INDICE 1 ORIGEM DE PORTUGAL PÄG. A Peni'nsula Iberica ..................................... 8 A Lusitänia — berco de Portugal .................. 9 Povos que dominaram a Peninsula IbeVica • Os Iberos .............................................. 10 • Os Celtas.............................................. 10 • Os Feni'cios, Gregos e Cartagineses .......... 11 • Os Lusitanos .......................................... 12 • Os Romanos .......................................... 13 PÄG. Romanizacäo da Peninsula Iberica................ 16 Os Bärbaros.............................................. 18 • Os Suevos............................................. 18 • Os Visigodos ......................................... 18 Os Ärabes ................................................. 19 A Reconquista Crista .................................. 22 0 Condado Portucalense............................. 23 Formacäo de Portugal ................................. 24 CRONOLOGIA ............................................ 27 2 FUNDAgÄO DO REINO DE PORTUGAL l.a DINASTIA — Afonsina ou de Borgonha D. Afonso Henriques .................................. 30 Portugal no söculo XII ................................ 35 D. Sancho I ............................................... 37 D. Afonso II .............................................. 38 D. Sancho II .............................................. 39 D. Afonso III .............................................. 40 D. Dinis .................................................... 41 D. Afonso IV............................................. 44 D. Pedro I ................................................. 45 D. Fernando .............................................. 46 0 Interregno - 1383/1385 ......................... 48 CRONOLOGIA ............................................ 51 3 OS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES 2.a DINASTIA — Joanina ou de Avis D. Joäo I.............................. Expansäo maritima (seculo XV) D. Duarte.............................. D. Afonso V.......................... D. Joäo II .............................. D. Manuel I........................... D. Joäo III............................. 56 59 62 64 66 69 75 Portugal no seculo XVI Cultura portuguesa...... D. Sebastiäo ............... D. Henrique................ D. Antonio ................. CRONOLOGIA............. 80 81 86 87 88 89 4 4 DECADENCIA POLITTCA E ECONOMICA 3.a DINASTIA — Castelhana ou Filipina D. Filipe I . D. Filipe II PAG. 94 95 D. Filipe III ... CRONOLOGIA PAG. 96 97 5 RENASCER DE PORTUGAL 4.a DINASTIA — Brigantina ou de Bragan^a Restaurapao e reorganizacao interna............. 100 D. Joao IV................................................ 101 D. Afonso VI ............................................. 102 D. Pedro II................................................ 103 Portugal no seculo XVII .............................. 104 D. Joao V................................................. 105 D. Jos6 I ................................................... 107 D. Maria I ................................................. 109 Portugal no seculo XVIII ............................. 110 As Invasoes Francesas............................... 111 D. Joao VI ................................................ 113 D. Pedro IV ............................................... 115 D. Miguel.................................................. 116 D. Maria II ................................................. 117 D. Pedro V................................................ 118 D. Luis I .................................................... 119 D. Carlos I ................................................ 121 D. Manuel II .............................................. 122 Cultura portuguesa..................................... 123 CRONOLOGIA............................................ 125 6 A REPUBLICA 1. " Republica Estado Novo . 2. " Republica 130 132 134 Portugal na Comunidade Europeia CRONOLOGIA............................ Sfmbolos da Patria..................... 137 138 140 ORIGEM DE PORTUGAL w >ŕ« r^./^.'.j:.cV.: mín A PENÍNSULA IBÉRICA MAR CANTÁBRICO Estreito de Gibraltar Mapa da Peninsula Ibérica, destacando-se a Lusitänia. A Peninsula Iberica, situada a sudoeste do con-tinente europeu, entre o mar Cantabrico, o oceano Atlantico e o mar Mediterraneo, fica ligada ao Con-tinente pela estreita faixa dos Pireneus. Houve povos de varias origens que habitaram a Peninsula Iberica. 0 seu territorio tinha uma exce-lente situacao geografica. Era a porta de comuni-cacao da Europa com a Africa. A Peninsula Iberica era banhada por numerosos rios e o solo era produtivo. O subsolo era rico em minérios: ouro, prata, estanho, chumbo e cobre. O clima era ameno. É na história da Peninsula Ibérica que mergu-Iham as raizes de Portugal que deram origem a uma frondosa árvore que estendeu os seus ramos pelas várias partes do Mundo. A Peninsula Ibérica é formada, actualmente, por duas nacôes independentes: Portugal e Espanha. 8 A LUSITÄNIA - BERgO DE PORTUGAL Eis aqui, quase eume da cabega De Europa toda, o Reino Lusitano, Onde a terra se acaba e o mar comeca E onde Febo repousa no Oceano. Esta é a ditosa Pátria, minha amada. CAMÖES, Os Lusíadas Peca de cerámica. Anta ou dólmen. Desenhos de animais nag cavernas. Segundo Estrabäo, a Lusitänia era «a mais poderosa das nacöes ibericas». Ocupava a regiäo ocidental da Peninsula Iberica. Estendia-se, primei-ramente, entre o rio Tejo e o mar Cantäbrico. Depois, com a conquista da Peninsula pelos Romanos, os limites da Lusitänia ficaram compreendidos entre os rios Douro e Guadiana. Desde os primeiros tempos da Idade da Pedra que a Lusitänia foi povoada por homens que habi-tavam as cavernas, alimentavam-se da caca, da pesca e de frutos silvestres. Cobriam o corpo com folhas de ärvores e peles de animais. Näo conheciam o fogo. Usavam instrumentos de pedra lascada. No vale do Tejo habitavam tribos de cacadores e Pescadores. Ja conheciam o fogo, como provam os «restos de cozinha» de Muge, formados por cas-cas de mariscos, ossos de animais, cinzas e peda-cos de carväo. Mais tarde, o hörnern conströi toscas habita-cöes, pratica a agricultura e domestica os animais. Presta culto aos mortos, erguendo monumentos funerärios formados por grandes pedras dispostas mais ou menos ao alto, com uma enorme laje a ser-vir de tampa. Säo as antas ou dölmenes. Aparecem tambem instrumentos de pedra poiida. 9 POVOS QUE DOMINARAM A PENINSULA IBÉRICA OS IBEROS Os primeiros povos que chegaram ä Peninsula Ibérica julga-se que foram os LÍGURES. Vieram por terra e ocuparam principalmente as zonas monta-nhosas do Norte. Pouco se sabe sobre eles. No século XI a.C, já os IBEROS habitavam a Peninsula, a que deram o nome. Há quern defenda que os Iberos teriam vindo do Norte de Africa. Outros afirmam que eles säo naturais da regiäo do rio Ebro. Os Iberos viviam em povoados, no cimo dos montes, em casas de forma rectangular. Dedi-cavam-se ä pastorícia e á agricultura. Já usavam o arado no cultivo das terras e utilizavam o carro de rodas nos transportes. Exploravam os minérios e fabricavam, para uso na guerra, sabres encurvados conhecidos por falcatas. Distinguiram-se no fabrico de estátuas, na ouri-vesaria e na cerämica pintada, em cujo fabrico empregavam a roda de oleiro. Encontram-se vestígios da cultura ibérica em toda a Andalúzia e no Algarve. A sua religiäo era politeísta. Adoravam vários deuses que, em geral, simbolizavam as forcas da Natureza. Estavam organizados em pequenos estados. Já utilizavam a escrita. Inscri^äo dos Iberos. Vaso fabricado pelos Iberos. OS CELTAS Vindos do Centro da Europa, os CELTAS inva-dem a Peninsula Ibérica por volta do século VI a.C. e ocupam a zona noroeste. Exercem grande influéncia sobre as populacöes locais, acabando por se caldear com elas. Mistura-dos com os Iberos deram origem aos Celtiberos. Constroem os Castros, que eram povoacöes rodeadas de muros de pedra solta situadas no cimo dos montes, para se defenderem do inimigo. As casas circulares, feitas de pedra, eram cobertas de giestas ou de colmo. Os Celtas traziam consigo as ultimas modali-dades da cultura da Idade do Ferro, que difundem entre nós. Aperfeicoam a metalurgia do ferro fabri-cando adornos e armas, em especial punhais e ins-trumentos agricolas, como o arado, a grade e a gadanha. Inventaram o carro com um eixo, girando com as rodas macicas. Cultivavam o trigo para fabricarem o päo, a cevada para fazerem a cerveja e o linho para o ves-tuário. Usavam moinhos manuais para moer o gräo. Criavam cavalos, ovelhas, cabras e porcos. 10 Casa dos Celtas (reconstruida). Tinham o hábito de incinerar os seus mortos. As cinzas eram guardadas em urnas de barro que enterravam juntamente com os objectos do falecido: colares, espadas, punhais, cinturôes, couracas... Arrecadas de ouro, dos Celtas. Os Celtas também eram ourives. Fabricavam jóias de prata e ouro, como braceletes, colares e arrecadas usadas pelas mulheres, conforme achado na citänia de Briteiros. Também herdámos dos Celtas a arte das belas filigranas minhotas. Säo de origem céltica os nomes terminados em dunum — Caladunum (Cala — Montalegre) — e briga - Conímbriga (Coimbra). OS FENÍCIOS GREGOS E CARTAGINESES Vaso grego. Os FENÍCIOS eram um povo de navegadores e comerciantes originário do actual Líbáno e da zona costeira da moderna Šíria. Aportaram ä Peninsula Ibérica por volta do século XII a.C. Deslocaram-se por mar costeando o litoral ocidental. Vinham ä procura de metais, como a prata, o cobre e o estanho. A abundäncia de peixe das nossas costas inte-ressou os Fenícios na pesca e na saiga de peixe. Traziam produtos, como tecidos, vidros, por-celanas, armas e objectos de adorno, para fazerem as suas trocas comerciais. Fundam feitorias, isto é, uma espécie de postos comerciais, no litoral. Criaram o primeiro alfabeto, constituído por 22 consoantes, e utilizaram o papiro para escreverem. Os Fenícios deixaram vestígios da sua presenca no Algarve, Alcácer do Sal, Aveiro, Póvoa de Varzim, Vila Praia de Áncora... 11 PENINSULA IBÉRICA .FENÍCIA Rotas seguidas pelos: Feníeios Gregos Cartaginesea. Os GREGOS chegaram a Peninsula Iberica por alturas do seculo VII a.C. Concorrentes comerciais dos Fenicios, fundam varias colonias, tais como Sagunto, na costa medi-terranica, e Alcacer do Sal. Os Gregos introduziram a civilizacao helenica no Sul e Leste da Peninsula. Como vestigios da sua presenca deixaram os vasos de Alcacer do Sal, decorados com motivos geometricos, as anforas e as moedas encontradas na serra do Pilar (Porto), entre outros. Os CARTAGINESES descendiam dos Fenicios. Vem para a Peninsula Iberica, por volta do seculo III a.C, em auxilio das colónias fenicias ataca-das pelos indígenas, e disputam aos Gregos a hegemónia comercial. Dedicam-se ao comércio de metais e ä saiga de peixe. Atribui-se-lhes a fundacäo de Portimäo e outras colónias de Pescadores na costa algarvia. OS LUSITANOS Este povo resultou da fusäo de diversas racas e culturas, nomeadamente os Celtas e os Iberos. Corajosos e indomáveis, fortes e ágeis, os Lusi-tanos eram moderados na comida e na bebida, modestos no vestuário e ciosos da sua inde-pendéncia. Guerreiros destemidos, combatiam a pé ou montados em cavalos. Manejavam com destreza o punhal, a espada curta, a lanca de ferro comprida com ponta de bronze e o dardo. Cobriam a cabeca com um capacete de couro ou metal e protegiam--se com um escudo de couro redondo e côncavo. Usavam polainas de tecido de linho grosso ou de couro, para protegerem as pernas. 12 Viviam em grupos de familias, as tribos, em pequenas casas redondas ou quadrangulares feitas de pedra tosca, com o chäo de terra batida e cobertas de colmo. Construfam-nas no cimo dos montes, para melhor as defenderem dos inimigos. Essas povoacöes fortificadas, protegidas por fortes muralhas — Castros ou citänias —, espa-lhavam-se pelo Norte, como as de Briteiros, Sanfins, Penafiel... Os Lusitanos dedicavam-se ä pastorfcia, ä pesca e ä cultura dos cereais e do linho e ä criacäo de animais domesticos. A lavoura era feita com o arado de pau e relha de ferro. Tambem desenvolveram a metalurgia, o curti-mento de peles, a tecelagem de linho e de lä, e fabri-cavam objectos de barro. Vestiam-se com peles de animais e tecidos grosseiros de lä. Usavam um manto de lä grosseira Äguia imperial de Roma — símbolo das vitórias e glorias. ou de pele de cabra. As mulheres ornamentavam--se com colares, braceletes e arrecadas. A alimentacäo dos Lusitanos era ä base de carne, peixe, leite de cabra, castanhas, päo fabri-cado com farinha de bolotas de carvalho ou castanhas moidas, azeitonas, figos, cerejas... Bebiam água e urna espécie de cerveja que fabricavam a par-tir da cevada. Praticavam o comércio baseado, sobretudo, na troca de produtos. Adoravam vários deuses: o Sol, a Lua, os bos-ques, os montes, os rios... Praticavam o culto dos mortos. OS ROMANOS Os Romanos eram naturais da antiga Roma. Povo muito poderoso e civilizado, com destreza na arte da guerra, tornou-se senhor de um vasto impé-rio. Tinham um enorme desejo de poder e de riquezas. Durante um longo periodo da História, Roma foi o centro do Mundo conhecido, tal era a sua impor-täncia nos aspectos politico, religioso, artístico e lite-rário. No século III a.C, os Romanos invadiram a Peninsula Ibérica para a dominarem e se apodera-rem das suas riquezas. Nesse tempo, a Peninsula era habitada ao norte do rio Douro pelos Celtas; e entre o Douro e o Tejo viviam os Lusitanos. 