Leitura e perceção de texto escrito I. Leia o texto intitulado O que queremos desta língua? e tente perceber o seu conteúdo. Procure os termos que não conhecer, por exemplo, no Dicionário Priberam. Obsah obrázku text, snímek obrazovky, monitor, obrazovka Popis byl vytvořen automaticky OPINIÃO O que queremos desta língua? Margarita Correia 03 Maio 2021 — 00:17 No dia 5 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Costumam ser muitos os eventos agendados, os discursos e palavras bonitas. Temos muitas razões para celebrar. Nos últimos anos, a língua portuguesa cresceu e percorreu caminhos ainda há pouco inimagináveis. Em Portugal, porém, nem todos partilham deste entusiasmo. Escolha pressupõe esclarecimento e, por isso, vale a pena descrever três visões contemporâneas sobre a língua portuguesa. 1. Há quem ache que o português é só dos portugueses e apenas Portugal tem autoridade para mandar nele. Nos outros países falam-se línguas "bastardas", "impuras", corrompidas pelo uso e as misturas que foram fazendo os falantes de lá. Os que professam esta visão acreditam que a língua portuguesa está sempre em perigo e carece de políticas linguísticas unilaterais, nacionalistas, da instauração de espécie de "cerca sanitária linguística". A gestão linguística é exequível, neste contexto, fácil e barata, sem necessidade de negociações e acordos. Os falantes seriam cada vez menos, sim, mas "orgulhosamente sós" e felizes. Talvez até se mantivesse a "pureza" linguística com o devido isolamento do resto do mundo - afinal, talvez as línguas dos países que praticam isolacionismo político se mantenham incólumes à conspurcação. 2. Existe quem ache que o português são dois: o que se fala no Brasil (que já nem português é) e a "variedade euro-afro-asiática e oceânica", codificada e regulada por Portugal, cuja norma é acriticamente seguida pelos restantes países, por falta de massa crítica e pensamento linguístico, mas também por apreço pelo "colonialismo fofinho". Uma variante desta visão é a que "parece colonialista, mas não é", pois até reconhece características legítimas da variedade de cada país, desde que reconhecidas a partir de Lisboa e estanques, usadas num espaço geográfico determinado (e muito giras, lá longe). Os defensores desta visão acreditam que vivem na primeira metade do século XX, daí a crença na sua exequibilidade, e que Portugal tem o dever de defender e proteger a língua, "a solo". A gestão não implicaria negociações, acordos ou partilha (só "abraços fraternos" e paternalismo q. b.), sendo até fácil e barata se... 3. Existe quem compreende que as línguas são como os filhos (parimo-los e criamo-los, mas o seu futuro não nos pertence), que elas pertencem a quem as escolhe e fala. Os partidários desta visão acreditam numa língua pluricêntrica, que, para se manter una, carece de gestão partilhada, provavelmente supranacional, com negociações e acordos constantes. Esta visão é de longe a mais difícil de executar, a mais exigente, a que requer maior investimento e de futuro menos previsível. Contudo, o exponencial crescimento de falantes nativos de português, o seu progressivo potencial económico e internacionalização, aliados à descrição e codificação das variedades nacionais do português falado nos vários países, são imparáveis - e. g. Moçambique, além de descrições linguísticas abundantes, produziu o seu Vocabulário Ortográfico Moçambicano da Língua Portuguesa (VOMOLP) em 2017 e está a elaborar o primeiro Dicionário do Português de Moçambique, o DiPoMo. Felizmente, vivemos num país livre, onde se pode falar destes assuntos, outrora reservados a "iluminados". Como cidadãos, importa ponderar implicações e rácios custo-benefício. Aos políticos, por nós eleitos, compete a escolha do melhor caminho, escolha desejavelmente baseada em conhecimento (e não em mitos ou desejos), visando o bem comum. Professora e investigadora, coordenadora do Portal da Língua Portuguesa. Fonte: Diário de Notícias Acesso disponível em: https://www.dn.pt/opiniao/o-que-queremos-desta-lingua-13662782.html Data de consulta: 03 Maio 2021 — 00:17 II. Depois de ler o texto verifique se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas v f O texto foi escrito por Margarita Correia. A autora refere várias visões em que todas defendem a pluricentridade da língua portuguesa. A primeira visão defende a legitimidade das variedades da língua portuguesa em todo o território lusófono. A segunda visão consiste na proposta de chegar a um acordo unânime através