Franca retalia com bombardeamentos ao Estado Islamico na Siria CLARA BARATA 15/11/2015- 14:04 (actualizado as 21:37) As escolhas de Hollande apos os atentados de Paris assemelham-se as dos EUA apos o 11 de Setembro Dez cacas franceses lancaram esta noite 20 bombas sobre Raqqa, no Norte da Siria, que o Estado Islamico tornou na sua capital, anunciou o Ministerio da Defesa de Paris, no que esta a ser visto como uma resposta aos atentados de sexta-feira na capital francesa, que o Presidente Francois Hollande tinha classificado como "urn acto de guerra, cometido por urn exercito terrorista." Durante o dia, o Presidente recebeu os lideres dos partidos politicos representados no Parlamento, em busca de uma uniäo nacionál, tentando reproduzir o clima em Franca após os atentados de Janeiro contra o semanário satírico Charlie Hebdo e urn supermercado judaico, que fizeram 17 mortos. Desde sexta-feira ä noite que o Presidente apela ä "unidade indispensável" para defender "a pátria e os valores da humanidade". Este domingo, o primeiro-ministro, Manuel Vails, exortou os partidos a formarem "a uniäo sagrada", antes da sessäo conjunta das duas cämaras que se realizará em Versalhes na segunda-feira. É muito raro que o Senado e a Assembleia Nacionál se reúnam ao mesmo tempo - a convocatória excepcional justifica-se, afirmou Hollande, devido ä necessidade de "unidade" da nacäo face ao desafio do terrorismo. Mas Nicolas Sarkozy, o líder do partido de centro-direita Os Republicanos, em vez de consensos, exigiu "alteracöes drásticas" na política de seguranca - indiciando que Hollande näo conseguiria a desejada uniäo. "Disse ao Presidente que me parecia que deviamos construir respostas adequadas, o que quer dizer fazer uma inflexäo da nossa política externa, das decisöes no piano europeu e efectuar modificacöes drásticas na nossa política de seguranca", declarou o ex- Presidente, batido nas eleicöes de 2012 por Hollande. Apesar de bombardeamentos continuados, inicialmente no Iraque e depois de Setembro na Siria, a coligacäo internacional näo está a conseguir enfraquecer o grupo jihadista Estado Islamico. Por isso a oposicäo francesa está a reclamar uma accäo mais ampla. Alguns, como Sarkozy, dizem que o Ocidente se devia coordenar com a Russia e até com o Presidente sírio, Bashar al-Assad - contra o qual os sírios se levantaram inicialmente, dando origem a guerra civil. "Temos de tirar as consequéncias da situacäo na Siria. Precisamos de toda a gente para acabar com o Daesh [a sigla em árabe do Estado Islamico], incluindo os russos. Näo pode haver duas coligacöes internacionais na guerra da Síria", declarou Sarkozy. O que é o Estado Islámico? A tentacáo agora será a de seguir uma política mais dura - os bombardeamentos desta noite seräo prova disso. O caminho de Franca inicia agora poderá levá-la para o mesmo percurso que os Estados Unidos comecaram a percorrer após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com um difícil equilíbrio entre as liberdades cívicas, uma sociedade aberta e a seguranca, sublinha o New York Times. "Hollande está a ser empurrado para endurecer a sua retórica", sublinha a editorialista Francoise Fressoz no Le Monde. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, solicitou a realizacäo de conselho dos ministros do Interior da Uniäo Europeia extraordinário na próxima sexta-feira, 20 de Novembro. Hollande manifestou ainda a intencäo aos lideres dos grupos parlamentares, que recebeu este domingo, de prolongar o estado de emergéncia no pais durante trés meses, pelo menos, diz a AFP. Para alem dos 12 dias, precisa da autorizacäo de uma lei votada pelo Parlamento. "A repeticäo dos acontecimentos pode provocar uma reflexäo sobre as escolhas do Governo e do Presidente. De uma parte sobre a eficácia das medidas de prevencäo, sobre o aspecto securitário, mas também sobre o aspecto diplomático", dizia ä AFP o politólogo Jérome Sainte-Marie. Por outro lado, é a primeira vez que uma alta figura do Estado europeu é ameacada directamente num atentado jihadista - Hollande estava no Estádio de Franca a assistir ao jogo amigável entre as seleccöes francesa e alemä, no qual os terroristas tentaram entrar. Houve uma linha vermelha que foi atravessada, que obrigará as autoridades de Paris a agir de forma diferente