ACORDO ORTOGRAFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA Assinado em Lisboa a 16 de Dezembro de 199Q. Aprovado para ratificagäo peia Resoiugäo da Assembieia da Repúbiica n.° 26/91, de 23 de Agosto Diário da Repúbiica n° 193, Série I-A, Págs. 437Q a 4388 A presente versäo contempia todas as aiteragöes aprovadas peia Rectificagäo n.° 19/91 de 7 de Novembro. Näo dispensa a consuita do Diário da Repúbiica. www.iegix.pt FLiP - Da a volta ao texto. - www.flip.pt indice Indice.......................................................................................................................................................2 Resolucäo da Assembleia da Repüblica n.° 26/91.................................................................................4 ACORDO ORTOGRÄFICO DA LINGUA PORTUGUESA......................................................................4 Artigo 1.°..............................................................................................................................................4 Artigo 2.°..............................................................................................................................................4 Artigo 3.°..............................................................................................................................................4 Artigo 4.°.............................................................................................................................................. 4 ANEXO 1..................................................................................................................................................5 ACORDO ORTOGRÄFICO DA LINGUA PORTUGUESA..................................................................5 Base I...............................................................................................................................................5 Base II..............................................................................................................................................7 Base III.............................................................................................................................................7 Base IV.............................................................................................................................................8 Base V..............................................................................................................................................9 Base VI...........................................................................................................................................10 Base VII..........................................................................................................................................10 Base VIII......................................................................................................................................... 11 Base IX........................................................................................................................................... 12 Base X............................................................................................................................................ 14 Base XI........................................................................................................................................... 15 Base XII.......................................................................................................................................... 15 Base XIII......................................................................................................................................... 15 Base XIV........................................................................................................................................ 16 Base XV......................................................................................................................................... 16 Base XVI ........................................................................................................................................ 17 Base XVII ....................................................................................................................................... 18 Base XVIII ...................................................................................................................................... 18 Base XIX........................................................................................................................................ 20 Base XX.........................................................................................................................................20 Base XXI ........................................................................................................................................ 21 ANEXO II...............................................................................................................................................22 NOTA EXPLICATIVA DO ACORDO ORTOGRÄFICO DA LINGUA PORTUGUESA......................22 1 - Memoria breve dos acordos ortograficos.................................................................................22 2 - Razöes do fracasso dos acordos ortograficos..........................................................................22 3 - Forma e substäncia do novo texto............................................................................................23 4 - Conservacäo ou supressäo das consoantes c, p, b, g, m e t em certas sequencias consonänticas (base IV)...........................................................................................................24 4.1 - Estado da questäo.............................................................................................................24 4.2 - Justificacäo da supressäo de consoantes näo articuladas [base IV, 1.°, b)].....................24 4.3 - Incongruencias aparentes.................................................................................................. 25 4.4 - Casos de dupla grafia [base IV, 1.°, c) e d), e 2.°].............................................................26 5 - Sistema de acentuacäo grafica (bases VIII a XIII) ................................................................... 26 5.1 - Analise geral da questäo.................................................................................................... 