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A LEXICULTURA NO PORTUGUES DE MOZAMBIQUE
Article in Linguagem Estudose Pesquisas • January 2016
301:10-5216/lep-Vl 81239577
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Alexandre Antonio Timbane
Universidadede Integracäo Internacionál da Lusofonia Afro-Bra s i lei ra, Males, Brasil
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A LEXICULTURA NO PORTUGUES DE MOZAMBIQUE
THE LEXICULTURE IN PORTUGUESE OF MOZAMBIQUE LA LEXICULTURA EN EL PORTUGUES DE MOZAMBIQUE
Alexandre TIMBANE*
Resumo: A presente pesquisa discute a interacao entre o lexico e a cultura no seio de uma comunidade linguistica. A pesquisa tern por objetivos identificar tracos lexico-culturais nos principals jornais de circulacao em Mocambique e explicar a ligacao entre o lexico e a cultura tendo em conta os contextos socioculturais. Baseado num corpus recolhido nos jornais "Noticias" e "Verdade" se conclui que os neologismos estao intimamente ligados a cultura e refletem o que acontece num determinado periodo do tempo e num dado lugar. A pesquisa conclui que alguns neologismos resistem ao tempo, alguns desaparecem e outros se atualizam dando a entender que as linguas sao dinamicas e se movimentam com base em variaveis sociais. Conclui-se ainda que o lexico do Portugues de Mocambique distancia-se das outras variedades do portugues devido a estreita ligacao com a cultura dos falantes das diversas linguas bantu mocambicanas que interagem entre si e quando entram em contato com o portugues, por ser esta, a lingua oficial de Mocambique.
Palavras-chave: Lexico; Cultura; Portugues de Mocambique.
Abstract: This study discusses the interaction between the lexicon and the culture in the language community. The research aims to identify lexical-cultural traits in major circulation newspapers in Mozambique and to explain the link between the lexicon and culture taking into account the socio-cultural contexts. Based on a corpus collected in the "Noticias" and "Verdade" newspapers, we conclude that neologisms are closely linked to culture and reflect what happens in a given period of time and at any place. The research concludes that some neologisms withstand time, some disappear and others are updated implying that languages are dynamic and move based on social variables. It was also concluded that the lexicon of Mozambique Portuguese distances itself from other varieties of Portuguese because of the close connection with the culture of the speakers of the various mozambican bantu languages that interact with each other and when they come into contact with the Portuguese as the official language of Mozambique.
Doutor em Linguistica e Lingua Portuguesa (2013) pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP). Professor titular na Universidade Academia de Ciencias Policiais de Mocambique (ACIPOL) - Maputo -Mocambique. Contato: alextimbana@gmail.com.
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Keywords: Lexicon; Culture; Portuguese of Mozambique.
Resumen: Este estudio discute la interacción entre el léxico y la cultura dentro de una comunidad lingüistica. La investigación tiene como objetivo identificar los rasgos léxico-culturales en los principales periódicos en circulación en Mozambique y explicar la relación entre el léxico y la cultura, teniendo en cuenta los contextos socioculturales. Basado en un corpus recogido en los periódicos "Notícias" y "Verdade" se concluye que los neologismos están estrechamente vinculados a la cultura y reflejan lo que sucede en un determinado período de tiempo y en un lugar. La investigación concluye que algunos neologismos resisten al tiempo, algunos desaparecen y otros se actualizan senalando que las lenguas son dinámicas y se mueven en función de variables sociales. También se concluye que el léxico del Portugués de Mozambique se dištancia de otras variedades del portugués debido a la estrecha relación con la cultura de los hablantes de diferentes lenguas bantúes mozambiquenas que se interactúan y cuando están en contacto con el portugués, puesto que es la lengua oficial de Mozambique.
