"^UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO Faculdade de Ciencias e Letras Campus de Araraquara - SP Carine de Freitas Berto Um estiido sintatico-semantico das preposi^oes em complementos verbais de weftjornais paulistas ARARAQUARA 2012 M UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO Faculdade de Ciencias e Letras Campus de Araraquara - SP Carine de Freitas Berto Um estiido sintatico-semantico das preposi^oes em complementos verbais de weftjornais paulistas Monografia apresentada ao Conselho de Curso em Letras, da Faculdade de Ciencia e Letras - Unesp/Araraquara, como requisito parcial para a obtengao do titulo de Bacharel. Orientadora: Profa. Dra. Rosane de Andrade Berlinck ARARAQUARA 2012 Agradecimentos Agradeco á minha família, minha máe, Regina de Freitas Berto, meu pai Flávio do Carmo Berto e minha irmá Flávia de Freitas Berto, que tiveram a fundamental contribuicáo para a minha formacáo pessoal. Agradeco também ao meu namorado e amigo, Rodrigo Alves de Souza, pela compreensáo e apoio. Agradeco-lhes por estarem sempře ao meu lado, ajudando-me a superar as responsabilidades académicas, ao me aconselharem ou apenas por me ouvirem. Agradeco ainda alguns professores, que se mostraram extremamente competentes nesses quatros anos de curso, eles, alem de sérem a base da minha formacáo sáo, sem dúvidas, exemplos a seguir. Agradeco especialmente e responsabilizo de forma direta por este trabalho, pois acompanha-me praticamente durante toda a graduacáo, a professora Rosane de Andrade Berlinck, por sua dedicagáo, pela extrema atencáo, confianga e por ter me aceitado como sua orientanda para a realizacáo děste trabalho, a ela, minha admiracáo. Resumo Este trabalho tem por objetivo principál avaliar a realizacäo do fenömeno linguístico da preposicäo, como também, investigar em que medida as pressöes normativas vigentes influenciam na producäo e percepcäo dos processos de variacäo e mudanca do portugués brasileiro. Analisamos o emprego de preposicöes em contextos de complementacäo verbal em textos jornalísticos contemporäneos da imprensa paulista - os wefrjornais. Foi analisado o emprego das preposicöes a e para em construcöes com complementos de predicadores de diregäo, movimento com trans ferenda, transferéncia materiál e transferéncia verbal/perceptual (Berlinck, 1996; Corréa, Cancado, 2006). A pesquisa propicia uma investigacäo linguística importante para o conhecimento sócio-histórico da língua, já que o texto escrito possui uma tendéncia conservadora (o que o torna mais "normativo"); contudo, o jornal tende a refletir tendéncias de uso, sendo, por isso, um espaco privilegiado para entendermos o conflituoso jogo entre 'norma' e 'uso'. Alem disso, a pesquisa possui relevancia para a Linguística Geral, por levar em consideracäo os fatores linguísticos e extralinguísticos que determinam o uso e a frequéncia das preposicöes, tais como as relacöes sintático-semanticas entre a preposicäo, o verbo, o complemento e o género textual. O materiál coletado se compöe de dados recolhidos com base em weöjornais de circulacäo média e pequena da cidade de Araraquara. Com base em resultados anteriores que embasaram este trabalho, notamos que há nos jornais paulistas do século XX maior predominäncia do uso da preposicäo a. Porém, constatamos registros representativos de variacäo em empregos da preposicäo para em contextos que a norma prevé a preposicäo a. Nos wefrjornais a tendéncia é que essas mudancas sejam mais perceptíveis; no estudo, procuramos destacar os contextos mais favoráveis ao uso da preposicäo para. Abstract The main goal of this work is to evaluate the realization of the linguistic phenomenon of preposition and also to investigate how current normative pressures influence the production and the perception of processes of variation