26 5.2 - Casos de dupla acentuacäo............................................................................................... 27 5.2.1 - Nas proparoxitonas (base XI)......................................................................................27 5.2.2 - Nas paroxitonas (base IX)...........................................................................................27 5.2.3 - Nas oxitonas (base VII)...............................................................................................27 5.2.4 - Avaliacäo estatistica dos casos de dupla acentuacäo grafica....................................27 5.3 - Razöes da manutencäo dos acentos graficos nas proparoxitonas e paroxitonas............28 5.4 - Supressäo de acentos graficos em certas palavras oxitonas e paroxitonas (bases VIII, IX e X).....................................................................................................................................28 5.4.1 - Em casos de homografia (bases VIII, 3.°, e IX, 7.° e 8.°)............................................28 5.4.2 - Em paroxitonas com os ditongos ei e oi na silaba tonica (base IX, 3.°).....................28 5.4.3 - Em paroxitonas do tipo de abengoo, enjoo, voo, etc. (base IX, 9.°)...........................29 5.4.4 - Em formas verbais com u e ui tonicos, precedidos de g e q (base X, 6.°)..................29 6 - Emprego do hifen (bases XV a XVII)........................................................................................29 6.1 - Estado da questäo ............................................................................................................. 29 6.2 - O hifen nos compostos (base XV).....................................................................................30 6.3 - O hifen nas formas derivadas (base XVI)..........................................................................30 6.4 - O hifen na enclise e tmese (base XVII).............................................................................30 7 - Outras alteracöes de conteüdo.................................................................................................31 2 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt 7.1 - Insenjáo do alfabeto (base I).............................................................................................31 7.2 - Aboligáo do trema (base XIV)............................................................................................31 8 - Estrutura do novo texto.............................................................................................................31 3 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt Resolugáo da Assembleia da República n.° 26/91 Aprova, para ratificaijáo, o Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164.°, alinea j), e 169.°, n.° 5, da Constituiijáo, aprovar, para ratificagáo, o Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 de Dezembro de 1990, que segue em anexo. Aprovada em 4 de Junho de 1991. O Presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo. ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA Considerando que o projecto de texto de ortografia unificada de lingua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciéncias de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegates de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Mozambique e Säo Tomé e Principe, com a adesäo da delegagäo de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da lingua portuguesa e para o seu prestigio internacional; Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos paises signatários: A República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Mozambique, a República Portuguesa e a República Democrática de Säo Tomé e Principe acordam no seguinte: Artigo 1.° É aprovado o Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovagäo, sob a designagäo de Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa (1990), e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II ao mesmo instrumento de aprovagäo, sob a designagäo de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa (1990). Artigo 2.° Os Estados signatários tomaräo, através das instituiQöes e orgäos competentes, as providéncias necessárias com vista ä elaboragäo, até 1 de Janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da lingua portuguesa, täo completo quanto desejável e täo normalizador quanto possivel, no que se refere äs terminologias cientificas e técnicas. Artigo 3.° O Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa entrará em vigor em 1 de Janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratificagäo de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa. Artigo 4.° Os Estados signatários adoptaräo as medidas que entenderem adequadas ao efectivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3.° Em fé do que os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em lingua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente auténticos. Assinado em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990. Pela República Popular de Angola: José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura. 4 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt Pela República Federativa do Brasil: Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da Educagäo. Pela República de Cabo Verde: David Hopffer Almada, Ministro da informagäo, Cultura e Desportos. Pela República da Guiné-Bissau: Alexandre Brito Ribeiro Furtado, Secretário de Estado da Cultura. Pela República de Mocambique: Luis Bernardo Honwana, Ministro da Cultura. Pela República Portuguesa: Pedro Miguel Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura. Pela República Democrática de Säo Tomé e Principe: Ligia Silva Graga do Espirito Santo Costa, Ministra da Educagäo e Cultura. ANEXOI ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990) Base I Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados 1.° O alfabeto da lingua portuguesa é formado por 26 letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula: a A (á) b B (bě) c C (cě) d D (dě) e E (é) f F (efe) g G (gě ou guě) h H (agá) i i (i) j J (jota) k K (capa ou cá) l L (ele) 5 FLiP - Da a volta ao texto. - www.flip.pt m M (eme) n N (ene) o O (6) P P (pe) q Q (que) r R (erre) s S (esse) t T (te) u U (u) v V (ve) w W (dablio) x X (xis) y Y (ipsilon) z Z (ze) Obs.: 1 - Alem destas letras, usam-se o g (ce cedilhado) e os seguintes digrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (ce-aga), Ih (ele-aga), nh (ene-aga), gu (gue-u) e qu (que-u). 