ele é mau aluno (pode ser médio) 2) Antonímia graduável (AG) Os constituintes podemos associar aos extremos (dois polos) entre os quais existe uma escala contínua entre os dois polos (a combinaçao deles) Ex: Quente/frio: morno, fresco... Estas unidades podem combinar-se com quantificadores pouco, um pouco, muito, bastante, ligeiramente, mais, menos, muitíssimo etc. Ex: Quente/frio; grande/pequeno; rico/pobre; bom/mau; perto/longe Em maioria de casos é possível exprimir/introduzir ainda o grau mais elevado (positivamente ou negativamente): quente/frio: a ferver/gelado ou com uma expressao figurada: Está um forno./Está um gelo. Existe aqui um espaço para subjectividade de locutor: a) comparaçao explícita: O rato Mickey é mais bonito que o pato Donald. b) comparaçao implícita: O Mickey é um rato grande. (quer dizer: é grande para rato, é grande enquanto rato) Carácter relativo das unidades lexicais expressas: Ex. . O Mickey é um rato. IMPLICA O Mickey é um animal. O Mickey é um rato azul IMPLICA O Mickey é um animal azul. O Mickey é um rato grande NAO IMPLICA O Mickey é um animal grande Porque rato é hipónimo de animal. Interessante: na frase interrogativa (em contraste com a frase assertiva onde há um polo do valor negativo e um polo do valor positivo) a oposiçao podia neutralizar se com o emprego dum dos polos do valor neutralizado: Ingl: How far is that? Neutralizaçao da oposiçao far/near Checo.: Jak často to děláš? Neutralizaçao da oposiçao často/zřídka Do určité míry: Port.: Que altura tem? Neutralizaçao da oposiçao alto/baixo (i když se ptám přímo na konkrétní výšku) 3) Antonímia conversa (AC) Ocorre com unidades lexicais usadas como predicados de dois lugares Estao em relaçao de antonimia conversa: 1) duas expressoes predicativas: O Gil é pai da Ana A Ana é filha do Gil ...2 frases semanticamente equivalentes 2) formas de comparativo de antónimos graduáveis ex: mais alto/baixo que a Ana é mais alta que o Gil o Gil é mais baixo que a Ana 3) forma activa e passiva correspondente – de verbos transitivos a Ana comeu o bolo o bolo foi comido pela Ana 4) verbos como vender/comprar o Gil comprou um livro `a Ana a Ana vendeu um livro ao Gil 5) locuçoes prepositivas temporais e espaciais: antes/depois de, `a direita/esquerda o jantar é antes do teatro o Gil está `a direita da Ana o teatro é depois do jantar a Ana está `a esquerda do Gil Predicado é simétrico – é possível inverter a ordem dos argumentos: O Gil casou com a Ana O Gil é tao alto como a Ana O Gil está ao lado Ana A Ana casou com o Gil A Ana é tao alta como o Gil A Ana está ao lado do Gil NAO Em Checo: Mařenka se provdala za Jeníčka. Jeníček se oženil s Mařenkou. ÚLOHA 2: z kopií rozpoznat tu pravou antonimii 5. hodina – 31. října Revisao - Hiponimia: -é uma relaçao assimétrica – ao contrário das relaçoes de antonimia (se P era antónimo de Q, entao Q era entónimo de P) - temos um termo mais geral (Q) que se pode definir pela propreiedade «a» - temos um termo mais específico (P) que se pode definir pelas propreiedades «a» e «b» P é hipónimo de Q – todas as unidades que tem a propriedade «a» sao co-hipónimas de Q Q é hiperónimo de/termo superordenado em relaçao a P Ex: flor é termo superordenado de co-hipónimos rosa, cravo, tulipa etc. Cor é hiperónimo de azul, encarnado, amarelo Pode-se dizer que P é uma espécie/um tipo de Q ou mais simplesmente que P é um Q: a rosa é uma espécie de flor, a rosa é uma flor O sentido de cada hipónimo implica traços significativos do hiperónimo: Exemplo 1: flor tem pétalas, tem a sua cor própria diferente daquela de caule ou de folhas Exemplo 2: dizer – hipónimos murmurar, exclamar, balbuciar, replicar, observar, comentar, Traço significativo de dizer: exprimir por palavras 3 observaçoes: 1. entre um hipónimo P e um hiperónimo Q exitem as relaçoes de implicaçao que já vimos: comprei uma rosa ® comprei uma flor mas comprei uma flor ®NAO® comprei uma rosa 2. Os subsistemas lexicais definem-se por relaçoes semânticas de hiponímia e entre eles existem relaçoes paradigmáticas Comprei um ramo de flores (rosas/cravos/tulipas...) Fala-se de relaçoes quase-paradigmáticas quando o termo superordenado pertence a uma categoria lexical diferente da dos seus hipónimos: sabor (ácido, amargo, doce) Entao a ocorrencia do hiperónimo nos contextos em que ocorrem os hipónimos ou nao é possível ou é só possível mediante alteraçoes sintácticas Ex: Este líquido é doce/amargo/ácido. X Este líquido tem um sabor. 