13 w A conquista näo parecia difícil, pois os Romanos tinham um numeroso exército, bem organizado e armado. Mas depararam com uma grande resis-téncia dos povos que viviam na Peninsula, em especial dos Lusitanos, com quem travaram.duras e Ion-gas lutas. Os Romanos, vendo que näo conseguiam veneer os Lusitanos pelas armas, propöem-lhes a paz. Prometem distribuir-lhes terras mais férteis e ensiná--los a cuitivá-las. Os Lusitanos depöem as armas e descem das montanhas, mas verificam que foram enganados. Os soldados romanos cercam-nos e os Lusitanos, indefesos, säo massacrados traicoeira-mente. Perante a crueldade dos Romanos, os Lusita- nos escolhem para seu chefe Vinato e combatem . . . Soldados romanos. o inimigo. 14 VIRIATO — Era um pastor e cacador dos montes Hermi'nios, actual serra da Estrela. Conhecedor pro-fundo do seu torräo natal, que tanto amava, este pastor-guerreiro organizou os seus homens para a luta de guerrilhas e armou emboscadas aos Romanos, que chegou a veneer em campo aberto. A accäo militar de Viriato estende-se por quase toda a Penfnsula Iberica. Viriato era o terror de Roma. Os generais romanos, para safrem desta situa-cäo vergonhosa, usaram a traicäo. Contrataram tres soldados de Viriato, que o assassinaram enquanto Monumento a Viriato, em Viseu. dormia. Quando os assassinos de Viriato se apre-sentaram ao general romano Cipiäo, para receberem o prémio do horroroso crime, este recusou-se a tal pagamento dizendo-lhes: «Roma näo paga a traido-res que matam o seu chefe». Viriato é o símbolo da independéncia lusitana. Revelou-se um dos maiores chefes militares da Antiguidade. Foi cognominado o «Anibal dos Iberos». SERTÓRIO - Com a morte de Viriato a resistén-cia dos Lusitanos näo terminou. Eies souberam ser dignos herdeiros da sua coragem e amor á terra onde se encontrava a semeňte de Portugal. Convidaram, entäo, Sertório para os comandar na luta contra os Romanos. Sertório era um valo-roso general romano que havia sido afastado de Roma por questöes politicas. Depois de ganhas várias batalhas contra os Romanos, Sertório formou um governo independente, organizado ä maneira de Roma. Estabeleceu em Évora a capital da Lusitänia; fundou as primei-ras escolas, onde se ensinava o latim e o grego; edu-cou os Lusitanos nos usos e costumes romanos, dando um grande impulso ä romanizaeäo da Peninsula. Também Sertório foi assassinado á traicäo por Perpena, quando tomava parte num banquete. Com a morte de Sertório, os Romanos vence-ram o exército lusitano. Finalmente, Júlio César acaba por conseguir a paeificaeäo da Peninsula Ibérica. A Lusitänia passa a ser uma província do Império Romano. 5 ROMANIZAgÄO DA PENINSULA IBÉRICA urante mais de seis séculos de ocupacjo, os Romanos näo se limitaram a explorar economicamente a Peninsula Ibérica. Desenvolveram urna notável acgäo de románi-za?äo, isto é, modificaram as bases da economia, o tipo de povoamento, as técnicas do trabalho, as formas de organiza?ao social, os costumes e a cultura. Tempi© de Diana, em Ěvora. Ao povoado das colinas da epoca castreja suce-dem as vilas rusticas. A telha substitui o colmo, a lousa ou o barro na cobertura das casas. 0 ladrilho passa a cobrir o chäo de terra batida. Com a descida dos Lusitanos dos Castros para os vales, a pastori'cia perde importäncia a favor da agricultura. Cultiva-se o trigo, a vinha, a oliveira, as ärvores de fruto. Surge a mo do moinho para esma-gar os cereais e moer a azeitona. Rasgam-se estradas e constroem-se calcadas com grandes lajes. Surgem a indüstria de olaria, forjas, pedreiras, exploracäo mineira, saiga de peixe e tecelagem. Os Romanos construfram as pontes sobre o rio Tarnega em Chaves, sobre o rio Guadiana em Mer-tola e outras. Edificaram majestosos monumentos, como o Templo de Diana, em Evora, e outros. Existem värios vestigios dos Romanos: acam-pamento militar fortificado em Viseu (Cava de Ponte romana »obre o rio Tämega, em Chaves. Viriato) e nos arredores de Coimbra (Cidade Velha); ruínas de povoacöes e de muralhas em Conímbriga; restos de balneários em Milreu (Estói-Faro), Tróia (Setúbal); termas medicinais de Vizela e de Chaves... Moeda romana. 16 A romanizacao da Peninsula fez com que se generalizasse o uso da moeda. Estabeleceram-se lugares de troca habitual entre os produtos e a moeda. Em Portugal encontraram-se moedas cunhadas em Evora, Alcacer do Sal, Beja, Serpa, Mertola, Castro Marim e Faro. Fundam-se cidades como Olisipo (Lisboa), Bra-cara (Braga), Scalabis (Santarem). Organiza-se a administracao publics e aplica-se o Direito Romano. Desenvolve-se a instrucao, nomeadamente a lingua latina, que apaga os velhos falares indigenas, e dela viria a derivar a LlNGUA PORTUGUESA. CRISTIANIZACAO DA PENINSULA IBERICA Jesus nasceu em Belem, na Palestina, onde governava o rei Herodes as ordens de Roma. Nesse tempo o Imperio Romano dominava o Mundo conhe-cido, bem como a Penfnsula Iberica. Na8cimento de Jesus Cristo. Crist© a pregar. Cristo, ao pregar a sua doutrina - o Cristia-nismo —, anunciava a existencia de um Deus único, a justica, o amor e a igualdade entre os homens. As multidöes seguiam Cristo, que operou alguns mila-gres. Mas os seguidores da sua doutrina éram per-seguidos e torturados pelos Romanos. Jesus Cristo escolheu doze dos seus discípu-los para apóstolos, isto é, para continuarem a pregacäo dos Evangelhos. Os Judeus e os Romanos tinham receio de que a nova doutrina pregada por Cristo viesse subver-ter a ordern política, social e religiosa existente. Con-denaram, entäo, Jesus Cristo ä morte e cruci-ficaram-nO no monte Calvário. Mais tarde, o imperador Teodósio adoptou o Cristianismo como religiäo oficial do Império Romano e as perseguicöes sobre os Cristäos acabaram. A religiäo crista chegou ä Peninsula Ibérica e foi seguida pelos povos ibéricos. A Igreja Católica organizou-se formando dioceses, ä frente das quais colocou os bispos. 17 OS BÁRBAROS APeninsula Iberica foi invadida, por volta do seculo V, por varios povos guerreiros vindos do Norte, a que os Romanos chamavam Barbaros, porque nao pertenciam ao Imperio Romano nem falavam a sua lingua (o latim). Esses povos foram os Vandalos, os Suevos, os Alanos e os Visigodos. Os povos barbaros que mais se destacaram foram os Suevos, que ocuparam o Norte da Lusi-tania e a Galiza, e os Visigodos, que se fixaram no Nordeste da Peninsula. OS SUEVOS OS VISIGODOS Os Suevos comecaram por ser guerreiros e lavradores. Depois tornaram-se conquistadores e alargaram o seu reino para sul, ate ao rio Tejo. Converteram-se ao catolicismo, por influencia de S. Martinho de Dume, conhecido por «Ap6stolo dos Suevos». Fundaram o Reino dos Suevos, com a capital em Braga. Braga tornou-se num importante centro de fe e de cultura. Com a expansao do reino para sul, os Suevos instalaram-se em Portucale, na foz do rio Douro. Reino dos Suevos e Reino dos Visigodos. Os Visigodos chegaram á Peninsula Iberica no ano de 416. Aqui fundaram urn reino, submeteram os Suevos e ficaram a dominar longos anos em todo o território. O Reino dos Visigodos estava organizado numa monarquia absoluta, com a capital em Toledo. Os Visigodos näo eram cristäos. Converteram--se quando o seu rei Recaredo abracou a religiäo de Cristo e a declarou religiäo oficial. Este facto per-mitiu a unidade religiosa na Peninsula e a expansäo da Igreja Católica, que passou a exercer grande influéncia. Publicaram o Código Visigótico e estabelece-ram uma sociedade formada pelo clero, nobreza e povo. Os Visigodos foram influenciados pela cultura e costumes dos Romanos. Aboliram a escravatura e estabeleceram a igualdade de todos os homens perante a lei. Eram grandes artistas, em especial na fabrica-cäo de jóias. 18 OS ÁRABES Os Ärabes säo originärios da Peninsula da Arabia, que e um vasto deserto, interrompido aqui e alem por pequenas areas muito ferteis — os oäsis. Os habitantes dos oäsis eram pastores e agricultores; e er am mercadores os que cruzavam o deserto transportando os seus produtos no dorso dos camelos. Viviam organizados em tribos, em luta permanente. Praticavam uma religiäo politeista, isto e, adoravam värios deuses. 0 profeta Maomet fundou uma nova religiäo monoteista — o Islamismo —, nome que signi-fica «submissäo ä vontade de Deus». 0 seu ünico deus e Alä e os preceitos religiosos encontram--se reunidos no livro sagrado Alcoräo, que corresponde ä Biblia dos Cristäos. Maomet conseguiu, atraves da palavra e da forca, que os seus irmäos de raca se convertes-sem ao Isläo. Deste modo, formou-se um povo unido numa so fe: os Muculmanos. Astú rias Domínio árabe na Peninsula Ibérica. A nova religiáo tornou uma feicao política e guerreira. Os Muculmanos pretendiam conquistar o Mundo. Organizaram um poderoso exército que estendeu o seu domínio desde o oceano índico ao Atlántico. No século VIII (ano de 711), os Árabes, tam-bém chamados Muculmanos ou Mouros, vindos do Nořte de Africa, invadiram a Peninsula Ibérica pelo sul, depois de terem atravessado o estreito de Gibraltar. Comandados porTarique, derrotaram os Visigodos na batalha de Guadalete. Apoderaram-se de toda a Peninsula, com excepcao das montanhas das Asturias, no Norte. Aqui se refugiou e resistiu Pelagio e muitos cristaos. 0 chefe supremo, religioso e politico do Estado arabe era o Califa. 19 Mesquita dos Mu^ulmanos. em Mértola, transformada em igreja cristä. INFLUÉNCIA DOS ÁRABES - Permaneceram mais de cinco séculos (711-1249) em grande parte do território que hoje é Portugal, onde deixaram muitos vestígios da sua cultura. A sua influéncia acentuou-se mais nas regióes do Sul, em especial no Algarve. Os Árabés souberam erguer urna civili-zacäo brilhante sobre os escombros dos impérios romano e visigótico. Possuíam muitos conhecimentos científicos: de matemática, de astronómia, de arquitectura, de escultura, de poesia, de música, de medicina, de navegacäo. Dedicaram-se, principalmente, ä construcäo de templos (mesquitas) e palácios, de que existem ves-tígios em Portugal. Cavaleiros árabes. 20 A azenha. Na agricultura, foram introduzidas novas plan-tas, como o arroz, o algodäo, o linho, a laranjeira, o limoeiro, o pessegueiro, a amoreira, a amendoeira, o castanheiro, a cana-de-acücar e outras ärvores de fruto. No Algarve e em Evora plantaram-se poma-res, sendo afamados os figos e as uvas. A eles se devem novas tecnicas de regadio: a nora, a cegonha ou picota, o acude e canais de con-ducäo de ägua. Tambem se Ihes devem os novos processos de moagem, como a azenha e o moinho de vento. Fomentaram a silvicultura, a pecuäria e a apicultura. Nas culturas horticolas, devemos aos Ärabes a alface, o espargo e a alcachofra. Os jardineiros trouxeram do Oriente para o nosso territörio as rosas, as camelias e os jasmins. Exploraram minas de cobre e de prata no Alen-tejo e de estanho no Algarve. Descobriram o älcool, o mercürio, o äcido sul-fürico e preparavam a pölvora e o fogo-de-artificio. Dedicaram-se ä olaria. A lingua portuguesa foi enriquecida com cen-tenas de vocäbulos ärabes. Säo, geralmente, pala-vras referentes ä agricultura (nora, acude, azenha, alcatruz, algodäo); aos frutos e produtos alimentäres (azeitona, laranja, limäo, alfarroba, amendoim, tremoco, acücar, aletria, arroz); aos pesos e medi-das (arroba, almude, alqueire, arrätel, maquia, fardo, Ruina* do «Castelo dos Mouros», na serra de Sintra. quintal); äs povoacôes (Algarve, Aljezur, Aljustrel, Alcantara, Almada, Albufeira); aos instrumentos musicais (tambor, rabeca, alaúde); ä ciéncia (alga-rismo, zero, algebra, zenite, azimute). Em Portugal existem vários documentos da arte muculmana: capitéis, moedas e pecas de cerämica vidrada. As casas brancas algarvias, com os terracos (acoteias) e as típicas chaminés rendilhadas, säo testemunho dos Árabes. Os Mouros foram expulsos definitivamente de Portugal em 1249, com a tornáda de Faro, no Algarve, pelo rei D. Afonso III. Moeda muculmana (um dinar). 21 A RECONQUISTA CRISTA Peninsula Iberica: Cristaos e Muculmanos. Reinos de Leao, Castela, Navarra e Aragao, e o Condado Portucalense. REINO DAS ASTURIAS I I REINO DE LEAO E GALIZA Nas serranias das Asturias, no Norte da Peninsula Iberica, refugiaram-se as populacoes cristas chefiadas por Pelagio. Af organizaram um exercito para combater os Muculmanos, que sao vencidos na batalha de Covadonga ou Cangas de Oniz. Pelagio foi aclamado rei das Asturias. Formou-se, assim, o primeiro reino cristao das Asturias. As lutas entre Cristaos e Muculmanos prosse-guiram. A Peninsula Iberica ficou dividida em varios reinos cristaos: Leao, Castela, Navarra e Aragao. 