2 - Os nomes das letras acima sugeridos näo excluem outras formas de as designar. 2. ° As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais: a) Em antrop6nimos/antropönimos originarios de outras linguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo, Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista; b) Em top6nimos/topönimos originarios de outras linguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; c) Em siglas, simbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potässio (de kalium) W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilömetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt. 3. ° Em congruencia com o nümero anterior, mantem-se nos vocabulos derivados eruditamente de nomes pr6prios estrangeiros quaisquer combinagöes graficas ou sinais diacriticos näo peculiares ä nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte, garrettiano, de Garrett; jeffersönia/jeffersönia, de Jefferson; mülleriano, de Müller, shakespeariano, de Shakespeare. Os vocabularios autorizados registaräo grafias alternativas admissiveis, em casos de divulgagäo de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fücsia/füchsia e derivados, buganvflia/buganvflea/bougainvfllea). 4. ° Os digrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas onomasticas da tradigäo biblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou entäo simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes digrafos, em formas do mesmo tipo, e invariavelmente mudo, elimina-se: Jose, Nazare, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por fonja do uso, permite adaptajäo, substitui-se, recebendo uma adijäo vocalica: Judite, em vez de Judith. 5. ° As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t mantem-se, quer sejam mudas quer proferidas nas formas onomasticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antrop6nimos/antropönimos e top6nimos/topönimos da tradijäo biblica: Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. Integram-se tambem nesta forma: Cid, em que o d e sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o d ora e pronunciado, ora näo; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condijöes. Nada impede, entretanto, que dos antrop6nimos/antropönimos em aprejo sejam usados sem a consoante final Jö, Davi e Jacö. 6 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt 6.o Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em portugués ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Géněve, por Genebra; Jutiand, por Jutiandia; Miiano, por Miiäo; München, por Munique; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc. Base II Do h inicial e final 1.o O h inicial emprega-se: a) Por fonja da etimologia: haver, héiice, hera, hoje, hora, homem, humor b) Em virtude de adojäo convencional: hä?, hem?, hum! 2.o O h inicial suprime-se: a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressäo está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervagai, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita); b) Quando, por via de composijäo, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábii, iobisomem, reabiiitar, reaver. S.o O h inicial mantém-se, no entanto, quando numa palavra composta pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiěnico, contra-haste, pré-história, sobre-humano. 4.o O h final emprega-se em interjeijöes: ah! oh! Base III Da homofonia de certos grafemas consonänticos Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonänticos, torna-se necessário diferenciar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condijöes em que se fixam na escrita os grafemas consonänticos homófonos nem sempre permite fácil diferenciajäo dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o mesmo som. Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos: 1.o Distinjäo gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, Chico, chiste, chorar, coichäo, coichete, endecha, estrebucha, facho, ficha, fiecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixei, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, eiixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxaiá, praxe, puxar, rouxinoi, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara. 2.o Distinjäo gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, aifageme, Áigebra, aigema, aigeroz, Aigés, aigibebe, aigibeira, áigido, aimargem, Aivorge, Argei, estrangeiro, faiange, ferrugem, frigir, geiosia, gengiva, gergeiim, geringonga, Gibraitar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, reiógio, sege, Tanger, virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerě, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecorai, jejum, jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo, Jesus, jiboia1, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, iaranjeira, iojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujě, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito. S.o Distinjäo gráfica entre as letras2 s, ss, c, g e x, que representam sibilantes surdas: ansia, ascensäo, aspersäo, cansar, conversäo, esconso, farsa, ganso, imenso, mansäo, mansarda, manso, pretensäo, remanso, seara, seda, Seia, Sertä, Sernanceihe, serraiheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, vaisa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse, Cassiida, codesso (identicamente Codessai ou Codassai, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossei, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, moiosso, mossa, obsessäo, 1 No texto oficial, por lapso, "jibóia"; cf. base IX, So. 2 No texto oficial, por lapso, com vírgula indevida. ľ FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt péssego, possesso, remessa, sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfäes, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; agafate, agorda, agücar, almago, atengäo, bergo, Bugaco, cagange, cagula, caraga, dangar, Ega, enguigo, Gongalves, insergäo, linguiga, magada, Magäo, magar, Mogambique, Mongäo, mugulmano, murga, negaga, panga, pega, quigaba, quigaga, quigama, quigamba, Seiga (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiga e Ceissa), Seigal, Suíga, tergo; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, proximo, sintaxe. 