3. A Semântica cognitiva introduz o termo sentido prototípico que podia ser traduzido como o melhor exemplo: é o 1. sentido (um hipónimo) que ocorre no pensamento quando se imagina um exemplo concreto do termo superordenado - isto tem a ver com muitos factores sobretudo com factores extralinguísticos: a noçao dum hipónimo mais cumum/espalahado no ambiente em que vive, a própria experiencia, conhecimentos ou estado de espírito do locutor – é portanto um assunto próprio a psicológia e psicolinguística - ex: quando se diz uma ave: no campo algures na Bohémia talvez seja pomba ou pardal, na cidade talvez frango, nos Açores talvez a garça (nao é volavka – lá constitui um sinónimo de gaivota) Assim como os sentidos prototípicos também as formas ideomáticas representam experiencias exprimidas Formas idiomáticas - Sao expressoes de uso comum cuja interpretaçao é captada globalmente sem necessidade de compreensao de cada uma das suas partes e sem entendimento do sentido literal. – Locuçoes privativas de determinada língua e que nao se podem traduzir literalmente noutras ® os conceitos sao diferentes de língua para língua portanto as expressoes feitas nao se podem traduzir palavra a palavra Como se trata de experiencias exprimidas, é só possível reconstituir essa experiencia para outra língua (mesmo que seja de outra maneira linguística). – Correspondem, algumas vezes, a locuçoes estereotipadas que constituem vestígios de realidades que já só existem no plano da língua, mas cujo sentido original se perdeu. ÚLOHA 2: cvičení na ideomatismos – stránka 117-121 6. hodina – 14. listopadu Tropos A metáfora, juntamente com a metonímia, a alegoria, a ironia, o oxímoro e alguns trocadilhos formam um grupo de recursos de Retórica semânticos chamados de tropos. Os tropos caracterizam-se por parecerem impertinencias numa análise superficial, ora impertinencias lógicas, ora contextuais. Metáfora http://www.radames.manosso.nom.br/retorica/metafora.htm A intuiçao de que estamos diante de uma metáfora começa quando, ao fazermos uma leitura imediata, nos deparamos com uma impertinencia. 1) Ou se atribui a um referente algo que nao lhe diz respeito 2) ou se classifica o referente numa classe a que nao pertence. Constatada a impertinencia, o receptor da mensagem vai aplicar `a situaçao um algoritmo metafórico. Se a aplicaçao for plausível teremos a metáfora Caso contrário, um lapso, uma impropriedade ou outro fenômeno. O algoritmo da metáfora comporta até quatro elementos: · comparado. · comparante. · atributo explícito. · atributo implícito. O atributo explícito só aparece em metáforas de segundo tipo deve ser pertinente ao comparante O atributo implícito deve ser pertinente ao comparante e ao comparado Determinar o atributo implícito é decifrar a metáfora, mas nao o atributo na sua essencia e sim todas as modificaçoes e acréscimos que decorrem de sua ligaçao com o comparante. Para tanto, temos que nos basear no contexto selecionando entre os atributos possíveis aquele ou aqueles mais plausíveis. A decifraçao fica mais direcionada se o comparante tiver atributos marcados. Atributo marcado É aquele que tem com seu sujeito uma relaçao simbólica, ou seja, a cultura convenciona que o atributo marcado é um símbolo de seu sujeito ou vice-versa. Assim, 'altura' é um atributo marcado de 'girafa', 'peso' é um atributo marcado de 'elefante'. Assim como na comparaçao, o objetivo da metáfora é dar expressividade a uma atribuiçao. A metáfora é uma comparaçao elíptica em que sempre está ausente o atributo comum. Em muitos casos também faltam as balizas de comparaçao: 'como', 'tal qual', etc. Quando nao há baliza de comparaçao, a estrutura sintática da metáfora de tipo I fica igual `a usada para estabelecer identidades. Daí a metáfora ser vista como uma impertinencia na leitura imediata. Sejam as frases: 1. Quintiliano é o autor de Instituiçoes Oratórias. 