0 Reino de Leao ocupava o territorio que abrangia a Galiza e veio a chamar-se Reino de Leao e Galiza. D. Afonso VI ficou a governar os reinos de Leao e Castela. Fundou o Condado Portucalense, que abrangeria o territorio compreendido entre os rios Minho e Mondego. A designacao de Portucalense deriva de Portucale, antiga Cale, povoacao situada junto a foz do rio Douro, onde fica actualmente a parte ribeirinha de Vila Nova de Gaia. 0 cavaleiro Vfmara Peres reconquistou Portucale (Porto), em 868, de que foi o primeiro governador. A povoacao de Portucale foi-se esten-dendo e ocupou a regiao entre os rios Douro e Minho. A palavra Portucale (do latim portus, porto, e Cale) deu origem ao nome de PORTUGAL. 22 0 COND ADO PORTUCALENSE Orei de Leäo e Castela, D. Afonso VI, foi ajudado, no combate contra os Muculmanos, por cavaleiros estrangeiros que vinham lutar pela fe crista. De entre esses fidalgos guerreiros distinguiram-se D. Raimundo de Borgonha e seu primo D. Henrique de Borgonha, descendentes de reis franceses. O conde D. Henrique e a infanta D. Teresa. Como premio dos servicos prestados ä causa crista, D. Afonso VI deu em casamento a D. Raimundo a sua filha D. Urraca e entregou-lhe o governo do condado da Galiza. A D. Henrique, o rei de Leäo deu em casamento uma outra filha, D. Teresa, e entregou-lhe o governo do territörio compreendido entre os rios Minho e Tejo, conhecido por Condado Portucalense, de que faziam parte Guimaräes, Braga, Coimbra e Portucale. Um documento da epoca («Crönica de Cinco Reis»), sobre essa doacäo, diz-nos: «Deu [Afonso VI de Leäo] a D. Henrique com sua filha em casamento, Coimbra com toda a terra ate ao Castelo de Lobeira, com toda a outra terra de Viseu e Lamego que seu pai D. Fernando e ele ganharam na comarca da Beira. E fez-lhe de todo o Condado cuja nomeacäo era Condado Portucalense, com a condicäo de que o Conde o servisse sempre e fosse a suas Cortes e a seus chamados. E lhe assinalou certa terra de Mou-ros que conquistasse e que, tomando-a, a acrescentasse em seu Condado...» Limites do Condado Portucalense. 23 FORMAQAO DE PORTUGAL conde D. Henrique assumiu o governo do Condado Portucalense ficando na dependence de D. Raimundo, conde da Galiza. Em breve se tornou independente de seu primo, obedecendo apenas a D. Afonso VI, rei de Leáo. Fixou a capital do Condado em Guimaráes, onde estabeleceu a sua corte, e esforcou-se por aumentar os seus dominios com novas conquistas aos Mouros. O conde D. Henrique morreu em 1112. Jaz na Sé de Braga, assim como sua mulher D. Teresa. Castelo de Guimaráes, súnbolo da fundacao e da independéncia de Portugal, mandado edificar pela condessa Mumadona. No Castelo de Guimaraes viveu o conde D. Henrique e D. Teresa e ai tera nascido Afonso Henri-ques, que viria a ser o primeiro rei de Portugal. Por morte de D. Henrique tomou conta do governo sua mulher, D. Teresa, porque Afonso Hen- riques contava apenas trés anos de idade. D. Teresa alimentava os desejos de seu marido de se separar do Reino de Leao, mas nao o conseguiu. Alguns fidalgos galegos participavam na administracao do Condado, o que desagradava a muitos nobres. 24 Egas Moniz, acompanhado da mulher e dos filhos, apresenta-se a D. Afonso VII, rei de Leäo. AFONSO HENRIQUES ARMA-SE CAVALEIRO — Afonso Henriques atingiu os 13 anos de idade e armou-se a si proprio cavaleiro, em 1122, na Catedral de Zámora. Também ele discordava do governo de sua mäe e tornou o partido de vários fidalgos. EGAS MONIZ - Após a morte do conde D. Henrique, a educacäo do seu filho, o infante Afonso Henriques, foi confiada ao fidalgo Egas Moniz. No ano de 1127, o rei de Leäo, D. Afonso VII, filho de D. Urraca e D. Raimundo, sabendo que seu primo Afonso Henriques pretendia desligar o Condado Portucalense do Reino de Leäo e tornar-se independente, cercou o castelo de Guimaräes. Egas Moniz prometeu, pela sua palavra de honra, ao rei de Leao, que Afonso Henriques Ihe prestará vassalagem. O rei de Leao levantou o cerco e regressa a Castela. Afonso Henriques só queria garantir a liberdade e a independéncia do Condado e nunca mais pen-sou em cumprir o que prometera. Segundo a lenda, Egas Moniz apresentou-se, em Toledo, ao rei de Leao, acompanhado da mulher e dos filhos, descalcos e vestidos como os conde-nados á morte, para resgatar a palavra dada. Perante uma atitude de tanta lealdade e cora-gem, D. Afonso VII abracou Egas Moniz, perdoou--Ihe e mandou-o em paz, exclamando: «Como nao há-de ser grande o Principe que teve tal educador?!...». 25 Mais tarde, o rei de Leao reconheceu a indepen-dencia de Afonso Henriques. Egas Moniz esta sepultado na igreja romanica (seculo XII) de Paco de Sousa (Penafiel). BATALHA DE S. MAMEDE - 0 governo do Con-dado Portucalense, por D. Teresa, desagradava a Afonso Henriques e a muitos nobres, devido a influencia que exerciam na corte alguns fidalgos da Galiza, em especial o conde Fernao Peres de Trava, que desempenhava importantes funcoes na gover-nacao. Formaram-se entao dois partidos: o de D. Teresa, constitufdo pelos fidalgos galegos e pelo próprio conde de Trava, e o do jovem Afonso Henriques, formado pelos baroes portucalenses de Entre Douro e Minho. Afonso Henriques pediu a sua máe que Ihe entregasse o governo do Condado, mas ela recusou. Gerou-se urn conflito que atingiu o momento decisivo quando as forcas dos dois lados se defron-taram, em 24 de Junho de 1128, na batalha de S. Mamede, perto de Guimaraes. Do encontro saiu vencedor Afonso Henriques, que tomou conta do governo do Condado Portucalense. D. Teresa retirou-se para a Galiza. Batalha de S. Mamede. 26 i ■ CR0N0L06IA II 711 Invasäo da Penfnsula Iberica pelos Muculmanos. 715 A cidade de Confmbriga e dominada pelos Ärabes. 718 Os Cristäos, chefiados por Pelägio, derrotam os Mouros na batalha de Covadonga. 868 Reconquista de Portucale (Porto). Vimara Peres e encarregado do seu governo. CONDE O. HENRIQUE de Borgonha (1096-1112) Pai de D. Afonso Henriques 1094 Veio para a Penfnsula Iberica o cavaleiro trances D. Henrique de Borgonha, para tomar parte nas campanhas da reconquista crista. 1096 Casamento do conde D. Henrique com D. Teresa, filha de Afonso VI, rei de Leao. D. Afonso VI entrega o governo do Condado Por-tucalense a D. Henrique de Borgonha. 1097 D. Henrique intitula-se «Conde Portucalense» e chama aos seus domfnios «Provfncia Portucalense». 1109 Nascimento de Afonso Henriques, filho do conde D. Henrique e de D. Teresa. Morte de D. Afonso VI, rei de Leao. 1111 0 conde D. Henrique conquista Santarem. 1112 Morte do conde D. Henrique. E sepultado em Braga. CONDESSA D. TERESA (1112-1128) Mäe de D. Afonso Henriques 1112 D. Teresa assume o governo do Condado Portuca-lense. 1113 Fundacäo da Se do Porto. 1114 E concedido foral a Arganil. 1117 Cerco de Coimbra pelos Mouros. 1120 Foral concedido ä vila de Aguiar da Beira. D. Teresa doa o castelo e a terra de Soure ä Ordern dos Templärios. D. Teresa doa o burgo do Porto ao bispo D. Hugo. 1122 Afonso Henriques, ainda infante, arma-se a si proprio cavaleiro na Catedral de Zamora. 1123 Foral do Porto, concedido pelo bispo D. Hugo. 1127 D. Afonso VII de Castela cerca o castelo de Gui-maräes para obrigar Afonso Henriques a prestar--Ihe vassalagem. Egas Moniz vai com a fami'lia a Toledo entregar-se a D. Afonso VII para resgatar a sua palavra. 1128 Batalha de S. Mamede (Guimaräes) entre os parti-därios de Afonso Henriques e os de sua mäe D. Teresa. Saiu vitorioso Afonso Henriques, que assumiu o governo do Condado Portucalense. 1130 Morte de D. Teresa. 27 FUNDAgÄO DO REINO DE PORTUGAL l.a DINASTIA - AFONSINA ou DE BORGONHA SEC. XII SEC. XIII SEC. XIV 1139 Afonso Henriques 1185 Sancho I 1211 1223 1248 Afonso II Sancho II Afonso II 1279 Dints 1325 Afonso IV 1357 1367 Pedro I Fernando D. AFONSO HENRIQUES Nasceu em Guimaräes, em 1109. Era filho do conde D. Henrique e de D. Teresa. Casou com D. Mafalda de Sabóia. A História de Portugal atribui a todos os reis um cognome ou alcunha. D. Afonso Henriques teve o cognome de o Conquistador pelas numerosas conquistas feitas aos Mouros. A primeira dinastia chama-se Afonsina ou de Borgonha porque o seu primeiro rei foi D. Afonso, filho de D. Henrique de Borgonha. D. Afonso Henriques recebeu do Papa a homenagem de vassalo leal, por conquistar para a Igreja a faixa da Európa que será a primeira do Ocidente ao servico da civilizacäo crista. Faleceu em 6 de Dezembro de 1185. Jaz no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, que ele mandou edificar. D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (de 1139 a 1185). Após o éxito da batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques foi aclamado soberano do Reino. Os destinos do Condado ficaram nas suas mäos. A sua accäo desenvolveu-se em trés frentes: — contra o seu primo D. Afonso VII, rei de Leäo e Castela, para consolidar o seu domínio e garantir que reconhecesse a independéncia do Condado Portucalense; — contra os Muculmanos (Mouros), para alar-gar o seu território; — declarou-se vassalo da Santa Sé, para que o Papa o reconhecesse como rei, e a Portugal como reino independente, BATALHA DE CERNEJA - O grande desejo de D. Afonso Henriques era libertar-se de Leäo e alcan-car a independéncia. Auxiliado pelos cavaleiros portucalenses, invadiu a Galiza, em 1137, e derrotou as forcas leonesas na batalha de Cerneja. Sacudiu, assim, o jugo leonés. PAZ DE TUI — Aproveitando o facto de D. Afonso Henriques se encontrar em lutas no Norte, os Mouros invadiram o Condado a sul e conquistaram Tomar e Leiria. D. Afonso Henriques viu-se forcado a pedir a paz a seu primo D. Afonso VII — a Paz de Tui —, que assinou em 1137, e entregou as terras conquis-tadas a norte do rio Minho. 30 BATALHA DE OURIQUE - D. Afonso Henriques venceu os Mouros na batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139, desbaratando um poderoso exército comandado por cinco reis mouros. Segundo a lenda, na véspera da batalha, D. Afonso Henriques e os seus soldados tiveram uma visáo que os deslumbrou: Cristo apareceu-lhes, incitando-os á batalha. Alcancada a vitória, D. Afonso Henriques mandou pintar no escudo da Bandeira Nacionál cinco pequenos escudos azuis (quinas), para se lembrar da vitória sobre os cinco reis mouros; e em cada um dos cinco escudos mandou pintar cinco pontos brancos que representam as cinco chagas de Cristo. Depois desta vitória, D. Afonso Henriques intitulou-se REI DE PORTUGAL. TORNEIO DE ARCOS DE VALDEVEZ-D. Afonso Henriques anulou a Paz de Tui e invadiu de novo a Galiza, mostrando ao rei de Leäo o seu enorme desejo de se tornar independente. D. Afonso VII avancou sobre o território do Condado até Arcos de Valdevez. Aqui, em 1140, travaram-se combates ä moda de torneio, isto é, entre dois cavaleiros, ä espada ou ä lanca, saindo vitoriosos os Portugueses. D. Afonso VII propos a paz. Foi assinado o con-vénio de Valdevez, para pór termo ás lutas. CONFERĚNCIA DE ZÁMORA - Em 1143, na Conferéncia de Zámora, foi reconhecida por D. Afonso VII, rei de Leäo, a independéncia do Condado Portucalense, que passou a designar-se Reino de Portugal, e concedido o título de rei a D. Afonso Henriques. Esteve presente o cardeal Guido de Vico, legado do Papa. Assim nasceu uma nova Pátria — PORTUGAL - que, no século XVI, viria a tornar-se o maior impé-rio do Mundo. VASSALAGE M Ä SANTA SÉ - 0 Papa tinha grande poder e influéncia sobre os reis cristäos. D. Afonso Henriques, para melhor garantir a independéncia nacionál, pediu a proteccäo do Papa, encomendando-se ä Santa Sé (1142): Castelo de Leiria, reconstruído por D. Afonso Henriques. «Eu, Afonso, pela gra§a de Deus, rei de Portugal, oferego tambera a minJia terra ao bem-aventurado S. Pedro e a Santa Igreja de Roma, com censo e tri-buto annul de quatro oncas de ouro [cerca de 122 gramas], para que em minha pessoa e em minha terra, e nas coisas que tocam a dignidade e honra da minha terra, ache a defensao e consola?ao da Se Apost6lica...» 0 papa Alexandre III, pela bula Manifestis pro-batum, reconheceu, em 1179, D. Afonso Henriques como rei e Portugal como reino: «Ao nosso muito amado filho em Jesus Cristo, Rei dos Portugueses. Sabemos por evidentes sucessos que como bom filho e principe catolico tendes feito varios servicos a Sacrossanta Igreja, destruindo valorosamente os inimigos do nome cristao, dilatando a fe catolica por muitos trabalhos de guerra e empresas militares, dei-xando um nome memoravel e um exemplo digno de os futuros o imitarem. Confirmamos a vossa grandeza e Portugal com inteira honra e dignidade de Reino e todas as terras que, com o auxilio da graca celeste, ganhardes aos Sarracenos e sobre as quais nao possam principes cristaos julgar-se com direito. Concedemos tambem estas mesmas coisas aos vossos ditos herdei-ros e os defenderemos sobre este respeito...» 31 Limit*-* aproximados do territorio portugues: Conquista de Li§boa aos Mouros com a ajuda de [X| antes da conquista de Santarem; cruzados que aportam os seus navios a costa. [b~| dcpois das conquistas de d. Afonso Henriques. CONQUISTAS AOS MOUROS - Assegurada a independencia do Reino de Portugal, D. Afonso Henriques e os reis que Ihe sucederam lancaram-se na tarefa de alargar o territorio para sul, lutando contra os Mouros. Nessa altura, a fronteira do Reino estendia-se urn pouco para sul de Coimbra. Os triunfos militares sucedem-se gracas ä cora-gem e decisäo de D. Afonso Henriques e dos seus guerreiros. 