4. ° Distincäo gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idéntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, espléndido, espontäneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensäo, explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, téxtil; capazmente, infelizmente, velozmente. De acordo com esta distincäo convém notar dois casos: a) Em final de sílaba que näo seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto; b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor idéntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrario, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia, e näo Bizcaia; 5. ° Distincäo gráfica entre s final de palavra e x e z com idéntico valor fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcés, gás, Gerés, Inés, íris, Jesus, jus, lápis, Luis, pais, portugués, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito, deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra näo oxítona: Cádis, e näo Cádiz. 6. ° Distincäo gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesäo, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa, brasa, brasäo, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousä, Luso (nome de lugar, homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses, Narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, tränsito, vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazäo, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela. Base IV Das sequéncias consonänticas 1.° O c, com valor de oclusiva velar, das sequéncias interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cg e ct, e o p das sequéncias interiores pc (c com valor de sibilante), pg e pt, ora se conservam, ora se eliminam. Assim: a) Conservam-se nos casos em que säo invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicgäo, convicto, ficgäo, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupgäo, eucalipto, inepto, núpcias, rapto; b) Eliminam-se nos casos em que säo invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: agäo, acionar, afetivo, afligäo, aflito, ato, colegäo, coletivo, diregäo, diretor, exato, objegäo; adogäo, adotar, batizar, Egito, ótimo; c) Conservam-se ou eliminam-se facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral quer restritamente, ou entäo quando oscilam entre a prolacäo e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicgäo e digäo; facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro, concepgäo e concegäo, corrupto e corruto, recepgäo e recegäo; d) Quando, nas sequéncias interiores mpc, mpg e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respetivamente, nc, ng e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpgäo e assungäo; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade. 8 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt 2.° Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou entäo quando oscilam entre a prolagäo e o emudecimento: o b da sequéncia bd, em súbdito; o b da sequéncia bt, em subtil e seus derivados; o g da sequéncia gd, em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdaloide3, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da sequéncia mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t da sequéncia tm, em aritmética e aritmético. Base V Das vogais átonas 1. ° O emprego do e e do i, assim como odo o edo u, em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias: a) Com e e i: ameaija, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeäo, cardeal (prelado, ave, planta; diferente de cardial = «relativo ä cárdia»), Ceará, côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, léndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear, meäo, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitänia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, cränio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampiäo, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso; b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiga, consoada, consoar, costume, díscolo, émbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar, farändola, femoral, Freixoeira, girändola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir); agular, água, aluviäo, arcuense, assumir, bulir, camändulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fémur, fistula, gländula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubragäo, lugar, mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua, vitualha. 2. ° Sendo muito variadas as condigôes etimológicas e histórico-fonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes: a) Escrevem-se com e, e näo com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em -eio e -eia, ou com eles estäo em relagäo direta. Assim se regulam: aldeäo, aldeola, aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame por correia; b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeäo, galeota, galeote, de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé; c) Escrevem-se com i, e näo com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formagäo vernácula -iano e -iense, os quais säo o resultado da combinagäo dos sufixos -ano e -ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde -ano e -ense estäo precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duriense, flaviense, etc.): agoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damiäo de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense [de Torre(s)]; d) Uniformizam-se com as terminales -io e -ia (átonas), em vez de -eo e -ea, os substantivos que constituem variagöes, obtidas por ampliagäo, de outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste; e) Os verbos em -ear podem distinguir-se praticamente grande número de vezes dos verbos em -iar, quer pela formagäo, quer pela conjugagäo e formagäo ao mesmo tempo. Estäo no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em -eio ou -eia (sejam formados em portugués ou venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, por alheio; cear, por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estäo no segundo caso todos os verbos que 3 No texto oficial, por lapso, "amigdalóide"; cf. base IX, 3°. 