Palabras-clave: Léxico; Cultura; Portugués de Mozambique. Introdu^äo
Mocambique é um pais multilíngue onde convivem mais de viňte Línguas Bantu1 (doravante LB), o árabe e o hindu num território ocupado por pouco mais de 24,4 milhöes de habitantes, segundo Mocambique (2013). A maioria da populacäo mocambicana reside nas zonas rurais e fala as diversas LB distribuídas de forma desigual ao longo do pais e o portugués tem o estatuto de lingua oficial, segundo a Constituicäo da República (2004). O portugués é lingua de prestígio e é usado na educacäo e na oficialidade.
O portugués em Mocambique (PM) j á é dos mocambicanos e näo pertence mais a Portugal, pois responde ás necessidades comunicativas do povo mocambicano. O numero de falantes de portugués como lingua materna vem crescendo desde 1980 (1,2%) para 2007, chegando a atingir 10,7%. (TIMBANE, 2013b, p. 36). Cerca de
Considera-se a existencia de mais de viňte línguas porque estudos estäo sendo feitos para identificacäo, classificacäo e integracäo das mesmas no Acordo Ortográfico. O Acordo Ortográfico da LB mocambicanas realizado em 2008 padronizou a ortografia de 17 línguas bantu mocambicanas que säo: kimwani, shimakonde, ciyaawo, emakhuwa, echuwabu, cinyanja, cinyungwe, cisena, cibalke, cimanyika, cindau, ciwute, gitonga, citshwa, cicopi, xichangana e xirhonga. (NGUNGA; FAQUIR, 2011).
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60% (2010) dos cidadaos já falam portugués em Mozambique. O crescimento se justifica pelo deslocamento da populacao do campo para cidade, pela escolarizacao obrigatória, pela política e pelo planejamento linguistico implementado pelo Governo e pelo prestigio que o portugués tem a nível regional e internacional.
Tal como mostram Timbane e Berlinck (2012), o PM difere do portugués europeu a nível sintático, fonético-fonológico, morfológico e, sobretudo, a nível lexical. Discutindo sobre "a variacao e mudanca lexical da lingua portuguesa em Mozambique", Timbane (2013b) mostra que o PM recebeu contribuicao lexical de diversas linguas: do inglés, do afrikaans, do zulu, do árabe e das LB mocambicanas.
Nesta pesquisa, pretendemos mostrar como a lingua está intimamente ligada á cultura. Sendo assim, as escolhas lexicais indicam a pertenca cultural de quern escreve/fala. Sao marcas que permanecem porque a expressao de ideais está intimamente ligada ás experiéncias que o indivíduo tem dentro da sua comunidade linguistica. Antunes (2012) concorda com a ideia de que nos grupos em que atuamos ou naqueles com que interagimos, somos identificados também pela linguagem que usamos. Segundo Antunes (2012, p. 46), "é a forma de pronunciar as palavras; é a curva melódica de nossas entoacoes. Sao os tipos de combinacoes sintáticas que fazemos [...] e outros muitos itens que denunciam a nossa proveniéncia".
Sendo assim, levantamos a seguinte questao: Que ligacao existe entre o léxico e a cultura mocambicana? A hipótese é a de que a colonizacao trouxe um contribute maior no léxico do PM, mas agora, a variedade traca o seu próprio caminho colocando em evidéncia as caracteristicas socioculturais do povo. A pesquisa tem por objetivo identificar tracos léxico-culturais nos principais jornais de circulacao em Mozambique; explicar a ligacao entre o léxico e a cultura tendo em conta os contextos socioculturais.
1 O conceito léxico e cultura no contexto Mocambicano
Como vimos, Mozambique é um pais multilíngue e cada lingua carrega consigo a cultura do seu grupo étnico-linguístico. Por sua vez, o portugués recebe contribuizoes linguísticas de várias linguas. O
2 Dado do Observatório da Lingua Portuguesa (2010).
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importante e discutirmos o que se entende por lexico de uma lingua. O lexico de uma lingua, segundo Correia e Barcellos Almeida (2012), e entendido como o conjunto de todas as palavras que fazem parte da lingua, ou seja, seria o conjunto virtual de todas as palavras de uma lingua incluindo os neologismos e os arcaismos.