0 castelo de Leiria foi reconstruido e servia de defesa e apoio para os ataques no Sul. Leiria foi conquistada em 1145. Em 1147 caiu Santarem, onde se notabilizou Mem Ramires. No mesmo ano, com o auxflio dos cruzados, conquistou Lisboa, a maior e mais linda cidade do Ocidente da Peninsula, onde se destacou Martim Moniz, que se deixou esmagar para que os Mouros näo fechassem uma das portas da cidade. Ficava assegurado o dominio cristäo na linha do Tejo. Depois conquistou Sintra, Almada e Palmela. Mais para sul, em pleno Alentejo, rendem-se as pracas muculmanas de Alcäcer do Sal (1158), onde se notabilizou Goncalo Mendes da Maia, o Lidador; Beja (1162), onde se notabilizou Fernando Goncal-ves; Évora (1165), com destaque para Geraldo, o Sem-Pavor; Moura, Šerpa e Juromenha (1166). Também D. Fuas Roupinhoganhou fama porter comandado um grupo de gales armadas que sairam do porto de Lisboa e derrotaram uma armada mou-risca, junto do cabo Espichel. Outros castelos cederam ao impulso de D. Afonso Henriques, alargando-se, assim, o pe-queno Portugal. DESASTRE POLÍTICO-MILITAR DE BADAJOZ - Com a morte de Afonso VII de Leao, houve desavencas entre o seu sucessor e D. Afonso Henriques, que atacou Badajoz, em 1169. D. Afonso Henriques foi obrigado a retirar e, quando saia a cavalo por uma das portas da fortaleza, caiu e fracturou uma das pernas. Ficou prisioneiro do rei de Leao, que Ihe deu a liberdade a troco da entrega das terras da Galiza que D. Afonso Henriques tinha conquistado. 32 AS CRUZADAS As Cruzadas eram expedicoes de guerreiros cristaos da Europa, que se realizaram a partir do seculo XI. Tinham por fim ajudar a expulsar os Infieis dos Lugares Santos, na Palestina, tendo ajudado na luta contra os Mouros na Peninsula Iberica. Designavam-se por cruzados porque usavam nas suas vestes uma cruz de Cristo, no peito. Muitos desses cruzados aportaram a Portugal, e ajudaram D. Afonso Henriques, na conquista de Lisboa; D. Sancho I, na tomada de Silves; e D. Afonso II, na reconquista de Alcacer do Sal. 1 i AS ORDENS RELIGIOSAS E MILITARES iHiiiiiiMil As ordens religiosas e militares eram congre-gacoes de monges-guerreiros que viviam sujeitos a determinadas regras religiosas. Tinham por finali-dade propagar a religiao crista e combater os Infieis. Preocuparam-se com a defesa, o povoamento e a organizacao do territorio. Introduziram novas tScnicas e processos na agricultura e ensinaram os camponeses a cultivar a terra. ORDEM DOS TEMPLARIOS - Admitida em Portugal por D. Teresa, mae de D. Afonso Henriques, esta doou-lhe os castelos de Tomar e Almourol. Distinguiu-se na tomada de Santarem por D. Afonso Henriques e na conquista de Alcacer do Sal por D. Afonso II. ORDEM DOS HOSPITALARIOS - Foi admitida tambem por D. Teresa. Possuia o castelo de Leca do Balio como sede. Recebeu varias doacoes, como Crato, Moura e Serpa. Distinguiu-se no cerco de Cavaleiros da Ordem de Santiago. Alcacer do Sal, no reinado de D. Afonso II; na conquista do Algarve, na epoca de D. Afonso III; e na batalha do Salado, no reinado de D. Afonso IV. ORDEM DE CALATRAVA - Estabeleceu-se em Evora, chamando-se-lhe «Freires de Evora». Admitida por D. Afonso Henriques, funda o castelo de Alandroal e D. Sancho I doou-lhe o castelo de Alca-nede. Possuia terras em Coruche, Benavente, Santarem, Lisboa, Mafra... D. Afonso II doou-lhe o lugar de Avis, ficando conhecida por «Freires de Avis». ORDEM DE SANTIAGO DA ESPADA - Admitida por D. Afonso Henriques, doou-lhe a vila de Arruda, Alcacer do Sal e Almada. D. Sancho I doou--Ihe Palmela, ficando os seus frades a serem desig-nados por «Freires de Palmela». D. Sancho II doou--Ihe os castelos de Aljustrel, Mertola e Tavira, que esta Ordem ajudou a conquistar. 33 Nos primeiros tempos da nacionalidade, a preo-cupacäo dominante era a conquista e o povoamento do territörio, em que tiveram papel importante as ordens religiosas. MONUMENTOS - D. Afonso Henriques mandou construir muitas igrejas e mosteiros. Destacam-se o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaca; o de Säo Vicente de Fora, em Lisboa; e o de Tarouca. MOSTEIRO DE SANTA CRUZ DE COIMBRA — Povoou e colonizou a zona centro do Pais. Neste mosteiro funcionou uma escola que ministrava o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. ensino äqueles que desejavam dedicar-se ä vida religiosa. MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE ALCOBACA — Englobava as vilas de Alfeizeräo, Aljubarrota, Alpendriz... e outras povoacöes espalhadas portoda a Estremadura. Possufa muitas terras, que confina-vam com o mar. Os monges cultivavam os campos, guardavam os rebanhos e tentavam atrair e fixar a popu-lacäo rural, promovendo a agricultura por toda a regiäo. Neste mosteiro funcionou a primeira Aula Publica de Portugal. Mosteiro de Santa Maria de Alcobaca. 34 PORTUGAL NO SECULO XII CLASSES SOCIAIS A sociedade portuguesa era formada por tres classes: o Clero, a Nobreza e o Povo. 0 CLERO, formado pelos bispos, padres e mon-ges, dedicava-se ao ensino da doutrina crista. Era a classe mais importante, nao so pela sua instrucao e riqueza, como pela influencia que exercia. A NOBREZA abrangia os fidalgos que tinham praticado feitos de valor e a quem o rei concedia tftu-los e terras. Podiam ter soldados, receber impostos e aplicar a justica nas suas terras. 0 POVO formava uma classe com menos regalias. Compreendia os vilaos (homens das vilas); os mesteirais ou artistas (carpinteiros, sapateiros, pedreiros, teceloes, alfaiates) e os servos da gleba, que trabalhavam nas terras. COMUNICACOES i E TRANSPORTES Das primitivas estradas romanas, restavam ape-nas alguns trocos mal conservados. Os caminheiros deslocavam-se a pé transpor-tando pequenos volumes ou cartas. Os almocreves transportavam as mercadorias em cavalos e burros e levavam encomendas e mensagens. Os carretei-ros utilizavam o carro de duas ou quatro rodas puxado por animais. O barco era urn importante meio de transporte. Ii HABITACÄO 1 i O povo vivia em casas feitas de madeira, barro, palha ou granito, cobertas de colmo ou giestas, embora já se empregasse a telha. As janelas éram estreitas e sem vidros. Em geral, as casas tinham um único andar térreo, com um pátio interior e um único compartimento onde se cozinhava, comia e dormia. O chäo era de terra batida ou de pedra. As casas éram construídas ao redor dos caste-los e mosteiros. Os palácios reais e de alguns nobres, os caste-los e os conventos possuíam vários andares e mui-tas divisôes. O mobiliário era composto por areas, armários, bancos, cadeirôes e cofres, conforme as posses das famílias. ALIMENTACÁO O jantar, de manna, e a ceia, á noite, consti-tuíam as refeicoes principals, confeccionadas á base de produtos agricolas. As classes mais abastadas comiam, também, carne, mariscos, ovos e queijo. O milho e a batata ainda nao eram conhecidos. Náo havia garfos. As facas de ponta serviam de garfos. As colheres comecavam a aparecer. Os alimentos sólidos eram levados á boca com a mao ou sobre pedacos de pao. Para os alimentos liqui-dos, usavam-se pratos de madeira (escudelas) ou de barro (tigelas). Bebiam por uns copos chamados vasos. VESTUÁRIO Os homens mais abastados usavam a tunica, espécie de saia, a dalmática, que era parecida com a tunica mas com mangas largas e curtas, e o manto, que era uma espécie de capa ou sobretudo. Os homens cobriam a cabeca com urn capuz ou uma gorra. As mulheres usavam uma touca na cabeca. Nas pernas usavam meias grossas. Calcavam sapatos bicudos de cabedal. As pessoas mais modestas, os camponeses, vestiam um saio, espécie de vestido, que cobria o corpo até ao meio da perna, com mangas compri-das e justas. Calcavam umas sandálias de correias. Usavam na cabeca um chapéu de palha de abas largas ou urn capuz. Os militares usavam cotas ou saios de malha e escudos para se protegerem. O vestuário era feito com linho e la. 35 Actividades agrícolas em Portugal, no século XII. A maior parte da populacäo dedicava-se ä agri-cultura, a principal fönte de riqueza, ä criacäo de gado, ä caca e ä pesca. A pesca foi uma das principais actividades dos Portugueses do seculo XII. Ligada ä pesca havia a extraccäo de sal e a salga de peixe. Pescadores na sua f'aina, no século XII. Nas povoacöes mais pequenas, o comercio era feito pelos almocreves e vendedores ambulantes que transportavam os produtos no dorso de animais. As feiras eram centros onde se reuniam periodica-mente os vendedores e os compradores, para faze-rem os seus negöcios. Era um meio de comunica-cäo entre as populacöes. No intervalo das feiras, os mercadores ambulantes e os almocreves abasteciam as povoacöes com produtos, de porta em porta, e ainda levavam as cartas ou recados e propagavam as novidades. Nas cidades e vilas havia o mercado. A indüstria era muito rudimentär. Os principais produtos eram os tecidos de linho e de lä, ferramen-tas, armas, peles curtidas, alfaias agricolas, olaria, sal e peixe salgado. Os artesäos (sapateiros, carpin-teiros, tecelöes, ferreiros, armeiros...) eram em nümero reduzido. I COMBUSTÍVEIS I Para cozinhar os alimentos e para o aqueci-mento usava-se a lenha e o carväo vegetal. Na ilu-minacäo empregavam-se as lamparinas de azeite, os fachos luminosos, os archotes e as tochas. As velas de cera eram raras e consideradas um luxo. IADMIIMISTRACÁO O rei e os fidalgos tinham a seu cargo a admi-nistracäo do reino e a defesa militar. Todos os podereš eram atribuidos ao rei: fazia e aplicava as leis, julgava e castigava os crimes. Portugal era uma monarquia absoluta e hereditaria, ou seja, era governado por um rei, sucedendo-lhe no trono o filho mais velho. Chama-se dinastia a uma série de reis que se sucedem dentro da mesma familia. 36 Nasceu em Coimbra, em 1154. Filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda de Sabóia, sucedeu a seu pai. Casou com D. Dulce de Aragáo, filha do conde de Barcelona. Herdeiro das virtudes militares de seu pai, continuou a luta encetada contra os Mouros. Foi cognominado de o Povoador por se ter ocupado do povoamento das terras. D. Sancho I faleceu em 1211, em Santarém. Jaz no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. D. Sancho I, rei de 1185 a 1211. CONQUISTAS - Os sucessores de D. Afonso Henriques prosseguem as lutas contra os Mouros. D. Sancho I conquistou os castelos de Alvor e Albu-feira e a cidade de Silves (1189), no Algarve, com o auxi'lio de uma armada de cruzados. A cidade de Silves era um grande centro comer-cial e cultural muculmano na Peninsula. RECONQUISTAS DOS MOUROS - Os Mouros reforcam as suas tropas e retomam as terras algar-vias e todas as povoacoes que D. Afonso Henriques tinha conquistado a sul do Tejo, excepto Evora. Mapa de Portugal no reínado de D. Sancho I. D. Sancho I reorganizou a defesa das fron-teiras, mandou construir castelos, fundou povoacoes, concedeu forais e criou os concelhos. Mandou vir colonos estrangeiros a quem entregou terras com a obrigacao de as cultivarem e defenderem. Doou terras ás ordens religiosas. SANTO ANTONIO DE LISBOA - Nasceu em Lis-boa, em 1195. Notabilizou-se como uma das maio-res figuras da Igreja e um dos mais brilhantes pre-gadores. Faleceu em 13 de Junho de 1231, em Pádua (Itália), e foi canonizado pela Igreja. 37 Nasceu em Coimbra, em 1185. Filho de D. Sancho I e de D. Dulce de Aragáo, foi o suces-sor de seu pai. Casou com D. Urraca, filha de Afonso VIII de Castela. Teve o cognome de o Gordo, por ser muito nutrido. A principal preocupacáo de D. Afonso II foi a administracáo do Reino. Prosseguiu, tam-bém, o alargamento do território. D. Afonso II faleceu em Santarém, em 1223. Jaz no Mosteiro de Alcobaca. D. Afonso n, rei de 1211 a 1223. CORTES DE COIMBRA - No ano de 1211 reuniram-se as cortes em Coimbra, onde foram apro-vadas as primeiras leis gerais que se conhecem no Reino. Nestas cortes, ou reunioes, participaram ape-nas representantes do Clero e da Nobreza. Sao as primeiras cortes de que há notícia exacta. As cortes eram convocadas pelo rei e tinham por finalidade aconselhar o monarca nas suas deci-soes mais importantes. BATALHA DE NAVAS DE TOLOSA - D. Afonso II prestou auxilio ao seu sogro, Afonso VIII, rei de Castela, contribuindo para a derrota dos Mouros na batalha de Navas de Tolosa (Espanha), em 1212. RECONQUISTA DE ALCÁCER DO SAL - Em 1217, D. Afonso II reconquistou Alcácer do Sal. Reconquista de Alcácer do Sal. Foi auxiliado por uma armada de cruzados e mem-bros das ordens do Hospital, Templários e Santiago da Espada. Alcácer do Sal tinha sido tomada aos Mouros por D. Afonso Henriques e perdida no reinado de D. Sancho I. Era um ponto estratégico devido á sua situacao — a chave para a conquista do Alentejo. INQUIRICOES E CONFIRMACÓES - D. Afonso II ordenou as primeiras Inquiricoes Gerais em 1220. As Inquiricoes averiguavam a legitimidade das doacoes das terras que se encontravam na posse dos nobres e do clero. As Confirmacoes consistiam em os nobres sérem obrigados a apresentar á aprovacáo do novo rei as doacoes recebidas dos seus antecessores. 