de negociações e acordos. A terceira visão parte do exponencial crescimento do número de falantes da língua portuguesa e do progressivo potencial económico. Exercícios lexicais, semânticos e textuais III. Complete a tabela com as formas derivadas que se encontram no texto. imaginar ver executar isolar conspurcar criticar instaurar parar esclarecer gerir apreciar negociar acordar outro nacional IV. Forme o antónimo das seguintes palavras: + - imaginável exequível previsível criticamente parável real legítimo V. Explique o significado das expressões que a autora usa no seu artigo. Explique por palavras suas , o contexto em que as expressões são usadas. expressão significado contexto Cerca sanitária linguística Orgulhosamente sós variedade euro-afro-asiática e oceânica colonialismo fofinho língua pluricêntrica língua bastarda VI. Compare a sua interpretação com a gravação vídeo da própria autora. VII. Ordene as partes do texto e compare-as com o texto original. 1. Mas, também, existe quem ache que o português são dois: o que se fala no Brasil (que já nem português é) e a "variedade euro-afro-asiática e oceânica", codificada e regulada por Portugal, cuja norma é acriticamente seguida pelos restantes países, por falta de massa crítica e pensamento linguístico, mas também por apreço pelo "colonialismo fofinho”... 2. Felizmente, vivemos num país livre, onde se pode falar destes assuntos, outrora reservados a "iluminados". 3. Nos últimos anos, a língua portuguesa cresceu e percorreu caminhos ainda há pouco inimagináveis. 4. No dia 5 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa. 5. Costumam ser muitos os eventos agendados, os discursos e palavras bonitas. 6. Há quem ache que o português é só dos portugueses e apenas Portugal tem autoridade para mandar nele. Nos outros países falam-se línguas "bastardas", "impuras", corrompidas pelo uso e as misturas que foram fazendo os falantes de lá. 7. Finalmente, existe quem compreende que as línguas são como os filhos (parimo-los e criamo-los, mas o seu futuro não nos pertence), que elas pertencem a quem as escolhe e fala. 8. Temos muitas razões para celebrar. 9. Em Portugal, porém, nem todos partilham deste entusiasmo. VIII. Use as conjunções, conetores e marcadores adequados nas seguintes frases. Pode optar pelas possibilidades seguintes: desde que, contudo, mas, daí, por isso, talvez 1. Escolha pressupõe esclarecimento e, __________, vale a pena descrever três visões contemporâneas sobre a língua portuguesa. 2. __________ até se mantivesse a "pureza" linguística com o devido isolamento do resto do mundo - afinal, 3. Uma variante desta visão é a que "parece colonialista __________, não é". 4. Pois até se reconhecem as características legítimas da variedade de cada país, __________, reconhecidas a partir de Lisboa e estanques. 5. Os defensores desta visão acreditam que vivem na primeira metade do século XX, __________, a crença na sua exequibilidade, patriotismo e abraços fraternais. 6. Esta visão é de longe a mais difícil de executar, a mais exigente, a que requer maior investimento e de futuro menos previsível. __________, o exponencial crescimento de falantes nativos de português, o seu progressivo potencial económico e internacionalização são imparáveis. IX. Coloque o adjetivo antes ou depois do nome e compare a sua formulação com a que se encontra no texto. Nos outros países fala-se ____________ línguas____________ ("impuras"), A língua portuguesa carece de ____________ ____________e ____________ políticas ____________ ____________ e ____________ (linguísticas, unilaterais, nacionalistas). A ____________ gestão ____________ (linguística) é exequível, fácil e barata. A ____________ norma ____________ (portuguesa) é acriticamente seguida pelos ____________ países____________ ( restantes) Esta visão reconhece ____________ características____________ (legítimas) da variedade de cada país. Os partidários desta visão acreditam numa ____________ língua ____________ (pluricêntrica). O ____________ crescimento ____________ (exponencial) de falantes nativos de português, o seu ____________ ____________ potencial____________ ____________ (progressivo, económico) são imparáveis. X. Coloque os verbos na forma adequada e complete as frases. Em seguida, compare-as com a formulação no texto. /?/ Há quem (achar) que________________________________________ Existe quem (dizer) que________________________________________ Existe quem (compreender) que________________________________________