Fernao de Oliveira Gramática da Linguagem Portuguesa Curriculum •Fernão de Oliveira terá nascido em Aveiro em 1507. •Em 1520, iniciou os estudos no Convento Dominicano de Évora, onde foi discípulo de André de Resende, tendo mais tarde abandonado o convento e rumado para Espanha. •Em 1536 estava em Lisboa, altura em que saiu dos prelo (publica-se) a Gramática da Linguagem Portuguesa. •Por volta de 1540 ou 1541 regressou novamente a Espanha, e mais tarde partiu para Itália e Inglaterra. Enquanto esteve ausente de Portugal, a sua vida foi atribulada, cheia de aventuras e missões secretas de carácter religioso. Em Itália fez diplomacia secreta, talvez ao serviço de D. João III, na complexa questão que este rei manteve com a Santa Sé, a propósito dos cristãos-novos. Em 1545 alistou-se a bordo de uma nau francesa, sob comando do barão Saint Blancard, exercendo a actividade de piloto. Pouco depois, foi aprisionado com os companheiros franceses pela frota inglesa. Na passagem por Londres, Fernão de Oliveira frequentou a Corte de Henrique VIII, onde obteve um certo reconhecimento por parte do rei. Fernao de Oliveira - CV •Em 1547 voltou a Portugal, onde foi preso pela Inquisição, durante três anos, devido a opiniões pessoais de ordem religiosa, tendo saído em liberdade em 1551, por intervenção do Cardeal D. Henrique. Mais tarde, em 1552 tomou o cargo de Capelão Real, participou na expedição organizada por D. João III em auxílio do rei de Velez, no Norte de África, onde ficou prisioneiro. No ano seguinte voltou a Lisboa. Em 1554, D. João III nomeou-o revisor tipográfico da Universidade de Coimbra e, com o título de licenciado, ensinou na Universidade a disciplina de Retórica. As suas desventuras (descraças, infortúnios) prosseguiram e entre 1555 a 1557 foi outra vez encarcerado. A partir deste período, o percurso da sua vida tornou-se incerto e duvidoso, sabe-se que em 1565, Fernão de Oliveira recebia uma tença (odměna, příspěvek za poskytnuté služby) de D. Sebastião. Veio a falecer cerca de 1581. Da sua notável produção literária destaca-se, além da Gramática da Linguagem Portuguesa, o seu primeiro livro impresso em 1536, o Livro da Fabrica das Naos, manuscrito datado de ca. de 1580 (BN COD. 3702), existentes na Biblioteca Nacional. Escreveu ainda, entre outras obras, a Arte da guerra do mar, impresso em Coimbra por João Álvares, em 1555, a Ars nautica (ca. 1570), manuscrito da Biblioteca de Leiden, e a Historea de Portugal, cuja datação é posterior a 1581. Fernao de Oliveira •A gramática de Fernão de Oliveira •Considerada a primeira gramática, que se publicou em língua portuguesa, impressa em Lisboa, por Germão Galharde, precedendo em quatro anos a Gramática da língua portuguesa, de João de Barros (1540). Segundo o autor, a sua gramática era uma "primeira anotação da língua portuguesa„ (prólogo). O objectivo primordial da publicação deste compêndio foi de perpetuar a memória da língua portuguesa. Esta gramática foi dedicada a D. Fernando de Almada, podendo-se visualizar no frontispício o brasão de armas dos Almadas. A obra de Oliveira é um conjunto de reflexões de carácter linguístico e cultural. É uma tentativa de propor uma norma para o português do século XVI, linguagem como uma "figura de entendimento" •„A lingoagem e figura do entendimento: e assim e verdade ǭ a boca diz ǭnto lhe manda o coração e não outra cousa: antes não deuia a natureza criar outro mais disforme monstro do ǭ são aǭlles qe falão o ǭ não tem na vontade. Porque as obras são prova do homẽ…“(cp.I). •Constituída por 50 capítulos, este compêndio da definição da língua portuguesa trata de formas gramaticais, da fonética, da lexicologia, abordando também alguns estudos etimológicos e da sintaxe. A gramática de Fernão de Oliveira foi publicada num período, em que Portugal procurava afirmar a sua autonomia nacional, em relação às outras nações. Estava assim, subjacente a intenção de passar para a escrita um sistema linguístico coeso, que caracteriza