38 Nasceu em Coimbra, em 1209. Filho de D. Afonso II e de D. Urraca de Castela, sucedeu a seu pai. Casou com D. Mécia Lopes de Haro, de Leäo. Teve o cognome de o Capelo por, em crianca, ter usado o hábito de frade franciscano como satisfacäo de uma promessa. Mostrou-se rijo na arte da guerra, como seu bisavö D. Afonso Henriques, mas foi um fraco administrador. Destituido de rei pelo Papa, em 1245, D. Sancho II exila-se em Castela. Morre em Toledo, em 1248, onde foi sepultado. D. Sancho II, rei de 1223 a 1245. CONQUISTAS - Tomou aos Mouros Elvas, Moura, Serpa, Juromenha, Aljustrel e parte do Algarve, onde conquistou Cacela, Mértola, Tavira, Alvor e Aiamonte. DEPOSICÁO DO REI - D. Sancho II alimentou conflitos com vários bispos e com a nobreza. Tam-bém näo foi capaz de impor a sua autoridade contra o estado de anarquia que se vivia no Pais. Entäo, foi pedida a intervencäo do papa Inocéncio IV que des-tituiu D. Sancho II de rei, em 1245, e nomeou o seu irmäo D. Afonso de Bolonha governador do Reino. MARTIM DE FREITAS - D. Sancho II teve pro-vas de dedicacäo de alguns dos seus vassalos. Salienta-se o exemplo de Martim de Freitas, alcaide do castelo de Coimbra. Segundo a lenda, só entre-gou as chaves da cidade depois de ir a Toledo certificar-se da morte de D. Sancho II. Mandou desenterrar o cadaver e, reconhecendo D. Sancho II, colocou-lhe as chaves do castelo nas maos. Depois tirou-lhas, partiu para Portugal e, dirigindo--se a D. Afonso, irmao e sucessor do rei falecido, disse-lhe: — «Agora sei que o rei, vosso irmao, esta morto. Tomai as chaves e o Castelo de Coimbra que sao vossos e, daqui por diante, servir-vos-ei e sereis meu senhor e meu rei.» Conquistas depois de D. Sancho II. 39 D. AFONSO III X Tasceu em Coimbra, em 1210. Era irmao de D. Sancho II, a quern sucedeu. Casou com IN D. Matilde, condessa de Bolonha, e mais tarde casou com D. Beatriz de Guilhen. Foi cognominado de o Bolonhes por ter casado com a condessa de Bolonha. Assumiu a Regencia do Reino em 1245. Depois da morte de seu irmao, D. Sancho II, em 1248, foi proclamado rei. Protegeu a agricultura e desenvolveu o comercio e a industria. Criou concelhos e concedeu muitos forais. Procedeu a Inquiricoes Gerais. D. Afonso III faleceu em 1279. Jaz no Mosteiro de Alcobaga. D. Afonso III, rei de 1248 a 1279. CONQUISTA DEFINITIVA DO ALGARVE - D. Afonso III empreendeu a conquista definitiva do Algarve, depois de haver tornado aos Mouros Faro (1249) e outras terras, com o auxflio dos freires de Santiago da Espada e dos de Avis. Depois conquis-tou Albufeira, Louie, Aljezur e o castelo de Porches. Estava concluida a conquista do territbrio portugues. A partir deste grande feito, D. Afonso III e os reis que Ihe sucedem passaram a usar o titulo de Rei de Portugal e dos Algarves. CORTES DE LEIRIA - Reuniram-se em 1254 e nelas tomaram parte, pela primeira vez, represen-tantes do Povo, ao lado do Clero e da Nobreza. Os representantes do Povo foram escolhidos entre os administradores dos concelhos. TRATADO DE BADAJOZ - Houve desavencas com o rei de Castela pela posse definitiva do Algarve e fixacao dos limites de Portugal. Pelo Tratado de Badajoz (1267), foi reconhecido o direito de Portugal ao Algarve sendo a fronteira deste marcada pelo rio Guadiana. Mapa de Portugal apos a conquista do Algarve. 40 D. DINIS ATasceu em Lisboa, em 1261. Era filho de D. Afonso III, a quem sucedeu, e de H D. Beatriz de Guilhen. Casou com D. Isabel de Aragäo (rainha Santa Isabel). O pai de D. Dinis contratou grandes mestres para cuidarem da educacäo de seu filho: Domingos Jardo, portugués, e Américo d'Ébrard, francés. O seu irmäo D. Afonso pretende disputar a posse do trono e ambos se envolvem em lutas que terminaram gracas á intervencäo da rainha D. Isabel. D. Dinis foi cognominado de o Lavrador porque foi a agricultura que lhe mereceu os seus maiores cuidados. Também há quem lhe chame o Rei dos Trés Arados. Promulgou sábias medidas para defender a agricultura e foi esse o arado da Terra. Protegeu as letras, fundou uma universidade e foi um dos primeiros poetas do Reino. É o arado da Lingua. Plantou o pinhal de Leiria, tornando possível a conquista do mar. O pinhal era a esquadra dos descobrimentos ainda em terra. É o arado do Mar. Reedificou ou construiu numerosos castelos, destacando-se os de Pinhel, Braga, Castelo Rodrigo, Almeida, Leiria, Sabugal, Beja e Castelo de Vide. Concedeu forais a muitas terras e fixou as fronteiras do Reino. Faleceu em Santarém em 1325. Foi sepultado no Convento de Odivelas, que mandara edificar. D. Dinis, rei de 1279 a 1325. PROTECCÁOÁ AGRICULTURA - D. Dinis man dou semear os pinhais de Leiria e Azambuja. Criou várias herdades e mandou enxugar terras pantano-sas como Ulmar, Salvaterra de Magos, Muge e Valada, para que pudessem ser cultivadas, e entregou-as a agricultores. Ordenou a plantacáo de vinhas e pomares. O pinhal de Leiria evitava que as areias da costa, trazidas pelo vento, prejudicassem as terras de cul-turas; também fornecia madeiras e lenhas. As madeiras do pinhal de Leiria serviram para a construcao das caravelas e galeoes que levaram os Portugueses á descoberta de «novos mundos». Proibiu as ordens religiosas de adquirirem mais terras. Procurou interessar os fidalgos pela agricultura, convencendo-os de que nao perderiam a nobreza e suas honras por serem lavradores. Desenvolveu o ensino da arte da agricultura. Os mosteiros de Alcobaca e de Santa Cruz de Coimbra deram um grande impulso á agricultura. 41 PROTECCÁO AO COMÉRCIO - D. Dinis criou e desenvolveu feiras e mercados, para que pudes-sem ser negociados os produtos da terra. Instituiu as feiras francas, onde os comprado-res e vendedores näo pagavam impostos. Para proteger o comércio marítimo, criou a Bolsa de Comércio no Porto. Celebrou o primeiro tratado de comércio com a Inglaterra, em 1308, segundo o qual os mercado-res Portugueses podiam comerciar livremente na Inglaterra, e os ingleses em Portugal. PROTECCÁO Ä INDÚSTRIA - Desenvolveram--se as indústrias da pesca, da extraccäo do sal, de tecidos de linho e da preparacäo de peles de animais. Protegeu e desenvolveu a exploracäo das minas de ferro, chumbo, ouro, prata e cobre. PROTECCÁO A MARINHA - D. Dinis mandou construir novos barcos para o transporte de merca-dorias e para a pesca. Iniciou a pesca do atum e da baleia. Criou portos. Contratou o genovés Manuel Pessanha, em 1317, para almirante-mor da armada, organizando a marinha de guerra e preparando os Portugueses nas coisas do mar. ORDEM DE CRISTO - A Ordern dos Templários, que entrou em Portugal quando governava D. Teresa, mäe de D. Afonso Henriques, foi extinta. D. Dinis pediu ao papa que fosse criada em Portugal a Ordern de Cristo (1315), para a qual transi-tariam os domínios e bens dos Templários. 0 papa acedeu, passando a sede da Ordern de Cristo para o Convento de Tomar. A Ordern de Cristo teve papel importante nos Descobrimentos Portugueses, através do seu Mestre, o infante D. Henrique. Trabalhos agrícolas. ESTUDO GERAL - Os estudantes que quisessem seguir cursos superiores tinham de ir frequentar as universidades de Espanha, Franca ou Itália. D. Dinis, que apreciava o valor da cultura, fun-dou em Lisboa, em 1290, uma Universidade deno-minada Estudo Geral. Foi transferida para Coimbra e depois para Lisboa e, finalmente, foi fixada em Coimbra por D. Joäo III, no ano de 1537. Universidade de Coimbra, fundada no final do see. XIII. 42 D. DIIMIS E OS CANCIONEIROS - D. Dinis foi um dos reis mais cultos do seu tempo. Ordenou que fosse usado o portuguěs nos documentos públicos, em substituicao do latim. Mandou traduzir a Bíblia. Também conhecido por Rei Trovador, D. Dinis foi um grande poeta. As suas poesias encontram--se coleccionadas em livros chamados «Cancionei-ros». É no Cancioneiro da Vaticana que se encon-tram as mais belas poesias de D. Dinis. CANTIGA DE AMGO Ai, flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai, Deus, e u e? Ai, flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai, Deus, e u e? Se sabedes novas do meu amigo, a quel que mentiu do que pos comigo! Ai, Deus, e u e? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que m'ha jurado! Ai, Deus, e u e? D. DIMS RAIIMHA SANTA ISABEL - D. Dinis casou com a princesa Isabel de Aragao, senhora dotada de raras virtudes. Ela conseguiu pórtermo á luta armáda que D. Dinis manteve com o herdeiro do trono, seu filho, o infante D. Afonso, que pretendia assenhorear-se do poder ainda em vida do pai. Esta luta deve-se á amizade que D. Dinis dedi-cava ao seu filho bastardo Afonso Sanches, e do receio que havia em ele vir a ser o herdeiro do trono. A intervencäo de D. Isabel evitou, nos campos de Alvalade, uma grande batalha entre pai e filho. Mais tarde, conseguiu que se estabelecesse a paz entre ambos. Ainda em vida, o povo já Ihe chamava Rainha Santa. Contam-se dela alguns milagres. 0 mais conhecido é o Milagre das Rosas, em que, segundo a lenda, transformou em rosas as esmolas que levava no regaco para os pobres. Depois da morte de D. Dinis, a rainha D. Isabel recolheu-se ao Convento de Santa Clara, em Coim-bra, que ela fundou, onde se entregou ä oracäo, ä peniténcia e a obras de caridade. Aí faleceu em 1336 e se encontra sepultada. Foi canonizada em 1625, pelo papa Urbano VIII, e é venerada sob a invocacäo de Rainha Santa Isabel. Rainha Santa Isabel. 43 Nasceu em Lisboa, em 1291. Era filho de D. Dinis, a quem sucedeu, e de D. Isabel de Aragäo. Casou com D. Beatriz de Castela. Pela sua valentia, foi cognominado de o Bravo. D. Afonso IV desenvolveu o pais criando värias povoacöes, novos concelhos, feiras e merca-dos. Transferiu a universidade para Coimbra, em 1354. D. Afonso IV faleceu em 1357. Jaz na capela-mor da Se de Lisboa, por ele reconstruida. D. Afonso IV, rei de 1325 a 1357. BATALHA DO SALADO - 0 rei de Castela pediu auxilio a D. Afonso IV na luta contra os Mouros, que ameacavam reconquistar Castela e toda a Penfnsula. Os dois exercitos desbaratam os infieis na bata-Iha do Salado, em 1340, onde o nosso rei se cobriu de gloria pela sua valentia. EXPEDICAO AS ILHAS CANARIAS - D. Afonso IV desenvolveu a marinha, que ja contava com uma valorosa esquadra. Organiza expedicoes as ilhas Canarias, em 1336 e 1341, que incluiam mari- nheiros genoveses, entre eles Lancarote, que deu o nome a uma das ilhas. Nas expedicoes que fize-ram, os navegadores trouxeram madeiras, öleos, peles de animais. Em 1344 a posse das Canärias passa para Castela. D. Afonso IV reivindica, sem exito, em 1345, a posse das Canärias para Portugal. PESTE NEGRA - Devido ä falta de uma alimen-tacäo racional, ä falta de higiene e de medicamen-tos, as doencas propagavam-se com facilidade. A Peste Negra foi uma grande calamidade que apareceu no reinado de D. Afonso IV, em 1348, e matou cerca de um terco da populacäo portuguesa. ADMINISTRACÄO DA JUSTICA - Nos primör-dios da nacionalidade, os juizes eram escolhidos entre os homens honrados de cada terra. Esta medida tinha os seus inconvenientes porque era dificil serem independents e imparciais nos julgamentos. D. Afonso IV ordenou que os juizes näo podiam ser naturais das terras para onde fossem nomeados. Eram designados por jufzes de fora. D. INES DE CASTRO - Veio para Portugal como dama de companhia de D. Constanca, mulher de D. Pedro, o herdeiro do trono, e por quern este se apaixonou e com quern queria casar. D. Afonso IV, instigado pelos seus conselhei-ros a considerar esse casamento prejudicial aos Interesses da Nacäo, consentiu na condenacäo ä morte de D. Ines de Castro. Foi executada nos pacos de Santa Clara em Coimbra, em 1355, por Älvaro Gon-calves, Pero Coelho e Diogo Lopes Pacheco. 0 principe D. Pedro, desesperado, revoltou-se contra o pai. Interveio a rainha D. Beatriz, mäe de D. Pedro, que estabeleceu a paz. 44 D. PEDRO I Nasceu em Coimbra, em 1320. Era filho de D. Afonso IV, a quern sucedeu, e de D. Beatriz. Casou com D. Constancy, de Castela. D. Pedro I foi cognominado de o Justiceiro porque «amava a justica e era muito amigo de a fazer com direito». Era urn rei generoso que franqueava a sua mesa a todos. 0 povo adorava-o. D. Pedro I empenhou-se na prosperidade do pais e foi urn bom administrador. 0 povo dizia que «dez anos como estes em que reinou el-rei D. Pedro, nunca houve em Portugal)). Faleceu em Estremoz, em 1367. Os restos mortais de D. Pedro I e de D. Ines de Castro encontram-se no Mosteiro de Alcobaca. Os seus tiimulos sao duas obras-primas sem par na escultura portuguesa. D. Pedro I, rei de 1357 a 1367. Tiimulo de D. Pedro I. MORTE DE D. INES DE CASTRO - D. Pedro I logo que subiu ao trono procurou vingar-se da morte de D. Ines de Castro. Puniu severamente dois dos assassinos, Alvaro Goncalves e Pero Coelho. 0 ter-ceiro, Diogo Lopes Pacheco, refugiou-se em Franca. CORTES DE ELVAS - D. Pedro I reuniu cortes em Elvas, em 1361. Af, foram tomadas medidas importantes em beneffcio do povo. BENEPLACITO REGIO - D. Pedro I decidlu que qualquer determinacao vinda do papa, em relacao a Igreja e Clero de Portugal, so teria valor depois de assinada e publicada pelo rei. Esta lei foi desig-nada por «Beneplcicito Regio». Tiimulo de D. Ines de Castro. 