and change in Brazilian Portuguese. We analyze the use of prepositions a and para in verbal complementation contexts in contemporary journalistic texts from Sao Paulo's press - the web newspapers. The contexts considered are constructions with complements of direction, movement with transference, material transference, and verbal/perceptual predicators (Berlinck, 1996; Correa, Cancado, 2006). Because written texts tend to be more conservative (i.e. more normative) this research provides an important linguistic investigation that contributes to the sociolinguistic knowledge of the language. However, the newspapers also tend to reflect the use, so they constitute a privileged place for us to understand the conflicting relationship between 'norm' and 'use'. Besides this, the research is relevant for General Linguistics for considering linguistic and extralinguistic factors which determine the use and frequency of the prepositions, like syntactic-semantic relations between the preposition, the verb, the complement, and the text genre. We collected data from web newspapers from Araraquara, with small and medium circulation. Based on previous results, we have ascertained the predominance of the use of the preposition a in the newspapers from Sao Paulo in the 20th century. However, we have also ascertained representative records of variation in the use of preposition para in contexts where according to the norm it should be employed a. These changes are likely to be more noticeable in the web newspapers, and then we try to highlight the more favorable contexts for the use of the preposition para. Sumário 1. Introdugäo 2. Fundamentagäo teórica 2.1. A teoria variacionista laboviana 2.2. As preposigöes 2.3. Os weĎjornais 2.4. Generös textuais - o editorial e o artigo de opiniäo 3. Metodologia 4. Análise de dados 4.1. Resultados gerais dos jornais 4.2. Resultados gerais de cada jornal 4.3. Resultados segundo os grupos de fatores 4.3.1. Uso da Preposicäo relacionada ä natureza do complemento preposicionado 4.3.2. Uso da preposicäo relacionada ä natureza semäntica do objeto direto 4.3.3. Sentido de (näo) permanéncia 5. Consideragöes finais Referéncias Apéndice 1: Grupos de fatores analisados Apéndice 2: Amostra de resultados obtidos pelo programa GOLDVARB X Apéndice 3: Amostra de como foi feita a análise dos dados Apéndice 4: Amostra de como foi composto o corpus da pesquisa 7 1. Introdugäo Este trabalho tem por objetivo investigar e descrever o emprego de preposicöes em complementos verbais, em textos jornalisticos da imprensa paulista publicados na internet, de modo a avaliar em que medida as pressöes normativas influenciam na producäo e percepcäo dos processos de variacäo e mudanca do portugués brasileiro. Para a pesquisa fizemos um levantamento das preposicöes a e para em contextos linguísticos que incluíssem construcöes de predicadores de diregäo, movimento com transferéncia, transferéncia material e de transferéncia verbal/perceptual (Berlinck, 1996; Corréa, Cancado, 2006) dos weöjornais da cidade de Araraquara. A partir desse recorte, pretendemos mostrar que há na abordagem tradicional certa contradicäo quando o assunto é o estudo de preposicöes no portugués. Os manuais e gramáticas em geral, se repetem, ao associarem as preposicöes somente a valores semänticos, trazendo regras simplificadas e exemplos oriundos de textos clássicos, sem levar em conta preocupacôes estruturais e funcionais. O interesse pela análise da variacäo preposicional se justifica pelo fato da preposicäo ser um elemento muito produtivo no sistema do portugués brasileiro e revelar situacöes de variacäo e mudanca ao longo da história da lingua. Assim, procuramos descrever o fenômeno em seu uso real -escrito e falado - assumindo o caráter dinämico da lingua, por isso sujeito a variacäo