uma nação e um povo. Impressor • Germão Galharde •Impressor de origem francesa, o seu nome seria provavelmente Germain Gaillard, que foi tomando a forma aportuguesada, Germão Galharde e Galhardo. Começou a sua actividade em 1509, inicialmente esteve estabelecido em Lisboa, onde imprimiu uma das primeiras obras, o Missale secundum Consuetudinem. Este impressor criou uma oficina tipográfica em Coimbra, a primeira nesta cidade, no Mosteiro de Santa Cruz, onde terá executado alguns trabalhos, entre 1530 e 1531. Germão Galharde continuou a sua actividade tipográfica até 1561. Eugeniu Coseriu uma das figuras mais importantes na área de filología románica do século XX. •Eugenio Coseriu escreve sobre Fernão de Oliveira: •Apesar de o gramático português Fernão de Oliveira (1507-1581) ser ocasionalmente mencionado na história linguística, especificamete na da linguística românica, na realidade ele é conhecido quase exlusivamente pelos lusitanistas. E também estes restringiram-se, até atora, a acentuar a sua importância na área da fonética portuguesa ao avaliar os seus dados com objectivo de reconstruir o sistema fonológico do português na primeira metada do século XVI. Mas Oliveira não se mostra apensa como foneticista, pois, as suas ideias no domínio da lexicologia, no da morfologia e até mesmo do da linguística geral não são menos interessantes e originais que as da área da fonética. Fonética e fonologia •As unidades fónicas sao interpretadas como letras. •(na tradicao latina – littera é empregado tanto para a sua representacao gráfica como para a unidade fónica) •Na concepcao de Oliveira é uma unidade fónica que tem dois componentes: •Figura (sinal) – representacao gráfica •Pronunciacao, forca, virtude – rep.fónica • A letra (cap. VI) •A letra he figura de voz estas diuidimos em cõsoantes e vogaes. As vogaes tem em sy voz:as consoantes não se não junto cõ as vogaes, como .a. he vogal: e .b. que he cõsoantes: e nam tẽ voz ao menos tão perfeita como .a. vogal. •As figuras destas letras chamão os Gregos caracteres: e os latinos Notas:nos lhe podemos chamar sinaes. Os quaes hão de ser tantos como as pronữnçiações a ǭ os latinos chamão elementos: e nos as podemos interpretar fundamẽtos das vozes e escritura. As figuras •Para as várias letras (especialmente para as vogais) ele descreve separadamente figura e pronunciacao /voz/. •Oito vogais: •cinco figuras •A E O U I •A a E e Oo u i •Oito vogais a,e,o (pequenos) AEO (grandes) Letras - vogais •Capítolo VIIj. (oitavo) •Na nossa lῖngua podemos diuidir ãtes e neçessario ǭ diuidamos as letras vogaes ẽ grãdes e peǭnas como os Gregos mas nã ja todas porǭe a verdade ǭ temos a grande e α pequeno: e ε grande e e pequeno:e tambẽ ω grande e o pequeno. Mas nã temos assi diuersidade ẽ .i. nem .v.Temos a grãde como almada e α pequeno como αlemαnhα: temos ε grande como fεsta e pequeno como festo: temos o grande como fermωsos e o pequeno como fermoso. E conheçendo esta verdade auemos de cõfessar ǭ temos oyto vogaes na nossa lῖngoa mas nã temos mais de çinco figuras: porǭ não queremos saber mays de nos ǭ quanto nos ensinão os latinos: aos quaes diz Plinio que e pouco saber escoldrinhar as cousas alheas não nos entendendo e nos mesmo. Nasalidade vocálica •As vogais nasais sao unidades vocálicas simples, o til é sinal de nasalacao. O til nao consitui um segmento fonemático, ele é apenas um sinal de nasalacao, só uma modificacao da vogal, a própria nasalidade. •Eugeniu Coseriu: É a primeira vez que as vogais sao sao consideradas como tais na ROmánia /e talvez em geral/. Pg.38 Fonética articulatória •Modo de articulacao: •Fernao de Oliveira chama as letras ch,lh,nh ASPIRADAS (por causa da letra h) – deixa-se enganar pela grafia. •Apesar de todas as insuficiencias, Oliviera oferece a primeira descircao articulatória sistemática e completa do sistema de consoantes. • Glides •Oliveira separa •I e J nos ditongos •(para distinguir o i do j nos ditongos. E para j sugere Y) •U e V •(para