45 D. FERNANDO Nasceu em Coimbra, em 1345. Era filho de D. Pedro I, a quem sucedeu, e de D. Cons-tanca. Casou com D. Leonor Teles, contra a vontade do povo. D. Fernando teve o cognome de o Formoso, devido a sua beleza e distinta figura. Protegeu a agricultura, o comercio e a marinha. Transferiu a universidade de Coimbra para Lisboa, em 1377, e concedeu-lhe novos privilegios. Fundou povoacoes, reparou castelos e protegeu as cidades de Lisboa e Porto com fortes muralhas. Morreu em 1383, deixando uma unica filha, D. Beatriz, casada com D. Joao I, rei de Castela. Terminou, assim, a primeira dinastia, conhecida por «Afonsina» ou «de Borgonha». Na terceira guerra, D. Fernando pediu auxilio aos Ingleses e terminou com urn tratado que esta-beleceu o casamento de D. Beatriz, unica filha de D. Fernando, com D. Joao I de Castela. Em 1373 foi assinado urn tratado de alianca e amizade entre Portugal e Inglaterra - a Alianca Anglo-Portuguesa — que facilitou e desenvolveu o nosso comercio externo. PROTECCAO A AGRICULTURA - Devido as guerras com Castela, a Peste Negra e ao exodo das populacoes do campo para a cidade, a agricultura ficou ao abandono. Para combater a crise agrfcola, D. Fernando publicou, em 1375, a Lei das Sesmarias. D. Fernando, rei de 1367 a 1383. GUERRAS COM CASTELA. ALIANCA COM A INGLATERRA — D. Fernando julgava-se com direito ao trono de Castela, com quem sustentou tres guerras, mas em nenhuma delas os Portugueses foram felizes. 0 rei castelhano invadiu Portugal e cercou Lisboa, terminando a luta com a paz de Santarem. LEI DAS SESMARIAS ...Todos os que tivessem herdades proprias ou alu-gadas fossem obrigados a lavra-las e semea-las; se o nao pudessem fazer lavrassem uma parte e entregassem a restante para outrem lavrar; de modo que todas as herdades que pudessem dar pao fossem semeadas de trigo, cevada e milho. E que todos os que eram lavradores e tambem filhos e netos dos lavradores e todos aqueles que morassem em vilas, cidades ou fora delas, desde que tivessem oficio de lavrador, fossem obrigados a lavrar terras. Mandou el-rei que quaisquer homens, mulheres ou criancas que andassem a pedir ou nao tivessem profissao, fossem obrigados a servir nas terras. Crimea de El-Rei D. Fernando PROTECCAO A MARINHA - D. Fernando, para fomentar a construcao de barcos com mais de 100 toneladas, para transporte de mercadorias, permi-tiu a utilizacao gratuita das madeiras das matas reais, e isentou de direitos a importacao de ferro e outros materiais para a construcao de barcos. Criou em Lisboa e no Porto a «Companhia das Naus», em 1370, que era uma Bolsa de Seguros Marftimos para indemnizar os proprietaries dos navios, no caso de naufragio ou de danos sofridos. Os donos dos navios pagavam uma percentagem sobre os lucros recebidos. DEULADEU MARTINS - Os castelhanos invadi-ram a vila de Moncáo e puseram cerco ao castelo com um grosso exército. 0 alcaide-morde Moncao estava ausente. Sua esposa, Deuladeu Martins, assumiu o comando do castelo e organizou a sua defesa. Decorridos muitos dias de cerco, comecaram a faltar os manti-mentos e os Castelhanos esperavam que os Portugueses se rendessem pela fome. Apercebendo-se das intencoes do inimigo, a corajosa mulher juntou os restos de farinha que ainda tinha e mandou cozer pao. Depois, subindo ao alto das muralhas do castelo, atirou o páo aos Castelhanos e gritou-lhes: PROTECCAO AO COMERCIO - Desenvolveu o comércio interno e o comércio marítimo com o estrangeiro. Facilitou a exportacao de mercadorias, tornando-as isentas de impostos alfande-gários. Apareceram ricos mercadores que deram origem a uma nova classe social, denominada burguesia. — V6s que nao nos podeis veneer pelas armas, enga-nais-vos se pensais que nos podereis veneer pela fome. Temos aqui muito que comer. Na pra \s.Tome" ( Melindei£_—^ ^ f áPríncipel Mombaga*/-—"* Brasil J j í \ \ ( Mocambique jjl^) J \ \ \Quelimanq^vM / —V—-Á»CwJj(dL Boa Esperanga — Viagem de ida — Viagem de regresso Roteiro de Vasco da Gama. Cobre (Inhambane, a Terra da Boa Gente), em Mocambique (25 de Janeiro de 1498); rio dos Bons Sinais (Quelimane-Mocambique); ilha de Mocambique — Mombaca e Melinde (13 de Marco) e, final-mente, Calecut (20 de Maio de 1498), capital da índia. Estava descoberto o caminho marítimo para a índia. Vasco da Gama foi recebido pelo imperador ou samorim, a quem entregou duas cartas do rei D. Manuel I: uma escrita em árabe e outra em portugués. Regressaram a Lisboa em Agosto de 1499, onde säo acolhidos no meio de grandes aclamacöes. Vasco da Gama foi distinguido com o título de Almi-rante do mar das índias. Os nossos navios traziam do Oriente ouro, diamantes, especiarias, seda, pedras preciosas, porcelanas. 0 poder dos Mouros no Oriente enfra-queceu e facilitou a expansäo do Cristianismo. Desenvolveram-se as ciéncias: Matemática, Cosmografia, Botánica... Para recordar o feito de Vasco da Gama, o rei D. Manuel I mandou construir o Mosteiro dos Jeró-nimos, em Bělém (Lisboa), que é uma primorosa obra de arte, no estilo manuelino. A Custodia de Bělém, existente no Mosteiro dos Jerónimos, foi mandada executar por D. Manuel I com o primeiro ouro que Vasco da Gama trouxe de Quíloa. 70 Mosteiro dos Jerónimos — símbolo dos descobrimentos marítimos. Custodia de Bělém. NOVO ESTILO ARQUITECTÓNICO - No periodo dos descobrimentos marítimos, apareceu na arquitectura portuguesa o estilo manuelino. Foi assim chamado por ter atingido o seu esplendor no reinado de D. Manuel I. Os elementos decorativos que caracterizam o estilo manuelino säo inspirados em motivos ligados ao mar e ás viagens: a Cruz de Cristo, as esferas armilares, nós de cordas, äncoras, conchas, algas, vegetais do ultramar, monströs marinhos... Os monumentos mais notáveis do estilo manuelino säo: o Mosteiro dos Jerónimos — gruta marinha de pilares finíssimos; a Torre de Bělém — caravela de pedra a fender as águas rumo ao Atlán-tico; a Janela da Sala do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar — renda de pedra em que maru-Iham vagas e se enroscam algas marinhas e cordas possantes, bóias de cortica, anéis e esferas. A DESCOBERTA DO BRASIL - Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, nas abas da serra da Estrela, provavelmente em 1468. Fidalgo da corte de D. Joäo II, ali estudou e viveu num ambiente de navegadores e sempře interessado pelos temas de além-mar. Em 8 de Marco de 1500, partiu do Tejo uma poderosa armada, comandada por Pedro Álvares Cabral, composta por 13 naus e 1500 homens, que se dirigia ä índia. Depois de atingir as Canärias passou por Cabo Verde e rumou para ocidente. Em 22 de Abril de 1500, avistou a Costa brasileira, lancando ferro numa larga enseada, de denso arvoredo, a que deu o nome de Porto Seguro. E como era o dia de Santa Cruz chamou-lhe Terra de Vera Cruz. Pedro Alvares Cabral ordenou o desembarque. Os marinheiros desceram a terra, arrancaram da selva urn lenho que improvisaram de altar ä beira da ägua onde Frei Henrique de Coimbra celebrou missa. Os indios andavam nus. Rodearam os Portugueses e receberam-nos sem hostilidade. Estava descoberto oficialmente o Brasil. Foi ali erguido um padräo para mostrar que aquela terra pertencia ä coroa portuguesa. Ao vento tropical flutuava agora, naquelas terras, a bandeira de Cristo e de Portugal. Havia muitas ärvores que tinham o cerne ver-melho, cor da brasa, a que chamavam pau-brasil. Por isso, o nome de Vera Cruz foi substitui'do por Brasil. Pedro Älvares Cabral prosseguiu a sua viagem para a India e ordenou a Gaspar de Lemos que regressasse a Lisboa levando a noticia da descoberta ao rei, assim como alguns exemplares de frutos, vegetais e animais da nova terra. D. Manuel I rece-beu a notfcia com agrado, mas sem grande entu-siäsmo, levando a crer que ja tivesse conhecimento secreto da situacäo geogräfica do Brasil. 71 — Viagem de ida — Viagem de regresso Roteiro de Pedro Alvares Cabral. CONQUISTAS E DESCOBERTAS - No reinado de D. Manuel I conquistaram-se em Marrocos as pracas de Safim (1508), por Diogo de Azambuja, e Azamor (1513), por D. Jaime, duque de Braganca. Joao da Nova, em 1502, descobriu as ilhas de Ascensao e Santa Helena. Em 1502 Gaspar e Miguel Corte Real atingiram a Terra Nova. Antonio Taveira chegou até Timor. VIAGEM DE CIRCUM-NAVEGACÁO - 0 nave gador portugués Fernao de Magalháes nao teve apoio de D, Manuel I ao seu projecto para demons-trar a esfericidade da Terra. Em 1519 iniciou a pri-meira viagem de circum-navegacao, ao servico do rei Carlos V de Espanha. Viajando para ocidente, atravessou o oceano Atlántico, passou o extremo sul da America por urn estreito que hoje tem o seu nome, estreito de Magalháes, e atingiu o oceano Pacifico alcancando as Fili-pinas, onde morreu, em 1522. A viagem foi concluida por Sebastiao de Elcano. ORDENACÓES MANUELINAS - D. Manuel I mandou compilar as leis do reino. Este trabalho muito contribuiu para a centralizacao administrativa ordenada pelo rei. Pedro Alvares Cabral chega ao Brasil. EMBAIXADA AO PAPA - D. Manuel I, para mos-trar ao Mundo o poder de Portugal, enviou, em 1514, uma embaixada ao papa Leao X ostentando o valor dos nossos trofeus e o ardor da Fe dos Portugueses. Era chefiada pelo fidalgo Tristao da Cunha, que solicitara ao papa o apoio para a expan-sao da Fe no Oriente. O navegador Fernao de Magalháes. 72 0 IMPERIOI PORTUGUES NO ORIENTE OS GOVERNADORES DAS INDIAS - Depois de descoberto o caminho maritime- para a India, por Vasco da Gama, era necessario assegurar ai o domi-nio portugues. Muitas armadas voltaram ao Oriente levando gente para dilatar a fe crista e o Imperio e desenvolver o comercio das especiarias (a pimenta, o gengibre e a canela), das perolas e dos diamantes. D. Manuel I nomeou urn vice-rei para administrar esses territories. D. FRANCISCO DE ALMEIDA - 0 primeiro vice-rei da India foi D. Francisco de Almeida. Partiu para o Oriente em 1505, comandando uma esquadra de 16 naus e 6 caravelas e constitufda por 1500 homens. A sua missao era organizar as novas estruturas militares e administrativas do Imperio. Conquistou Quiloa e Mombaca, na costa oriental da Africa, chegando finalmente a India, onde mandou construir as fortalezas de Angediva, Cana- D. Francisco de Almeida. nor e Cochim para proteger as nossas armadas. Escolheu a cidade de Cochim para sede do governo. Derrotou uma armada inimiga, em frente de Diu. Quando regressava ao reino, em 1509, faleceu na costa ocidental da Africa, perto do Cabo. 73 Afonso de Albuquerque. d. Joäo de Castro. AFONSO DE ALBUQUERQUE (o «Leao dos Mares») — Foi o segundo vice-rei da India, de 1509 a 1515. Aparece-nos como um grande marinheiro, soldado, estadista, administrador e diplomata. Conquistou Ormuz, em 1507, que controlava o comercio a entrada do golfo Persico; Goa, em 1510, que dominava o comercio do Indostao Oci-dental; e Malaca, em 1511, entreposto comercial da China e das Molucas. Fundou o Imperio Portugues do Oriente, com a capital em Goa. Fundou escolas para o ensino da Lingua Portuguesa; entregou a administracao do territory a funcionarios indigenas. Promoveu o casa-mento de Portugueses com mulheres indianas, para harmonizar as duas racas. D. Manuel I nao reconheceu a sua grande obra. Antes de morrer, Afonso de Albuquerque, cheio de desgosto, dirigiu uma carta ao rei: «Mal com os homens por amor de el-rei, mal com el-rei por amor dos homens; bom e acabar». Morreu a 15 de Dezembro de 1515, em Goa, onde quis ser sepultado. D. JOÁO DE CASTRO - Homem culto e guerreiro valente, foi o quarto vice-rei da India, e tudo sacri-ficou a bem de Portugal. 0 seu governo, de 1545 a 1548, foi acidentado devido ao cerco de Diu por uma poderosa esquadra muculmana. Os Portugueses resistiram sempre, apesar da desproporcäo das forcas, durante sete meses. Depois de muitos combates, o inimigo fugiu desbaratado, mas a fortaleza ficou em ruihas, Para a reconstruir, D. Joäo de Castro pediu dinheiro emprestado á Cämara de Goa, oferecendo como penhor as suas próprias barbas. A Cämara mandou--Ihe o dinheiro pedido e devolveu o penhor. Deixou uma vasta obra de Geografia e os Rotei-ros de Lisboa a Goa e de Goa a Diu. Morreu em Junho de 1548, em Goa, 74 D. JOAO III Nasceu em Lisboa, em 1502. Era filho de D. Manuel I, a quern sucedeu, e de D. Maria de Castela. Casou com D. Catarina, de Espanha. Teve o cognome de o Piedoso pelos seus sentimentos religiosos. Introduz em Portugal a Com-panhia de Jesus e presta atencao especial a evangelizacao dos territorios ultramarinos. Inte-grado no grupo de Jesuitas veio para Portugal o P.'Francisco Xavier, que viria a ser conhe-cido por «o apostolo das Indias». Devido a ma administracao dos reinados anteriores, os encargos aumentam. Tambem a per da do monopolio do comercio oriental e africano agravou a crise economica portuguesa. D. Joao III faleceu em 1557 sem deixar filhos. Jaz no Mosteiro dos Jeronimos. D. Joáo III, rei de 1521 a 1557. PR AC AS DE AFRICA - D. Joáo III, sem forca para conservar o Grande Império Portugués, abandonou as pracas de Safim e Azamor (1541), Alcácer Ceguer (1 549) e Arzila (1550), no Norte de Africa, por sérem um «sumidoiro de gente e dinheiro». COLONIZACÄO DO BRASIL - 0 Brasil näo foi colonizado por D. Manuel I. Este rei limitou-se a dar de arrendamento algumas terras a Fernando Noro-nha, pelo prazo de tres anos, na condicäo de este mandar descobrir, em cada ano, 300 leguas de costa. D. Joäo III olhou para o Brasil com maior inte-resse e empreendeu a obra de colonizacäo daque-las terras. Nomeou Martim Afonso de Sousa capitäo-mor do Brasil, e encarregou-o de governar o territörio, organizar a justica e distribuir as terras äs pessoas que la quisessem fixar-se. Em 1532, D. Joäo III mandou dividir o territörio em grandes zonas, do litoral para o interior, cha-madas capitanias, que entregou a donatärios ou capitäes com a missäo de as colonizarem e defen-derem. 