O lexico e a face mais marcante na lingua e e "a materia-prima com que construimos nossas acöes de linguagem" (ANTUNES, 2012, p. 27). Para Antunes, o lexico e aberto, inesgotävel, constantemente renovävel. A sua variacäo e mudanca provam que as linguas näo säo estäticas, quer dizer, elas evoluem tendo em conta as variäveis sociais. Um dos aspectos importantes a marcar e que o lexico varia de cultura para cultura, de comunidade linguistica para comunidade linguistica. Por isso que o lexico identifica uma determinada comunidade em seus aspectos socioculturais. Uma unidade lexical simples como lobolo ou lovdlo näo e reconhecida no Brasil ou em Portugal, ou seja, ela ocorre no contexto de Mocambique e representa um evento cultural mocambicano - a cerimönia tradicional de entrega do dote. As unidades lexicais gol, escanteio, impedimento näo säo reconhecidas em Angola, em Mocambique etc., pois elas fazem parte do portugues brasileiro. O lexico "e o inventärio das unidades significativas responsäveis pela conceituacäo e representacäo do universo empirico natural e do sociocultural produzido pela atividade dos homens em sociedade." (COELHO, 2008, p. 14).
A lexicultura e uma palavra formada pelas unidades lexicais "lexico" e "cultura". O conceito "lexico" ja foi discutido nos parägrafos anteriores. Entendemos por "cultura" como o conjunto de padröes de comportamento, de conhecimento, de crenca, da arte, da moral, da lei, dos costumes e de todos os outros häbitos e capacidades adquiridas pelo hörnern como membro da sociedade. Sendo assim, a cultura carrega consigo as suas especificidades, por isso que se pode notar a existencia de significados e sentidos semänticos diferentes de uma comunidade linguistica para outra.
Entendemos por lexicultura o conjunto de itens lexicais que caracterizam e especificam uma determinada comunidade linguistica. Quer dizer, quando um falante pronuncia uma determinada palavra, nös o identificamos como membro pertencente ao grupo "X" ou "Y". Em outras palavras, a lexicultura seria a identidade lexical de um individuo ou de uma comunidade linguistica. Dividimos a lexicultura
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em duas partes: A lexicultura geral, aquele conjunto de itens lexicais que säo identificados por toda comunidade linguística, neste caso, a comunidade lusófona. A lexicultura específica se refere ao conjunto de itens lexicais que caracterizam uma variedade ou variante específica, ou seja, pertence a um grupo restrito. Pertencem a este grupo os angolanismos, os brasileirismos, os mocambicanismos etc.4. Há momentos da história da lingua em que certas palavras deixam de pertencer a um grupo linguístico específico e generalizam-se por toda comunidade, passando assim do específico para o geral. Essas unidades lexicais podem ser encontradas em dicionários brasileiros, Portugueses e mocambicanos (se vir a surgir). Isso significa que as palavras podem passar da fase específica para a geral e vice-versa. Isso acontece porque a lingua é sempre dinämica e muda constantemente motivado por fatores socioculturais e sociocognitivos (BAGNO, 2014).
E através desta concepcäo que debates sobre o uso dos dicionários entram em jogo. Porque o dicionário brasileiro, por exemplo, näo é aceito em escolas portuguesas? A justificacäo se centra nas particularidades da variedade do portugués brasileiro, pois a lexicultura brasileira näo é identificada em Portugal. Esse fenômeno näo pode ser ignorado e ser considerado inexistente na Comunidade de Países de Lingua Portuguesa. A variedade existe, é real e deve ser encarada como um aspecto positivo na comunidade linguística lusófona. O importante aqui é reconhecer que cada um deve ou pode usar cada lexicultura específica sem preconceito e sem exclusäo.