2. Aristóteles é genial. 3. Maria é uma flor. Ad 1) A primeira frase serve para o estabelecimento de uma relaçao de equivalencia. O significado de Quintiliano é considerado equivalente ao de autor de Instituiçoes Oratórias. Equivalencia redutível a uma relaçao tautológica do tipo A é A. Ad 2) Na segunda frase, o que se estabelece é uma relaçao determinado determinante. O termo genial é determinante de Aristóteles, trata-se de uma atribuiçao. Ad 3) Na terceira frase, temos uma metáfora. A forma sintática das tres frases é a mesma. Em funçao disso a metáfora numa leitura imediata aparece como impertinencia. Esta semelhança entre as formas sintáticas nao é ocasional. Sendo a metáfora uma comparaçao elíptica, ela nos é apresentada pela mesma forma que se usa para estabelecer identidades. É provável que alguma operaçao mental menos rigorosa que as operaçoes lógicas estabeleça que o semelhante pode ser tratado como identico. Metáforas tipo I Sao as que explicitam comparado e comparante. Observe os enunciados que mostram a mesma metáfora: Maria é uma flor. Maria é como uma flor. Maria: uma flor. Maria flor. Imaginemos as frases acima proferidas num contexto em que 'Maria' é uma mulher. Pela leitura imediata concluímos que estamos diante de uma impertinencia, pois, 'mulher' e 'flor' sao classes disjuntas. O algoritmo da metáfora consiste em determinar: O comparado: Maria. O comparante: flor. O atributo implícito: provavelmente bela, delicada, perfumosa, suave, etc. A determinaçao do atributo implícito nem sempre é simples. A pertinencia ao contexto é fundamental. A metáfora é um recurso de semântica aberta e em certos casos as incertezas quanto ao atributo implícito sao grandes. Metáforas tipo II Sao aquelas que explicitam comparado e atributo explícito. 1. Exemplo: cor quente. Comparado: cor. Comparante: temperatura Atributo explícito: quente Atributo implícito: capacidade de gerar impressoes fortes e enérgicas. 2. Exemplo: amargo regresso Comparado: regresso Comparante: sabor Atributo explícito: amargo Atributo implícito: ruim, desagradável, etc. Metáforas tipo III Nesse tipo de metáfora, o comparante substitui o comparado. Exemplo: a chave do problema. _ Comparado: soluçao Comparante: chave Atributo implícito: capacidade de abrir portas, caminhos, etc. Um caso particular é aquele em que ao comparante se atribui características do comparado. Exemplos: O homem é um caniço pensante. Comparado: homem (pensante) Comparante: caniço pensante Atributo implícito: o homem é um amontoado de misérias e de grandezas. Um caniço, mas um caniço pensante. O homem é um complexo de bem e de mal, digno ao mesmo tempo de respeito e de desprezo. O ponto de partida da apologética de Pascal: o dualismo de grandeza e miséria. O basset é um salsichao de patas. Comparado: o basset (tem patas) Comparante: salsichao de patas atributo implícito: O basset é um animal de poca beleza e dignidade – mas é sempre um cao… o melhor amigo do homem Pela metáfora nao se compara apenas objetos, mas também fenômenos. Assim, sao metáforas: Correr como raio. Comparado: correr, corrida Comparante: (velocidade de) raio atributo implícito: muito rápido Ficar gelado de medo. Comparado: estar com medo Comparante: gelado, gelo atributo implícito: com muito medo - paralizado Chorar lágrimas de sangue. Comparado: chorar Comparante: deitar sangue, sangrar atributo implícito: estar magoado muito Metáfora original e metáfora lexicalizada A metaforizaçao é um processo de vasto uso na criaçao de léxico. Uma metáfora pode se vulgarizar a ponto de se converter em léxico. Em muitos casos, a percepçao da origem metafórica chega a se dissipar. A metáfora lexicalizada, a rigor, deixa de existir como metáfora. Quando dizemos 'Maria é uma flor' estamos sugerindo que o enunciado seja decodificado por um algoritmo metafórico, no qual Maria continua