distinguir u de u glide nos ditongos) I/U E/O •Duas syllabas de vogaes puras sem mestura ou antreposição de consoãte bẽ se podẽ cõtinoar: como fazia .ia. comia. Aonda ǭ nos pela mayor parte lhe metemos no meyo hữ .y. consoante como Mayo.seyo.saya.ayo. mas não sempre:e se isto falta ǭ não metemos este .y. antrellas e as mays das vezes nas partes onde alghữa destas duas vogaes ou syllabas assim continoadas tem estas vozes ou alghữa dellas .i. ou .u. como .duas.rua.maria. e tãbẽ .o. pequeno como zamboa: e cõ tudo ainda aqui não sempre mas tãbẽ .u. .i. ou .o. se teuerẽ despoys de si outra vogal tãbẽ soa antrelles muitas vezes este .y. consoãte como marroyo, tiyo, arguyo, tiya. Realizacoes consonánticas •Oliveira traz uma explicacao pormenorizada do sistema fonético do ponto de vista do lugar de articulacao: •Alguns exemplos: •A pronữçiação do r singelo cõ a lingoa pegada nos dẽtes qyxaes de çima e sae o bafo tremendo na põta da Lingua. Do rr dobrado a pronữçiação e a mesma q a do .r. singelo se não q este dobrado arranha mays as gẽgibas de çima: e o singelo não treme tãto: mas tã mala vez he semelhãte ao .1. •A pronữçiação do .x. nos lhe chamamos çis mas eu lhe chamaria antes xi porq assim o prouunçamos na escritura: pronunçiasse co as queixadas apertadas no meyo da boca/os dẽtes jữtos a lingua ancha dentro na boca e o spirito ferue na humidade da lingua Correlacoes funcionais no sistema consonantico •As letras que Oliveira poe em pares • k/g; p/b; t/d; ss/s; f/v; c(cedilha)/z; x/j •Os fonemas que Oliveira poe em pares: •k/g; p/b; t/d; ś/ź; f/v; x/j,f/v; š/ž •uma oposicao de quantidade entre r x rr •Uma certa afinidade nao definida entre l/r •Eugenio Coseriu: „É também a primeira vez que uma correlacao é apresentada de um modo tao completo e, ao mesmo tempo, tao claro e preciso para um sistema consonantico romanico. • Sílaba - distribuicao dos fonemas na palavra e na sílaba •Em portugues, em final de sílaba, so sao permitidas vogais e ditongos (tanto orais como nasais) e as consoantes L,S,R,Z. •Oliveira formula a regra de que em portugues somente um fonema vocálico pode terminar palavras e sílabas, exluindo as letras mudas, isto é fonemas propriamente consonánticos e naturalmente grupos consonantais. Sílaba e a distribuicao dos fonemas •Sons iniciais de sílabas e palavras: nesta posicao só podem ocorrer alguns sons vocálicos, consoantes ou grupos consonantais de muta com liquida mas nenhum outro grupo consonántico, com a excepcao das palavras estrangeiras somente enquanto elas forem novas no idioma e nao tenham ainda sido ajustadas ao sistema portugues. Contribuicao de Fernao de Oliveira a fonetica-fonologia •Eugeniu COseriu (pg.44): •1. as suas letras correspondem quase exactamente ao sistema fonemático portugues, •2. a sua análise de nasalidade corresponde a uma análise funcional tipo V+nasalidade •3. fundamenta a oposicao entre •a / α e / ε o / ω •(nao condicionados pelo contexto) •Enfoca o funcionamento do i e u em posicao átona, especialmente antes de vogal: Oliveira interpreta os sons .e/o. respectivamente, apesar da sua semelhanca material/fonética com i, u – que ele sugere que se escreva com e – memorea /nao memoria; necessareo /nao necessário…. Lexicologia •Palavras = dicoes •Oliveira divide as dicoes de acordo com cinco categorias: •1.Nossas-alheias-comuns •2.Apartadas – juntas (isto é: simples - compostas) •3 Velhas – novas-usadas. •4. Próprias – mudadas (isto é: metafóricas e nao metafóricas •5.Primeiras- tiradas (isto é: primárias e derivadas). Definicao de variáveis tipos de dicoes •As dicoes nossas: sao as palavras primitivas específicas da língua •As dicoes alheias: sao as palavras de empréstimo e as estrangeiras reconhecíveis como tais; estas podem tornar-se nosss. •As dicoes comuns: sao palavras de diferentes línguas nas quais nao se pode reconhecer a origem. •As dicoes velhas: sao os arcaísmos (mas que podem ser verificados também nos falantes mais idosos – porque as palavras velhas da língua