O contraste entre (21a, b) e (22) deve-se ao facto de o processo derivational em questäo apenas ter como domínio de aplicacäo verbos que seleccionam um argumente externo. Verbos de zero lugares V Denominados, na tradi?äo gramatical luso-brasileira, impessoais, säo verbos como os exemplificados em (23) (19), que näo seleccionam qualquer argumento: (23) (a) Choveu torrencialmente. (b) Neva há uma semana. Esta subclasse de verbos determina o esquema relational apresentado em (24): (24) V 10.2.2. Verbos_copulativos Os verbos copulativos (tambem denominados predicativos, de copula ou de liga?äo, a que a tradicäo gramatical luso-brasileira chamava de significa?äo in-definida) (20) säo verbos que apenas seleccionam semanticamente um argumento interno — uma ora?äo pequena, cujo nücleo pode ser adjectival (cf. (25a)), nominal (cf. (25b)), preposicional (cf. (25c)) ou adverbial (cf. (25d)): (25) (a) 0 bebe estd [contentel„AD] (b) A Maria e [astrofisical3N (c) Os meus amigos estäo (com pena de se ir embora]SPREp (d) 0 musta fica Iperto da estacäo]SADV (") Pertencem a esta subclasse os verbos meteorológicos e perífrases meteorológicas do tipo estar calor, estarfrio, ser dia, ser noite. O verbo existencial haver constitui um caso exceptional translinguisticamente, urna vez que é um dos poucos contra-exemplos ä chamada Ge-neralizacäo de Burzio: selecciona um argumento interno objecto directo, marcado com Caso acusativo (e.g, Näo acredito em bruxas, mas lá que as há, há), sem seleccionar um argumento externo. Ou seja, nem é um verbo de zero lugares nem um verbo inacusativo. (m) Veja-se a seguinte lista exemplificativa de verbos copulativos: andar, continuar, es-i.ii. //< ,n, imrirer, permanecer, revelar-se, ser, tornar-se. Superficialmente, o sujeito da oracäo pequena ocorre com a relacäo gramatical de sujeito da frase copulativa e o núcleo da oracäo pequena tem a relacäo gramatical de predicativo de sujeito (ver 13.4): (26) (a) [Obebé]su estd [contente]pRED su (b) [A Maria]su é [astrofísica]pRED su (c) [Os meus amigos]su estäo [com pena de se ir embora] (d) [O museu] fica [perto da estacäo]PRFn PRED SU Assim, os verbos copulativos determinam o esquema relacional apresenta-do em (27): (27) SU Vcop PREDSU 10.2.3. Verbos auxiliares As oracöes em que ocorrem verbos auxiliares apresentam sequéncias vcr-bais formadas pelo menos por dois verbos: o verbo auxiliar e o verbo auxilin do. Uma vez que o portugués é uma lingua núcleo-inicial, o verbo auxiliar precede o verbo auxiliado com que se combina: (28) (a) O miúdo temfeito os trabalhos de casa todos os dias. (b) A víúma. Joi encontrada num parque de estacionamento. (c) O actor tinka estado em Nova Iorque na semana anterior. Devido ao facto de näo possuírem significado lexical, os verbos auxiliares näo tem propriedades de selecc,äo semäntica. Assim, o SN que ocorre com n relacäo gramatical de sujeito em frases com verbos auxiliares faz parte do com-plexo predicativo organizado em torno do verbo auxiliado. Como as frases (29) mostram, SNs com diferentes papéis temáticos podem ocorrer como sujeito do frases com verbos auxiliares; como o contraste entre (29) e (30) mostra, tuis SN» säo seleccionados semanticamente pelo verbo auxiliado: (29) (a) [O miúdo]AG tem feito os trabalhos de casa todos os dias. (cf. [O miúdo]AGfez os trabalhos de casa todos os dias) (b) [O miúdo] tinha caído da árvore. (c) (cf. [O miúdo]TEMA caiu da árvore) [O miúdo]EXp tem gostado da escola. (cf. [O miúdo]EXp gosta da escola) ■MY.'