e transformacäo ao longo do tempo. O estudo, desse modo, contribui com estudos histörico-comparativos e sociolinguísticos, urna vez que utiliza como base o texto escrito jornalístico, produzido por duas vias, a pressäo normativa que reforca o sentido de permanéncia da lingua versus o uso real, que reflete o grau de implementacäo de processos em curso na lingua. Sua contribuigäo também se deve ao fato de levar em consideracäo fatores linguísticos (internos) e sociais (externos), tais como as relacôes sintático-semänticas, os generös textuais e estágios de normativizacäo em que a lingua está, fatores que determinam o uso e a frequéncia das preposicöes. A presente monografia está assim estruturada: na secäo 2 säo apresentados os fundamentos teóricos do estudo, na secäo 3 é apresentada a metodológia utilizada para a realizacäo deste trabalho, na secäo 4 os resultados obtidos através da análise de dados, na secäo 5 foram feitas as consideracöes finais e, por fim, os apéndices, contendo os grupos de fatores considerados na análise, urna apresentacäo dos resultados obtidos pelo programa estatístico utilizado, urna amostra de como foi feita a análise dos dados e do material selecionado. 8 2. Fundamentagäo teórica Os tópicos tratados nessa secäo abrangem a teória da Variacäo e Mudanca Linguísticas, o objeto de estudo - as preposicôes, informacôes sobre os géneros textuais escolhidos, o editorial e o artigo de opiniäo - e urna breve exposicäo sobre wefrjornais. 2.1 A teória laboviana variacionista e a norma padräo culta Até a primeira metade do século XX, dominou nos estudos sobre a linguagem a proposta saussuriana, que concebia a lingua como urna realidade estável e formada por regras invariáveis (dotada de čerta homogeneidade sincrônica e praticada por um falante ideal). Ou seja, os estruturalistas possuíam urna concepcäo abstrata da lingua, descartando a fala que näo era vista como parte do sistema linguístico, pois nela näo haveria organicidade. A teória estrutural, dessa forma, prioriza o estudo da lingua e exclui o que é individual, sem discutir possíveis processos de variacäo. Na década de 1960, surgiu o modelo gerativista, que busca identificar os princípios de urna gramática universal, entendida como sistema subjacente äs línguas naturais. Ainda que apresente objetivos específicos que se distinguem do estruturalismo, a concepcäo de lingua saussuriana, fundada em dicotomias, se mantém. Os linguistas demoraram a incorporar os aspectos sociais nas descricôes das línguas; entre os modelos teóricos que buscaram essa correlacäo está a Sociolinguística Variacionista proposto por Labov (1972), justificado pelo interesse científico em explicar o funcionamento da estrutura gramatical e a evolucäo da linguagem em seu contexto social. É interessante notár que essa visäo de lingua como fato social só se fixou a partir de 1964, quando houve a criacäo de urna nova subárea nos estudos linguísticos - a Sociolinguística. Já nas décadas de 1970 e 1980, com o aporte da Linguística Histórica, as pesquisas na área ganharam novos impulsos. Esta pesquisa partirá justamente das ideias da Teória da Variagäo e Mudanga linguística (Weinreich, Labov, Herzog 2006 [1968]), que correlaciona lingua e sociedade, entendendo a lingua como urna realidade heterogénea em que cada variedade reflete peculiaridades históricas, socioculturais e ideológicas da comunidade que a emprega. E como decorréncia dessa heterogeneidade, haveria possibilidades de formas alternantes de expressäo em certos contextos de uso. 9 Os gramäticos tradicionais partem do pressuposto de que a lingua e um sistema estätico, homogeneo e regulado por regras que se "violadas" pelos falantes, devem ser punidos. Entretanto, sabemos que a lingua estä intrinsicamente ligada ä realidade social e histörica dos falantes. Säo