9 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt tém normalmente flexöes rizotönicas/rizotönicas em -eio, -eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substantivos com as terminacöes átonas -ia ou -io, que admitem variantes na conjugacäo: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prěmio), etc.; f) Näo é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressäo de moto proprio); tribo, em vez de tríbu; g) Os verbos em -oar distinguem-se praticamente dos verbos em -uar pela sua conjugacäo nas formas rizotönicas/rizotönicas, que tém sempre o na sílaba acentuada: abengoar com o, como abengoo, abengoas, etc.; destoar, com o, como destoo, destoas, etc.; mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc. Base VI Das vogais nasais Na representacäo das vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos: 1. ° Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se é de timbre diverso de a e está seguida de s: afä, grä, Grä-Bretanha, lä, orfä, sä-braseiro (forma dialetal; o mesmo que säo-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns. 2. ° Os vocábulos terminados em -ä transmitem esta representacäo do a nasal aos advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: cristämente, irmämente, sämente; läzudo, magäzita, manhäzinha, romäzeira. Base VII Dos ditongos 1. ° Os ditongos orais, que tanto podem ser tönicos/tönicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou; bragais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar, lengóis (mas lengoizinhos)4, tafuis, uivar; cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar. Obs.: Admitem-se, todavia, excecionalmente ä parte destes dois grupos, os ditongos grafados ae (= äi ou ai) e ao (= äu ou au): o primeiro, representado nos antropönimos/antropönimos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, säo-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinacöes da preposicäo a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos. 2. ° Cumpre fixar, a propösito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares: a) É o ditongo grafado ui, e näo a sequéncia vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2.a e 3.a pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2.a pessoa do singular do imperativo dos verbos em -uir: constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas de 2.a e 3.a pessoas do singular do presente do indicativo e de 2.a pessoa do singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói; b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a uniäo de um u a um i átono seguinte. Näo divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. E isso näo impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i); c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais säo todos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existéncia de ditongos crescentes. Podem considerar-se no número deles as sequéncias vocálicas pös-tönicas/pös-tönicas, tais as que se representam graficamente por ea, 4 No texto oficial, por lapso, näo consta a referéncia aos ditongos orais oi e ói, apesar de constarem no exemplário. 10 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/ténue, tríduo. 3.° Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicacäo de uns e outros: a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal säo quatro, considerando-se apenas a língua padräo contemporänea: äe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), äi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), äo e ôe. Exemplos: cäes, Guimaräes, mäe, mäezinha; cäibas, cäibeiro, cäibra, zäibo; mäo, mäozinha, näo, quäo, sótäo, sotäozinho, täo; Camôes, oragôes, oragôezinhas, pôe, repôes. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo ui; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como rui = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediéncia ä tradicäo; b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m säo dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos: i) am (sempre átono) só se emprega em flexôes verbais: amam, deviam, escreveram, puseram; ii) em (tónico/tônico, ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexôes verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posicäo, pela acentuacäo ou, simultaneamente, pela posicäo e pela acentuacäo: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarräo, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variacäo de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também; convém, mantém, tém (3.as pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns, reténs, Belenzada, vintenzinho. Base VIII Da acentuagäo gráfica das palavras oxítonas 1. ° Acentuam-se com acento agudo: a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafadas -a, -e ou -o, seguidas ou näo de -s: está, estás, já, olá; até, é, és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s), paletó(s), só(s). Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tónico/tônico, geralmente provenientes do francés, esta vogal, por ser articulada nas pronúncias cultas ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o acento circunflexo: bebé ou bebé, bidé ou bidé5, canapé ou canapé, caraté ou caraté, croché ou croché, guiché ou guiché, matiné ou matiné, nené ou nené, ponjé ou ponjé, puré ou puré, rapé ou rapé. O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró (letra do alfabeto grego) e rô. Säo igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro; b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos ou lo(s), la(s), ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após a assimilacäo e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá-lo(s) [de adorar-lo(s)], dá-la(s) [de dar-la(s) ou dá(s)-la(s)], fá-lo(s) [de faz-lo(s)], fá-lo(s)-ás [de far-lo(s)-ás], habitá-la(s)-iam [de habitar-la(s)-iam], trá-la(s)-á [de trar-la(s)-á)]; c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado -em (excepto as formas da 3.a pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter e vir: retém, sustém; advém, provém; etc.) ou -ens: acém, detém, deténs, entretém, entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também; d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, -éu ou -ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou näo de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis. 2. ° Acentuam-se com acento circunflexo: 5 No texto oficial, por lapso, "ou bidé ou bidé". 11 FLiP - Dá a volta ao texto. - www.flip.pt a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, seguidas ou näo de -s: cortés, dé, des (de dar), lé, les (de ler), portugués, vocé(s); avô(s), pôs (de pôr), robô(s); b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos -lo(s) ou -la(s), ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, após a assimila