Timbane (2012a) e Timbane e Berlinck (2012) discutindo sobre a norma-padräo europeia e a mudanca linguística na escola mocambicana mostram que a literatura mocambicana tem trazido muitos termos das diversas LB para o portugués. Os autores däo exemplos de machimbombo (ônibus ou autocarro ou toca-tocaj, machamba (horta), madala (indivíduo com mais idade), nhamussorro (curandeiro), timbilas (xilofones). A origem de estrangeirismos
Deixamos claro que a "lexicultura específica" näo pode ser confundida com o termo que é estudado com muita propriedade em terminológia. Um dicionário do portugués brasileiro näo satisfaz na totalidade um falante do portugués angolano ou mocambicano etc. Da mesma forma que o contrário podem provocar os mesmos problemas e isso tudo é provocado pela lexicultura específica. 4 Conferir mais exemplos em Timbane (2013a).
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"necessários"5 näo só é proveniente da literatura, mas também das diferentes areas do saber cultural.
A lingua xichangana (uma LB falada na regiäo sul de Mozambique), por exemplo, acolheu contribuicôes do inglés para cobrir essa "necessidade" imediata fazendo surgir as palavras buku (do inglés book que significa "livro"), ngini (do inglés engine, que significa "máquina"), xipunu (do inglés spoon, que significa "colher"), mubedu (do inglés bed, que significa "cama"), mhôvä (do inglés to move, que significa "carro" em xichangana e näo no sentido do verbo "mover/deslocar" do inglés), bhôlwa (do inglés ball, que significa "bola") respectivamente. (TIMBANE, 2012b, p. 75).
2 A questäo do neologismo na atualidade
Os estudos da neologia na atualidade mostram que o conceito de neologismo apresentado em vários estudos publicados no Brasil e no mundo merece ser discutido cada vez mais. Isso significa que precisamos enquadrar ás realidades teóricas da realidade cultural de cada comunidade linguistica. Todos concordamos que a palavra neologismo tem origem grega onde neo- significa "novo" e -logos significa "nocäo" O que significa que estamos diante de uma "palavra nova", urna "nocäo nova". Entendemos que o neologismo näo é necessariamente uma "palavra nova", ou sej a, pode ser uma palavra antiga e que ganhou novos valores semänticos, morfológicos, fonético-fonológicos, sintáticos, pragmáticos, etc.
Cotidianamente, falantes atribuem novos significados ás palavras já existentes ou mesmo criam novas. Algumas passam a ser usadas com frequéncia, outras somem conforme o tempo. A criacäo neológica pode ocorrer a nível individual, a nível da comunidade linguistica ou mesmo a nível de grupo de interesse, como é o caso dos termos. Podemos citar a terminológia da apicultura (GONQALVES PERUCHI, 2013), terminológia das enfermidades (MURAKAWA, 2013), terminológia de futebol (TIMBANE, 2013c).
5 Os estrangeirismos "necessários" sao aqueles que nao těm equivaléncia na lingua portuguesa. O estrangeirismo de "luxo ou de prestígio" é aquele em que a palavra equivalente existe na LP, mas os falantes preferem a palavra estrangeira pelo fato de ser mais bonita, ter mais estilo, ser mais chique ou por razoes de identificacao cultural. (TIMBANE, 2013b, p. 162-165).
