(DES)COLONIZAÇÃO IMAGEM DO IMPÉRIO ¡Portugal define-se como: ¡centro de um império colonial ¡periferia da Europa ¡ ¡Boaventura Sousa Santos: semiperiferia ¡construção de imagens do centro (imperiais, grandeza pátria) ¡imagens de periferia (decadência em relação a Europa) CRIAÇÃO DO IMPÉRIO PORTUGUÊS ¡Gomes Eanes de Zurara: Crónica da Tomada de Ceuta (1450), Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné (1453) ¡ João de Barros: Décadas (1552, 1553, 1563, 1615) ¡Fernão Lopes de Castanheda: História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses (1551 – 1561, 7 vol.) ¡Diogo de Couto: Décadas (1778 – 88) ¡Fernão Mendes Pinto: Peregrinação (1614) ¡Luís de Camões: Os Lusíadas (1572) ¡Jerónimo Corte-Real: Naufrágio e lastimoso sucesso de perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda (1594): expressão da tragédia nacional ¡História Trágico-Marítima (1552 – 1602) ¡ LUÍS DE CAMÕES: OS LUSÍADAS ¡Portugal: o centro do mundo cristão (ideia retomada por Vieira e Pessoa) ¡cabeça da Europa (Os Lusíadas como a “primeira epopeia europeia” segundo E. Lourenço): “Mas sou da forte Europa belicosa” (I, 64-66) ¡a descoberta leva à autodescoberta (Velho do Restelo, Adamastor) ¡inserido o olhar do Outro (para os muçulmanos, os cristão são sanginolentos, I, 78-79) JERÓNIMO CORTE-REAL ¡O segundo cerco de Dio (1574) – antevê a glória, celebração da fé ¡Naufrágio e lastimoso sucesso da perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda (1594) – expressão da tragédia nacional, continuação em Fernão Lopes de Castanheda, Diogo de Couto, Fernão Mendes Pinto ¡“naufrágio”: metonímia da tragédia nacional na literatura portuguesa (em especial nas obras sobre a guerra colonial: J. de Melo, Lobo Antunes, M. Alegre etc.) FERNÃO ÁLVARES DO ORIENTE ¡o autor acompanhou D. Sebastião na jornada de Alcácer-Quibir – prisioneiro em Marrocos ¡implicação autobiográfica da obra: estabelece a relação entre a identidade pessoal e nacional ¡Lusitânia transformada (1607): novela em prosa e verso, peregrinação por terras do império português, fala-se sobre a “transformação” da Lusitânia (decadência e corrupção moral) ¡ IDEIA DA DECADÊNCIA ¡séc. XVII: ataques dos Holandeses ¡1822: perda do Brasil ¡1890: Ultimatum Inglês SÉCULO XIX ¡depois da perda do Brasil: importância da África, – renascimento de Portugal através da África (política oficial) ¡Gomes de Oliveira: ¡“Estes factos evidentemente demonstram quanta cobiça lhe metem ainda esses restos da nossa passada grandeza, com os quais, debaixo de um sólido, e constante bom sistema de Governo, ainda poderemos vir a ser uma Nação opulenta, ao mesmo passo que sem elas ficaríamos reduzidos, nesta nesga da Europa, a uma das mais insignificantes potências de terceira ordem.” ¡outro rumo de reflexão: Garrett – Viagens na Minha Terra GERAÇÃO DE 70 ¡A. de Quental (Causas da decadência dos povos peninsulares) ¡ ¡Oliveira Martins: História de Portugal (Portugal é chamado “o enfermo do Ocidente” que morreu em 1580 em Alcácer-Quibir, Portugal é uma nação “decrépita e louca”) ¡ ¡ EÇA DE QUEIRÓS ¡Cartas da Inglaterra: “O Brasil e Portugal” ¡o império português – um dos mais feios monumentos de ignomínia de todas as idades ¡uma alternativa: venda das colónias para evitar a humilhação das colónias portuguesas pelas potências europeias e para salvar a metrópole arruinada ¡após o Ultimato: África aparece como um lugar de sonho, em oposição à decadência do país, um espaço de regeneração do país (A Ilustre Casa de Ramires) ¡também Oliveira Martins reformula as suas ideias sobre o império (África como salvação) ¡ FERNANDO PESSOA ¡Ultimatum ¡Mensagem (1934) ¡mais importante do que Portugal ter sido ou ter tido o império, é tê-lo sonhado (interiorizando o espírito de aventura) ¡ PESSOA: ULTIMATUM (EXTRATO, 1917) ¡Eu, da Raça dos Navegadores, afirmo que não pode durar! ¡Eu, da Raça dos Descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um Novo Mundo! ¡Quem há na Europa que ao menos suspeite de que lado fica o Novo Mundo agora a descobrir? Quem sabe estar em um Sagres qualquer? ¡Eu, ao menos, sou uma grande Ânsia, do tamanho exacto do Possível! ¡... ¡Eu, ao menos, sou bastante para indicar o Caminho! ESTADO NOVO: IMAGEM DO IMPÉRIO ¡Salazar apelava para: tradição, história, império, valores morais católicos, ordem, unidade nacional ¡política de fechamento em relação ao estrangeiro ¡mitificação da nação através da evocação da grandeza da pátria que era preciso recuperar ¡ideologia imperial: baseada na ideia da Cruzada e missão cristã ¡ LITERATURA COLONIAL ¡Henrique Galvão: O Vélo d´Oiro (1933) ¡configuração da identidade portuguesa (rural, tradicional e imperial) transportada para uma África exótica ¡o narrador tem uma perspetiva colonial ¡na intriga só participam personagens de origem europeia ¡o protagonista: evolução do herói para um exemplo do colono do Estado Novo ¡ OUTROS TIPOS DE LITERATURA ¡Castro Soromenho: mostra outra África, desconhecida do mundo europeu, anterior ou paralela presença dos portugueses ¡Terra Morta (1949): os postos de administração portuguesa – símbolo do poder colonial, subjugação dos nativos ¡José-Augusto França: Natureza Morta (1949) – desmistificação da ideia da África de heróis épicos, de sonho de fortuna e do exotismo, reflete a ambiguidade da ideologia colonial, aponta para agressividade do espaço, asfixia e alienação ¡ ANOS 50: LUSOTROPICALISMO ¡Gilberto Freyre ¡ideia da mestiçagem e universalidade (mito que não correspondia à realidade) ¡ LITERATURA LIGADA À GUERRA COLONIAL: ANTES DO 25 DE ABRIL ¡1) discurso ideológico (p. ex. Reis Ventura: O Sangue no Capim, 1963, ideia da cruzada contra o comunismo) ¡ ¡2) discurso subversivo (Manuel Alegre: Praça da Canção, 1965, O Canto e as Armas, 1967, Jorge de Sena: “L´Eté au Portugal” in Exorcismos, 1972) ¡ LITERATURA LIGADA À GUERRA COLONIAL: DEPOIS DO 25 DE ABRIL ¡A. Lobo Antunes : Os Cus de Judas (1979), O Conhecimento do Inferno (1980), Fado Alexandrino (1983) ¡Manuel Alegre: Jornada de África (1989) ¡Lídia Jorge: A Costa dos Murmúrios (1988) ¡João de Melo: Autópsia de um Mar de Ruínas (1984) ¡