comum sobrevivem nos falares. •As dicoes novas: sao as palavras de datacao mais recente. • • Dicoes usadas/particulares •As dicoes usadas (isto é correntes) sao as palavras que nao sao reconhecíveis nem como arcaísmos nem como palavras novas; isto é, a maioria das palavras de uma língua de qualquer época.As palavras podem ser usadas ou particulares – estas variam de acordo com as regioes e grupos sociais – cavaleiros, camponeses, cortesaos, clérigos, artesaos, comerciantes – tem as suas palavras especiais. • •„ e porẽ de todas ellas ou são geraes a todos, como Deos, pão, vinho, ceo, e terra ou sao „particulares“. E esta particularidade ou se faz ãntre officos e tratos, como os cavaleiros que tẽ hữs vocabolos, e os lavradores outros,e os cortesãos outros, e os religiosos outros, e os menanicos outros, e os mercadores outros, ou tãbẽ sefaz ẽ terras esta particularidade, porque os da Beira tem hữas falas e os d´ALentejo outras e os homẽs da Estremadura são diferentes dos d´Antre Douro e Minho, porque , assim como os tẽmpos, assim tãbe as terras crião diversas cõdicões e cõceitos“. (cp.XXXVIII). Análise de compostos (a1a fase) (próprias/mudadas x primeiras/tiradas) •A primeira fase: •Oliveira considera relevante a Existencia dos componentes como palavras autónomas – •1.exemplo : verbo CONTRAFAZER(palavra composta) •Contra e Fazer sao dois componentes que podem ocorrer isoladamente. •2.exemplo: verbo FAZER •FAZ – ER nao sao componentes independentes = dicao apartada(uma palavra simples) • A 2a fase: Análise de um composto •Na segunda fase, Oliveira rejeita o critério de independencia porque este nao é aplicável para todos os casos. A possibilidade de análise de um composto nao implica sempre a necessidade da autonomia dos componentes: na definicao dos compostos; fala de elementos que podem ter um significado autónomo, e de vocábulos que se ajuntam. Por exemplo: refazer, desfazer: re-, de- nao ocorrem isolados mas ocorrem só nos compostos - Análise dos compostos a 3a fase •Na terceira fase, Oliveira alcanca um critério final de analisibilidade segmental da significacao lexical; isto é: a possibilidade de se atribuir significacao lexical aos segmentos de uma forma, que podem por isso ser considerdos como componentes de significacao lexical da forma inteira. •A-conselhar/a-correr/ en-carregar/es-guardar sao compostos •Apanhar, ensinar, esperar – sao simples •Coseriu reconhece que Oliveira é um mau etimologista, dizendo que tem ideias irrisórias sobre a origem de palavras: •Homem – é o „meio“ •Molher – é „molle“ •Velho – é „viu muito“ •Tempo – porque tempera as coisa •Passaro – porque passa voando Morfossintaxe •Só há referencias muito breves a morfossinatxe trata muito superficialmente do nome e do verbo •Esboco material da gramática: •O artigo do portugues é considerado como uma parte autónoma do dicurso. •Os casos – sao mantidos apenas reduzidos a quatro – •nominativo, genitivo, dativo, acusativo. designados com novos nomes: •Prepositivo, possessivo, dativo, pospositivo •As marcas dos casos como funcoes oracionais sao os artigos: o, do, ao, o.(do e ao sao marcs de casos mas tambem combinacoes preposicionais. Morfossintaxe: género •Tres tipos: masculino / femenino / indeterminado (p.ex.isto) / e comum (p.ex.maior, menor). •Nao existe o neutro • Declinacao •Os nomes tem declinacao: para Oliveira, declinacao e a flexao e a derivacao. Da exemplos de declinacao voluntária e de anomalias, da regularidade e da irregularidade: por exemplo: diferentes sao as formas de caso para caso: de sarno – sarnosos (nao sarnento); de sarapulhas – sarapulhento (nao sarapulhosos), de pó – empoado /nao poento), de uma mulher diz-.se pescaresa (nao pescadeira). •Oliveira confronta as regras e as realizacoes; a língua é para ele, sobretudo, um sistema de regularidades; as regras sao naturais, no sentido de que elas correspondem a natureza da língua. •A derivacao é para Oliveira menos aritrária do que se poderia supoer, pois, deve