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Tal como mostra Sablayrolles (2007) quando discute neologismos, a "novidade" pode acontecer a nível interno da lingua (matriz interna) ou a nível externo (matriz externa). Guilbert (1975), por exemplo, discute neologia lexical como a possibilidade de criacäo de novas unidades lexicais, em funcäo das regras de producäo incluidas no sistema lexical. Boulanger (1989) define como o processo de criacäo de unidades lexicais, gerais ou terminológicas, pelo recurso aos mecanismos de criatividade lexical de que uma lingua dispöe. O que se observa na realidade é que para ser neologismo näo precisa que sej a palavra nova, mas também pode ser uma palavra já existente que ganha novos valores semänticos, novos valores fonológicos, morfológicos, etc. Por exemplo, da palavra "coxa"6, o portuguěs brasileiro formou o neologismo "encoxador" para se referir aquele que tira foto ou filma coxas de mulheres alheias no metro, no ônibus, em lugares públicos etc. O "encoxador" näo só é aquele que age dessa forma, mas também aquele que se aproxima intencionalmente a fim de tocar pessoas desconhecidas no ônibus, no metro, na fila, etc. Há quem diga que haja "encoxatriz" se indivíduo for do sexo feminino, mas a imprensa brasileira pouco faz alusäo. A imprensa brasileira define "encoxador" como sendo o ato de esfregar o penis contra as coxas ou nádegas de alguém alheio para se excitar dentro de um meio de transporte lotado ou em filas.
Todos estes contextos säo recentes e tém a ver com contexto real do Brasil (principalmente das grandes cidades), onde há problemas de transporte e os meios de transportes circulam muito lotados. Näo significa que em Mocambique, por exemplo, näo haja súperiotacäo de passageiros em transportes públicos e privados. Mesmo que o fenômeno exista, a palavra "encoxador" näo existe. "Encoxador" faz parte do acervo neológico do portugués do Brasil e representa um fenômeno específico do Brasil. Este fenômeno sustenta a ideia segundo a qual "a constante expansäo do léxico da lingua se efetua pela criacäo de novas palavras, pela incorporacäo de palavras de outras línguas, pela atribuicäo de novos sentidos a palavra já existentes" (ANTUNES, 2012, p. 31).
6 "Parte do membro inferir entre o quadnl e o joelho". (HOUAISS; VILLAR; MELLO FRANCO, 2009, p. 565).
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A criatividade lexical, segundo Timbane (2013a), é motivada pelos contextos sociais de varia ordem, que väo desde os econômicos, os sociais, os culturais, os politicos, etc. Essa particularizacäo espacio-territorial origina o que Timbane (2013a, b) designa por mo^ambicanismos (se ocorre em espaco-geográfico denominado Mozambique), brasileirismos (se ocorre em espaco-geográfico denominado Brasil), etc.
Hoje é possível saber com precisäo quando um neologismo surgiu, onde e qual é o grupo social que criou. Ao tomarmos o exemplo do neologismo rolé ou rolezinho, por exemplo, pode-se observar que a unidade lexical surgiu entre 2013-2014, no Estado de Sao Paulo, pela camada de adolescentes e j ovens (de classe social baixa e média) frequentadores de shoppings e parques. Rapidamente, a unidade lexical se espalhou pelas redes sociais em todo pais e em todos estados brasileiros. A rápida expansäo se justifica pelo uso da internet (redes sociais) principalmente em dispositivos celulares, tablets, smartphones, etc.
As pesquisas de Timbane (2013a) mostram que em muitos casos há unidades lexicais do PM que näo tém equivaléncia no portugués brasileiro ou vice-versa e também há unidades lexicais em comum só que näo possuem o mesmo significado semantico. Constata-se que o contato de linguas (em toda lusofonia, exceto em Portugal) favorece o aparecimento de empréstimos e estrangeirismos nas variedades que ocorrem na comunidade. Para além do lugar geográfico, o léxico pode pertencer a um determinado periodo do tempo, tal como mostra Paula (2013) quando discute sobre o "inventário lexical sobre escravidao negra em Goiás em registros paroquiais." O levantamento lexical feito na pesquisa da autora mostra que o léxico pode predominar numa determinada época, num determinado periodo de tempo conjugado a fenômenos histórico-culturais. Algumas dessas unidades lexicais resistem ao tempo, outras desaparecem, outras se recriam ou até se desneologizam.