os falantes de grupos socieconomicos intermediaries que iniciam os processos de mudanca linguistica. E por esse motivo, e esta classe quern discrimina "o que e certo ou errado", o que "e bonito ou feio" de se dizer, isto e, a recusa por formas inovadoras e olhar negativo sobre as variedades mais populäres, justifica-se unicamente por uma questäo social e economica. Hä, entäo, um complexo jogo de valores sociais que podem influenciar nos processos de mudanca linguistica. Para essa ideia de "lingua" defendida pelos gramäticos e, reforcada frequentemente pelos meios de comunicaeäo, atribui-se o conceito de "norma culta", como se os dois termos tivessem o mesmo significado. Porem, näo existe na linguagem, mesmo naquela da elite altamente letrada, o uso dessa norma culta, que por ser abstrata e idealizada, näo admite variaeäo nem mesmo na variedade dita culta (Faraco, p. 62, 2008). Para o linguista, toda realidade linguistica comporta variabilidade, desse modo, a norma culta e urn modelo que causaria "o efeito homogeneizante sobre as outras variedades" (p, 49). Desse modo, do ponto de vista linguistico podemos afirmar que näo hä uma lingua superior ou inferior ä outra. Todas as variedades säo aceitas e o que as tornam interessantes e enriquecedoras säo justamente as particularidades que cada uma possui. Portanto, o ideal de lingua cultivado pelo imaginärio coletivo, a variedade padräo culta, deve ser mais bem esclarecida, jä que as linguas säo um conjunto heterogeneo e dinämico que resultadas das atividades sociointeracionais dos falantes, por isso podem perfeitamente ser usadas de acordo com o contexto exigido. Alem disso, e necessärio entender fala e escrita como modalidades da lingua, pois apesar de haver correlacöes entre os dois atos, a escrita faz usos e desenvolve recursos sintäticos que seriam talvez impossiveis na fala corrente (sentencas longas e encadeadas por conectivos que säo comuns na escrita näo ocorrem na oralidade, marcada por pausas, marcadores discursivos e entonacöes). Dessa forma, a fala e a escrita realizam a lingua de formas diferentes. Por isso, entender a fala como urn espelho da escrita e um equivoco, jä que ambas possuem caracteristicas particulares, cada uma com a sua complexidade. Nesse caso, o texto escrito jornalistico e urn espaco em que se espera encontrar maior formalidade, jä que, devido ä forca coercitiva das gramäticas e manuais, ele e produzido, como jä dito, com base em uma variedade mais monitorada, expressäo da norma culta. Essa, por ser eleita söcio-historicamente como a variedade de prestigio, agrega ä lingua (ou seja, a todas as outras variedades) juizos de valores, como expressa Faraco (2005): 10 "o recorte metodolögico sociolinguistico tem demonstrado que aträs dum processo de mudanca linguistica näo hä so um quadro de variacöes, mas principalmente uma motivacäo social: assim como as variantes estäo distribuidas diferentemente pela estrutura social e pelas situacöes de uso, assim tambem recebem elas diferente avaliacäo social [...], o que abre perspectivas para sua eventual adocäo ou rejeicäo, movimento que estä na base do proprio processo histörico." (Faraco, 2005, p. 187). A lingua, oral e escrita, se constitui em um continuo jogo de mutacäo e permanencia existente. A mudanca linguistica e um processo continuo e subproduto da interacäo linguistica, e a variacäo näo ocorre de forma aleatöria, näo se da por acaso. Segundo Faraco (2005), o fato de existirem variäveis significa que estä havendo uma competicäo entre uma (forma antiga) e outra forma (nova), o que contribui com a adequacäo do sistema linguistico äs necessidades comunicativas de seus falantes. 