a denominar uma mulher e flor continua a designar um vegetal, ou seja, na metáfora original nem comparado, nem comparante sofrem mutaçao ou transferencia de sentido. Maria continua a designar a Maria e flor continua a designar a flor. Se a comunidade começar a chamar a Maria sempre por flor teremos uma lexicalizaçao. O termo flor passará a ser signo para a Maria. Neste caso estamos diante de uma lexicalizaçao que teve origem numa metáfora. Será justo dizer que flor passou por uma transferencia de sentido? Na metáfora original nao há nenhuma alteraçao de sentido dos signos nela envolvidos. Hipérbole A hipérbole é um caso especial de metáfora, usada para passar uma impressao de grau extremo em que o comparante caracteriza-se por ser um extremo em relaçao ao comparado. Exemplo: demorou um século Comparado: tempo da demora. Comparante: um século. Atributo implícito: demora. O comparante é um extremo na classe dos eventos demorados da qual faz parte o comparado. Um caso notável de hipérbole é aquele que se orgina de arredondamentos. O comparante é um arredondamento extremado que se relaciona com o comparado. Um exemplo: 'Moro onde nao mora ninguém'. Numa leitura imediata, temos uma contradiçao. O comparado cabível seria onde quase ninguém mora. Geralmente a hipérbole apela para o maravilhoso. Alguns exemplos: Cuspir fogo pela boca. Comer o pao que o diabo amassou. Chorar lágrimas de sangue. Agregado de significaçao da metáfora Na frase 'Maria é uma flor' consideremos que a intençao seja dizer que Maria é bela. Mas por que entao usar a metáfora e nao o termo próprio? Com a metáfora nao se diz apenas que Maria é bela mas também como é essa beleza, que tipo, que grau. A metáfora agrega significaçao ao discurso relativamente ao enunciado próprio que vem da sua decifraçao. Esse agregado de significaçao é que torna a metáfora um recurso espetacular de expressao, insubstituível, em muitos casos, por outros recursos. Excelencia da metáfora Será tanto melhor quando: · os atributos implícitos inferidos forem muitos. · os atributos implícitos forem pertinentes ao comparado. · os atributos implícitos forem muito característicos do comparante. · pela metáfora se obtiver palpabilidade. · a metáfora intensificar ou atenuar. Funçoes da metáfora A metáfora é usada quando: · nao há termo próprio para a situaçao. · o termo próprio nao tem a conotaçao desejada. · se quer evitar a repetiçao do termo próprio. · se quer fazer comparaçoes palpáveis. · se quer direcionar a atençao para o significante. · se busca novidade. 7. hodina – 21. listopadu Metonímia Metonymie spočívá v přenosu označení na jiný objekt na základě souvislosti, nikoliv však podobnosti označovaných objektů (denotátů). Přenesení na základě vnitřní nebo vnější podobnosti se nazývá metafora. Přenos významu z části na celek nebo z celku na část téhož objektu se nazývá synekdocha, metonymii se typově podobá. http://www.radames.manosso.nom.br/retorica/metonimia.htm Como acontece com a metáfora, a leitura imediata de uma metonímia nos revela uma impertinencia. O leitor tentará resolve-la usando um algoritmo próprio para metonímias. Os elementos desse algoritmo sao: · substituto · substituído · relaçao de contigüidade · decifraçao Decifrar a metonímia consiste em chegar ao termo substituído, ou seja, ao referente que atende `a dupla condiçao de ocupar a posiçao do substituto e manter com este uma relaçao de contigüidade. A decifraçao depende do contexto e deve ser pertinente a ele. Um exemplo: Leu Drummond. Substituto: Drummond Relaçao de contigüidade: Drummond é autor das poesias. Substituído: poesias de Drummond. Decifraçao: Leu poesias de Drummond. Tipos de metonímia As metonímias normalmente sao classificadas pelo tipo de relaçao que vincula o substituído ao substituto. Alguns casos notáveis: · A parte pelo todo. Ex.: Ficou sem teto. Substituído: casa. · A espécie pelo indivíduo. Ex.: O homem foi `a Lua. Substituído: alguns astronautas. · O efeito pela causa. Ex.: Respeite-lhe os cabelos brancos. Substituído: velhice. · A coisa por seu símbolo. Ex.: A suástica paira sobre a Europa. Substituído: nazismo. · A coisa por um seu atributo. É a perífrase. Neste tipo de metonímia é comum o enunciado metonímico tornar-se símbolo do seu substituto. Ex.: Poeta dos escravos, Cidade Luz. Substituídos: Castro Alves e Paris. · O continente pelo conteúdo. Ex.: Um litro de leite. · O autor pela obra. Ex.: Leiloaram um Portinari. Substituído: um quadro pintado por Portinari. · O local pela coisa. Ex.: O Palácio do Planalto divulgou nota. Substituído: o porta-voz da Presidencia. · O singular pelo plural: O imigrante povoou o Norte. Substituído: os imigrantes. · A matéria pela coisa: Trajava um pano de primeira. Substituído: roupa. Delimitaçao da metonímia É simples reconhecer intuitivamente uma metonímia, mas é muito difícil dar a ela uma definiçao compreensiva. Essa dificuldade decorre de questoes como: Dizer que uma metonímia se forma permutando a parte pelo todo é uma informaçao relevante mas nao suficiente para gerar metonímias adequadas pois nem toda parte que substitui o todo produz o efeito desejado. Exemplo 1 – parte/todo: Após o incendio ficou sem casa. Este enunciado pode ser substituído por uma metonímia: Ficou sem teto. Se a escolha da parte fosse arbitrária, poderíamos obter boas metonímias dizendo: Ficou sem janela ou Ficou sem parede. Mas nao é o que acontece. Exemplo 2 – obra/autor: É comum ouvirmos: Leu Aristóteles, Hoje, concerto.No programa: Stravinski. Mas já nao se ouve Queimou uma Edison no lugar de Queimou uma lâmpada embora lâmpada/Edison gozem da mesma relaçao obra/autor que existe nas metonímias válidas. Para a metonímia ser bem-sucedida algumas condiçoes a mais precisam ser observadas. Cada tipo apresenta peculiaridades e é razoavelmente distinto dos demais, o que dificulta a generalizaçao. Na metonímia triste madrugada há uma traduçao bem diversa da metonímia Um litro de leite. Na primeira temos uma personificaçao, e na segunda, uma equivalencia de quantidades. Efeito modificador da metonímia Em princípio, no enunciado metonímico o substituto equivale em significaçao ao substituído. Só em princípio, pois, boa parte das metonímias nao se sobrepoe perfeitamente em significado `as suas decifraçoes. Analisemos o seguinte exemplo: Completou quinze anos. Completou quinze primaveras. Completou quinze invernos. O primeiro enunciado é a decifraçao das duas metonímias que lhe seguem. Sao metonímias do tipo parte pelo todo. A metonímia que usa 'primaveras' é bem comum. A metonímia que usa invernos nao é adequada para substituir a que usa primaveras. Quando usamos a metonímia das primaveras, o discurso ganha um acréscimo de significaçao que nao teria se fosse usado o enunciado nao metonímico. Com a metonímia das primaveras a mensagem além de afirmar um fato dá um juízo de valor sobre o fato. A metonímia tem este potencial modificador da mensagem relativamente ao enunciado próprio. A metonímia O Brasil todo está clamando nao é equivalente por completo ao significado de Os brasileiros todos estao clamando. Nessa metonímia, o clamor se estende para além do seu sítio natural. Poderíamos dizer tratar-se de uma metonímia hiperbólica. Alguns tipos de modificaçao notáveis que a metonímia pode operar: Funçoes da metonímia · Economia: uma metonímia em que o substituto é menos extenso que o substituído se presta `a economia. Também temos economia quando o enunciado metonímico tem significaçao mais extensa que a do enunciado próprio. · Variar para nao repetir. · Atenuaçao ou agravamento. Muitos eufemismos e disfemismos sao metonímias. · Enfase. · Modificaçao, reduçao, ampliaçao do espectro de significaçao do enunciado próprio. Reduçao: na metonímia Ficou sem teto, a dimensao do fato que envolve a perda de uma casa fica reduzida ao seu aspecto mais dramático. Dizer Ficou sem teto está mais próximo de Ficou desamparado do que de Ficou sem casa. Ampliaçao: na metonímia O Brasil está clamando procura-se amplificar a dimensao do fato. Exercício: A pessoa empurrou o carrinho do bebe ® A mao empurrou o carrinho do bebe Parte pelo todo O rebanho tinha mil