ser conforme a melodia da língua. Vários casos de derivacao seguem determinadas regras ou leis de formacao e pertencem,por isso oa declinacao nnatural (por exemplo: a formacao dos diminutivos em –inho e dos aumentativo sem –az o –ao, e os nomes agentis em –dor. Nestes casos seria possível admitir modelos gerais. •Os contraexemplos sao por exemplo: sapateiro-sapataria; telheiro – telheira. •A inexistencia de certas regras regulares ganha um novo sentido ela pode ser casual e pode corresponder a lacunas na realizacao do sistema. . • Morfossintaxe: •Só se pode falar de declinacao de nome mas nao sempre é determinável. Declinacoes de número há quatro: formacao doplural com –s, -es, mudanca da letras (al – ais), mudanca de uma sílaba (ao- oes). •Os nomes em –ao apresentam tres diferentes formas de plural: •1. ao – aos (grao-graos - granos) •2. ao – oes (melao –meloes - melones) •3. ao – aes (cao –caes - canes). •Verbo: •Oliveira regista só uma voz e tres conjugacoes - falar, fazer, ouvir • •Para Oliveira, a linguagem, sendo característica das „almas racionais“ é um fenómeno espiritual; na sua realizacao ela é, entretanto, determinada biologicamente pelas leis do carpo – daí o interesse pela fisiologia dos sons e por hábitos de realizacao como ritmo de fala. •A linguagem em geral, ou melhor, a faculdade linguística – faculdade de falar e de entender – é considerada por Oliveira como um dom de Deus, isto é, como dada por natureza.Uma língua é obra humana: •„Os homens fazem a língua e nao a língua os homens, e por isso, a sua configuracao depende do desenvovlimente cultural destes. • • • • • Fernao de Oliveira - resumo • •Segundo Oliveira, a gramática é, na sua essencia, descritiva, nao normativa; o seu objectivo é registar o costume e nao imporlhe regras. COmo tea, ela nao implica nenhuma restricao a liberdade do falantes mas também nao pode ensinar nada novo aqueles que já dominam a língua. •A lígnua é dos que falam melhor – daqueles que se distinguem pela cultura e pela experiencia de vidad e que tem conscience da tradicao. •„a primeira e principal virtude dalíngua é ser clara e que a possao todos entender, e pera ser bem entendida ha de ser a mais acostumadaantre os milhores della, e os milhores da lingua sao os que mais lerao e virao e viverao continoando mais antre primores, sisudos e assentados e nao amigos de muita mudanca“(pag.38) Fernao de Oliveira - resumo •A mudanca linguística nao é considerada por Oliveira como corrupcao (como o era por muitos teóricas do Renascimento). Oliveira ve a lingua como algo natural, intrínseco a sua essencia, a língua muda como tudo o uqe é humano: •“muy poucas sao as cousas que durao por todas ou muitas idades em hu estado, quanto mais as falas que sempre se conformao co os conceitos ou entenders, juyzos e tratos dos homes, e esses homen entendem, julgam e tratao por diversas vias e muytas, as vezes segundo quer a necessidade e as vezes segundo pedem inclinacoes naturaes. F. De Oliveira - resumo •Oliveira – nao ´faz um estudo apenas diacrónico mas tambem sincrónico – e nao so se referE a lingua mas acentua também, expressamente, a diversidade social do falante e da língua e menciona a existencia de „línguas especiais“. •„Cada hữ fala como quẽ é. “ •Os homẽs falão do que fazẽ, e por tanto os aldeãos não sabẽ as falas da corte e os çapateiros não são entendidos na arte de marear nẽ os lavradores d ´Antre Douro e Minho entendem as nova vozes que est´ano vierão de Tunez com suas gorras (Cp XXXII) Eugeniu Coseriu •Oliveira merece um lugar de considerável destaque na história da linguística romanica e na da linguística em geral. Ele é, depois de Nebrija, um dos gramáticos mais originais, em certo sentido o mais original, e o mais importante foneticista da Renascenca na ROmanias. As suas ideias na lexicologia e naquilo que hoje se chama sociolinguística sao notáveis e a sua contribuicao para o tratamento funcional das línguas na linguística descritiva é a de um grande percursos.