2.2 As preposigöes em estudo A definicäo de que as preposicöes "ligam" palavras, tal como proposta pela tradicäo gramatical, näo se mostra satisfatöria, pois, do ponto de vista sintätico, as preposicöes säo menos parecidas entre si do que as gramäticas supöem. Castilho (2010, p. 632) afirma que as diferencas aparecem, quando e aplicada a definicäo mais geral, que as apresenta como conectivos, e se verifica a natureza dos objetos sintäticos que elas ligam. As preposicöes podem apresentar-se tanto na forma simples - expressas apenas por vocäbulos, preposicöes essenciais -, quanto na forma composta - constituidas de dois ou mais vocäbulos (locucöes prepositivas). Tanto preposicöes como locucöes prepositivas säo palavras invariäveis, näo flexionadas, o que as aproxima dos adverbios e das conjuncöes. [...] tanto uma como outras säo categorias lexicais, porque selecionam complementos e estäo-lhes associados valores semänticos (Mateus et al, 2003, p.392). No caso das preposicöes em estudo, para estabelece, em geral, relacöes de direcäo, destino, finalidade ou meta (Neves, 2000, p. 691), com maiores incidencias nos casos de finalidade. Segundo Cämara Jr. (1975), a preposicäo para marcava inicialmente "um percurso com direcäo definida", passando, em portugues, a marcar a nocäo de chegada e permanencia - ir para Paris - opondo-se ä preposicäo a, que possui significado geral de direcäo - ir a Paris. Tambem 11 Bechara (1999), defende que para indica direcäo associada ä ideia de destino ou demora. Sobre o uso variável dessas preposicöes, Said Ali afirma [...] sendo a diferenca täo dificil de perceber que os casos de regéncia fixa, em que certos verbos e adjetivos se constroem uns sempře com a e outros sempre com para, näo se explicam senäo pelo capricho do uso. Compete ao dicionário, e näo ä gramática, particularizá-los. Evidentemente, apresentam-se casos em que o uso vacila. Assim, ao mesmo tempo em que se diz partir para algum lugar, dando ao complemento sempre a mesma preposicäo, junto a ir, caminhar, fugir, sinönimos de partir, é licito optar entre a e para (Ali, 1971,p.216). Acrescenta-se ainda a esta reflexäo, que reconhece a existéncia da variacäo, o fato de que a escolha por uma ou outra forma variante pode vir a configurar uma situacäo de competicäo devido a fatores sociais. Já a preposicäo a tem funcöes semänticas de direcäo e transferéncia, mas com ideia geral de término do movimento, como em "foi á Europa". Para Mateus et al (2003), a introduz objeto indireto, alem de compor locu osm tma pessoa (waa no i»nno oe *jäí«u*a k- colunas A — BI 1 IAAQUI plfl 1 Laier complete 1 Araraquara.CÄua. *- foro«w orwi^o»™«^™«^««» CLUBE NÁUTICO Figura 1. - Representa^äo dos websites dos jornais paulistas. Os grupos de fatores analisados neste trabalho visam uma melhor interpretacäo dos dados. Parte-se da hipótese geral de que o emprego da preposicäo na frase varia segundo a situacäo descrita possa ser considerada mais concreta ou mais abstrata. Dessa forma, os grupos de fatores adotados, em conjunto, tém por objetivo avaliar essa hipótese, permitindo, assim, urna melhor compreensäo dos diferentes papéis semänticos das preposicöes. Para compreender a funcäo sintático-semäntica da preposicäo e o modo como essa funcäo se associa a processos de variacäo, consideramos para análise os seguintes grupos de fatores: tipo de preposigäo, o tipo semäntico de verbo, a natureza semäntica do complemento preposicionado, a natureza semäntica do objeto direto (OD), além de avaliar a relagäo de sentido de permanéncia ou näo permanéncia veiculado pelas preposicöes, em contextos com predicadores de diregäo e movimento com transferéncia. 