0 rei ficou com o monopolio do pau-brasil e com o quinto dos metais e pedras preciosas. Tome de Sousa foi o primeiro governador-geral do Brasil, para onde partiu em 1549, tendo ali fun-dado a cidade de S. Salvador da Bafa, que passou a ser a capital. A seguir, foi governador do Brasil Mem de Sä, durante 14 anos, que desenvolveu uma grande accäo no povoamento e päcificacäo. Muitas familias portuguesas dirigiram-se para o Brasil. Fundaram ai importantes cidades, como Recife, Rio de Janeiro, S. Paulo... 75 Mapa do Brasil (século XVI) Os colonos dedicavam-se, principalmente, ä agricultura. Introduziram no Brasil as ferramentas de trabalho (enxada, foice, arado, machado, carro...); as culturas de cereais; animais domesti-cos; as culturas da vinha, da laranja e da cana-de--acücar, levada da Madeira e de S. Tome. Exploram-se as primeiras riquezas no Brasil: as madeiras, o acücar, o gado e o tabaco. A INSTRUCÄO - D. Joäo III, um rei muito culto e amigo da instrucäo, protegeu as artes e as letras. Transferiu definitivamente, em 1537, a Universi-dade de Lisboa para Coimbra. Contratou mestres competentes, nacionais e estrangeiros, reformou os estudos e atribuiu rendimentos ä Universidade. Em 1548 fundou o Colegio das Artes, em Coimbra, que confiou aos Jesuitas, destinado ao ensino secundärio. A INQUISICÄO - D. Joäo III instalou em Portugal o Tribunal da Inquisicäo, em 1536. Destinava--se a julgar os crimes contra a religiäo católica e as questöes sobre heresias, magia... Também censurava os livros a publicar, proi-bindo as obras contrarias aos principios da doutrina e da moral religiosa. MACAU - A China doou aos Portugueses, em 1557, o território de Macau como recompensa dos servicos prestados na luta contra os piratas no mar Amarelo. Localizado na Asia Oriental, o território de Macau tornou-se o entreposto comercial entre a China e os outros parses. II OS QUATRO IMPÉRIOSI1H1HI Os marinheiros e soldados Portugueses corre-ram todos os mares e aportaram a todos os conti-nentes. No decurso das eras ergueram os Quatro Impérios. O IMPÉRIO NORTE-AFRICANO - Iniciadocom a tornáda de Ceuta, em 1415, continuado pela tornáda de Alcácer Ceguer, em 1458, e completado por Arzila e Tanger, em 1471. O IMPÉRIO DO ORIENTE - Aberto por Vasco da Gama com a descoberta do caminho marítimo para a India, em 1498, e consolidado pelas vitórias navais de D. Francisco de Almeida e as conquistas de Afonso de Albuquerque, no início do século XVI. O IMPÉRIO DO BRASIL - Descoberto oficial-mente por Pedro Álvares Cabral, em 1500, o Brasil foi colonizado trinta anos mais tarde por D. Joäo III, por meio de «capitanias», até nomear Torné de Sousa, em 1549, como governador-geral. O NOVO IMPÉRIO DA AFRICA CENTRAL E MERIDIONAL - Desde o século XV que os Portugueses aí instalaram feitorias e fortalezas. 76 CONSEQUÉNCIAS DOS DESCOBRIMENTOS Os descobrimentos Portugueses foram obra de quantos através das épocas e das geracôes, em jornadas de aventura, de sacrifícios e heroísmo, mudaram a face do Mundo. Tiveram grandes con-sequéncias em todos os campos da actividade do homem. ECONÓMICAS - Os Portugueses passaram a controlar o comércio da índia. O Atläntico Sul trans-formou-se na principal estráda comercial, reduzindo a importäncia do Mediterräneo. Lisboa tornou-se o centro de todo o comércio africano e oriental. A actividade agrícola decaiu e deu lugar ao comércio. Compravam-se ao estrangeiro os bens essenciais que näo se produziam em Portugal. CIENTÍFICAS — Desenvolveu-se a ciéncia náutica. Alargaram-se os conhecimentos da Geografia, da Matemática, da Astronómia, da Botánica, da Zoológia, da Etnografia, da Medicina, da Linguística. Passaram a ser conhecidas novas plantas, novos animais, novos climas, novas racas, novas religiôes e costumes. Apareceu, no século XVI, um novo estilo arqui-tectónico - o estilo manuelino —, também conhe-cido por «arquitectura do mar» e «estilo atläntico», caracterizado pelos adomos marinhos. MORAIS E SOCIAIS - As classes que tradicio-nalmente dominavam, isto é, o clero e a nobreza, entram em crise, devido á predominäncia da actividade comercial. Surge uma nova classe, a burgue-sia, formada por comerciantes, banqueiros e capi-talistas. 0 luxo e a sumptuosidade aumentam. Perde--se o amor pelo trabalho produtivo. Uma deca-déncia moral e social säo sinais da ruina de Portugal. EVANGELIZACÁO I E MISSIONACÁO Portugal levou o facho da civilizacáo crista, os costumes e a Língua até aos confins da Terra. A par do soldado, do marinheiro, do colono, seguem nas caravelas os missionários. Assim foram levan-tando os padroes, as fortalezas, as igrejas, as escolas... Onde chegavam erguiam a Cruz e os sacerdo-tes celebravam missa, ensinavam aos indígenas os princípios da religiáo, da moral e da justica. Accäo dos missionários. OS FRANCISCANOS - A Ordern dos Francisca-nos, fundada por S. Francisco de Assis, tinha por principál missäo propagar a fé e socorrer os neces-sitados e desprotegidos. Os frades franciscanos vieram para Portugal no reinado de D. Afonso II. Foram 77 Igreja de S. Francisco Xavier, em Goa. os primeiros religiosos que acompanharam os Portugueses nas conquistas e nas descobertas. A sua accäo desenvolveu-se nas ilhas da Madeira e dos Acores, nas pracas do Norte de Africa, na Guiné, Cabo Verde, S. Torné, india... Os missionaries edificaram igrejas, conventos, hospitais e escolas onde ensinaram a Lingua Portu-guesa e os costumes europeus. A COMPANHIA DE JESUS - Fundada em Italia, em 1539, por Santo Inácio de Loiola, instalou--se em Portugal, em 1540, a pedido de D. Joäo III. Os padres jesuítas foram missionários e educa-dores nos territórios do Ultramar, em especial na India e no Brasil, tornando-se notáveis na pregaeäo, no ensino das letras, das artes e das ciéncias. Criaram escolas, oficinas e igrejas. No Oriente, em especial na India, destacou-se o padre Francisco Xavier (Säo Francisco Xavier), o «Apöstolo das fndias». Chegou a Goa em 1542 e morreu em 1552. A Igreja canonizou-o e o seu corpo ainda hoje se venera em Goa, onde se encontra o seu tümulo, na Igreja do Bom Jesus. No Brasil notabilizaram-se os padres Manuel da Nöbrega, que ajudou a fundar as cidades de S. Paulo e Santos e contribuiu para a libertaeäo dos abori-genes, e Jose de Anchieta (o «Apöstolo das Ameri-cas»). A accäo dos Jesuitas no Brasil estende-se ä fundaeäo de aldeias, escolas, colegios... Alem de apostolus, os Jesuitas säo pedagogos, construto-res, administradores e agricultores. FREI BARTOLOMEU DOS MÄRTIRES - Nas-ceu em Lisboa, em 1514. Foi bispo de Braga, e conhecido no mundo cristäo por «o bracarense», onde desenvolveu notävel accäo no dominio cari-tativo, da educaeäo popular e do clero. Foi urn defensor dos preceitos do Concilio de Trento. Faleceu em Viana do Castelo, em 1590. CIIMCO SECULOS DE EVANGELIZACÄO E ENCONTRO DE CULTURAS — A Igreja Catölica iniciou, no final de 1989, a decada das celebracöes dos «Cinco Seculos de Evangelizacäo e Encontro de Culturas», evocando aqueles que acompanharam a gesta dos descobrimentos Portugueses e espalha-ram a fe crista e a sua cultura pelo Mundo. A k 78 79 PORTUGAL NO SÉCULO XVI O porto de Lisboa. no géculo XVI. No século XVI colonizaram-se as terras desco-bertas pelos Portugueses. Os nossos navios come-caram a transportar da India a pimenta, a canela, o cravo e outras especiarias que passaram a ser usadas na alimentacäo. Também vieram da índia o marfim, as pedras preciosas, as pérolas, as loucas de porcelana, as sedas e as tapecarias. O comércio atingiu um grande desenvolvi-mento. A agricultura e a indústria entraram em decadéncia. Apareceu uma nova classe, a burguesia, que se dediča ao comércio. Lisboa transformou-se na capital mercantil do mundo. Aqui afluíam grandes comerciantes e mer-cadores. O comércio com Africa e o Oriente concentrou-se em Lisboa. As mercadorias éram car-regadas nas feitorias portuguesas no Oriente e enviadas para Lisboa, onde éram depositadas na Casa da Guiné e da índia e depois distribuídas. Há numerosas transaccôes de sedas da China, tapetes da Persia, pimenta da Malásia, cravo das Molucas, canela do Ceiläo, ouro de Sofala, rubis e marfim da Guiné, sändalo de Timor, madeira do Brasil... As habitacôes dos fidalgos e dos burgueses éram verdadeiros palácios. A cozinha era o lugar principal. 0 mobiliario era rico e artfstico: armarios de grandes dimensoes; cadeiras guarnecidas de couro e de veludo; tapecarias orientals; baixelas de ouro e prata; loucas da India, da China e do Japao. Nas camas havia colchoes, travesseiras, almofadas e cobertores de la. Na iluminacao, alem das velas e fachos, usava-se o oleo de baleia. As casas dos camponeses, construidas de barro e taipa, tinham somente urn compartimento. 0 mobiliario era composto por area, cama, mesa e bancos. A alimentacao das classes pobres era a base de pao de trigo, sardinha, fruta e legumes. As classes mais abastadas serviam-se de carne, peixe, vinho, especiarias, vegetais e frutos vindos de Africa e dos Acores e Madeira, compotas e varios doces. Comecou a cultivar-se a batata e o milho. Plantaram-se arvores de fruto. 0 vestuario passou a ser feito de tecidos ricos (sedas e veludos) bordados com ouro e prata e enfei-tados com rendas e pedras preciosas. Construfram-se monumentos em estilo manue-lino que assinalam a epopeia do mar. 80 CULTURA PORTUGUESA Nos séculos XV e XVI dá-se a expansäo do movimento literário e artístico, gracas ä actividade dos descobrimentos marítimos. 1A LITERATURA FERNÁO LOPES — Foi o primeiro historiador (cro-nista) de Portugal. Viveu no tempo de D. Joäo I e de D. Duarte. Este nomeou-o cronista-mor do Reino, isto é, incumbiu-o de escrever a história dos reis de Portugal que o antecederam. Escreveu as crónicas de D. Pedro I, de D. Fernando e de D. Joäo I. Fernäo Lopes. GIL VICENTE - Viveu nos reinados de D. Manuel I e de D. Joäo III. Criou oteatro portugués. Escreveu pecas de teatro, em verso, chamadas autos: Auto da Alma, Auto da Feira, Auto das Barcas... Gil Vicente, nos seus autos, critica e retrata a sociedade da época, que vive preocupada com o luxo e as riquezas. FERNÄO MENDES PINTO - Nasceu em 1510, em Montemor-o-Velho, e viveu no tempo de D. Joäo III, D. Sebastiäo e D. Henrique. Grande aventureiro, partiu para a índia, em 1537, em busca das riquezas, onde viveu 21 anos. Viajou também pela Africa, Etiópia, Arabia, China e Japäo. Escreveu o livro «Peregrinacäo», onde relata as suas viagens pelo Oriente. LUÍS VAZ DE CAMÖES - Filho de pais de origem nobre, recebeu uma esmerada educacäo. Frequentou a Universidade de Coimbra, onde se distinguiu pela sua inteligéncia, e ai escreveu as suas primeiras cancöes. Fez parte do grupo de pessoas letradas da corte de D, Joäo III. Luis de Camöes tinha um espírito aventureiro. Combateu em Ceuta, contra os Mouros, onde per-deu o olho direito. Serviu também em Mocambique, na índia e em Macau. Camöes foi o maior poeta portugués de todos os tempos. Foi na India e em Macau que, «numa mäo sempře a espada e na outra a pena», escreveu a maior parte do seu imortal poema «Os Lusiadas», uma obra de valor universal. Na viagem de Macau para Goa, a nau em que viajava naufragou. Camöes salvou-se a nado HEP - 6 81 Luis Vaz de Camôes. segurando com a mäo esquerda o manuscrito de «Os Lusiadas», enquanto a direita cortava as ondas. Desembarcou em Lisboa em 1570. Vinha miserável mas trazia consigo uma grande riqueza: «Os Lusiadas», <St Guiné Bissau — ^B^^ S.Torné e \ Principe Angola ^^T' W u $ ^Rambique <^ i AMjÉS OCEANO Raises de expressáo portuguesa. Prof. Cavaco Silva. Eng. Antonio Guterres da Costa; Prof. Carlos da Mota Pinto; Eng. Maria de Lurdes Pintassilgo. Depois, através de coligagöes ou isolados, sur-gem os governos sustentados por uma maioria, chefiados pelo Dr. Francisco Sá Carneiro; Dr. Francisco Pinto Balsemäo; Prof. Anibal Cavaco Silva e Eng. Antonio Guterres. INDEPENDENCE DOS TERRITÓRIOS ULTRA-MARINOS — Os territórios de Angola, Mocambique, Guiné, Cabo Verde e S. Torné e Principe, que estavam na posse de Portugal há cerca de cinco séculos, tornaram-se novas nacöes independentes de expressäo oficial portuguesa. O território de Macau permaneceu sob admi-nistragäo portuguesa até ao ano de 1999. Timor foi ocupado, em 1975, pela Indonesia, que continua a oprimir o povo timorense. ELEICÁO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA - O General Antonio Ramalho Eanes foi o primeiro presidente da República eleito após aprovagäo da nova Constituigáo, em 1976. Foi reeleito em 1980. Em 1986 foi eleito presidente da República o Dr. Mario Soares e reeleito em 1991. O Dr. Jorge Sampaio foi eleito presidente da República em 1996. 