ovelhas ® O rebanho tinha mil cabeças. A sinédoque – a palavra que indica o todo de um ser por outra que indica apenas uma parte dele. Todos seres humanos sao mortais. ® O homem é mortal Sinédoque És a minha segurança ® És a minha âncora, Símbolo por coisa simbolizada O meu irmaozinho gosta de iogurte ® O meu irmaozinho adora danone Marca pelo produto Nao fume dentro de casa: sou alérgica a fumo ® Nao fume dentro de casa: sou alérgica a cigarro Causa pelo efeito Jurou lealdade a seu pais ® jurou lealdade a sua bandeira, Símbolo por coisa simbolizada Águias e Leoes dividem pontos ¬ O Benfica empata com o Sporting Símbolo por coisa simbolizada1: Causa pelo efeito Há quem tem fome – há quem carece de pao Causa por efeito 8. hodina – 28. listopadu 1) As novas regras da língua portuguesa – příspěvek, diskuse http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u321373.shtml As novas regras da língua portuguesa devem começar a ser implementadas em 2008. Mudanças incluem fim do trema e devem mudar entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro. Veja abaixo quais sao as mudanças. HÍFEN Nao se usará mais: 1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceçao: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista" 2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada" TREMA Deixará de existir, a nao ser em nomes próprios e seus derivados ACENTO DIFERENCIAL Nao se usará mais para diferenciar: 1. "pára" (flexao do verbo parar) de "para" (preposiçao) 2. "péla" (flexao do verbo pelar) de "pela" (combinaçao da preposiçao com o artigo) 3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinaçao antiga e popular de "por" e "lo") 4. "pélo" (flexao do verbo pelar), "pelo" (substantivo) e "pelo" (combinaçao da preposiçao com o artigo) 5. "pera" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposiçao arcaica) ALFABETO Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y" ACENTO CIRCUNFLEXO Nao se usará mais: 1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem" 2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo" ACENTO AGUDO Nao se usará mais: 1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia" 2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca" 3. nas formas verbais que tem o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem GRAFIA No portugues lusitano: 1. desaparecerao o "c" e o "p" de palavras em que essas letras nao sao pronunciadas, como "acçao", "acto", "adopçao", "óptimo" -que se tornam "açao", "ato", "adoçao" e "ótimo" 2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serao grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido" Comparaçoes idiomáticas – comparaçao em que sempre está expresso o atributo comum (contrariamente `a metáfora onde está ausente) do comparado e comparante. O algoritmo da comparaçao idiomática comporta tres elementos: · Comparado (uma pessoa, uma realidade) · Atributo marcado do comparante. · Comparante (animal, objecto, matéria, personagem conhecida etc.) – podem-se usar mais do que um comparante para certo atributo A qualidade, o atributo sobre a/o qual se fala é um atributo marcado do comparante Atributo marcado: Como já foi dito é aquele que tem com seu sujeito uma relaçao simbólica, ou seja, a cultura convenciona que o atributo marcado seja um símbolo de seu sujeito ou vice-versa. Assim, 'altura' é um atributo marcado de 'girafa', 'peso' é um atributo marcado de 'elefante'. Pode ser diferente de cultura para cultura, de língua para língua, portanto falamos de idiomatiosmos. O conhecimento de atributos marcados é importante para decifraçao mais direcionada de algumas metáforas (se o comparante tiver atributos marcados.) Assim como na metáfora, o objetivo da comparaçao é dar expressividade a uma atribuiçao. Como a reçaçao atributo-comparante costuma ser extrema – as comparaçoes sao próximos `a hipérbole. ÚLOHA 1: Comparaçoes – ekvivalent v češtině http://www.agal-gz.org/planeta/front/?step=5&quiz=quiz&univers=14&quiz_id=37 DÚ: pares idiomáticos + text ke zkoušce 9. hodina – 12. prosince pares idiomáticos