14 O objeto de estudo desse trabalho foi o uso das preposicöes a e para em complementos verbals de verbos de diregäo (1), movimento com transferéncia (2), transferéncia material (3) e transferéncia verbal/perceptual (4), assim exemplificados nas frases abaixo. (1) "Alem do que existe, de fato, um contingente razoável de fäs locals que se deslocam para eventos proximos todos os anos e que aprovariam, sem ressalvas, a realizacäo dos shows por aqui." [Tribuna Impressa, A volta dos rodeios a Araraquara: vocé é contra ou a favor?, publicado em 25/08/2011] (2) "Mas convivendo täo próxima ä esse caminho sem volta, näo foi-lhe dada outra alternativa, nem quando solicitou ä mäe que a levasse pra casa." (Sim!News, As drogas e as leis, publicado em 18/2/2011); (3) "A Secretaria de Transportes deveria enviar ao Sr. Prefeito um estudo sobre esse assunto [...]" (O Imparcial, Gérsio Baptista: Coluna de Tränsito, publicado em 13/5/2011); (4) "Se näo, havendo motivos clínicos para ele ter ido contra a op. CORREA, R; CANCADO, M. Verbos de trajetória do PB: uma descricäo sintático-semantica. Revista de Estudos da Linguagem, v. 14, n. 2, p. 371-404, 2006. FARACO, C. A. Linguística Histórica: uma introducäo ao estudo da historia das línguas. Säo Paulo: Parabola Editorial, 2005. FARACO, C. A. Norma Culta Brasileiro: desantando alguns nós. Säo Paulo: Parabola editorial, 2008, p.33-107. GUEDES, M. & BERLINCK, R. de A. 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Amostra de resultados obtidos pelo programa GOLDVARB X • GROUPS & FACTORS • 19/07/2012 19:44:32 Group Default Factors 1 110 2 V VTMD 3 A ALINEJF 4 n nfjaeil 5 P PS 6 I 1ST • CELL CREATION • 19/07/2012 19:45:16 Name of token file: frases-Imparcial+SimNews+Tribuna.tkn Name of condition file: Untitled.end ( ; Identity recode: All groups included as is. (1) (2) (3) (4) (5) (6) ) Number of cells Application value(s) Total no. of factors 112 10 23 Group 0 Total 1 (2) V N 1 7 13 .2 0 46 86. 53 20.9 T N 22 23 . 9 70 76.1 92 36.2 M N 15 33 .3 30 66.7 45 17.7 D N 21 32 43 67 .2 64 25.2 Total N 65 25 . 6 189 74 . 4 254 2 (3) A N 1 18 18 . 4 0 80 81.6 98 38.6 L N 21 39 . 6 32 60 . 4 53 20.9 I N 5 14.7 29 85.3 34 13.4 N N 16 29 .1 39 70 . 9 55 21.7 E N 5 45.5 6 54.5 11 4.3 J N 0 0 . 0 2 100 . 0 2 0.8 * Knockout F N 0 0 . 0 1 100 . 0 1 0.4 * Knockout Total N 65 25 . 6 189 74 . 4 254 3 (4) n N 1 16 24 . 6 0 49 75 . 4 65 40.1 f N 4 9.5 38 90 .5 42 25.9 j N 9 47 . 4 10 52 . 6 19 11.7 a N 7 35 . 0 13 65 . 0 20 12.3 e N 4 30 . 8 9 69.2 13 8.0 i N 0 0 . 0 1 100 . 0 1 0.6 * Knockout 1 N 0 0 . 0 2 100 . 0 2 1.2 * Knockout Total N 40 24.7 122 75.3 162 27 4 (5) 1 0 P N 17 28 45 50 0 o, c 37 .8 62 .2 S N 15 30 45 50 0 o, c 33 .3 66.7 Total N 32 58 90 o, c 35 . 6 64 . 4 5 (6) 1 0 I N 25 88 113 44 5 o, c 22 .1 77 . 9 S N 29 55 84 33 1 o, c 34.5 65.5 T N 11 46 57 22 4 o, c 19.3 80.7 Total N 65 189 254 o, c 25 . 6 74 . 4 TOTAL N 65 189 254 o, c 25 . 6 74 . 4 Name of new cell file: .eel • CROSS TABULATION • 19/07/2012 19:47:21 • Cell file: celulastodos.eel • 19/07/2012 19:45:16 • Token file: frases-Imparcial+SimNews+Tribuna.tkn • Conditions: Untitled.end Group #1 -- horizontally. Group #2 -- vertically. V a c T a c M a c D a c a c + - - - - ■ - + - - - - - + - - - - ■ - + - - - - - - + - - - - - A 1: 5 12 : 11 23 : 1 20 : 1 20 18 18 0 : 36 88 : 36 77 : 4 80 : 4 80 80 82 Z = 41 47 5 5 98 + - - - - ■ - + - - - - - + - - - - ■ - + - - - - - - + - - - - - L 1: 1 50 : 3 43 : 9 50 : 8 31 21 40 0 : 1 50 : 4 57 : 9 50 : 18 69 32 60 Z = 2 7 18 26 53 + - - - - ■ - + - - - - - + - - - - ■ - + - - - - - - + - - - - - I 1: 1 12 : 4 20 : 0 0 : 0 0 5 15 0 : 7 88 : 16 80 : 1 100 : 5 100 29 85 Z = 8 20 1 5 34 + - - - - ■ - + - - - - - + - - - - ■ - + - - - - - - + - - - - - N 1: 0 0 : 2 13 : 4 31: 10 40 16 29 0 : 2 100 : 13 87 : 9 69 : 15 60 39 71 Z = 2 15 13 25 55 + - ■ - + - . _ _ - + - ■ - + - - - + - . _ _ - El: O --: 2 100: 1 17: 2 67| 5 45 0: 0 --: 0 0: 5 83: 1 33| 6 55 Z: 0 : 2 : 6 : 3 | 11 + - - - - + - - - - + - - - - + - - - - + - - - - J 1: 0 --: 0 0: 0 0 : 0 — i 0 0 0 : 0 --: 1 100: 1 100 : 0 — i 2 100 S: 0 : 1 : 1 : 0 2 + - - - - + - - - - + - - - - + - - - - + - - - - F 1: 0 --: 0 --: 0 0 : 0 — i 0 0 0 : 0 --: 0 --: 1 100 : 0 — i 1 100 S: 0 : 0 : 1 : 0 1 +-- ---- ----1--- ---- ----h- ----- ----h- ----- ----h- ----- --- S 1: 7 13 : 22 24 : 15 33 : 21 33 65 26 0 : 46 87 : 70 76 : 30 67 : 43 67 189 74 S: 53 92 45 64 254 29 3. Amostra de como foi feita a análise dos dados SIM!NEWS Periodo: Dez/2010 ä Dez/2011 Luis Antonio (OMN// A falta de uma bandeira capaz de unificar o movimento estudantil o leva ao esvaziamento do discurso. [SimlNews; Zuenir tinha razäo: 68 ainda näo acabou; 14/11/2011] (lTLe/ Deixemos a festa do peäo para Barretos. [SimlNews; Araraquara näo precisa de rodeios; 23/08/2011] (ODN// Obviamente, Grecco näo foi o primeiro, tampouco será o ultimo, a utilizar de acordos para chegar ao poder. [SimlNews; O caso "Grecco"; 11/07/2011] (0TN// Daiane (ela novamente, torcida afeana) bateu mal, os Estados Unidos venceram e o Brasil deu adeus ao sonho do inédito titulo mundial. [SimlNews; A bola cobra; 11/07/2011] (0ML Tal situacäo foi täo vexatória que, ao retornar a campo, uma sonora vaia foi ouvida no belo e confortável estádio em Dresdem. [SimlNews; A bola cobra; 11/07/2011] (1ML/P "Leve-os todos pra sua casa" [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0VA// [...] ouvintes do Grande Jornal Falado da Cidade, da Rádio Morada do Sol AM/FM, reagiram ä minha posicäo contraria aos comerciantes que resistem ä implantacäo de uma unidade do CREAS (Centra de Referenda Especializado de Assisténcia Social) na Rua Säo Bento. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (lTNn/ O comércio, pujante, cresce e direciona suas atividades para um publico das classes AB. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0_L E a tendéncia que se cria paralelo ä 9 de julho, de apelo mais popular. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0VI// Entretanto, um grupo de comerciantes elabora, nesse instante, um abaixo-assinado, solicitando ä secretaria a revisäo do local, visto que o imóvel escolhido seria inapropriado, [...] [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0TI// [...] inapropriado, geraria prejuízos ao comércio e atrairia a presenca indesejada de moradores de rua que, após serem atendidos pela unidade, perambulariam pela redondeza, afastando as pessoas que costumam transitar por ali. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0MJ// Talvez haj a entre eles quem esteja na rua por opcäo ou, quem sabe, levado pelo vício ao álcool e das drogas, mas negar-lhe atendimento ou mandá-los para longe, acredite, näo resolverá o problema. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0TN// Talvez haj a entre eles quem esteja na rua por opcäo ou, quem sabe, levado pelo vício ao álcool e das drogas, mas negar-lhe atendimento ou mandá-los para longe, acredite, näo resolverá o problema. [SimlNews; Leve-os todos na sua casa; 20/06/2011] (0VI// Se a medida anunciada pelo BC fosse mantida, o cidadäo comum seria responsável por notificar a polícia caso uma nota manchada fosse emitida pelo caixa eletrönico e, posteriormente, pedir ressarcimento da nota ao Banco responsável. [SimlNews; Notas manchadas pela incompetencia; 13/06/2011] (0VN// O cidadäo näo pode pagar pela incompetencia do Estado, que se mostra incapaz de investigar, encontrar e punir os verdadeiros criminosos, e dos bancos, que näo fazem o dever de casa no que diz respeito ä seguranca de seus clientes. [SimlNews; Notas manchadas pela incompetencia; 13/06/2011] 30 4. Amostra de como foi composto o corpus da pesquisa Textos coletados do site SimlNews Araraquara Postado em 13/06/2011 äs 16hl9 Notas manchadas pela incompeténcia Ainda bem que o Banco Central voltou atrás. Obrigar o cliente a acionar a polícia caso o caixa eletrônico de alguma agenda bancária emitisse uma nota manchada séria uma maneira