Falando de neologismos no contexto sociocultural mocambicano, é importante ter em conta a história da comunidade linguística. Em Mozambique, por exemplo, surgiu recentemente a reentrada de caminhôes e camionetas que transportám passageiros dentro e fora da cidade. Esses meios de transporte säo chamados de LLmy love", estrangeirismo lexical proveniente do inglés com evolucäo
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semántica. Se formos a notar, LLmy love" em inglés significa "meu amor" e a frase foi escolhida por estar relacionado com "amor" ou "carinho" no qual se pode abracar. O "abraco" é frequente nestes meios de transporte mocambicanos para evitar queda, o que levou os cidadaos a atribuir a frase "meu amor" (my love) para se referir a esse meio de transporte de passageiros.
Outra unidade lexical mais recente é afinar que significa tornar-se fino ou mais fino; adelgacar-se, segundo Houaiss, Villar e Mello Franco (2009, p. 61). Das oito acepcoes apresentadas pelo dicionário de Houaiss, Villar e Mello Franco (2009) nao existe uma acepcao que significa "apertar pessoas no onibus para caber mais". Pois bem, no contexto do PM "afinar" também significa "apertar pessoas no onibus para caber mais". Houve uma extensao do significado da palavra, logo, é um neologismo semántico. Nota-se aqui, a extensao dos valores morfo-semánticos děste verbo. O dicionário prevé "afinar um objeto ou coisa" e jamais "afinar ser humano" Este novo valor está intimamente relacionado as condicoes socioeconómicas de uma dada comunidade linguística. Uma unidade lexical mais recorrente entre os mocambicanos é a palavra txopela, estrangeirismo proveniente da lingua xichangana. Vem do verbo ku txopela (rabeirar). Assim, no contexto mocambicano, txopela designa um tipo de moto-taxi coberto para proteger o passageiro do frio e da chůva e que muitas vezeš está equipado de aparelho de som. Vejamos a seguir como os principais jornais mocambicanos tratam a lexicultura do PM.
3 O léxico nos jornais mocambicanos
A presente pesquisa se centra em dois jornais mais importantes em Mozambique: o Jornal "Notícias" (JN) e o Jornal "Verdade" (JV). A escolha dos dois jornais se justifica pelo fato de sérem jornais de maior circulacao. O JN é publico, comercial e atinge a camada social média alta. O JV atinge a camada social média e baixa, é privado e é de distribuicao gratuita Sendo assim, foram escolhidas aleatoriamente 19 edicoes do JN e 15 do JV. O JN é diário e o JV é semanal. Todos os jornais analisados correspondem ao periodo entre 2011 e 2012.
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Analisando os neologismos, tendo como base para o corpus de exclusao o "Dicionario Integral da Lingua Portuguesa" (2008) e o "Dicionario Houaiss" (2009), constata-se que:
(a) No JN foram identificados 2117 dados, dos quais 40,1% de estrangeirismos sao provenientes das LB, 68,1% de outras linguas, 97,3% do ingles e 97,6% de palavras eruditas.
(b) No JV, os resultados mostram que dos 999 dados coletados, 71,2% dos neologismos identificados provem das LB, 88% de outras linguas, 87,6% do ingles e 91,9% das palavras eruditas.
Esses dados mostram que a criatividade lexical do PM e inevitavel e esta sempre presente na fala dos mocambicanos, inclusive na midia. As unidades lexicais que sao integradas no PM sao na sua maioria palavra/sigla, tal como ilustra o Grafico 1.
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EsIiin9«insmo» Emprtilimo* Total
Gráfico 1 - Tipo de formacäo de empréstimos e estrangeirismos no JN e JV. Fonte -Timbane (2013b, p. 250)
Muitos estrangeirismos que entram no PM säo substantivos e säo "necessários" ou de "luxo". Vejamos alguns casos de neologismos semänticos extraídos dos jornais:
(1) "...ou sej a, o lambebotismo um grupo sobre o qual [...] pior ainda, ele torna-se um lambebotas mesmo..."(JV, 16. mar. 2012).
(2) "...estamos täo bem como apregoamos e nem sequer o deixa-andar^ iargäo amplamente..." (JV, 2. dez. 2011).
