24 o período simples. a oracäo independente. termos essenciais: sujeito e predicado 25 O debate sobre o problema seria interminável. Veja-se o que acrescentamos a respeito no § 51. Didaticamente, pelo menos, julgo mais aconselhável in-cluir este caso entre os de sujeito indeterminado. Obs. — Autores há que apontam como caso de sujeito indeterminado o que é constituído materialmente por pronomes indefinidos "que nada esclarecem quanto ä identidade do agente (ou do paciente, na voz pas-siva)" (G. C. Melo, NMAS, 42.), numa aproximacäo natural entre os conceitos de "indeterminado" e "indefinido", numa análise antes logica do que sintática. Na verdade, ao dizermos "Alguém bateu ä porta.", o sujeito alguém é determinado, embora indefinido, apesar de "nada esclarecer quanto ä identidade do agente" — täo determinado e indefinido como o substantivo desconhecido nesta oracäo: "Um desconhecido bateu ä porta." Cf. Mattoso Camara Jr., DFG, s. v. Indefinidos. •Ora^äo sem sujeito. 30. Caso distinto é o das oracöes sem sujeito: nelas a enun-ciacäo se concentra no predicado, que näo se atribui a ne-nhum ser; o sujeito é inexistente, e o verbo, por näo estar referido a nenhuma pessoa gramatical, se diz impessoal. Eis os principals casos: a) com verbos e expressöes que denotam fenómenos da natureza {amanhecer, entardecer, anoitecer, chov er, jater calor, jater jrio, estar jrio, gear, nevař, relampejar, trovejar, ventar, etc.); b) com o verbo haver quando significa "existir": "Há uma gota de sangue em cada poema." (Mario de An-drade); Obs. — Embora a muitos pareca pacífico este caso, muito se tem debatido a respeito, e autores há, de renomé, que julgam pessoal a construcäo existencial com haver, sobretudo pela abundáncia de exem-plos literários como o célebre "Houveram coisas terríveis.", de Camilo Castelo Branco. Mattoso Camara Jr. (DFG, s. v. lmpessoalidade.), entretanto, com a sua autoridade, explica a genese desta construcäo sem sujeito pela transformacäo de um primitivo sujeito (que desaparece) em ad-junto adverbial de lugar, em frases do tipo: "A Africa há (= tem) leöes." si I.I i n o "Nu Africa há leöes." aim. ADV. DE LUGAR (Ii, na linguagem popular, especialmente a do Brasil, "Na Africa tem 'I I "'S.") R indispensável a leitura do longo artigo de Valentín García ......v publicado na Revista de Filológia Espaňola, tomo LXIII, Ma- II HK3, p. 33-71: "£CornPiemento directo o sujeto con las formas r.onales de haberľ' 0 argumenta mais forte em favor da impessoalidade é sem dú-I. .i ľúto da exclusiva ocorréncia da forma o (e flexôes) do pro- iltiniľ pessoal de 3.a pessoa, propria do objeto direto: "l!;i rnocôes japonesas. Quando as houver chinesas, chegou o fim do mundo." (M. de Assis, Sem., 9.); " e de cravos, como vamos? - Ainda näo os há, disse o Jerônimo, consternado. . . ." (C. Neto, CF, 46.) <•) com o verbo ser, na designacäo de tempo em geral: "ľ! ccdo." — "Säo duas horas." — "Era de madrugada."; ./) com os verbos andar, jater, haver, ir, na indicacäo I!■ tempo decorrido: "Andava por um més que Dagoberto se achava no Bondó." 1 i A. de Almeida, Bag., 116.) [Poderia dizer-se também "Fazia nm mčs", "Havia um més", "la para um més".]; "Fazia um tempäo que näo me dava sinal de vida." (J. A. de \luicida, Bag., 35.); Demais, com os políticos. . . vivia eu em declarado antago-nlimo, há longos anos." (Rui, ÄCC, in OC, XLVI, t. I. 47.); "Eis, senhores, como eu, vai por mais de cinco lustros, já vos i iluva." (Id., ibid., 7.); . i em certas oracöes de conjugacäo pronominal im-pMNOitl (g 51): Trata-se de uma estranha confusäo etnológica." (C. de Laet, I rôn. Lit.", in Rev. Brasileira, 1879, t. I, 217.) ňu ho tem em mente apenas o predicado, näo se atribuindo r.....sso verbal a nenhum ser.