de punir a vítima e torná-la täo criminosa quanto um assaltante. Se a medida anunciada pelo BC fosse mantida, o cidadäo comum séria responsável por notificar a polícia caso uma nota manchada fosse emitida pelo caixa eletrônico e, posteriormente, pedir ressarcimento da nota ao Banco responsável. Manchar as notas foi o recurso encontrado pelos bancos para tentar conter a onda de roubos aos caixas. As investigates, inclusive, apontam a participacäo de policiais no esquema. Após perceber a besteira (e ineficácia) da medida, o Banco Central voltou atrás. Assim, o cidadäo näo será mais obrigado a realizar o procedimento por um erro que, até que se prove o contrário, nada tem a ver com ele. O cidadäo näo pode pagar pela incompeténcia do Estado, que se mostra incapaz de investigar, encontrar e punir os verdadeiros criminosos, e dos bancos, que näo fazem o dever de casa no que diz respeito ä seguranca de seus clientes. As notas estäo manchadas pela incompeténcia. Postado em 17/05/2011 äs 15h42 Gente diferenciada Näo sei o que choca mais: os moradores de Higienópolis, bairro nobre de Säo Paulo, que, insatisfeitos com a possibilidade de uma estacäo de metro na vizinhanca, encaminharam um abaixo-assinado ao governo do Estado solicitando uma revisäo no projeto; ou o posicionamento do governo do Estado que, sob a justificativa de inviabilidade técnica, acatou o argumenta e voltou atrás na implantacäo da nova linha. E um absurdo imaginär que alguns moradores de bairros considerados nobres sintam-se no direito de barrar a construcäo de uma estacäo de metro, que beneficiaria milhöes de paulistanos que enfrentam, diariamente, a precariedade do transporte publico para se locomover, apenas para näo conviver com a incomoda presenca de cidadäos que, na ótica segregacionista dessa mentalidade arcaica, näo combinariam com a paisagem urbanística requintada de tal bairro. 31 Frente á tamanho falta de senso coletivo, é um alívio saber que um grupo de pessoas organizou, via redes sociais, um protesto á altura: um churrascao, com direito a muita farofa, guaraná e frango assado, em plena rua por onde circula os ilustres moradores, gente diferenciada, quatrocentroes paulistanos, que nao aceitam perder os privilégios. E uma forma bem humorada de protesto, que ridiculariza os esteriótipos com que "essa gente indesejada" é vista do lado de cima da pirámide social. Obviamente, na democracia é legítima a livre expressao do pensamento, tal como reivindicates de toda ordem. Contudo, democrático também é o direito de executar uma obra publica em um espago que, até que se prove o contrário, também é publico. A forma e a rapidez com que o impasse foi resolvido mostra bem o lado em que o Estado está. O lado dos mais fortes (ou mais ricos?). Afinal, alguma vez se perguntou aos moradores de morros e favelas se eles gostariam de conviver tao proximo á criminalidade; ou, quem sabe, se é bacaná viver na iminéncia de um desabamento ou, ainda, em moradias subumanas? O clamor da periferia por transporte publico ou saneamento básico nao faz eco por entre as mansoes de Higienópolis. Frente á tamanho falta de senso coletivo, é bom saber que um grupo de pessoas encontraram uma maneira divertida de se indignar e organizaram, via redes sociais, um protesto muito bem-humorado: um churrascao, com direito a muita farofa, guaraná e frango assado, em plena rua por onde circula os ilustres moradores, gente diferenciada, quatrocentroes paulistanos, que nao aceitam perder os privilégios. Churrascao pra gente diferenciada! (Só para constar: em Araraquara, moradores da Vila Harmonia conseguiram na Justina barrar a construgao de edifícios no nobre bairro araraquarense, sob a argumentagao de que tal edificagao iria contra as características do lugar. Qualquer semelhanga de argumentos deve ser mera coincidéncia.