.16 o periodo simples. a oracäo independente.. ._ Já na voz passiva pronominal a lingua moderna näo explicita o agente. Näo se usa, atualmente, dizer: "Construíram-se muitos edi-fícios pelos candangos", sintaxe usual no portugués antigo: "A virtude ama-se dos bons." (Joäo de Barros) (isto é: "A virtude é amada pelos bons.") Podem encontrar-se numerosos exemplos em Jucá, Fator, 64-66. Autores há que, excepcionalmente, hoje em dia, tentam ressus-citar o uso antigo, tornando claro o agente na voz passiva pronominal: ". . . . lembrancas que se joram acumulando com o correr dos anos por meu pai." (Diná S. de Queirós, Eies Herdaräo a Terra, p. 113, apud Lessa, MB LP, 303.) Obs. 2 — Mesmo certos verbos que näo se constroem na voz passiva com auxiliar (§ 49, obs.) admitem a passiva com se: "Quantas coisas há que só se prezam quando já näo se tem." •Extensäo do emprego da conjugacäo pronominal: oracäo de sujeito indeterminado. 51. A construgäo lingüistica de um verbo acompanhado do pronome se, a princípio reflexiva (V. § 53.), teve, como vimos no § 50, estendido o seu emprego a significar passivi-dade, quando com verbos transitivos diretos, em oracöes providas de sujeito. Na evolucäo da lingua, entretanto, passou a usar-se, extensivamente, com todos os tipos de verbos principals (in-transitivos, transitivos indiretos, de ligacäo), mas em frases sem sujeito determinado: "Também se morre de amor."; "Obedeca-se äs prescricöes."; "Nunca se é excessivamente bom."; "De uma hora para outra, se está no oco do mundo." (J. A. Almeida, Bag., 79.) Obs. — A essa construcäo se dcnominava, algo inadequadamente, seguindo a tradicäo da gramática latina, passiva impessoal: passiva quanto ä forma (verbo seguido do pronome se, como na voz passiva pronominal, que estudamos no § 50); impessoal porque desprovida de sujeito. Cf. Mattoso Camara Jr.: "Como entäo falta um paciente para ser sujeito, o verbo fica sem sujeito ou impessoal." (DFG, s. v. Passiva, voz.) termos essenciais: sujeito e predicado 37 0 latim pode ajudar-nos a compreender o fato: A ronhecida frase latina "Sic itur ad astra." apresenta o verbo Inliansitivo, numa forma em tudo idéntica ä passiva de um hn liansitivo direto (amaiVR, deleiVR), mas näo para exprimir i i Ivlclnde, o que näo se coaduna com a natureza do verbo, porém • •• v.oalidade (para Mattoso Camara Jr.), ou melhor, indetermi-lii ilo sujeito. Tal como, em portugués, "Assim se vai aos astros.": 1'íii lem forma idéntica ä de um verbo transitivo direto na voz ■ ivii pronominal ("Pouco se ama a virtude, hoje em dia."); mas, |iliiiilo este possui sujeito explícito ("a virtude"), aquela outra iincao se concentra no fato expresso peio verbo, que näo possui Ilji ilii ik'terminado. Duí a ciassificagäo que se poderia fazer para a voz passiva pro-■ ■ minul: 1 ) pessoal (— com sujeito): "Ouviam-se amplos bocejos; . . . . írocavam-se de janela para janela nu I'uimiuras palavras, os Bons-Dias; reatavam-se conversas interrornpidas it noite; .... No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos." (A. Azevedo, Cort., 43-44.); 2) impessoal ( = sem sujeito) (Mattoso Camara Jr.): "I'iftarreava-se grosso por toda a parte." (Id., ibid., 43.); "Já näo falava, gritava-se." (Id., ibid., 45.). Jiilgamos mais adequado, entretanto, dizer simplesmente que se II lil li (Ir uma conjugacäo pronominal de sujeito indeterminado. • I "n|ii(|;icäo pronominal de sujeito indeterminado com ilion transitivos diretos. ' A I'rcqiiencia do emprego do pronome se, para indicar lljdlo indeterminado, com verbos intransitivos, transitivos illilll'iMos ou de ligagao — "Vive-se bem aqui."; "Precisa-se ' limn secretarial; "Nunca se e excessivamente bom." —, nil a estender esse uso aos proprios verbos transitivos di- '•>■», ilcsde que empregados com objeto direto preposicio- Itl ■ "ii intransitivamente: [dmira-se a Bernardes."; "Comeca-se, acaba-se, interrompe-w, adia-se, continua-se ou descontinua-se a vontade e sem com-imunetimento." (Garrett, VMT, 294.)