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Terceiro terremoto em 90 dias espalha medo e destruição em Itália

30 DE OUTUBRO DE 2016  23:46

Abel Coelho de Morais

Não houve vítimas mortais mas sismo deixou 28 mil pessoas sem casa. Renzi afirma que "tudo será
reconstruído"

Foi o terremoto mais violento verificado em Itália desde 1980 e o terceiro na mesma região
atingida, a 24 de agosto passado, por um devastador sismo que provocou cerca de 300 mortos e
arrasou povoações inteiras.

Com epicentro na localidade de Norcia, na região de Úmbria (Centro do país), o terremoto ocorreu às
07.40 (06.40 em Portugal continental e Madeira), com magnitude 6.5 e a uma profundidade de dez
quilómetros, fazendo tremer a terra durante dois minutos. Ainda mais potente do que aquele que
destruiu Amatrice e Accumoli em agosto, com 6.1 de magnitude, o de ontem não causou vítimas
mortais. Apenas duas dezenas de feridos, mas, por outro lado, um elevado número de desalojados: 28
mil pessoas residentes nas cerca de cem cidades, vilas e aldeias onde o sismo se sentiu com maior
intensidade.

As grandes vítimas foram os edifícios, quer de habitação quer de empresas ou comércio, e,
principalmente, o património arquitetónico da região. Só em Norcia duas igrejas de relevo
histórico, as basílicas de São Bento e de Santa Maria Argentea, concatedral da arquidiocese de
Spoleto-Norcia, ficaram praticamente destruídas. Ambas as igrejas foram, no passado, severamente
danificadas por sismos, tendo o atual edifício de Santa Maria Argentea sido erguido no século
XVIII.

As réplicas prosseguiram ao longo do dia, tendo-se registado mais de 200, assim como outros 15
tremores de terra, de menor magnitude do que o sismo inicial. Fenómenos que estavam a causar
ansiedade e medo em populações que nos últimos meses se viram confrontadas com a ocorrência de
vários tremores de terra. Além do de 24 de agosto, no passado dia 26 a mesma região foi sacudida
por dois sismos, respetivamente de magnitude 5.4, cerca das 10.30, e 6.1, às 18.00; então, como
ontem, foram sentidos a 200 quilómetros de distância.

"Esta era a nossa casa"

"Vi tudo a desmoronar-se à minha volta, nuvens de fumo, poeira. Um desastre total", declarava à RAI
o presidente da Junta de Ussita, pequena localidade de 500 habitantes, já duramente atingida no
passado dia 26. Desde então, disse à televisão pública italiana, tem "dormido no automóvel".

O sismo de ontem em Norcia, cidade onde existem vários mosteiros e conventos, sucedeu num momento
em que os religiosos e religiosas já se encontravam a pé, tendo alguns de abandonar a clausura,
como sucedeu com as clarissas do mosteiro de Santa Maria della Pace, que ficou bastante danificado.
As seis irmãs clarissas foram deslocadas para Trevi, tendo uma delas, a irmã Maria Chiara Vittorie,
de 73 anos, dito à Reuters: "Fico muito triste por ter de abandonar o nosso claustro. Esta era a
nossa casa e a nossa vida."