(3) "...transportadores de semi-colectivos de passageiros vulgo chapa 100 [...] o motorista do veículo automóvel, do chapa 100...'" (JN, 28. abr. 2012).
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A unidade lexical lambebotismo provém da composicao por justaposicao, em que as unidades lexicais lambe+bota se juntaram formando lambebota. Assim, lambebota é um individuo que é muito submisso ao seu chefe, mas com pretensäo de ganhar vantagens do seu superior hierárquico. A mesma aglutinacäo apresentada anteriormente se verificou na formacäo da palavra "chapa 100" que é a juncäo de "chapa + 100". O "chapa 100" é o meio de transporte privado de passageiros. Surgiu pelo fato de que esse transporte (geralmente van ou onibus) trazia no para-brisa, uma placa com a tarifa do transporte que era (nos anos 1980) de 100 Meticais .
No contexto do PM, deixa-andar significa "desleixo" ou "näo tomar atitude positiva numa determinada situacäo" E uma palavra que surgiu recentemente (ano 2005) com politicos para se referir aos governos anteriores que deixaram de tomar atitude perante situacöes político-económicas importantes de Mocambique.
4 A variacäo e a in udanca semäntica do PM
As palavras ganham sentido segundo os contextos nos quais säo usadas. Uma única palavra pode ter vários significados dependendo das variáveis sociais. Por vezeš, o significado de uma palavra muda ao passar de uma lingua para outra por meio do processo que denominamos por estrangeirismo e empréstimo. Vejamos os exemplos extraidos do corpus:
(4) "...o já que o seu ten years pega avarias quase cada dia que nasce ..." (JN,6. abr. 2012, p. 29)
(5) "...mercadorias para revenda, na luta contra os ninjas e com os policias..." (JN, 16. ago. 1997, p. 9)
(6) "... os populäres cogitam ser uma catorzinha por sua vez..." (JN, 19. dez. 2011, p. 21)
As palavras estrangeiras destacadas nas frases acima perderam o seu sentido original. No contexto do PM, ten years /tenies/ significa "van" (no PB), ninja significa "ladräo", e "catorzinha" significa mulher profissional do sexo (prostituta) independentemente da sua
7 Metical (MT) é a moeda em circulacäo no território mocambicano. 100 MT corresponde a R$ 7,73.
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idade. No princípio, a expressao era usada apenas para mocas menores de 18 anos e, com o passar do tempo, o valor semántico se estendeu para qualquer mulher que pratica a prostituicao, independentemente da sua idade.
Como pudemos constatar, as unidades lexicais ten years, ninjas e catorzinha perderam o seu valor semántico de origem que corresponde a dez anos, agente secreto (em filmes japoneses) e catorze respectivamente, já que no PM as palavras em itálico significam van, ladrao e prostituta.
Quando falamos de neologismos semánticos, estamos falando de no vos significados atribuidos a unidades lexicais novas ou velhas. A palavra "calamidade" é antiga e bem conhecida na LP, mas no contexto do PM, para alem do significado já conhecido na lusofonia, significa "roupa usada". Vejamos a seguir neologismos semánticos no PM: giro: recarga de celular; patráo: dono de um empreendimento ou aquele que tem dinheiro; cinzentinho: policia civil; dubai: qualquer carro importado; deixa-sofrer: saia muito curta; mexe-mexe: conjuntivite; batedor: ladrao.
Estes e muitos outros neologismos aparecem no PM com objetivo de responder ao que chamamos de lexicultura especifica. Outras unidades lexicais identificadas nos jornais sáo: cena (coisa, algo, vagina), damo (menino que leva anel na cerimonia de casamento ou mocos que cortejam um casamento), casório (local, lugar onde se realiza uma cerimonia de casamento), puto (moco, rapaz), taco (dinheiro), rochar (errar, falhar), sograria (casa dos sogros), biscato (trabalho temporário/bico), babalaze (ressaca), infelicidade (morte), etc.