135 CONSTITUICÁO POLÍTICA 11 DA REPÚBLICA PORTUGUESA li DE 1976 1 A Repúblíca Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular e no plu-ralismo de expressao e organizacao política demo-cráticas. Sao órgaos de soberania o presidente da Repú-blica, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. O presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independéncia nacionál, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituicoes democráticas. É eleito por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadaos Portugueses eleitores. O seu mandato tem a duracao de cinco anos. Compete ao presidente da Repúbica, entre outras, dissolver a Assembleia da República, nomear o primeiro-ministro e demitir o Governo. A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadaos Portugueses. É constituída por 230 deputados eleitos por círcu-los eleitorais. Čada legislatura tem a duracao de quatro anos. Compete á Assembleia da República apro-var alteracoes á Constituicao, fazer leis, dar ao Governo autorizacáo para legislar, aprovar a lei do Piano e o Orcamento do Estado, conceder amnis-tias e perdoes. O Governo é o orgáo de conducao da política geral do Pais e o órgao superior da administracao publica. O Governo é constituído pelo primeiro-ministro, ministros, secretários e subsecretários de Estado. O Governo é responsável perante o presidente da República e a Assembleia da República. Os Tribunais sao órgaos de soberania com com-peténcia para administrar a justica em nome do povo. Existem as seguintes categorias de tribunais: Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justica, Supremo Tribunal Administrativo, Tribunal de Contas, tribunais judiciais e tribunais mili-tares. REGIÖES AUTÖNOMAS - 0 regime politico--administrativo proprio dos arquipSlagos dos Aco-res e da Madeira fundamenta-se nas suas caracte-risticas geogräficas, economicas, sociais e culturais e nas histöricas aspiracöes autonomistas das popu-lacöes insulares. Säo örgäos de governo proprio de cada regiäo a Assembleia Regional e o Governo Regional. As regiöes autönomas tem bandeiras e hinos pröprios. Bandeira dos Acores. 136 PORTUGAL NA COMUNIDADE EUROPEIA PAISES BAIXOS PORTUGAL ESPANHA 11 BELGICA AUSTRIA SUECIA GRECIA LUXEMBURGO 0 II FRANCA DINAMARCA IRLANDA II ITALIA ALEMANHA REINO UNIDO FINLANDIA A Comunidade Europeia (CE). ' Em 1 de Janeiro de 1986 Portugal e admitido na Comunidade Europeia (CE). Os Estados membros da Comunidade säo Bel-gica, Franca, Italia, Luxemburgo, Paises Baixos, Alemanha, Dinamarca, Irlanda, Reino Unido, Grecia, Espanha, Portugal, Austria, Finländia e Suecia. Com 370 milhöes de habitantes, a Uniäo Europeia estä vocacionada para a liberdade, a paz e a prosperidade, contribuindo para um mundo mais justo. 0 euro e a moeda da Uniäo Europeia. A partir de 1 de Janeiro de 2002 o escudo serä substituido pelo euro. 137 1.' REPUBLIC A (1910-1926) ESTADO NOVO (1926-1974) 1910 Implantacäo da República (5 de Outubro). 1911 Aprovacäo da primeira Constituicäo da República Portuguesa. Eleicäo do primeiro presidente da República, Dr. Manuel de Arriaga. A «Portuguesa» foi adoptada como Hino Nacionál. Criacäo das Universidades de Lisboa e Porto. 1914 Inicio da Primeira Guerra Mundial (1914-18). 1915 Eleicäo do Dr. Teófilo Braga para a presidéncia da República. Elevacäo do Dr. Bernardino Machado a presidente da República. 1916 Portugal participa na Primeira Guerra Mundial, como aliado da Inglaterra. 1917 Partem os primeiros soldados Portugueses para Franca. A revolucäo militar do major Sidónio Pais sai vito-riosa. 1918 Sidónio Pais é eleito presidente da República. Termina a Primeira Guerra Mundial. Sidónio Pais é assassinado, na estacäo do Rossio, em Lisboa. O almirante Canto e Castro sobe á Presidéncia da República. 1919 Sobe á Presidéncia da República o Dr. Antonio José de Almeida. 1922 Gago Coutinho e Sacadura Cabral realizam a primeira travessia aérea de Lisboa ao Rio de Janeiro. 1923 O escritor Manuel Teixeira Gomes é eleito presidente da República. 1925 Revolta militar chefiada por Filomeno da Cämara, Sinei de Cordes e Raul Esteves. Bernardino Machado é eleito pela 2.a vez presidente da República. 1926 Revolucäo militar do 28 de Maio chefiada pelo general Gomes da Costa, que saiu vitoriosa. Instaura-cäo da ditadura militar. Gomes da Costa é inves-tido de todos os podereš. 138 1926 0 general Gomes da Costa é deposto. 1927 Revolta democrática, malograda, no Porto e em Lisboa. 1928 0 general Óscar Carmona é eleito presidente da República. 1928 0 Prof. Antonio de Oliveira Salazar entra para o governo como ministro das Financas (27 de Abril). 1931 Revolta na Madeira, dominada. 1932 0 Prof. Oliveira Salazar torna posse como presidente do Conselho de Ministros, cargo que exerce até Setembro de 1968. 1933 Publicacäo da Constituicäo Polftica da República Portuguesa de 1933 que instaura a República uni-tária e corporativa. 0 «Estado Novo». 1936 Inicio da Revolucäo Nacionál Espanhola. 1939 Conquista de Madrid pelo general Franco: vitória da Revolucäo Nacionál Espanhola. Comeca a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Portugal mantém a neutralidade. 1940 Concordata entre o Estado e a Santa Sé. Exposicäo do Mundo Portuguěs. 1941 Acordo cultural entre Portugal e o Brasil. 1945 Firn da Segunda Guerra Mundial. Vitória dos Aliados contra os Alemäes. 1951 Mořte do presidente Óscar Carmona. 0 general Francisco Higino Craveiro Lopes sobe ä Presidéncia da República. 1958 0 Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomas sobe á Presidéncia da República, onde se mantém até á Revolucäo do 25 de Abril de 1974. 1961 Comecam as lutas de guerrilha nas províncias ultramarinas, em Africa, contra o domínio portuguěs. ICR0N0L06IA Mil II See. XX Ék 1968 0 presidente do Conselho, Prof. Oliveira Salazar, adoece gravemente e 6 afastado do Governo. Para o substituir e nomeado, em 27 de Setembro, o Prof. Marcelo Caetano, da Universidade de Lisboa, que chefia o Governo at6 ä Revolugäo do 25 de Abril de 1974. 1970 Morte do Prof. Oliveira Salazar. 2.' REPÚBLICA (1974-...) 1974 Revolucäo do 25 de Abril (fim do Estado Novo). 0 general Antonio de Spínola é nomeado presidente da Republica em Maio, e exerce o cargo até ä sua renúncia (Setembro). Primeiro Governo Provisório, chefiado pelo Prof. Adelino da Palma Carlos. 0 general Francisco da Costa Gomes é nomeado presidente da Republica, em Outubro. 1975 Portugal concede a independéncia ás províncias ultramarinas, em Africa. Eleicöes para a Assembleia Constituinte e Assem-bleia da Republica. 1976 Eleicäo do general Antonio Ramalho Eanes como presidente da Republica, o primeiro presidente eleito após a Revolucäo do 25 de Abril de 1974. Posse do 1. ° Governo Constitucional tendo como primeiro-ministro o Dr. Mario Soares. 1980 Eleicöes para a Assembleia da Republica. Posse do Governo do Dr. Francisco Sá Carneiro. Morte do Dr. Sá Carneiro. Reeleicäo do presidente da Republica general Antonio Ramalho Eanes. 1985 Eleicöes para a Assembleia da Republica. Governo do Prof. Cavaco Silva, 1986 Portugal passa a fazer parte da Comunidade Euro-peia (CE). Eleicäo do presidente da Republica Dr. Mario Alberto Nobre Lopes Soares. 1987 Morte do almirante Américo Tomas, em Lisboa. 1991 Reeleicäo do Dr. Mario Soares como presidente da Republica, e eleicöes para a Assembleia da Republica. 0 papa Joäo Paulo II visita, em Maio, Portugal Continental e as regiöes autónomas dos Acores e da Madeira. Eleicöes para a Assembleia da Republica. Posse do Governo, em Novembro, tendo como primeiro-ministro o Prof. Anibal Cavaco Silva. 1992 No dia 1 de Janeiro Portugal assume a presidéncia da Comunidade Europeia (CE), durante o primeiro semestre. 0 presidente da Republica Dr. Mario Soares visita os ex-territórios Portugueses na india. Assinatura dos acordos de paz pelo M.P.L.A. e a UNITA, em Bicesse, em Maio, sob a mediaeäo do governo portugués. Morte do Prof. Adelino da Palma Carlos. 1995 Elei$óes para a Assembleia da Republica. Posse do Governo chefiado pelo Eng. Antonio Guterres. 1996 Eleicäo do presidente da Republica Dr. Jorge Sampaio. Foi criada a Comunidade de Países de Lingua Portuguesa (CPLP). Morte do marechal Antonio de Spínola. 1998 Exposicäo Mundial de Lisboa (EXPO'98). 1981 ODr. Pinto Balsemäo assume achefiado Governo. Morte do Prof. Marcelo Caetano, exilado no Brasil. 139 SÍMBOLOS DA PÁTRIA Os símbolos da Pátria säo: a Bandeira Nacionál, o Hino Nacionál e o Chefe do Estado. A BANDEIRA NACIONÁL A bandeira nacionál é um símbolo da Pátria. Ela recorda-nos as lutas vitoriosas da fundacäo, inde-penděncia e restauracäo de Portugal e a epopeia dos descobrimentos marítimos. A bandeira do rei D. Afonso Henriques era branca com uma larga cruz azul ao centro. A cruz era, para o conde D. Henrique, o emblema de cru-zado e o azul uma das cores principals das armas da casa de Borgonha. Ao longo do regime monárquico a bandeira sofreu várias modificacöes. Com a implantacäo da República, a bandeira azul e branca passou a verde e vermelha. A bandeira portuguesa é composta por um rec-tängulo de pano cuja altura é igual a dois tercos da largura. Está dividida em duas partes, no sentido vertical, de cor diferente: a parte que fica junto ä haste é de cor verde e ocupa dois quintos da superficie; a outra parte é de cor vermelha e ocupa trés quintos. A cor verde representa a esperanca em melho-res dias de prosperidade e bem-estar, e também os campos verdejantes da nossa Pátria. A cor vermelha simboliza o valor e o sangue der-ramado por tantos heróis nas conquistas, nas des-cobertas, na defesa e engrandecimento da Pátria. 1 - D. Afonso Henriques. 2 - D. Sancho I; D. Afonso II; D. Sancho II. 3- D. Afonso III; D. Dinis; D. Afonso IV; D. Pedro I; D. Fernando. 4- D. Joao I; D. Duarte; D. Afonso V. 5- D. Joao II. 6- D. Manuel I; D. Joao III. 7- D. Sebastiao; D. Henrique; D. Filipe I; D. Filipe II; D. Filipe III; D. Joao IV; D. Afonso VI; D. Pedro II; D. Joao V; D. José I; D. Maria I. 8- D. Joao VI. 9- D. Pedro IV; D.Miguel; D. Maria II; D. Pedro V; D. Luis; D. Carlos; D. Manuel II. 9 140 No centro da bandeira, na uniäo das duas faixas, estä a esfera armilar, que simboliza as via-gens dos navegadores Portugueses pelo Mundo, nos seculos XV e XVI. Sobre a esfera armilar assentam as armas de Portugal, que constam de um escudo maior com outro mais pequeno dentro. 0 escudo lembra-nos a arma de defesa, com o mesmo nome, utilizada pelos nossos antepassados nos combates. 0 escudo maior e vermelho e, em sua volta, estäo representados sete castelos que figuram as cidades fortificadas que D. Afonso III tomou aos Mouros. 0 escudo mais pequeno, branco, encerra cinco escudos pequenos, azuis, dispostos em cruz, cada um dos quais contem cinco pontos brancos. Representam estes cinco escudos as cinco chagas de Jesus Cristo e os pontos brancos, contando duas vezes os da quina do meio, recordam os trinta dinheiros por que Judas vendeu Jesus Cristo e sim-bolizam o poder regio de cunhar moeda. o hino nacionál O hino nacionál «A Portuguesa» é um canto patriótico composto em 1891. Foi adoptado como hino nacionál, após a implantacäo da República, em 1911. Recorda os feitos dos nossos antepassados e incita os presentes a continuarem a sua obra de engrandecimento de Portugal. AUTOR DA LETRA: AUTOR DA MÚSICA: HENRIQUE LOPES DE MENDONCA ALFREDO KEIL I Heróis do mar, nobre Povo, Nagäo valente, imortal, Lerantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memoria, O Pátria, sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te ä vitória! As armas! As armas! Sobre a terra, sobre o mar! As armas! As armas! Pela Pátria lutar! Contra os canhöes marcbar, marcbar! II Desfralda a invicta Bandeira A luz viva do teu Céu, Bradě a Europa ä terra inteira: «Portugal näo pereceu!» Beija o solo teu, jucundo, 0 Oceano a rugir de amor, E o teu brago vencedor Deu novos mundos ao Mundo! As armas! As armas!.............. III Saudai o Sol que desponta Sobre um ridente porvir; Seja o eco duma afronta O sinal de ressurgir! Raios dessa aurora forte Säo como beijos de mše Que nos guardam, nos sustém Contra as injúrias da sortě! As armas! As armas!.................. 141 O CHEFE DO ESTADO O chefe do Estado é o presidente da República. déncia nacionál, da unidade do Estado e do regular É um símbolo da Pátria. Ele é o garante da indepen- funciónamento das instituicoes democráticas. General Ramalho Eanes. Dr. Mario Soares Dr. Jorge Sampaio CR0N0L0GIA DOS PRESIDENT^ DA REPÚBLICA PORTUGUESA DR. MANUEL DE ARRIAGA (1911-1915) DR. TEOFILO BRAGA (de 28-5 a 5-10-1915) DR. BERNARDINO MACHADO (1915-1917) DR. SIDONIO PAIS (1917-1918) ALMIRANTE CANTO E CASTRO (1918-1919) DR. ANTONIO JOSE DE ALMEIDA (1919-1923) DR. MANUEL TEIXEIRA GOMES (1923-1925) DR. BERNARDINO MACHADO (1925-1926) MARECHAL ANTONIO OSCAR DE FRAGOSO CARMONA (1928-1951) MARECHAL FRANCISCO HIGINO CRAVEIRO LOPES (1951-1958) ALMIRANTE AMERICO DE DEUS RODRIGUES TOMAS (1958-1974) MARECHAL ANTONIO SEBASTIAO RIBEIRO DE SPINOLA (de 10-5 a 28-9-74) MARECHAL FRANCISCO DA COSTA GOMES (de Outubro de 1974 a Junho de 1976) GENERAL ANTONIO DOS SANTOS RAMALHO EANES (1976-1986) DR. MARIO ALBERTO NOBRE LOPES SOARES (1986-1996) or. jorge sampaio (eleito em 1996) 142