(72) (a) *Um bom medico e considerado o Joao pelo Pedro. (vs. 0 Pedro considera o Joao um bom medico.) *Um excelente vinho e considerado o Cartuxa pelos bons apreciadores. (vs. Os bons apreciadores consideram o Cartuxa um bom vinho.) (73) (a) *0 Joao acha-a a Maria, (vs. O Joao acha a Maria uma pessima investigadora.) *Simpaticos, os teus amigos sao-nos. (vs. Simpaticos, os teus amigos sao-no.) (b) (b) Nas construcöes com verbos leves descritas acima, o predicado complexo e constituido por um verbo leve e por um argumenta nominal. Existem igualmente construcöes com verbos leves em que o predicado complexo e formado por um verbo leve que se combina com um predicado secundärio, como exemplificado cm (74) e (75), com predicados complexos resultativos: (74) (a) (b) (75) (a) (b) Esta administracäo/ez a empresa rentável. A Maria pôs o Pedro doente. As núúdas fizeram o mealheiro em cacos. '/ poUuAml tu> A qualidade do espectáculo pôs o publico em ebulicäo. ^ ^ff Como se pode observar, a sintaxe e a semäntica dos verbos leves fazer e pôr č distinta da dos verbos principals correspondentes. Assim, a componente de significado factitiva do verbo principal fazer (responsável por o seu argumento intcrno passar a existir como consequéncia da mudanca de estado, como em fazer Utn bolo, fazer um desenho) näo está presente no verbo leve correspondente; quanta a pôr, a componente de significado locativa do verbo principal está au-nciiIc do verbo leve, reduzindo-se o seu significado a transicäo causativa. O predicado secundário que se combina com o verbo leve para formar o pit iIic.kIo complexo pode ser de natureza adjectival, como acontece em (74), mi prepositional, como ilustrado em (75). Verbo leve e predicado secundário pot Inn ocorrer contiguos, como acontece nas construcôes definidas por verbos 11 .u i •. i I i vos-predicativos: (76) (a) Esta administracäo/ez rentável a empresa. (b) A Maria pôs doente o Pedro. (//) (ii) As miildasfizeram em cacos o mealheiro. (h) A qualidade do espectáculo pôs em ebulicäo o publico. Verbos Semiauxiliares Os verbos semiauxiliares säo verbos esvaziados de significado lexical, sem grelha argumental, que respondem afirmativamente a alguns mas näo a todos os critérios de auxiliaridade (os quais, recorde-se, säo: impossibilidade de com-pletiva finita, um só advérbio de tempo de cada tipo, uma só negacäo frásica (precedendo o auxiliar), atraccäo obrigatória do clítico pelo verbo auxiliar). Os semiauxiliares mais próximos dos auxiliares "puros" säo o verbo temporal ir seguido de infinitivo e os verbos aspectuais que, navariante padräo do portugues europeu, se constroem com a preposicäo^rp uma forma infinitiva do verbo auxiliado (o chamado infinitivo gerundivo) (34); estes verbos respondem afirmativamente aos trés primeiros critérios de auxiliaridade acima enunciados, mas näo atraem obrigatoriamente o pronome clítico, como se pode observar nos exemplos (79): (78) (a) O professor vaj corrigir os testes hoje. (b) Os miúdos estäo a contar uma história aos pais. (79) (a) O professor vai corrigi-Zos hoje. (b) Os miúdos estäo a contar-//ie uma história. Verbos aspectuais que, na variedade padräo do portugues europeu, se constroem com de + V respondem afirmativamente aos trés primeiros critérios de auxiliaridade mas exigem que o pronome clítico ocorra adjacente ao verbo au-xiliado — veja-se o contraste entre (80) e (81): (80) (a) O Joäo acabou de me telefonar. (b) A Maria deixou de nos convidar. (81) (a) *Q Joäo acabou-me de telefonar. (b) *A Maria deixou-nos de convidar. A impossibilidade de subida do clítico para o verbo auxiliar sugere que a forma de tem, nestas construcôes, um estatuto hibrido entre preposicäo e com-plementador (ver capítulo 15). (34) Os semiauxiliares aspectuais que se constroem igualmente com a + V[NF chegar, come-gar, continuar e tornar aceitam a negacäo frásica precedendo o verbo auxiliado. Os semiauxiliares estar por + V[NF e ficar por + V[NF respondem aos trés primeiros critérios de auxiliaridade mas exigem que o clítico ocorra adjacente ao verbo auxiliado (veja-se o contraste entre O pacote fi-cou por Ihes ser enviado e *0 pacote ficou-lhes por ser enviado). Sobre este assunto, ver Gon-calves (1996). Sobre estas e outras construföes de infinitivo gerundivo, ver capítulo 15. 315