Os neologismos semánticos sáo frequentes em portugués e os dicionários nao conseguem dar conta. Uma unidade lexical simples como "chapa" pode trazer ambiguidades de interpretacáo num consulente mocambicano, tal como o "Dicionário Houaiss da Lingua Portuguesa" mostra nas acepcoes 2, 4, 6, 7, 8, 15.8 Das 15 acepcoes apresentadas pelo dicionário na entrada "chapa", 6 nao fazem parte do
2. Terreno piano; 4. Insignia honorifica feita em metal; 6. camada de substancia pastosa que adere a uma superficie; 7. Ideia, frase, dito, sem originalidade; 8. Coisa trivial; repetiqäo fastidiosa; 15. amigo, camarada (HOUAISS; VILLAR; MELLO FRANCO, 2009, p. 447).
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contexto mocambicano. Esse e um dado que mostra que o lexico e tambem uma "foto" da cultura de uma comunidade linguistica.
Considera^oes tlnais
E importante remarcar que a lexicultura especifica que se observa no PM demorara a pertencer a lexicultura geral. O grande impasse e que Mozambique ainda nao tern seu proprio dicionario. Alias, a dependencia de dicionarios brasileiros e Portugueses nao e so de Mozambique, mas sim de toda lusofonia, exceto Portugal e Brasil. A riqueza lexical e os corpora existem, mas falta um trabalho aprofundado para que se construa um dicionario das variedades africanas.
Entendemos que cada pais lusofono precisa preparar e publicar seu dicionario local (lexicultura especifica) utilizando os corpora escritos e orais locais e a partir deste se pode construir um tesouro da lingua portuguesa. O PM, por exemplo, trara exemplos tais como: bichar (fazer a fila), esquinar (esperar alguem na esquina), boatar (propagar mentiras), depressar (andar/fazer rapido), estilar (exibir-se), bala-balar (correr, andar rapido), anelar (pagar dote, lobolar), panhar (contrair doencas sexuais), cabular (copiar na prova), barulhar (fazer barulho), cabritar (fazer corrupcao), chimbar (bater fortemente), coisar (fazer sexo), engarrafar (fazer feitico colocando-o/a na garrafa por forma a ter um/uma so parceiro/a), ferrar (dormir), marrar (estudar), mortar (perder no jogo da bolinha), nenecar (colocar o bebe no colo), gazetar (faltar a aula, "matar aula"). O prefixo des- tern muita produtividade no PM. E desse modo, que surgiram as palavras desconseguir (nao conseguir), despegar (terminar uma Jornada de trabalho), destrocar (dar troco em dinheiro), descabelar (despentear), desvestir (tirar a roupa). O mesmo acontece com desdeixar (estar sujo), deslobolar (devolucao do dote), descasar (divorciar) etc.
E muito frustrante (principalmente para alunos nas series iniciais) procurar uma palavra no dicionario e nao encontrar. Essa e a rotina de consulentes mocambicanos quando pesquisam palavras ou sentido das mesmas em dicionarios brasileiros e Portugueses. Terminamos este trabalho chamando atencao para a necessidade de elaboracao e publicacao de dicionario que mostre as particularidades
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léxico-culturais do PM por forma a facilitar a consulta para os mocambicanos e nao só.
Nesta pesquisa tentamos mostrar que a lingua é composta pelo léxico que está intimamente ligado á cultura (lexicultura) e cada variedade tern as suas características próprias. Entendemos que o léxico é a face mais visivel da lingua e carrega consigo sempre a cultura de um povo. Se o léxico "é o reflexo do universo das coisas, das modalidades do pensamento, do movimento do mundo e da sociedade" (BARBOSA, 1989, p. 77), entao carrega junto a identidade de um povo, suas crencas, seus costumes e hábitos que devem ser respeitado por todos.
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Recebido em: 14/07/2014 Aceitoem: 10/10/2014
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